Pesquisa revela benefícios de
cobertura vegetal para plantio
Método apresenta vantagens, entre as quais a redução da erosão do solo
Método apresenta vantagens, entre as quais a redução da erosão do solo
Fonte:
Jornal da Unicamp - Campinas, 1º a 14 de dezembro de 2008 – ANO XXIII –
Nº 418
Se os
agricultores utilizassem o sistema de plantio direto, protegendo a superfície
do solo contra o impacto direto da chuva com uma cobertura morta, teríamos uma
redução de cerca de 80% na erosão, que é um dos principais processos de
degradação ambiental. A estimativa é de que o Brasil perde anualmente cerca de
500 milhões de toneladas de terra pela erosão hídrica. Estes dados são
apresentados pelo professor Zigomar Menezes de Souza, da Faculdade de
Engenharia Agrícola (Feagri) da Unicamp, que acaba de orientar pesquisa de
mestrado envolvendo a aplicação de cobertura de resíduos de milho em cultura de
feijão irrigado.
“Por meio do arraste das partículas do solo, há o transporte de nutrientes, matéria orgânica, água, sementes, fertilizantes e outros compostos, causando queda na produtividade das culturas e reduzindo a capacidade de armazenamento dos reservatórios de água, em conseqüência da sedimentação e assoreando de córregos. Além de proteger o solo, a cobertura vegetal induz a um maior armazenamento de água e melhoria dos atributos físicos, químicos e biológicos do solo”, explica o docente.
“Por meio do arraste das partículas do solo, há o transporte de nutrientes, matéria orgânica, água, sementes, fertilizantes e outros compostos, causando queda na produtividade das culturas e reduzindo a capacidade de armazenamento dos reservatórios de água, em conseqüência da sedimentação e assoreando de córregos. Além de proteger o solo, a cobertura vegetal induz a um maior armazenamento de água e melhoria dos atributos físicos, químicos e biológicos do solo”, explica o docente.
Segundo
Zigomar de Souza, o sistema de plantio direto segue três princípios básicos:
manter o solo sempre coberto por resíduos vegetais, não mais revolver o solo
(apenas nos sulcos de semeadura) e empregar herbicidas para o controle de
plantas daninhas. “Nossa pesquisa focou somente uma das etapas do sistema de
plantio direto, avaliando aplicação de resíduos de milho como cobertura do
solo. Um dos motivos porque o sistema não é mais praticado no Estado de São
Paulo é que ainda não temos uma planta de cobertura adaptada para a região”.
O
professor esclarece que as condições climáticas do Sudeste são bem diferentes,
por exemplo, do que as do Sul, onde a técnica de plantio direto está
disseminada por quase toda a região e já existem várias plantas de cobertura
adaptadas. “Aqui temos mais chuva e mais calor, que aceleram a degradação da
cobertura residual para proteção da superfície do solo. Optamos por testar o
milho por que seu cultivo é bem difundido no Estado de São Paulo e os resíduos
estão disponíveis ao agricultor”.
A pesquisa
Para sua
dissertação, a mestranda Carolina Maria Sánchez Sáenz cultivou feijão irrigado
no campo experimental da Feagri, organizando tratamentos com diferentes
quantidades de cobertura (equivalentes a zero, 4, 6 e 10 toneladas por
hectare). Um dos objetivos foi monitorar a decomposição dos resíduos de milho,
os teores de matéria orgânica e de água, e a temperatura do solo ao longo do
ciclo da cultura. A pesquisadora também avaliou atributos físico-hídricos do
solo, como densidade, porosidade e retenção de água, além do nível de produção
de feijão.
Carolina
Sáenz constatou que nos tratamentos com cobertura vegetal, independentemente
das quantidades, houve maior manutenção do teor de água no solo, em comparação
com o tratamento onde a superfície foi deixada descoberta (tratamento
testemunha). Entretanto, com a dose maior de cobertura (10 toneladas),
registrou-se menor resistência do solo à penetração das raízes, teor de água
mais elevado e melhor equilíbrio da temperatura ao longo do ciclo da cultura.
A taxa de
decomposição dos resíduos foi semelhante em todos os tratamentos estudados,
mantendo-se baixa e garantindo boa cobertura até a época da colheita, sem
sofrer influência da aplicação de nitrogênio – um adubo essencial em qualquer
cultura, mas que poderia acelerar a degradação da palha. A utilização de
maiores quantidades de adubo nitrogenado e de resíduos de milho proporcionou um
aumento na produção de feijão. Outra constatação foi a elevação do teor de
matéria orgânica nos primeiros 2/3 do ciclo da cultura.
Na
opinião de Zigomar de Souza, a pesquisa de Carolina Sáenz, além de comprovar as
vantagens desta técnica de plantio, mostrou que as dosagens de resíduos de
milhos não implicam em diferenças importantes em relação aos atributos
físico-hídricos do solo. “Podemos dizer que, a partir de quatro toneladas por
hectare, a cobertura vegetal já estará proporcionando benefícios ao agricultor.
Estes resultados podem ser transportados para todas as regiões do Estado de São
Paulo, já que o clima é praticamente homogêneo e a cultura do milho é praticada
em todo o território”.
Prós e
contras
O
professor da Feagri deixa claro que o maior benefício do sistema de plantio
direto está no meio ambiente, com a redução significativa de 80% da perda de
solo e de água em comparação com o sistema convencional. Contudo, a literatura
também registra vantagens em relação às culturas, como maior produtividade em
anos de estiagem e necessidade de menor volume de chuvas para o início do
plantio, com a semeadura na época adequada, devido ao solo estar sempre úmido.
O
agricultor se beneficiaria ainda com o aumento da atividade biológica do solo,
graças à matéria orgânica produzida pela cobertura vegetal, que também assegura
condições térmicas mais adequadas. Havendo menor evaporação e maior
armazenamento de água no solo, a germinação e a emergência das plantas ocorrem
de modo mais uniforme. “No aspecto econômico, temos uma diminuição de 70% no
consumo de diesel, já que o trator não é tão utilizado”.
Zigomar
de Souza ressalva, porém, que o sistema de plantio direto apresenta exigências,
como maior custo de implantação e necessidade de melhor gerenciamento e de
mão-de-obra especializada. Outra dificuldade está no uso de herbicidas para o
controle de plantas daninhas, que é mais complexo do que no sistema
convencional. “Na agricultura tradicional, joga-se o corretivo na superfície e
simplesmente revolve-se o solo. No plantio direto, uma aplicação como a de
calcário (para corrigir a acidez do solo) é feita em cima dos resíduos, o que
requer conhecimento técnico”.
Rotação
Outra grande vantagem do sistema apontada pelo docente da Feagri é a exigência de rotação de culturas, como por exemplo, alternando gramíneas e leguminosas a cada ano, eliminando o monocultivo. Entretanto, Zigomar de Souza adverte que o agricultor não deve esperar que todos os benefícios ocorram já nos primeiros anos. “A cobertura vegetal constante e os restos de culturas anteriores elevam o teor de matéria orgânica, aumentando a atividade biológica do solo. São ganhos significativos, mas que levam tempo. Já a redução da erosão diminui sensivelmente já nas culturas iniciais, o que justifica a implantação do sistema”.
Outra grande vantagem do sistema apontada pelo docente da Feagri é a exigência de rotação de culturas, como por exemplo, alternando gramíneas e leguminosas a cada ano, eliminando o monocultivo. Entretanto, Zigomar de Souza adverte que o agricultor não deve esperar que todos os benefícios ocorram já nos primeiros anos. “A cobertura vegetal constante e os restos de culturas anteriores elevam o teor de matéria orgânica, aumentando a atividade biológica do solo. São ganhos significativos, mas que levam tempo. Já a redução da erosão diminui sensivelmente já nas culturas iniciais, o que justifica a implantação do sistema”.
Manejo conservacionista
é estudado na cana-de-açúcar
O plantio
direto foi introduzido no Brasil no início da década de 1970, como um sistema
conservacionista com a finalidade específica de controlar a erosão do solo.
Entretanto, pesquisas realizadas a partir dos anos 80 indicaram que não se
tratava apenas de um método alternativo de manejo do solo, mas de um sistema
complexo e totalmente novo de produção agrícola, com alterações substanciais
nos atributos químicos, físicos e biológicos do solo e com grande impacto no
rendimento das culturas.
O
professor Zigomar Menezes de Souza explica que o plantio direto é considerado
um sistema de manejo conservacionista, pois mantém a superfície do solo coberta
por resíduos vegetais. “Até cerca de 20 anos atrás, o principal sistema de
manejo no Brasil era o convencional, em que se pulveriza o solo revolvendo-o
com arados e grades, no intuito de facilitar o plantio e a germinação da
semente. Com qualquer chuva, perde-se grande quantidade de terra. Hoje, o
sistema de plantio direto está presente em todo o país, mais disseminado no Sul
e se expandindo pelo Centro-Oeste”.
Embora o
sistema de cultivo direto tenha como premissa a rotação de culturas, em razão
das inúmeras vantagens proporcionadas ao solo e às plantas, o docente da Feagri
e outros pesquisadores já realizam estudos sobre o uso do mesmo sistema na
monocultura da cana-de-açúcar. “Uma vantagem neste monocultivo, cada vez mais
predominante no cenário rural do Estado de São Paulo, é que a cana já possui
uma vegetação densa que protege o solo. E a iminente proibição da queimada no
campo já fez surgir um boom para a co-geração de energia tendo a palha como
fonte”.
Zigomar
de Souza informa que já teve início uma pesquisa em parceria com a Unesp
(campus de Jaboticabal), cujo objetivo é sugerir a quantidade de palha de cana
a ser deixada para proteger e melhorar as condições do solo, e a outra
destinada às caldeiras para geração e venda de energia. “A premissa é a mesma
da pesquisa com resíduos de milho, mas ao invés de depositar a cobertura, vamos
retirar a palha de cana em percentagens variadas, até chegar à ideal para
proteger o solo, assegurando o restante para a indústria”.
Vegetação no solo
http://www.achetudoeregiao.com.br/animais/vegetacao_no_solo.htm
O regime de chuvas, o relevo
com encostas íngremes e o manto de intemperismo bem desenvolvido são os
ingredientes para a ocorrência de erosão pronunciada e movimentos de massa de
diversos tipos. Antes da ocupação humana isto não vinha acontecendo porque na evolução
natural da paisagem a vegetação vinha atuando como um importante elemento
estabilizador da paisagem.
A água é o principal fator de
desestabilização de uma encosta e é por isto que no verão aumentam os
acidentes ligados aos movimentos de massa. A água ao se infiltrar aumenta seu
peso de uma forma proporcional ao grau de saturação e à porosidade do solo.
Para se ter uma ideia, tomemos um solo com porosidade igual a 20%. Se estiver
totalmente saturado seu peso estará aumentado em cerca de 9%. A água infiltrada
desenvolve forças que rompem a coesão do solo; dissolve sais cimentantes,
cria pressões internas, diminui a força de atrito entre as superfícies dos
grãos, como diminui também o atrito entre o manto de intemperismo e o
substrato rochoso.
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A cobertura vegetal aumenta
a infiltração da água no solo, principalmente quando se tem chuva fina e
prolongada. Apesar disto a cobertura vegetal apresenta qualidades de contenção
e proteção que compensam o efeitos negativos provocados pelo aumento de peso e
maior infiltração.
a) A cobertura vegetal
protege a parte superficial do solo do impacto direto das gotas de chuva.
b) A vegetação atua na
melhor distribuição da água pela superfície, não permitindo que as partículas
argilosas colmatem os poros do solo, mantendo sua aeração.
c) A presença de húmus, bem
como a sombra proporcionada pelas plantas, mantém a umidade do solo, evitando
seu ressecamento e gretamento. Um solo gretado é mais facilmente ravinado pelas
chuvas.
d) A cobertura vegetal atua
na contenção mecânica do solo, devido ao extenso sistema radicular das plantas,
principalmente as de grande porte. Este sistema radicular se constitui numa
verdadeira rede viva, que une os grãos entre si e mantém a coesão do solo.
Obs.: Não confundir sistema
radicular com raízes, que no senso comum são somente aquelas partes do sistema
radicular de maior diâmetro e facilmente visíveis.
Um solo sem cobertura vegetal ou com
cobertura vegetal insuficiente, estará submetido à erosão. A chuva ao cair
iniciará um processo de erosão laminar. Com o passar do tempo pequenas
ravinas vão se formando e a camada superficial do solo será perdida. Esta
camada é importante porque tem propriedades mecânicas diferentes das camadas
subjacentes ( é mais coesiva). Quando se inicia a formação de pequenas
ravinas a água começa a se concentrar em filetes cada vez mais volumosos
aumentando em muito sua capacidade de transportar as partículas do solo.
Neste estágio o solo passa a ser agressivamente erodido por qualquer
chuvinha.
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A destruição da vegetação
pode se dar através da remoção direta pelo homem (capina ou aração), remoção
pela pecuária intensiva (muito animal para pouco pasto), remoção pelo fogo.
Os animais de grande porte
além de removerem a vegetação criam com suas patas sulcos no terreno, que
aceleram o processo erosivo A pastagem intensiva não permite que o solo
recupere sua cobertura vegetal, empobrecendo-o em matéria orgânica e nutrientes
minerais. Um pasto com uso intensivo pode ser reconhecido facilmente porque
entre a vegetação rasteira pode-se ver partes avermelhadas do solo aparecendo.