Fonte:
http://www.infobibos.com/Artigos/2010_3/HorticulturaSustentavel1/index.htm
Autores:
Paulo Espíndola Trani , mestre em Solos
e Nutrição de Plantas pela Universidade de São Paulo (1980) e doutorado em
Agronomia pela Universidade de São Paulo (1995) . Atualmente é Pesquisador
Científico do Instituto Agronômico de Campinas. Contato: petrani@iac.sp.gov.br
Sebastião Wilson Tivelli possui
graduação em Engenharia Agronômica pela Escola Superior de Agricultura Luiz de
Queiroz (1986), mestrado em Fitotecnia pela Escola Superior de Agricultura Luiz
de Queiroz (1994), mestrado em Master Of Business Administration - Butler
University (2002) e doutorado em Horticultura pela Faculdade de Ciências
Agronômicas (1999). Atualmente é Pesquisador Científico do Instituto Agronômico
de Campinas..
Contato: tivelli@iac.sp.gov.br
Contato: tivelli@iac.sp.gov.br
Francisco Antonio Passos possui
graduação em Engenharia Agronômica (1973), mestrado em Genética e Melhoramento
de Plantas (1983) e doutorado em Fitotecnia (1997), pela Escola Superior de
Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo. É Pesquisador
Científico do Centro de Horticultura, do Instituto Agronômico de Campinas..
Contato: fapassos@iac.sp.gov.br
Contato: fapassos@iac.sp.gov.br
Introdução
A horticultura
convencional adota tecnologias calcadas no imediatismo que embora proporcionem
lucros ao produtor rural a curto prazo, poderão acarretar danos ao meio
ambiente e às gerações futuras no médio e longo prazos.
As práticas adotadas convencionalmente
para o manejo e produção de hortaliças no Estado de São Paulo utilizam de
maneira intensiva e desequilibrada fertilizantes minerais e defensivos
(agrotóxicos), muitas vezes sem os cuidados recomendados pelas próprias
empresas produtoras dos insumos. Além disso, o preparo do solo anteriormente ao
plantio através da aração e da gradagem, poderá sujeitá-lo à erosão, se não
forem adotadas práticas conservacionistas. A captação e a distribuição de água
para as lavouras também é outro motivo de preocupação pois muitas vezes são
realizadas de maneira inadequada. Frequentemente se observa o uso da água de
irrigação em quantidades excessivas acarretando a disseminação de doenças de
solo tais como o mofo branco, cujo agente causal é o fungo Sclerotium,
além de bacterioses e nematóides. É ainda frequente na horticultura
convencional o sistema da monocultura com sucessivos plantios de hortaliças da
mesma espécie em uma mesma área. Isso, embora seja comercialmente melhor para o
produtor, tem causado desequilíbrios diversos para o solo e para as próprias
espécies plantadas, pois as predispõe a incidência de pragas e doenças em maior
escala.
Horticultura sustentável
A agricultura sustentável, incluindo a horticultura, consiste em um
sistema integrado de práticas de cultivo e criação animal com aplicação local
específica que, no longo prazo suprirá as necessidades humanas de alimentos e
fibras, melhorará a qualidade do meio ambiente e a base dos recursos naturais
da qual depende a economia agrícola, fará uso mais eficiente dos recursos não
renováveis e integrará, quando apropriado, ciclos e controles biológicos
naturais; sustentará ainda a viabilidade econômica das explorações
agrícolas e elevará a qualidade de vida dos agricultores e da sociedade como um
todo. Esta definição clássica, da década de 90 (Programa LISA), mostra a
importância em se procurar o equilíbrio entre a produção com lucro, a
preservação do meio ambiente e a saúde humana, tanto do produtor
como do consumidor de hortaliças (entre outras culturas).
É interessante verificar a definição do que NÃO é agricultura
sustentável segundo o USDA, 1990: a) Uma ruptura com a agricultura moderna; b)
outro nome para a agricultura orgânica; c) apenas para as pequenas
propriedades; d) apenas para as propriedades com criações de animais
domésticos; e) um passo para o passado; f) uma panacéia para todos os problemas
ambientais; g) uma solução para todos os problemas econômicos da produção
agrícola.
Resumidamente pode-se definir horticultura sustentável como o conjunto
de práticas agrícolas que melhorem a produtividade e a qualidade das
culturas garantindo ainda a preservação do meio ambiente. Citam-se
como práticas agrícolas e técnicas de cultivo no sistema de produção
sustentável o seguinte: maior utilização de adubos orgânicos, compostos e
organo-minerais, produção de mudas com qualidade, cultivo protegido, adoção de
práticas conservacionistas, plantio direto, adubação verde, rotação de
culturas, plantio na época adequada, manejo correto da água de irrigação, nutrição
correta das culturas, controle alternativo (especialmente cultural e biológico)
de pragas e doenças e manejo correto da colheita e da pós-colheita.
Implantação da Horticultura sustentável
Dentre os fatores a serem levados em
consideração no planejamento para implantação de um sistema sustentável de
produção de hortaliças destaca-se o diagnóstico do local a ser
cultivado, devendo-se adotar os seguintes passos:
a) Identificação da
vegetação anterior ou atual do local de cultivo. Por exemplo, plantas como
barba de bode, indaiá, sapé e samambaia indicam acidez do solo.
b) Identificação das
culturas anteriores: caso o local já tenha sido explorado comercialmente obter
o histórico do mesmo quanto às espécies cultivadas anteriormente e quais as
produtividades obtidas. O mesmo se aplica para a criação animal.
c) Solo: realizar
análise química e física do solo para determinação da sua fertilidade e o
cálculo da calagem e adubação necessárias.
d) Clima: obter dados
meteorológicos da região principalmente as temperaturas e pluviosidade (chuva)
de todos os meses do ano. Levantar as médias climáticas, se possível dos
últimos 10 a 20 anos. Isso contribuirá para a escolha das
espécies e cultivares de hortaliças mais adaptadas ao clima local.
e)
Conservação do solo: verificar quais são as práticas conservacionistas adotadas
pelo produtor (plantio em nível, terraceamento, canais escoadouros, etc.).
Identificar problemas como erosão, compactação, drenagem deficiente, etc.
f)
Disponibilidade de água: verificar os sistemas utilizados pelo produtor na
captação de água, sua qualidade e estimar a quantidade necessária para
irrigação das hortaliças e outras culturas a serem instaladas na propriedade.
g)
Comercialização: identificar os possíveis compradores e os locais de venda, o
que contribuirá para a decisão das espécies de hortaliças a serem produzidas.
Realizar levantamentos de preços e quantidades comercializadas de hortaliças
junto ao Instituto de Economia Agrícola, Centrais de Abastecimento e Varejões
das grandes e médias cidades.
Razões para a priorização do ensino, pesquisa e
assistência técnica em horticultura sustentável
a) Demanda por
alimentos saudáveis.
b) Aumento (em anos
recentes) nos custos dos defensivos/agrotóxicos e fertilizantes convencionais.
c) Necessidade da
preservação do meio ambiente, incluindo os recursos naturais renováveis
d) Crescente
disponibilidade de técnicas e práticas em sistemas de produção sustentável.
Limitações atuais para a expansão do cultivo sustentável de hortaliças e
outras culturas
a) Existe no comércio
reduzida disponibilidade de inseticidas, fungicidas e bactericidas biológicos
para controle de pragas e doenças das hortaliças.
b) As recentes
legislações oficiais sobre agricultura orgânica, ecológica e sustentável ainda
são pouco divulgadas.
c) As instituições
oficiais de pesquisa possuem número reduzido de profissionais especialistas nas
áreas de agricultura ecológica, agricultura orgânica e agricultura sustentável.
Início dos problemas com a agricultura convencional em SP
A ocorrência de sérios problemas de erosão em regiões do oeste paulista
nas décadas de 70 e 80, conforme as fotos a seguir, estão mostrando a
necessidade da adoção de um novo sistema de manejo do solo, dentro dos
princípios da agricultura sustentável.
Os problemas com erosão ainda ocorrem!
Embora tenha ocorrido progresso no
emprego de práticas conservacionistas em diversas regiões do Estado de São
Paulo, ainda existe um longo caminho a percorrer quanto ao combate à erosão,
especialmente nas estradas rurais municipais.
Literatura
Consultada
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