Autores:
Paulo Espíndola Trani , mestre em Solos
e Nutrição de Plantas pela Universidade de São Paulo (1980) e doutorado em
Agronomia pela Universidade de São Paulo (1995) . Atualmente é Pesquisador
Científico do Instituto Agronômico de Campinas. Contato: petrani@iac.sp.gov.br
Sebastião Wilson Tivelli possui
graduação em Engenharia Agronômica pela Escola Superior de Agricultura Luiz de
Queiroz (1986), mestrado em Fitotecnia pela Escola Superior de Agricultura Luiz
de Queiroz (1994), mestrado em Master Of Business Administration - Butler
University (2002) e doutorado em Horticultura pela Faculdade de Ciências
Agronômicas (1999). Atualmente é Pesquisador Científico do Instituto Agronômico
de Campinas..
Contato: tivelli@iac.sp.gov.br
Contato: tivelli@iac.sp.gov.br
Francisco Antonio Passos possui
graduação em Engenharia Agronômica (1973), mestrado em Genética e Melhoramento
de Plantas (1983) e doutorado em Fitotecnia (1997), pela Escola Superior de
Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo. É Pesquisador
Científico do Centro de Horticultura, do Instituto Agronômico de Campinas..
Contato: fapassos@iac.sp.gov.br
Contato: fapassos@iac.sp.gov.br
Recomendações de práticas e técnicas
para implantação da Horticultura Sustentável
1- Instalação de lavouras com a adoção de práticas
conservacionistas
Existem diversas práticas que podem ser
adotadas para evitar-se a ação da erosão nas lavouras. Uma das mais tradicionais
é a construção de canteiros em nível, com terraceamento ou não dependendo do
declive e do tipo de solo. Outra ação mais recente consiste na ocupação da área
total com as hortaliças, através do plantio adensado e uso de cobertura morta
(“mulching”) diminuindo a exposição do solo ao efeito da água das chuvas.
2.
Sistema de plantio direto (SPD) ou semeadura direta
O sistema de plantio direto (SPD) ou semeadura direta de culturas,
incluindo as hortaliças, também contribui para a melhor conservação do solo e
maior produtividade, com mínimos danos ambientais. Foi um dos maiores avanços
no processo produtivo da agricultura brasileira e teve início, a partir da
década de 1970, no sul do país. Seu objetivo básico inicial foi controlar a
erosão hídrica. Em áreas de igual declividade, o SPD reduz em cerca de 75% as
perdas de solo e em 20% as perdas de água, em relação às áreas onde
há cultivo convencional sobre solo que recebeu aração e
gradagens anteriores ao plantio.
No caso de hortaliças cultivadas em áreas mais extensas como é o
caso da cenoura e cebola, a irrigação com o uso do pivô central e o mini-pivô
são indicadas para um uso adequado da água. Entretanto, devem
ser tomados cuidados como: evitar o excesso de água de irrigação
para não haver risco da disseminação de Sclerotium (mofo
branco), de bacterioses e nematóides.
Benefícios: proteção
do solo contra erosão e maior produtividade.
Limitações: maior
gasto de sementes e de fertilizantes nitrogenados em cobertura.
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3. Monitoramento da água de irrigação quanto
à qualidade
Não se observa de maneira geral,
preocupação dos produtores de hortaliças, e até de técnicos quanto às
características (“qualidade”) da água de irrigação, a não ser quando há
ocorrência de problemas como queima das plantas, entupimento dos orifícios dos
gotejadores ou dos microaspersores.
O pH da água de
irrigação não deve ser inferior a 5,0-5,5 e nem superior 7,0-7,5. A
condutividade elétrica da água (C.E. ou E.C.) era expressa em mmhos.cm-1,
ou em dS m-1 e conforme a atual Legislação é apresentada em mS
cm-1. Deve-se observar que 1 mS cm-1, corresponde a
aproximadamente 640 mg de sal por litro de água. O termo RAS significa relação
de adsorção de sódio, sendo dado pela equação: RAS = Na / [(Ca+Mg)/2]1/2
A literatura
internacional mostra que há comportamentos distintos das diferentes hortaliças
com relação à tolerância ao eventual excesso de elementos como o boro, sódio,
cloro, tanto na água de irrigação como no solo. A beterraba e a
cebola, por exemplo, toleram até 4 mg L-1 de boro na água de
irrigação enquanto quantidades em torno de 1 a 2 mg L-1 de
boro prejudicam o desenvolvimento de outras hortaliças como pimentão,
alcachofra e feijão - vagem.
4. Escolha correta de cultivares e de épocas de plantio
O plantio nas épocas mais adequadas às cultivares proporciona melhor
desenvolvimento da planta, menor incidência de pragas e doenças e,
conseqüentemente, melhor produtividade. O conceito de Horticultura Sustentável
preconiza o plantio nas épocas mais adequadas de acordo com a fisiologia da
planta.
5. Uso de sementes e mudas de
qualidade
Vantagens ou benefícios da produção de mudas em
bandejas:
a) Melhor equilíbrio entre a parte
aérea e o sistema radicular das mudas.
b) Economia de sementes, defensivos
(agrotóxicos) e irrigação.
c) Redução do estresse no transplante.
d) Maior rendimento e aproveitamento de
mão-de-obra.
e) Redução do ciclo da cultura.
f) Maior uniformidade da lavoura e
aproveitamento da área de cultivo.
6. Uso de cobertura morta (“mulching”)
A cobertura morta (“mulching”) de
origem orgânica sempre que possível deve ser utilizada na produção sustentável
de hortaliças. Citam-se como principais benefícios:
a) propiciar menos aquecimento da superfície do solo o que poderia
prejudicar a germinação de sementes e o crescimento das mudas.
b) proporciona a proteção do solo contra respingos da água de chuva e da
irrigação, o que jogaria a terra sobre as folhas das plantas.
c) Acarreta menor crescimento de plantas daninhas concorrentes das
hortaliças.
Dentre os materiais orgânicos que servem
de “mulching” destacam-se o bagacilho de cana pré fermentado; a casca de arroz
curtida; a serragem pré fermentada; grama batatais picada e seca, camas de
animais como frango, eqüinos, etc.
A cobertura morta
pode ser obtida pelo dessecamento e posterior incorporação do mato nos
canteiros que serão utilizados para plantio das hortaliças.
No caso de se trazer
materiais de outros locais, recomenda-se realizar a cura ou compostagem dos
mesmos para não correr o risco de se introduzir sementes de plantas daninhas e
de microorganismos nocivos às plantas tais como o Verticillium.
7. Espaçamento adequado entre-linhas e entre-plantas.
Atualmente
é preconizado o adensamento das hortaliças e outras culturas visando-se um
máximo aproveitamento da área. O adensamento proporciona melhores
produtividades (produções por área), menor concorrência do mato,
economia na irrigação, melhor aproveitamento da mão de obra. Por outro lado,
deve-se tomar o cuidado de não se “apertar” muito o espaçamento entre-linhas e
entre-plantas, para não propiciar a formação de um microclima que poderá
favorecer a ocorrência de doenças da parte aérea das plantas como fungos e
bactérias. Tem-se atualmente como exemplo negativo o aumento da incidência de
mofo branco (Albugo candida) em folhas de rúcula devido à exageros nos
espaçamentos “adensados” dessa espécie de hortaliça, além do plantio da mesma
em épocas muito quentes do ano.
8. Adoção do sistema de cultivo protegido para algumas
espécies hortícolas.
O cultivo de hortaliças, condimentares e medicinais em estufas
plásticas tem se mostrado uma prática atual sendo uma maneira sustentável de se
conseguir aumentos de produtividade com mínima agressão ao meio ambiente. De
uma maneira geral se adaptaram melhor a esse sistema de produção o pimentão,
pepino, tomate e diversas hortaliças folhosas.
Recomenda-se ao produtor especializado em cultivo protegido
realizar algumas práticas como: utilização de fertilizantes orgânicos em pré-plantio;
escolha das espécies e cultivares de hortaliças conforme o clima local e o
retorno econômico, evitando-se porém, a monocultura; escolher um sistema de
irrigação e fertirrigação ajustados ao ciclo da planta.
No interior da maioria das estufas
agrícolas, prevalece o sistema de irrigação por gotejamento. As principais
vantagens desse sistema são: uso racional e controlado da água quanto à
quantidade e a qualidade; localização da água diretamente no solo protegendo a
parte aérea das plantas contra a incidência de algumas doenças fúngicas e
bacterianas; o sistema de gotejo permite também a aplicação de fertilizantes
solúveis através da água de irrigação.
.No sudoeste
do Estado de São Paulo, prevalecem as estufas cobertas com plástico nas suas laterais
(foto a seguir) devido a incidência de ventos frios no outono /
inverno. Em outras regiões, parte das laterais é coberta com telas
do tipo “sombrite” ou clarite”. Deve-se preferir aquelas de malha bem fina para
se evitar a entrada de pulgões e outros insetos. Isso possibilita uma economia
no uso de agrotóxicos.
Literatura
Consultada
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