terça-feira, 27 de setembro de 2011


   Plantas saudáveis produzidas em solos com vida e, em ambientes equilibrados, normalmente, não são atacadas por pragas. No entanto, caso ocorra desequilíbrio do meio ambiente e surjam pragas causando danos aos cultivos, deve-se, em primeiro lugar, antes de iniciar um controle, reconhecer qual os insetos que costumam sempre provocar prejuízos à sua lavoura. Inspeção periódica na horta, deve ser realizada procurando-se detectar e conhecer os hábitos das possíveis pragas existentes, época de maior ocorrência, fase do desenvolvimento que causa maiores danos (larva, ninfa ou adulto), e plantas hospedeiras que se encontram próximas da lavoura. A maior parte das pragas ataca geralmente na primavera, estação do ano de fertilidade e de grande atividade na natureza. Elas podem causar vários danos nas plantas, além de favorecerem o surgimento de doenças, principalmente as fúngicas. As principais pragas que podem causar danos às hortaliças são: grilos, paquinhas, lagarta rosca, vaquinhas, pulgões, lesmas, curuquerê-da-couve, broca das cucurbitáceas e do tomateiro, traça das crucíferas e do tomateiro, lagarta-do-cartucho, mosca-branca, mosca minadora, tripes, ácaros e formigas cortadeiras.
 Grilos: com aparelho bucal mastigador, o adulto apresenta coloração marrom e pode medir até 2,5 cm de comprimento, sendo as pernas posteriores saltatórias. As fêmeas colocam até 970 ovos. O ciclo completo de ovo a adulto pode atingir a 90 dias. São polifagos (atacam várias plantas). Danos: tanto o adulto como as formas jovens apresentam hábitos noturnos, atacando preferencialmente sementeiras e viveiros, destruindo as raízes e plantinhas.
Paquinhas: também com aparelho bucal mastigador, o adulto tem asas marrom-escuras e mede cerca de 3 cm de comprimento. As pernas anteriores são escavadoras e as posteriores saltatórias. Possuem hábitos diferentes dos grilos por construírem galerias subterrâneas, entre 5 e 20 cm de profundidade. O ciclo biológico pode alcançar em torno de 10 meses, sendo a época de maior ocorrência de setembro a abril. Apresenta também hábito polífagos (atacam várias plantas. Danos: adultos e ninfas alimentam-se principalmente de raízes. Às vezes cortam pedaços da parte aérea da planta e carregam para seus túneis. Ocorrem geralmente em reboleiras.
Manejo de grilos e paquinhas : com extrato de pimenta; coloca-se uma quantidade de pimenta malagueta num frasco, acrescenta-se álcool para cobrí-las,  fecha-se e deixa-se curtir por pelo menos 3 dias. Após, o extrato já pode ser utilizado ou armazenado assim mesmo em local escuro. Em geral se utiliza uma colher de sopa deste extrato por litro de água para pulverizar as plantas. Mas também é possível utilizar dosagens mais fortes (até 1%) para aplicações em hortas. Seu uso deve ser repetido após chuvas ou irrigação. Usar luvas ao manipular a pimenta e vestimenta de proteção ao aplicar o extrato.
• Lagarta rosca: com aparelho bucal mastigador na fase de lagarta, os adultos são mariposas marrom-escuras com algumas manchas pretas. As lagartas atacam inúmeras plantas e ficam abrigadas no solo durante o dia, sendo que ao escurecer iniciam sua alimentação atacando o colo da planta e tubérculos. Quando são tocadas, enrolam-se (Figura 1). As lagartas atingem até 3,5 cm e podem viver até 30 dias. Ocorre o ano inteiro, com pico populacional em dezembro. Danos: as lagartas atacam as plantas nos primeiros 30 dias, reduzindo a densidade de plantio, sendo que o nível de dano varia para cada cultura. Manejo: o extrato de pimenta, além de controlar grilos e paquinhas, também é eficiente para o manejo de lagarta rosca; em áreas onde já apresentou problemas, é recomendável o preparo do solo 3 a 4 semanas antes do plantio; isca atrativa com óleo vegetal (50ml) + açúcar mascavo (40g) + farelo de trigo grosso (1kg) + suco cítrico (20ml) + bórax (5g), bem misturado, deixadas em porções protegidas nas proximidades das áreas mais frequentadas pelas lagartas também é eficiente no manejo da lagarta rosca; especialmente em hortas pequenas e com baixa ocorrência, o controle mecânico através de pequenas escavações próximas as plantas atacadas e posteriormente destruindo as lagartas, pode ser eficiente.
   
Figura 1. Lagarta rosca
Vaquinhas: os adultos são insetos polífagos (atacam várias culturas), pequenos besouros de cores variadas - verde-amarelo (Diabrotica), preto com manchas amarelas (Cerotoma) – Figura 2, verde metálica (Colaspis) e, tamanho aproximado de 10 mm. Ovos branco-amarelado são colocados isoladamente em fendas no solo. A larva conhecida como larva-alfinete (Figura 3) pode chegar até 10 mm de tamanho, alimentando-se de raízes de plantas (Figura 4) e tubérculos de batata. Na fase de larva os prejuízos são irreversíveis, pois tombam as plantinhas recém-emergidas (milho, feijão, feijão-vagem e outras) e furando raízes e tubérculos. Danos: os furos causados pelos insetos adultos nas folhas, associados aos danos causados pelas larvas, acarretam perdas na produtividade e qualidade dos cultivos.
 
 Figura 2. Vaquinha na fase de adulto causa danos através do desfolhamento das plantas, especialmente no início de desenvolvimento das culturas.
Figura 3. Vaquinha na fase de larva causa danos nas raízes das plantas recém-emergidas e também em raízes de batata-doce e tubérculos de batata (larva- alfinete)
 
 Figura 4. Danos nas raízes de milho, provocados pela larva-alfinete (vaquinha na fase de larva)
  
Pulgões: os pulgões (Figura 5) tem um ciclo de 5 a 6 dias , sendo que uma fêmea produz cerca de 60 ovos (por individuo). Todos os indivíduos são fêmeas, não precisando de machos para se multiplicar, e são rapidamente disseminados pela lavoura, caso não se controle os focos iniciais de infestação. São pequenos insetos (2 a 4mm) marrons, cinzas, esverdeados ou pretos que vivem em colônias, especialmente em brotações novas, nas folhas mais tenras e nos caules Danos: os pulgões causam prejuízos pela sucção da seiva nas folhas mais jovens e brotos tornando-os encarquilhados e expelem um líquido açucarado sobre as folhas. Este líquido propicia o desenvolvimento de um fungo negro, conhecido como fumagina (muito comum em pomares novos) que envolve toda a folha, provocando a perda na qualidade das folhas (hortaliças) mesmo após o controle. Podem transmitir viroses.Os períodos mais favoráveis ao surgimento dos pulgões são a primavera, o verão e o início do outono.
Figura 5. Ataque de pulgões em folha de couve

 Manejo de pulgões e vaquinhas: recomenda-se os preparados à base de plantas tais como pimenta e cebola para o manejo de pulgões e vaquinhas. Para o manejo de pulgões, outros preparados tais como, de cavalinha-do-campo, losna, confrei , samambaia, cinamomo, coentro e cravo-de-defunto também são eficientes (ver como preparar através de matérias já postadas neste blog). No manejo de vaquinhas, na fase adulta, ainda existem as plantas que podem servir como iscas atrativas, tais como abobrinha caserta , tajujá , porongo ou cabaça. O uso de variedades resistentes, como por exemplo, a cultivar de batata-doce Brazlândia roxa, é eficiente no manejo da larva-alfinete (fase larval da vaquinha) que ataca as raízes deste cultivo. Também um bom preparo do solo, associado a uma boa amontoa (chegamento de terra) no cultivo de batata, reduz significativamente os danos causados pelas larvas-alfinete em tubérculos de batata. No manejo de pulgões deve-se evitar o uso exagerado de adubação nitrogenada, utilizar a irrigação como forma de reduzir a infestação e também culturas atrativas aos diversos inimigos naturais (joaninhas, vespinhas e crisopídeo); o sorgo favorece o aumento da população de crisopídeo. Dentre os inimigos naturais dos pulgões, destaca-se a joaninha. Ainda, no manejo de pulgões é muito importante manter a vegetação nativa nas proximidades da lavoura, pois serve de abrigo e alimento aos inúmeros inimigos naturais dos pulgões.

• Lesmas: são moluscos de cor escura (Figura 6) que atacam geralmente à noite. São hermafroditas e expelem um muco, que ao secar, deixa um risco característico. Durante o dia esconde-se embaixo de tocos, palhas e lugares úmidos. Podem ser vetores de parasitóides intestinais em humanos. Danos: além de prejudicar a saúde humana, as lesmas atacam as folhas e as raízes de plantas pequenas e tenras.
Figura 6. Lesmas
 Manejo : proteção dos canteiros colocando cal virgem ou cinzas de madeira ao redor dos canteiros; o uso de armadilhas – uso de sacos de aniagem úmidos ao redor dos canteiros, colocados à tarde, servem como abrigo, podendo ser mortos no dia seguinte com água quente, esmagamento ou com água sanitária. Outra armadilha é o uso de lata de azeite com uma tampa aberta, enterradas com abertura no nível do solo, colocando um pouco de cerveja misturada com sal. Ainda pode ser utilizado o preparado com chuchu – colocar dentro de latas rasas, como as de azeite, pedaços de chuchu cortados ao meio e adicionar sal. Essa mistura é bastante atrativa, possibilitando posteriormente a destruição através do esmagamento ou água quente ou ainda água sanitária.
 
Ferreira On 9/27/2011 06:22:00 AM 1 comment LEIA MAIS

quarta-feira, 21 de setembro de 2011


   O feijão-de-vagem (Phaseolus vulgaris) é planta originária do México e da Guatemala. Para alguns, a Ásia tropical também é aceita também como local de origem desta espécie. O que diferencia o feijão-de-vagem dos outros feijões é o grão ser colhido ainda verde e ser consumido juntamente com a vagem. É uma leguminosa da família das fabaceae, assim como o feijão-fradinho, a ervilha, a soja, o feijão-preto e a fava italiana. A exploração comercial consiste no aproveitamento direto das vagens ainda tenras que são consumidas in natura ou industrializadas. O uso mais comum da vagem inteira ou picada, após ligeiro cozimento, é a salada temperada com óleo, sal e vinagre. Mas pode ser usada também em saladas mais elaboradas, juntamente com folhas verdes ou ainda numa salada de maionese, bem como em tortas, sopas, refogados,cozidos e omeletes. As vagens, além de serem fontes de vitaminas A, B1, B2 e C, ainda são ricas em fósforo, potássio e fibras. As vagens são excelentes controladores de acidose e indigestão e ainda agem sobre a glicemia, combatendo o diabetes. Por adaptar-se a clima seco e quente, preferindo temperaturas entre 15 e 30ºC, os preços mais elevados do produto ocorrem, normalmente, de junho a setembro.

 Escolha correta da área e análise do solo
Recomendam-se áreas não cultivadas com espécies da mesma família botânica nos últimos anos. Preferencialmente, devem-se utilizar solos leves e profundos, com mais de 3,5% de matéria orgânica e com boa drenagem. A análise do solo deve ser feita com antecedência para conhecimento da fertilidade do solo. Com base nessa análise, o técnico do município poderá fazer a recomendação adequada da acidez do solo e adubação orgânica.

Época de semeadura e cultivares
   A temperatura média ideal para o crescimento e polinização é de 18 a 30ºC e 15 a 25ºC, respectivamente. Em temperaturas abaixo de 15ºC as vagens ficam em forma de gancho. Temperaturas acima de 30ºC durante a floração levam ao aborto de flores, enquanto temperaturas entre 8 e 10ºC paralisam o crescimento. A planta não resiste a temperaturas abaixo de 0ºC. Os ventos durante o florescimento podem prejudicar a polinização ou causar a queda de flores por desidratação. Litoral Catarinense: Nas áreas livres de geadas, os períodos mais favoráveis vão de fevereiro até abril e de agosto até outubro. Em cultivo protegido, pode-se cultivar durante o inverno. Planalto Catarinense: De setembro até fevereiro. Cultivares indicadas: Tipo macarrão (vagem cilíndrica) – Estrela, Favorito, Campeão, Preferido e Predileto; tipo manteiga (vagem chata) – Maravilha e Teresópolis. Obs.: Todas as cultivares citadas são de crescimento indeterminado (exigem tutor) e tolerantes às doenças da ferrugem e antracnose, com exceção da Favorito, que é tolerante à ferrugem e ao oídio. Já existem no mercado as cultivares rasteiras de crescimento determinado que são mais precoces, podendo ser colhidas aos 55 a 60 dias após a semeadura.

Adubação orgânica
   Deve ser conforme recomendação, baseada na análise do solo e nos teores de nutrientes do adubo orgânico. Seguindo-se a recomendação e quando for utilizado o sistema de sucessão de culturas tomate/vagem, transplantado e semeado em julho/agosto e final de janeiro, respectivamente, aproveitando o mesmo tutor e o adubo residual do tomate, pode-se dispensar a adubação de plantio no feijão-de-vagem por ocasião da semeadura.

Semeadura e espaçamento
   O cultivo do feijão-de-vagem é realizado por semeadura direta em sulcos ou covas, feita manualmente ou com semeadora de tração mecânica ou manual. Espaçamento: 1,20 a 1,50m entre linhas por 40 a 50cm entre plantas.

 Irrigação
   Recomenda-se, a céu aberto e no cultivo protegido, o uso da irrigação por gotejamento. Fazer o controle da irrigação para não encharcar o solo e propiciar a entrada de doenças de solo. Deve-se realizar a irrigação somente pela manhã, principalmente no outono.

Adubação de cobertura e manejo de plantas espontâneas
    A adubação de cobertura, quando necessária, deve ser feita com base na análise do solo e nos teores de nutrientes do adubo orgânico, aos 20 e 40 dias após a germinação. A fase crítica da competição das plantas espontâneas com a cultura do feijão-de-vagem ocorre da germinação até os 40 dias. Nesse período,quando necessário, deve-se capinar na linha de plantio, mantendo-se uma cobertura de plantas espontâneas ou plantas de cobertura nas entrelinhas.

 Desbaste
   O desbaste é uma tarefa manual que consiste em retirar o excesso de plantas na fila de plantio. Realiza-se o desbaste aos 20 dias após a semeadura, deixando duas plantas por cova.

Tutoramento
   O tutoramento se faz necessário para evitar doenças, ordenar o crescimento das plantas e facilitar a colheita. Pode-se tutorar o feijão-devagem com varas, bambu, ráfia e tela agrícola. Para permitir maior ventilação entre as plantas, uma boa alternativa é o tutoramento vertical. Recomenda-se, sempre que possível, utilizar o sistema de sucessão de culturas tomate/vagem para aproveitamento do tutor.

Manejo de doenças e pragas
   As principais doenças que ocorrem no feijão-de-vagem são: antracnose, ferrugem, mancha angular, oídio e vírus-do-mosaico-comum (BCMV).

 Antracnose (Colletotrichum lindemuthianum) Este fungo causa uma das doenças mais destrutivas do feijão-de-vagem.Causa danos nos caules, pecíolos e nas vagens. Manejo: Usar cultivares tolerantes ou resistentes. Evitar plantio em locais úmidos e mal ventilados. Utilizar espaçamentos maiores entre plantas e filas. Fazer rotação de culturas. Suspender a irrigação caso seja por aspersão. Pulverizar com calda bordalesa a 0,5%.

 Ferrugem (Uromyces appendiculatus) Esta doença é causada por um fungo que pode atacar as hastes,mas predomina nas folhas. Manejo: Usar cultivares resistentes ou tolerantes. Fazer rotação de culturas. Evitar épocas quentes e chuvosas. Destruir os restos culturais através de compostagem. Pulverizar com calda bordalesa a 0,5%.

 Mancha angular (Phaeoisariopsis griseola) Esta doença fúngica se manifesta no caule, nas folhas e vagens, provocando, inicialmente, manchas circulares de cor castanha. Posteriormente, essas manchas adquirem coloração marrom-acinzentada e formato angular, sendo limitadas pelas nervuras das folhas. Manejo: Usar sementes sadias. Destruir os restos de culturas através de compostagem. Fazer rotação de culturas. Pulverizar com calda bordalesa a 0,5%.

 Oídio (Erysiphe polygoni). Esta doença fúngica ocorre sob condições de temperatura amena e baixa umidade, comuns em plantios tardios e no cultivo protegido. Os sintomas nas folhas são pequenas manchas ligeiramente mais escuras na face de cima da folha, que em seguida ficam cobertas por um mofo branco (Figura 1). Nessas condições as folhas podem morrer prematuramente. A doença pode atacar ramos e vagens, tornando estas malformadas e menores. Manejo: Fazer rotação de culturas. Utilizar a cultivar Favorito que é resistente ou tolerante à doença. Pulverizar com leite cru (10 a 15%).
 Figura 1. O fungo oídio que tem como principal sintoma a formação de um pó branco sobre as folhas, ataca o feijão-vagem (foto à direita) e as demais espécies da família das cucurbitáceas (melão, melancia, pepino, abóbora, abobrinha e moranga); o leite cru e fresco à 10-15 % (1 a 1,5 L para 100 L de água), pulverizado nas plantas atacadas é eficiente no manejo desta doença, mesmo no início da infecção.
Vírus-do-mosaico-comum (BCMV) Os sintomas produzidos por esta virose podem ser: mosaico, seca das folhas (necrose) e manchas locais. As vagens podem apresentar manchas verde-escuras. O vírus-do-mosaico-comum pode ser transmitido mecanicamente por afídios (pulgões) e através das sementes. Manejo: Usar semente certificada. Usar cultivares resistentes como a cultivar Predileto. Fazer adubação equilibrada. Controlar os pulgões. Evitar plantio próximo de campos mais velhos. Destruir os restos de culturas através de compostagem. Cuidar para não machucar as plantas durante os tratos culturais. Destruir plantas doentes através de compostagem.
 As principais pragas que atacam a cultura são: pulgões, vaquinhas, lagarta rosca, ácaro rajado e mosca minadora.

Os pulgões, insetos sugadores de seiva das plantas, paralisam o crescimento da planta e podem transmitir doenças viróticas.

As vaquinhas (Diabrotica speciosa) atacam as plantas na fase de adultos e de larvas, causando danos especialmente no início de desenvolvimento da cultura. Os adultos são besouros de cor verde e amarelo que provocam o desfolhamento das plantas (Figura 2). As larvas alimentam-se de raízes e nódulos deixando marcas e furos no local do ataque.
Figura 2. Danos causado pela vaquinha na folha de feijão-vagem – fase adulta
Manejo de pulgões e vaquinhas: recomenda-se os preparados à base de plantas tais como pimenta, alho, cebola, losna, confrei e outros (ver como preparar através de matérias já postadas neste blog). Diversas outras medidas também são recomendadas para o manejo destas pragas (ver matéria postada neste blog sobre "Manejo ecológico de insetos pragas – parte III).

  A lagarta rosca (Agrotis spp) é de coloração cinza-escuro de hábitos noturnos. Durante o dia ficam enroladas e abrigadas no solo. As lagartas cortam as plantas rente ao solo e em altas infestações as raízes são danificadas também. Manejo: aração e gradagem dos restos culturais; rotação de cultura; catação manual da lagarta enterrada nas proximidades da planta atacada; pulverização com preparado à base de pimenta.

 O ácaro rajado (Tetranychus urticae) geralmente ataca sob condições de alta temperatura e baixa umidade relativa do ar. Os sintomas mais evidentes nas folhas do feijoeiro são enrolamento, bronzeamento da parte de baixo das folhas, formação de uma "teia de aranha" sob a folha e manchas amarela na parte de cima da folha. Manejo: pulverize a lavoura com produtos à base de enxofre; pulverização com preparados à base de plantas tais como (ver como prepará-los em matérias já postadas neste blog); pulverização com calda sulfocálcica a 3% (cultura já desenvolvida).

 A mosca ou larva minadora (Liriomyza huidobrensis) são pequenas moscas com aproximadamente 2 mm de comprimento, escuros e raramente percebidos na lavoura. Os ovos são introduzidos no interior das folhas e a larva de cor amarela à marrom, mede cerca de 1-2mm. A larva faz galerias (minas) nas folhas (Figura 3), entre a epiderme superior e inferior da folha, alimentando-se do tecido parenquemático, provocando secamento. Infestações elevadas podem comprometer a produção. Manejo: evitar áreas sombreadas; pulverizar a cultura atacada com calda sulfocálcica a 1%, quando necessário.
 Figura 3. Danos na folha de feijão-vagem, causado pela larva minadora

Colheita
A cultura do feijão-de-vagem, normalmente, atinge seu ponto de colheita com 50 a 60 dias e entre 70 e 80 dias após o plantio, para as cultivares de crescimento determinado (rasteiras) e de crescimento indeterminado (tutoradas), respectivamente. O ponto de colheita ocorre cerca de 15 dias após o florescimento, estando a vagem com 20cm de comprimento, tenras e quebradiças. Deve-se evitar realizar a colheita nas horas mais quentes do dia para que não ocorra a murcha prematura. As vagens são colhidas manualmente e acondicionadas em caixas plásticas de colheita. Nesse momento, devemos ter o cuidado para não danificar as plantas ou machucar as vagens.

Classificação e embalagem
As caixas são levadas para um local onde é feita a classificação e a embalagem do produto. Esse local deve ser à sombra e ventilado. O feijão-de-vagem é comercializado nas Ceasas do País em caixa do tipo "k" com 15kg e nos sacos de ráfia com 10kg. Mais recentemente, embala-se o produto em bandejas de plástico ou de isopor com 500g a 1 kg.
Ferreira On 9/21/2011 01:48:00 PM Comentarios LEIA MAIS

sexta-feira, 16 de setembro de 2011


  O Manejo Ecológico de Pragas (MEP), é o sistema que utiliza ao mesmo tempo, várias formas de controle. Além da rotação de culturas e destruição dos restos culturais, recomendações básicas para o manejo ecológico de insetos-pragas, tratadas na matéria postada anteriormente neste blog (Parte I), outras práticas culturais em certas situações, são tão ou mais importantes que as citadas. O objetivo principal do manejo ecológico é não exterminar os insetos-pragas, mas simplesmente mantê-los em determinados níveis de equilíbrio, de forma que não coloque em risco a saúde, os cultivos e o lucro do agricultor. A seguir serão enumeradas as demais práticas que juntas com a rotação de culturas e destruição dos restos culturais, contribuem para o manejo ecológico dos insetos-pragas que atacam as principais hortaliças.

Preparo do solo
    No cultivo orgânico deve-se evitar o revolvimento do solo, mas pode ocorrer situações em que é recomendável. Em casos de ataques anteriores e frequentes de doenças e pragas nos cultivos anteriores, deve-se adotar o preparo adequado do solo para o plantio da cultura seguinte, como medida preventiva. Deve-se revolver muito bem o solo através de uma aração profunda, deixando-os exposto ao sol e às aves predadoras por uns dias. Repetir essa operação e só depois realizar a(s) gradagem. Um bom preparo do solo pode reduzir o ataque de pragas, como a lagarta rosca e paquinhas que atacam várias hortaliças. Isso se deve ao fato de que esses insetos fazem ninhos no solo e o seu revolvimento expõe estas pragas aos inimigos naturais, além de destruir os seus ovos. Um bom preparo do solo no cultivo da batata e um bom chegamento de terra (amontoa) evitam ataques de larvas-alfinete (fase larval da vaquinha) que perfuram e depreciam os tubérculos (Figura 1).
 Figura 1. O preparo adequado do solo, associado à um bom chegamento de terra (amontoa), sem torrões, evita o ataque da larva-alfinete que perfura os tubérculos de batata, depreciando-os (C). Os furos nas batatas ocorre porque a vaquinha (A) - adulto, também chamada de patriota (coloração verde com pontinhos amarelo), ao pôr os ovos na batateira, estes vão cair nas fendas do solo e, se estiver com torrões, os ovos, que darão origem a larva-alfinete (B) – fase larval da vaquinha, irão se alojar junto aos tubérculos em formação no fundo do camalhão.
 Antecipação do plantio e da colheita
   Esta prática é para evitar coincidir a época de maior suscetibilidade da cultura com a época de maior população da praga. A maior ou menor susceptibilidade das plantas em relação às pragas pode variar conforme a época de plantio. Em função disso, pode-se alterar a data de plantio de uma determinada cultura para fugir da época mais favorável ao desenvolvimento de pragas, assim como de seus vetores. O cultivo do tomateiro no outono, por exemplo, é considerado problemático nas regiões litorâneas de Santa Catarina em razão do ataque de vaquinhas, tripes, vírus do vira-cabeça e doenças.Já o cultivo de primavera é mais favorável para o tomateiro devido à menor ocorrência de doenças e pragas.

Irrigação
   Em algumas situações a irrigação pode ser benéfica para a planta e ruim para o inseto, criando condições de menor estresse para a primeira e destruindo o segundo. Para o manejo de pulgões, ácaros e tripes que atacam várias hortaliças, muitas vezes, uma chuva ou mesmo uma irrigação por aspersão pode reduzir a infestação dessas pragas.

Cobertura morta e aplicação de matéria orgânica no solo
   Além dos efeitos favoráveis em relação à diminuição da erosão, manutenção da umidade do solo e redução das plantas espontâneas e outros, a cobertura do solo também pode influir na sobrevivência e disseminação dos insetos-pragas.

Material de propagação sadio e cultivares resistentes
  A escolha de um material de propagação sadio é fundamental para o sucesso de uma cultura. Sendo assim, é importante, sempre que possível, utilizar cultivares resistentes ou materiais propagativos livres de pragas e doenças. A seguir, são citados alguns exemplos de cultivares resistentes às doenças. O tomate do tipo cereja (Figura 2) e do tipo italiano são considerados mais resistentes às pragas e doenças que os tomates de mesa tipo Santa Cruz e tipo Salada. Para prevenir viroses em alface, devem ser plantadas as cultivares Regina, Verônica e Vera. A cultivar de batata-doce Princesa é resistente ao "mal-do-pé", enquanto a Brazlândia Roxa é tolerante aos insetos que causam perfurações nas raízes. A cultivar de vagem Preferido é tolerante à ferrugem e à antracnose, a Favorito tolera a ferrugem e o oídio e a Predileto tolera o vírus do mosaico comum. As cultivares de batata lançadas pela Epagri, Catucha e Cota, são resistentes às doenças da folhagem. Por fim, as cenouras do grupo Brasília são resistentes ao sapeco. A outra opção, não menos importante, é o plantio de materiais sadios. Os micróbios são transmitidos por sementes e outros materiais de propagação. O plantio de ramas de batata-doce sadias é uma opção para evitar a doença "mal do pé", por exemplo.
Figura 2. Tomate cereja é mais resistente às doenças e pragas

Controle mecânico
    Especialmente em pequenas hortas, é muito importante o controle mecânico que consiste na destruição de focos de pragas através da catação manual de larvas, lagartas, insetos adultos e ovos depositados nas folhas das plantas. As lagartas e até ovos depositados pelas borboletas nas folhas de couve (Figura 3), repolho, couve-flor e brócolis, especialmente no início do ataque, quando destruídos, pode reduzir bastante os prejuízos destas pragas nestes cultivos.  
 Figura 3. Os ovos depositados pelas borboletas nas folhas de couve, repolho, couve-flor ou brócolis devem ser destruídos
Uso de armadilhas e plantas atraentes e repelentes
   Armadilhas coloridas ou superfícies adesivas com determinadas cores, por exemplo: amarelo ( atrai vaquinha) e o azul (atrai tripes). Substâncias químicas presentes nas plantas que atraem insetos e com isso podem ser capturados ou mortos. A colocação de sacos de aniagem umedecidos com leite entre os caminhos da horta, no final do dia, para atrair lesmas e caracóis, fazendo-se o recolhimento pela manhã e combatendo-os com cal virgem ou sal é um bom controle ecológico. A abobrinha caserta entre linhas de pepino e outras cucurbitáceas atrai a broca das cucurbitáceas e também as vaquinhas. O tajujá ou cabaça também atrai as vaquinhas, sendo que o sabugueiro atrai os pulgões. As plantas medicinais tais como hortelã, alecrim e sálvia repelem a borboleta da couve, enquanto que a hortelã, arruda e cravo-de-defunto repelem as moscas-brancas. O alho, cebola, capim cidreira, girassol, manjerona e cravo-de-defunto repelem os insetos em geral. Os cultivos de batata-doce, salsa e cenoura repelem as formigas.

Preservação de bosques para servir como abrigo e alimento aos inimigos naturais dos insetos-pragas
   A preservação de bosques, cercas vivas e até capoeiras, próximos da área cultivada é muito importante para servir como abrigo e alimento de inimigos naturais e, até como quebra-ventos. Incluir nas lavouras faixas de adubos verdes e até deixar refúgios de plantas espontâneas ao redor dos cultivos, também contribuem para favorecer os inimigos naturais das pragas que atacam as culturas. Os inimigos naturais são insetos, fungos, bactérias, vírus, nematóides, répteis, aves e mamíferos pequenos. Todas as pragas das culturas têm seus inimigos naturais que as devoram ou destroem. Daí a importância de diversificar os cultivos através da rotação, sucessão e consorciação de culturas, bem como preservar refúgios naturais para manter a diversidade natural da fauna.Todos fazem parte do grande conjunto natural e cada um contribui para manutenção do equilíbrio na natureza.
Entre as espécies de plantas que servem de refúgio contra os inimigos naturais, destacam-se: o menstrato (Ageratum conyzoides), a beldroega (Portulaca oleracea), o caruru (Amaranthus viridis), o nabo forrageiro (Raphanus raphanistrum) e o sorgo granífero (Sorghum bicolor). No caso do sorgo, suas panículas em flor favorecem o abrigo e a reprodução de insetos como percevejo (Orius insidiosus), que é predador de lagartas, ácaros e tripes da cebola. Há, no entanto, plantas que são desfavoráveis à preservação e ao aumento de inimigos naturais das pragas, como mamona,capim, grama-seda, capim-amargoso, guanxuma, tiririca, picão-branco e carrapicho-carneiro.Entre os insetos, os inimigos naturais mais conhecidos são as joaninhas (Figura 4) e as vespinhas que parasitam especialmente pulgões, cochonilhas e lagartas. Outros exemplos de inimigos naturais e os principais depredados ou destruídos são:
percevejos lagartas e seus ovos; moscas – lagartas, seus ovos e outras pragas; coleópteros lagartas e percevejos; louva-a-deus, joaninha e vespinhas pulgões; peixes – larvas de pernilongos; fungos – larvas e nematóides; garças – moluscos e insetos; pica-pau – insetos; tamanduá – formigas e cupins; outros animais que se alimentam de insetos – galinha d'angola,morcegos, lagartas, sapos, rãs, tatus e pássaros (andorinhas, anus, bem-te- vis, corruíras, beija-flores e tesouras).
 Figura 4. Joaninha: o mais conhecido inimigo natural dos pulgões
 Pulverização com produtos alternativos
Plantas saudáveis produzidas em solos com vida e, em ambientes equilibrados, normalmente, não são atacadas por pragas. Substâncias alternativas aos agrotóxicos que são permitidos na agricultura orgânica (cinzas de madeira, calda bordalesa, calda sulfocálcica, biofertilizantes, extratos vegetais, agentes de controle biológicos e outros produtos – ver como prepará-los através de matérias já postadas neste blog), devem ser utilizados somente, quando necessário e, de forma criteriosa, evitando-se o uso sistemático na forma de calendário. O inseticida biológico à base de Bacillus thurigiensis, conhecido comercialmente como Dipel e outros, pode ser usado para manejar, especialmente, lagartas e traças que atacam as brássicas, bem como traças e brocas do tomateiro e, ainda as brocas das cucurbitáceas.
Ferreira On 9/16/2011 04:03:00 PM Comentarios LEIA MAIS

terça-feira, 6 de setembro de 2011


Influência de fatores climáticos
   A temperatura é o fator mais importante para as cucurbitáceas, pois são plantas de clima quente, não suportam o frio. Abaixo de 12ºC, o crescimento da planta paralisa. Não toleram geadas. As temperaturas mais adequadas para as cucurbitáceas estão entre 18 a 25ºC. A produtividade depende da eficiência da polinização pelas abelhas, que tem a maior atividade entre 28 a 30ºC e no período da manhã. Temperaturas mais elevadas proporcionam maior número de flores masculinas; por outro lado, temperaturas mais amenas e, com período curto de luz, estimulam maior número de flores femininas que darão origem aos frutos. No início do ciclo, são exigentes em água, porque as raízes são ainda superficiais e o armazenamento na superfície é praticamente nulo. A deficiência de umidade, associada às temperaturas elevadas no solo ou no ar, provoca um déficit hídrico na planta e consequente descoloração das folhas e secamento das plantas.
Escolha da área e análise do solo
  As cucurbitáceas preferem solos profundos, bem estruturados e drenados, que tenham topografia plana à levemente ondulada. O solo ideal é o areno-argiloso, fértil, rico em matéria orgânica. A exposição norte é a preferida, pois favorece os aspectos de crescimento vegetativo e desfavorece as doenças. Para boa polinização e maior pegamento de frutos deve-se escolher área protegidas dos ventos dominantes. Evitar o plantio em áreas onde, nos dois últimos anos, foram cultivadas outras cucurbitáceas e solanáceas. A análise do solo deve ser feita com antecedência para a recomendação adequada da correção da acidez e da adubação orgânica.
Épocas de plantio e cultivares
   Por não tolerarem o frio, as cucurbitáceas, em geral, podem serem semeadas ou transplantadas no litoral, a partir de setembro e, no máximo, até o final de janeiro. A partir de fevereiro, as espécies de ciclo mais longo como as abóboras, correm o risco de sofrerem com o frio, especialmente, se o frio chegar já no outono no litoral. Existem inúmeras cultivares de abóboras, abobrinhas, morangas, pepino e melancia disponíveis no mercado. Para estas cultivares e especialmente aquelas que o produtor vem melhorando a cada ano, recomenda-se que se retire as sementes das melhores plantas para multiplicação. No caso das morangas, melancia e pepino já existem também inúmeros híbridos e, neste caso não é possível multiplicar as sementes. No caso da moranga (Tetsukabuto), também denominada de kabotiá e, especialmente do pepino, recomenda-se os híbridos, pois são mais produtivos e mais resistentes às doenças e condições climáticas desfavoráveis. Para a melancia, embora os híbridos também sejam produtivos, recomenda-se a cultivar Crimsom Swet pelo custo mais barato das sementes e com produtividade semelhante, conforme resultados de pesquisa obtidos pela Epagri/Estação Experimental de Urussanga, na propriedade de agricultor em Içara,SC.
Produção de mudas
   Ao invés do semeio direto no campo, recomenda-se a produção de mudas em copos de jornal (10 a 12cm de altura), feitos com o auxílio de uma lata de refrigerante ou então com copos plásticos de refrigerantes descartáveis, furados na parte de baixo, utilizando-se substrato de boa qualidade e protegidos em abrigos de plástico. O sistema diminui as falhas no campo, melhora a uniformidade e permite um melhor manejo das pragas, doenças e plantas espontâneas, além de ser mais barato. Semeia-se 3 sementes por copo, realizando-se o desbaste quando as plantas tiverem uma folha definitiva, deixando-se 2 mudas por copinho. As mudas são transplantadas quando não houver risco de geadas e, tiverem 2 folhas e, no máximo, no início de surgimento da 3ª folha verdadeira.
Preparo do solo e adubação orgânica
Sistema de covas em plantio direto ou cultivo mínimo, sem preparo do solo: apresenta a vantagem de melhor proteção do solo e dos frutos, favorecer a retenção de água, menor incidência de plantas espontâneas e menor custo da lavoura. No outono semeia-se o adubo verde, que pode ser ervilhaca, aveia preta ou uma mistura de ambas ou ainda o consórcio destas espécies, incluindo ainda o nabo forrageiro. Após a floração da cobertura verde, no período de formação dos grãos, faz-se seu acamamento com rolo-faca ou roçadeira. Caso não tenha sido possível a semeadura dos adubos verdes no outono, pode-se também aproveitar as plantas espontâneas como cobertura do solo, roçando-as quando necessário até o momento das mudas transplantadas começarem a desenvolver-se rapidamente e a emitir os ramos e gavinhas.
Sistema em faixas, com preparo do solo: deve ser feita uma aração profunda. Os torrões entre as faixas facilitam a fixação dos ramos pelas garras (gavinhas) evitando o dano pelo vento. Após a aração preparar apenas a faixa de plantio, cerca de 60 cm de largura espaçados de 3 em 3 m. Abre-se a cova ou sulco e coloca-se o adubo orgânico, incorporando-o ao solo.
Adubação e plantio: deve ser aplicada a adubação orgânica, preferencialmente o composto orgânico ou esterco de aves ou de gado, curtidos. O adubo orgânico, especialmente se for esterco de animais, deve ser uniformemente incorporado ao solo, de preferência 10 a 15 dias antes do plantio das mudas.
Espaçamento e manejo de plantas espontâneas
Abóboras e morangas - 4,0 x 4,0 m (mais vigorosas) e 3,0 x 3,0 (menos vigorosas); abobrinhas – 1,0 x 0,5m; pepino para conserva e salada – 1,0 x 0,5 ; melancia – 2,5 a 3,0m entre linhas x 2,0 a 3,0 m entre plantas. O manejo de plantas espontâneas deve ser feito antes do desenvolvimento das ramas nas entrelinhas, através de roçadas (cultivo mínimo ou direto) ou grade no caso do terreno lavrado.
Irrigação e adubação de cobertura
A irrigação, quando necessária, pode ser por aspersão ou preferencialmente localizada. Se necessário (caso as plantas estiverem pouco viçosas), deve ser realizada a adubação de cobertura, 20 dias após o transplante e/ou no início da frutificação, com base na análise do solo.
Principais pragas e doenças
    Dentre as pragas destacam-se a broca dos frutos (Figuras 1 e 2) e os pulgões. A broca perfura o fruto próximo ao botão floral, causando o apodrecimento. Para o manejo da broca recomenda-se utilizar iscas atrativas, como por exemplo, a abobrinha italiana - caserta (Figura 3) que também atrai a vaquinha (Diabrotica speciosa), especialmente, no início do desenvolvimento das plantas e, pulverizações semanais com dipel (broca), a partir do início da frutificação. No caso do uso de isca atrativa utilizando abobrinha, recomenda-se a destruição das plantas através da compostagem, quando estiverem muito atacadas pela broca. Os pulgões formam colônias na parte de baixo das folhas sugando a seiva e transmitindo viroses. Manejo: recomenda-se os preparados à base de plantas tais como pimenta, alho, cebola, losna, confrei e outros (ver como preparar através de matérias já postadas neste blog). Dentre as doenças destaca-se o oídio (Figura 4) que é um fungo que desenvolve-se nas folhas, hastes e frutos, apresentando uma formação semelhantes ao "pó de giz", espalhando-se por toda a superfície da folha. A doença é favorecida por temperaturas, entre 15 e 18ºC e, umidade relativa do ar, entre 20 e 100%. Manejo: no cultivo orgânico recomenda-se pulverizações, preferencialmente, com leite de vaca cru na concentração de 10 a 15%, mesmo após o início da infecção no campo ou produtos à base de enxofre (Kolossus ou Thiovit SC), vendidos pelas agropecuárias. Para as demais doenças foliares (míldio, mancha zonada e antracnose) recomenda-se pulverizações preventivas com calda bordalesa (0,3 % no início do desenvolvimento das plantas e 0,4 à 0,5%, após o florescimento), no intervalo de 7 à 15 dias. Obs.: em função da maior atividade das abelhas na polinização pela manhã, recomenda-se pulverizar, se necessário, mesmo com produtos alternativos, sempre à tarde.
Figura 1. Broca da cucurbitáceas: fase de larva

Figura 2. Danos da broca das cucurbitáceas em pepino
Figura 3. A abobrinha italiana (caserta) é uma boa isca atrativa da broca das cucurbitáceas e da vaquinha.
Figura 4. O fungo oídio que tem como principal sintoma a formação de um pó branco sobre as folhas, ataca o feijão-vagem (foto à direita) e as demais espécies da família das cucurbitáceas (melão, melancia, pepino, abóbora, abobrinha e moranga); o leite cru e fresco à 10-15 % (1 a 1,5 L para 100 L de água), pulverizado nas plantas atacadas é eficiente no manejo desta doença, mesmo no início da infecção.
Ferreira On 9/06/2011 09:47:00 AM 9 comments LEIA MAIS

quinta-feira, 1 de setembro de 2011


   Quando o homem surgiu na face da terra, os insetos já habitavam a terra há cerca de milhões de anos. Em geral, os insetos causam prejuízos ao homem e animais, sejam através dos danos às plantações, ou através da transmissão de doenças. Outros são benéficos, como o bicho-da-seda, abelhas e demais polinizadores e insetos que se alimentam de outros insetos. O grande desafio da agricultura deste novo milênio é manter a produtividade dos cultivos e ao mesmo tempo melhorar a qualidade nutricional e sanidade dos alimentos, conservando os recursos naturais de produção (solo, água, ar e organismos) para gerações futuras.
   A agricultura moderna está baseada no uso intensivo de insumos. A adoção do sistema de monoculturas, o uso desequilibrado e altas doses de fertilizantes químicos e os agrotóxicos favoreceram a ocorrência de pragas em plantas. Para reduzir as perdas provocadas pelas pragas, o controle químico através da aplicação de agrotóxicos foi a principal ferramenta utilizada durante muitos anos. No entanto, os agrotóxicos são apontados como formulações potencialmente perigosas, pois podem deixar resíduos nos alimentos, além de contaminar a água, o solo e os agricultores. Os agrotóxicos podem apresentar uma eficiência reduzida por ser afetados por inúmeros fatores (condições climáticas, especialmente no momento da aplicação e o local a ser protegido), além de selecionar populações resistentes de plantas espontâneas, pragas e microrganismos. Um exemplo das sérias consequências à saúde humana do uso crescente e abusivo de agrotóxicos na agricultura são os casos de intoxicação e mortes registrados no Centro de Informações Toxicológicas (CIT) situado no Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina, em Florianópolis, SC. No período de 1986 até 2007, o CIT detectou 9.933 intoxicações de agricultores e 210 mortes em Santa Catarina. Segundo os técnicos,esses números representam apenas uma parte da realidade. Estima-se que para cada notificação oficial ocorram pelo menos 10 casos que não são registrados. Isso se deve, em parte, pela dificuldade de diagnosticar corretamente os casos de intoxicação.
   O Manejo Ecológico de Pragas (MEP), é o sistema que utiliza, ao mesmo tempo, várias formas de controle. O sistema não procura exterminar os insetos-pragas, mas simplesmente mantê-los em determinados níveis de equilíbrio e não colocando em risco a saúde, plantação e o lucro do agricultor. As pragas são consideradas como parte do sistema ecológico no qual a cultura se encaixa e, portanto, é combatida de modo a não alterar o balanço ecológico, o qual precisa ser mantido para que novas pragas não venham a ocorrer. O reconhecimento dos insetos-pragas e seus inimigos naturais, bem como as vistorias permanentes da lavoura, não podem ser dispensados no manejo ecológico de insetos-pragas. No novo conceito, pragas são considerados quaisquer animais (aves, doenças, ácaros e principalmente insetos), que competem com o homem pelo alimento por ele produzido. O inseto pode ser considerado praga quando causa danos econômicos ao produtor. A simples presença de insetos na lavoura não significa perdas; é necessário que a população destes seja elevada.
   Antes de iniciar um controle o produtor deve primeiro reconhecer qual a praga que costuma sempre causar danos a sua lavoura. Inspeção periódica, deve ser realizada pelo produtor procurando detectar e conhecer os hábitos das possíveis pragas existentes, época de maior ocorrência, fase do desenvolvimento que causa maiores danos (larva, ninfa ou adulto), e plantas hospedeiras que se encontram próximas da lavoura. As próximas matérias a serem postadas neste blog (parte III e IV) vão tratar das principais pragas que atacam as hortaliças, como reconhecê-las e o manejo recomendado utilizando-se produtos alternativos.
Razões do ataque das pragas
   As hortaliças estão sujeitas a uma série de insetos que causam danos às plantas e que quando encontram condições favoráveis, tornam-se muito ativos e as plantas, em condições desvantajosas, ficam sujeitas a eles.O olericultor deve procurar proporcionar condições que favoreçam as plantas, buscando, ao mesmo tempo, desfavorecer as pragas. Uma das teorias mais aceitas para explicar, em parte, o ataque de pragas é a Teoria da Trofobiose desenvolvida por Francis Chauboussou em 1987. A teoria baseia-se na quantidade dos tipos de substâncias presentes nos órgãos das plantas. Caso estejam presentes mais substâncias simples (aminoácidos), que são mais desejadas pelas pragas, ocorre maior ataque. Por outro lado, se existirem substâncias mais complexas (proteínas), as pragas causarão menos danos. Vários são os fatores relacionados com o tipo de substância predominante: adubações com nutrientes altamente solúveis, clima, estádio de desenvolvimento da planta, aplicações de agrotóxicos e estimuladores de crescimento. A deficiência ou excesso de um nutriente influencia significativamente a atividade dos outros elementos e o metabolismo da planta. Adubações desequilibradas deixam as plantas mais susceptíveis a pragas. Excesso de N ou carência de K e Ca diminuem a resistência da parede celular, facilitando a penetração dos microrganismos e o ataque de pragas.
Principais métodos para o manejo ecológico de pragas
O manejo eficiente das pragas é baseado em dois princípios fundamentais:
É impossível controlar totalmente as pragas; por isso, o que se recomenda é manejar a cultura de forma a reduzir ao mínimo os danos causados;
O manejo é um conjunto de medidas que incluem determinadas práticas culturais e, em certos casos, o controle alternativo (somente aqueles produtos permitidos na agricultura orgânica), suficiente para evitar danos econômicos às culturas.
No manejo integrado de pragas, a manipulação das condições ambientais, adubações equilibradas, plantas resistentes e tratos culturais são alternativas ao controle químico convencional. As principais práticas que devem e podem ser utilizadas visando proporcionar condições ótimas para a cultura e condições adversas para o desenvolvimento das pragas, impedindo o aumento da população de insetos e evitando que atinjam a condição de praga são:
Rotação de culturas
   Esta é considerada a prática mais antiga no manejo de doenças e de pragas e continua sendo uma das mais eficientes entre os métodos culturais de controle. Os princípios de controle envolvido na rotação de culturas são a redução ou destruição do meio que serve para multiplicação da doença e pragas e a melhoria das condições físicas, químicas e biológicas do solo. No caso da horticultura orgânica, este método é normalmente usado e mantém, especialmente, as pragas do solo sob controle.
As espécies pertencentes às famílias botânicas das solanáceas (Figura 1), cucurbitáceas (Figura 2) e brássicas (Figura 3) são, entre as hortaliças, as mais atacadas por doenças e pragas. Por isso, recomenda-se dividir as áreas de plantio de tal forma que as espécies da mesma família não sejam plantadas seguidamente na mesma área. A explicação é que estas famílias de plantas possuem as mesmas doenças e pragas. Por exemplo, o tomate, uma das hortaliças que possuem o maior número de pragas e doenças vai disseminar estas para o cultivo seguinte de batata, pimentão ou berinjela, espécies da mesma família botânica. É importante ressaltar também que a cultura do fumo, bastante plantada no Sul do Brasil, também pertence à família das solanáceas, portanto, onde se cultiva fumo, não deve-se plantar batata, tomate, pimentão e berinjela ou vice-versa.
 Figura 1. Família das solanáceas: estas hortaliças e a cultura do fumo não podem serem plantadas na mesma área de cultivo, pois possuem doenças e pragas comuns, disseminando-as rapidamente para estes cultivos
 Figura 2. Família das brássicas: estas espécies não podem serem plantadas na mesma área de cultivo
 Figura 3. Família das cucurbitáceas: estas espécies não podem serem plantadas na mesma área de cultivo
Destruição dos restos culturais
   Deve-se sempre, antes de iniciar o preparo do solo, retirar da lavoura os restos do cultivo anterior (ramos, folhas e frutos) e fazer compostagem (adubo orgânico) com eles para eliminar insetos que permanecem em diapausa (repouso) e doenças dentro dos restos culturais. Essa é uma prática válida, especialmente para as espécies das famílias botânicas das solanáceas (tomate, batata, pimentão e fumo), cucurbitáceas (pepino, abóbora, abobrinha, moranga, melancia e melão) e brássicas (repolho, couve-flor, couve e brócolis), que apresentam maior incidência de doenças e pragas. Especialmente no cultivo de tomate, é muito comum encontrarmos lavouras velhas e abandonadas ao lado de lavouras recém implantadas, facilitando sobremaneira a disseminação de doenças e pragas.
Na próxima matéria (parte II) a ser postada neste blog, trataremos das demais práticas culturais que juntas com a rotação de culturas e destruição dos restos culturais, contribuem para o manejo ecológico de pragas.
Ferreira On 9/01/2011 04:57:00 AM 1 comment LEIA MAIS

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Manejo ecológico de insetos-pragas: reconhecimento, danos e controle - Parte III


   Plantas saudáveis produzidas em solos com vida e, em ambientes equilibrados, normalmente, não são atacadas por pragas. No entanto, caso ocorra desequilíbrio do meio ambiente e surjam pragas causando danos aos cultivos, deve-se, em primeiro lugar, antes de iniciar um controle, reconhecer qual os insetos que costumam sempre provocar prejuízos à sua lavoura. Inspeção periódica na horta, deve ser realizada procurando-se detectar e conhecer os hábitos das possíveis pragas existentes, época de maior ocorrência, fase do desenvolvimento que causa maiores danos (larva, ninfa ou adulto), e plantas hospedeiras que se encontram próximas da lavoura. A maior parte das pragas ataca geralmente na primavera, estação do ano de fertilidade e de grande atividade na natureza. Elas podem causar vários danos nas plantas, além de favorecerem o surgimento de doenças, principalmente as fúngicas. As principais pragas que podem causar danos às hortaliças são: grilos, paquinhas, lagarta rosca, vaquinhas, pulgões, lesmas, curuquerê-da-couve, broca das cucurbitáceas e do tomateiro, traça das crucíferas e do tomateiro, lagarta-do-cartucho, mosca-branca, mosca minadora, tripes, ácaros e formigas cortadeiras.
 Grilos: com aparelho bucal mastigador, o adulto apresenta coloração marrom e pode medir até 2,5 cm de comprimento, sendo as pernas posteriores saltatórias. As fêmeas colocam até 970 ovos. O ciclo completo de ovo a adulto pode atingir a 90 dias. São polifagos (atacam várias plantas). Danos: tanto o adulto como as formas jovens apresentam hábitos noturnos, atacando preferencialmente sementeiras e viveiros, destruindo as raízes e plantinhas.
Paquinhas: também com aparelho bucal mastigador, o adulto tem asas marrom-escuras e mede cerca de 3 cm de comprimento. As pernas anteriores são escavadoras e as posteriores saltatórias. Possuem hábitos diferentes dos grilos por construírem galerias subterrâneas, entre 5 e 20 cm de profundidade. O ciclo biológico pode alcançar em torno de 10 meses, sendo a época de maior ocorrência de setembro a abril. Apresenta também hábito polífagos (atacam várias plantas. Danos: adultos e ninfas alimentam-se principalmente de raízes. Às vezes cortam pedaços da parte aérea da planta e carregam para seus túneis. Ocorrem geralmente em reboleiras.
Manejo de grilos e paquinhas : com extrato de pimenta; coloca-se uma quantidade de pimenta malagueta num frasco, acrescenta-se álcool para cobrí-las,  fecha-se e deixa-se curtir por pelo menos 3 dias. Após, o extrato já pode ser utilizado ou armazenado assim mesmo em local escuro. Em geral se utiliza uma colher de sopa deste extrato por litro de água para pulverizar as plantas. Mas também é possível utilizar dosagens mais fortes (até 1%) para aplicações em hortas. Seu uso deve ser repetido após chuvas ou irrigação. Usar luvas ao manipular a pimenta e vestimenta de proteção ao aplicar o extrato.
• Lagarta rosca: com aparelho bucal mastigador na fase de lagarta, os adultos são mariposas marrom-escuras com algumas manchas pretas. As lagartas atacam inúmeras plantas e ficam abrigadas no solo durante o dia, sendo que ao escurecer iniciam sua alimentação atacando o colo da planta e tubérculos. Quando são tocadas, enrolam-se (Figura 1). As lagartas atingem até 3,5 cm e podem viver até 30 dias. Ocorre o ano inteiro, com pico populacional em dezembro. Danos: as lagartas atacam as plantas nos primeiros 30 dias, reduzindo a densidade de plantio, sendo que o nível de dano varia para cada cultura. Manejo: o extrato de pimenta, além de controlar grilos e paquinhas, também é eficiente para o manejo de lagarta rosca; em áreas onde já apresentou problemas, é recomendável o preparo do solo 3 a 4 semanas antes do plantio; isca atrativa com óleo vegetal (50ml) + açúcar mascavo (40g) + farelo de trigo grosso (1kg) + suco cítrico (20ml) + bórax (5g), bem misturado, deixadas em porções protegidas nas proximidades das áreas mais frequentadas pelas lagartas também é eficiente no manejo da lagarta rosca; especialmente em hortas pequenas e com baixa ocorrência, o controle mecânico através de pequenas escavações próximas as plantas atacadas e posteriormente destruindo as lagartas, pode ser eficiente.
   
Figura 1. Lagarta rosca
Vaquinhas: os adultos são insetos polífagos (atacam várias culturas), pequenos besouros de cores variadas - verde-amarelo (Diabrotica), preto com manchas amarelas (Cerotoma) – Figura 2, verde metálica (Colaspis) e, tamanho aproximado de 10 mm. Ovos branco-amarelado são colocados isoladamente em fendas no solo. A larva conhecida como larva-alfinete (Figura 3) pode chegar até 10 mm de tamanho, alimentando-se de raízes de plantas (Figura 4) e tubérculos de batata. Na fase de larva os prejuízos são irreversíveis, pois tombam as plantinhas recém-emergidas (milho, feijão, feijão-vagem e outras) e furando raízes e tubérculos. Danos: os furos causados pelos insetos adultos nas folhas, associados aos danos causados pelas larvas, acarretam perdas na produtividade e qualidade dos cultivos.
 
 Figura 2. Vaquinha na fase de adulto causa danos através do desfolhamento das plantas, especialmente no início de desenvolvimento das culturas.
Figura 3. Vaquinha na fase de larva causa danos nas raízes das plantas recém-emergidas e também em raízes de batata-doce e tubérculos de batata (larva- alfinete)
 
 Figura 4. Danos nas raízes de milho, provocados pela larva-alfinete (vaquinha na fase de larva)
  
Pulgões: os pulgões (Figura 5) tem um ciclo de 5 a 6 dias , sendo que uma fêmea produz cerca de 60 ovos (por individuo). Todos os indivíduos são fêmeas, não precisando de machos para se multiplicar, e são rapidamente disseminados pela lavoura, caso não se controle os focos iniciais de infestação. São pequenos insetos (2 a 4mm) marrons, cinzas, esverdeados ou pretos que vivem em colônias, especialmente em brotações novas, nas folhas mais tenras e nos caules Danos: os pulgões causam prejuízos pela sucção da seiva nas folhas mais jovens e brotos tornando-os encarquilhados e expelem um líquido açucarado sobre as folhas. Este líquido propicia o desenvolvimento de um fungo negro, conhecido como fumagina (muito comum em pomares novos) que envolve toda a folha, provocando a perda na qualidade das folhas (hortaliças) mesmo após o controle. Podem transmitir viroses.Os períodos mais favoráveis ao surgimento dos pulgões são a primavera, o verão e o início do outono.
Figura 5. Ataque de pulgões em folha de couve

 Manejo de pulgões e vaquinhas: recomenda-se os preparados à base de plantas tais como pimenta e cebola para o manejo de pulgões e vaquinhas. Para o manejo de pulgões, outros preparados tais como, de cavalinha-do-campo, losna, confrei , samambaia, cinamomo, coentro e cravo-de-defunto também são eficientes (ver como preparar através de matérias já postadas neste blog). No manejo de vaquinhas, na fase adulta, ainda existem as plantas que podem servir como iscas atrativas, tais como abobrinha caserta , tajujá , porongo ou cabaça. O uso de variedades resistentes, como por exemplo, a cultivar de batata-doce Brazlândia roxa, é eficiente no manejo da larva-alfinete (fase larval da vaquinha) que ataca as raízes deste cultivo. Também um bom preparo do solo, associado a uma boa amontoa (chegamento de terra) no cultivo de batata, reduz significativamente os danos causados pelas larvas-alfinete em tubérculos de batata. No manejo de pulgões deve-se evitar o uso exagerado de adubação nitrogenada, utilizar a irrigação como forma de reduzir a infestação e também culturas atrativas aos diversos inimigos naturais (joaninhas, vespinhas e crisopídeo); o sorgo favorece o aumento da população de crisopídeo. Dentre os inimigos naturais dos pulgões, destaca-se a joaninha. Ainda, no manejo de pulgões é muito importante manter a vegetação nativa nas proximidades da lavoura, pois serve de abrigo e alimento aos inúmeros inimigos naturais dos pulgões.

• Lesmas: são moluscos de cor escura (Figura 6) que atacam geralmente à noite. São hermafroditas e expelem um muco, que ao secar, deixa um risco característico. Durante o dia esconde-se embaixo de tocos, palhas e lugares úmidos. Podem ser vetores de parasitóides intestinais em humanos. Danos: além de prejudicar a saúde humana, as lesmas atacam as folhas e as raízes de plantas pequenas e tenras.
Figura 6. Lesmas
 Manejo : proteção dos canteiros colocando cal virgem ou cinzas de madeira ao redor dos canteiros; o uso de armadilhas – uso de sacos de aniagem úmidos ao redor dos canteiros, colocados à tarde, servem como abrigo, podendo ser mortos no dia seguinte com água quente, esmagamento ou com água sanitária. Outra armadilha é o uso de lata de azeite com uma tampa aberta, enterradas com abertura no nível do solo, colocando um pouco de cerveja misturada com sal. Ainda pode ser utilizado o preparado com chuchu – colocar dentro de latas rasas, como as de azeite, pedaços de chuchu cortados ao meio e adicionar sal. Essa mistura é bastante atrativa, possibilitando posteriormente a destruição através do esmagamento ou água quente ou ainda água sanitária.
 

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Cultivo orgânico do feijão-de-vagem


   O feijão-de-vagem (Phaseolus vulgaris) é planta originária do México e da Guatemala. Para alguns, a Ásia tropical também é aceita também como local de origem desta espécie. O que diferencia o feijão-de-vagem dos outros feijões é o grão ser colhido ainda verde e ser consumido juntamente com a vagem. É uma leguminosa da família das fabaceae, assim como o feijão-fradinho, a ervilha, a soja, o feijão-preto e a fava italiana. A exploração comercial consiste no aproveitamento direto das vagens ainda tenras que são consumidas in natura ou industrializadas. O uso mais comum da vagem inteira ou picada, após ligeiro cozimento, é a salada temperada com óleo, sal e vinagre. Mas pode ser usada também em saladas mais elaboradas, juntamente com folhas verdes ou ainda numa salada de maionese, bem como em tortas, sopas, refogados,cozidos e omeletes. As vagens, além de serem fontes de vitaminas A, B1, B2 e C, ainda são ricas em fósforo, potássio e fibras. As vagens são excelentes controladores de acidose e indigestão e ainda agem sobre a glicemia, combatendo o diabetes. Por adaptar-se a clima seco e quente, preferindo temperaturas entre 15 e 30ºC, os preços mais elevados do produto ocorrem, normalmente, de junho a setembro.

 Escolha correta da área e análise do solo
Recomendam-se áreas não cultivadas com espécies da mesma família botânica nos últimos anos. Preferencialmente, devem-se utilizar solos leves e profundos, com mais de 3,5% de matéria orgânica e com boa drenagem. A análise do solo deve ser feita com antecedência para conhecimento da fertilidade do solo. Com base nessa análise, o técnico do município poderá fazer a recomendação adequada da acidez do solo e adubação orgânica.

Época de semeadura e cultivares
   A temperatura média ideal para o crescimento e polinização é de 18 a 30ºC e 15 a 25ºC, respectivamente. Em temperaturas abaixo de 15ºC as vagens ficam em forma de gancho. Temperaturas acima de 30ºC durante a floração levam ao aborto de flores, enquanto temperaturas entre 8 e 10ºC paralisam o crescimento. A planta não resiste a temperaturas abaixo de 0ºC. Os ventos durante o florescimento podem prejudicar a polinização ou causar a queda de flores por desidratação. Litoral Catarinense: Nas áreas livres de geadas, os períodos mais favoráveis vão de fevereiro até abril e de agosto até outubro. Em cultivo protegido, pode-se cultivar durante o inverno. Planalto Catarinense: De setembro até fevereiro. Cultivares indicadas: Tipo macarrão (vagem cilíndrica) – Estrela, Favorito, Campeão, Preferido e Predileto; tipo manteiga (vagem chata) – Maravilha e Teresópolis. Obs.: Todas as cultivares citadas são de crescimento indeterminado (exigem tutor) e tolerantes às doenças da ferrugem e antracnose, com exceção da Favorito, que é tolerante à ferrugem e ao oídio. Já existem no mercado as cultivares rasteiras de crescimento determinado que são mais precoces, podendo ser colhidas aos 55 a 60 dias após a semeadura.

Adubação orgânica
   Deve ser conforme recomendação, baseada na análise do solo e nos teores de nutrientes do adubo orgânico. Seguindo-se a recomendação e quando for utilizado o sistema de sucessão de culturas tomate/vagem, transplantado e semeado em julho/agosto e final de janeiro, respectivamente, aproveitando o mesmo tutor e o adubo residual do tomate, pode-se dispensar a adubação de plantio no feijão-de-vagem por ocasião da semeadura.

Semeadura e espaçamento
   O cultivo do feijão-de-vagem é realizado por semeadura direta em sulcos ou covas, feita manualmente ou com semeadora de tração mecânica ou manual. Espaçamento: 1,20 a 1,50m entre linhas por 40 a 50cm entre plantas.

 Irrigação
   Recomenda-se, a céu aberto e no cultivo protegido, o uso da irrigação por gotejamento. Fazer o controle da irrigação para não encharcar o solo e propiciar a entrada de doenças de solo. Deve-se realizar a irrigação somente pela manhã, principalmente no outono.

Adubação de cobertura e manejo de plantas espontâneas
    A adubação de cobertura, quando necessária, deve ser feita com base na análise do solo e nos teores de nutrientes do adubo orgânico, aos 20 e 40 dias após a germinação. A fase crítica da competição das plantas espontâneas com a cultura do feijão-de-vagem ocorre da germinação até os 40 dias. Nesse período,quando necessário, deve-se capinar na linha de plantio, mantendo-se uma cobertura de plantas espontâneas ou plantas de cobertura nas entrelinhas.

 Desbaste
   O desbaste é uma tarefa manual que consiste em retirar o excesso de plantas na fila de plantio. Realiza-se o desbaste aos 20 dias após a semeadura, deixando duas plantas por cova.

Tutoramento
   O tutoramento se faz necessário para evitar doenças, ordenar o crescimento das plantas e facilitar a colheita. Pode-se tutorar o feijão-devagem com varas, bambu, ráfia e tela agrícola. Para permitir maior ventilação entre as plantas, uma boa alternativa é o tutoramento vertical. Recomenda-se, sempre que possível, utilizar o sistema de sucessão de culturas tomate/vagem para aproveitamento do tutor.

Manejo de doenças e pragas
   As principais doenças que ocorrem no feijão-de-vagem são: antracnose, ferrugem, mancha angular, oídio e vírus-do-mosaico-comum (BCMV).

 Antracnose (Colletotrichum lindemuthianum) Este fungo causa uma das doenças mais destrutivas do feijão-de-vagem.Causa danos nos caules, pecíolos e nas vagens. Manejo: Usar cultivares tolerantes ou resistentes. Evitar plantio em locais úmidos e mal ventilados. Utilizar espaçamentos maiores entre plantas e filas. Fazer rotação de culturas. Suspender a irrigação caso seja por aspersão. Pulverizar com calda bordalesa a 0,5%.

 Ferrugem (Uromyces appendiculatus) Esta doença é causada por um fungo que pode atacar as hastes,mas predomina nas folhas. Manejo: Usar cultivares resistentes ou tolerantes. Fazer rotação de culturas. Evitar épocas quentes e chuvosas. Destruir os restos culturais através de compostagem. Pulverizar com calda bordalesa a 0,5%.

 Mancha angular (Phaeoisariopsis griseola) Esta doença fúngica se manifesta no caule, nas folhas e vagens, provocando, inicialmente, manchas circulares de cor castanha. Posteriormente, essas manchas adquirem coloração marrom-acinzentada e formato angular, sendo limitadas pelas nervuras das folhas. Manejo: Usar sementes sadias. Destruir os restos de culturas através de compostagem. Fazer rotação de culturas. Pulverizar com calda bordalesa a 0,5%.

 Oídio (Erysiphe polygoni). Esta doença fúngica ocorre sob condições de temperatura amena e baixa umidade, comuns em plantios tardios e no cultivo protegido. Os sintomas nas folhas são pequenas manchas ligeiramente mais escuras na face de cima da folha, que em seguida ficam cobertas por um mofo branco (Figura 1). Nessas condições as folhas podem morrer prematuramente. A doença pode atacar ramos e vagens, tornando estas malformadas e menores. Manejo: Fazer rotação de culturas. Utilizar a cultivar Favorito que é resistente ou tolerante à doença. Pulverizar com leite cru (10 a 15%).
 Figura 1. O fungo oídio que tem como principal sintoma a formação de um pó branco sobre as folhas, ataca o feijão-vagem (foto à direita) e as demais espécies da família das cucurbitáceas (melão, melancia, pepino, abóbora, abobrinha e moranga); o leite cru e fresco à 10-15 % (1 a 1,5 L para 100 L de água), pulverizado nas plantas atacadas é eficiente no manejo desta doença, mesmo no início da infecção.
Vírus-do-mosaico-comum (BCMV) Os sintomas produzidos por esta virose podem ser: mosaico, seca das folhas (necrose) e manchas locais. As vagens podem apresentar manchas verde-escuras. O vírus-do-mosaico-comum pode ser transmitido mecanicamente por afídios (pulgões) e através das sementes. Manejo: Usar semente certificada. Usar cultivares resistentes como a cultivar Predileto. Fazer adubação equilibrada. Controlar os pulgões. Evitar plantio próximo de campos mais velhos. Destruir os restos de culturas através de compostagem. Cuidar para não machucar as plantas durante os tratos culturais. Destruir plantas doentes através de compostagem.
 As principais pragas que atacam a cultura são: pulgões, vaquinhas, lagarta rosca, ácaro rajado e mosca minadora.

Os pulgões, insetos sugadores de seiva das plantas, paralisam o crescimento da planta e podem transmitir doenças viróticas.

As vaquinhas (Diabrotica speciosa) atacam as plantas na fase de adultos e de larvas, causando danos especialmente no início de desenvolvimento da cultura. Os adultos são besouros de cor verde e amarelo que provocam o desfolhamento das plantas (Figura 2). As larvas alimentam-se de raízes e nódulos deixando marcas e furos no local do ataque.
Figura 2. Danos causado pela vaquinha na folha de feijão-vagem – fase adulta
Manejo de pulgões e vaquinhas: recomenda-se os preparados à base de plantas tais como pimenta, alho, cebola, losna, confrei e outros (ver como preparar através de matérias já postadas neste blog). Diversas outras medidas também são recomendadas para o manejo destas pragas (ver matéria postada neste blog sobre "Manejo ecológico de insetos pragas – parte III).

  A lagarta rosca (Agrotis spp) é de coloração cinza-escuro de hábitos noturnos. Durante o dia ficam enroladas e abrigadas no solo. As lagartas cortam as plantas rente ao solo e em altas infestações as raízes são danificadas também. Manejo: aração e gradagem dos restos culturais; rotação de cultura; catação manual da lagarta enterrada nas proximidades da planta atacada; pulverização com preparado à base de pimenta.

 O ácaro rajado (Tetranychus urticae) geralmente ataca sob condições de alta temperatura e baixa umidade relativa do ar. Os sintomas mais evidentes nas folhas do feijoeiro são enrolamento, bronzeamento da parte de baixo das folhas, formação de uma "teia de aranha" sob a folha e manchas amarela na parte de cima da folha. Manejo: pulverize a lavoura com produtos à base de enxofre; pulverização com preparados à base de plantas tais como (ver como prepará-los em matérias já postadas neste blog); pulverização com calda sulfocálcica a 3% (cultura já desenvolvida).

 A mosca ou larva minadora (Liriomyza huidobrensis) são pequenas moscas com aproximadamente 2 mm de comprimento, escuros e raramente percebidos na lavoura. Os ovos são introduzidos no interior das folhas e a larva de cor amarela à marrom, mede cerca de 1-2mm. A larva faz galerias (minas) nas folhas (Figura 3), entre a epiderme superior e inferior da folha, alimentando-se do tecido parenquemático, provocando secamento. Infestações elevadas podem comprometer a produção. Manejo: evitar áreas sombreadas; pulverizar a cultura atacada com calda sulfocálcica a 1%, quando necessário.
 Figura 3. Danos na folha de feijão-vagem, causado pela larva minadora

Colheita
A cultura do feijão-de-vagem, normalmente, atinge seu ponto de colheita com 50 a 60 dias e entre 70 e 80 dias após o plantio, para as cultivares de crescimento determinado (rasteiras) e de crescimento indeterminado (tutoradas), respectivamente. O ponto de colheita ocorre cerca de 15 dias após o florescimento, estando a vagem com 20cm de comprimento, tenras e quebradiças. Deve-se evitar realizar a colheita nas horas mais quentes do dia para que não ocorra a murcha prematura. As vagens são colhidas manualmente e acondicionadas em caixas plásticas de colheita. Nesse momento, devemos ter o cuidado para não danificar as plantas ou machucar as vagens.

Classificação e embalagem
As caixas são levadas para um local onde é feita a classificação e a embalagem do produto. Esse local deve ser à sombra e ventilado. O feijão-de-vagem é comercializado nas Ceasas do País em caixa do tipo "k" com 15kg e nos sacos de ráfia com 10kg. Mais recentemente, embala-se o produto em bandejas de plástico ou de isopor com 500g a 1 kg.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Manejo ecológico de insetos-pragas - Parte II


  O Manejo Ecológico de Pragas (MEP), é o sistema que utiliza ao mesmo tempo, várias formas de controle. Além da rotação de culturas e destruição dos restos culturais, recomendações básicas para o manejo ecológico de insetos-pragas, tratadas na matéria postada anteriormente neste blog (Parte I), outras práticas culturais em certas situações, são tão ou mais importantes que as citadas. O objetivo principal do manejo ecológico é não exterminar os insetos-pragas, mas simplesmente mantê-los em determinados níveis de equilíbrio, de forma que não coloque em risco a saúde, os cultivos e o lucro do agricultor. A seguir serão enumeradas as demais práticas que juntas com a rotação de culturas e destruição dos restos culturais, contribuem para o manejo ecológico dos insetos-pragas que atacam as principais hortaliças.

Preparo do solo
    No cultivo orgânico deve-se evitar o revolvimento do solo, mas pode ocorrer situações em que é recomendável. Em casos de ataques anteriores e frequentes de doenças e pragas nos cultivos anteriores, deve-se adotar o preparo adequado do solo para o plantio da cultura seguinte, como medida preventiva. Deve-se revolver muito bem o solo através de uma aração profunda, deixando-os exposto ao sol e às aves predadoras por uns dias. Repetir essa operação e só depois realizar a(s) gradagem. Um bom preparo do solo pode reduzir o ataque de pragas, como a lagarta rosca e paquinhas que atacam várias hortaliças. Isso se deve ao fato de que esses insetos fazem ninhos no solo e o seu revolvimento expõe estas pragas aos inimigos naturais, além de destruir os seus ovos. Um bom preparo do solo no cultivo da batata e um bom chegamento de terra (amontoa) evitam ataques de larvas-alfinete (fase larval da vaquinha) que perfuram e depreciam os tubérculos (Figura 1).
 Figura 1. O preparo adequado do solo, associado à um bom chegamento de terra (amontoa), sem torrões, evita o ataque da larva-alfinete que perfura os tubérculos de batata, depreciando-os (C). Os furos nas batatas ocorre porque a vaquinha (A) - adulto, também chamada de patriota (coloração verde com pontinhos amarelo), ao pôr os ovos na batateira, estes vão cair nas fendas do solo e, se estiver com torrões, os ovos, que darão origem a larva-alfinete (B) – fase larval da vaquinha, irão se alojar junto aos tubérculos em formação no fundo do camalhão.
 Antecipação do plantio e da colheita
   Esta prática é para evitar coincidir a época de maior suscetibilidade da cultura com a época de maior população da praga. A maior ou menor susceptibilidade das plantas em relação às pragas pode variar conforme a época de plantio. Em função disso, pode-se alterar a data de plantio de uma determinada cultura para fugir da época mais favorável ao desenvolvimento de pragas, assim como de seus vetores. O cultivo do tomateiro no outono, por exemplo, é considerado problemático nas regiões litorâneas de Santa Catarina em razão do ataque de vaquinhas, tripes, vírus do vira-cabeça e doenças.Já o cultivo de primavera é mais favorável para o tomateiro devido à menor ocorrência de doenças e pragas.

Irrigação
   Em algumas situações a irrigação pode ser benéfica para a planta e ruim para o inseto, criando condições de menor estresse para a primeira e destruindo o segundo. Para o manejo de pulgões, ácaros e tripes que atacam várias hortaliças, muitas vezes, uma chuva ou mesmo uma irrigação por aspersão pode reduzir a infestação dessas pragas.

Cobertura morta e aplicação de matéria orgânica no solo
   Além dos efeitos favoráveis em relação à diminuição da erosão, manutenção da umidade do solo e redução das plantas espontâneas e outros, a cobertura do solo também pode influir na sobrevivência e disseminação dos insetos-pragas.

Material de propagação sadio e cultivares resistentes
  A escolha de um material de propagação sadio é fundamental para o sucesso de uma cultura. Sendo assim, é importante, sempre que possível, utilizar cultivares resistentes ou materiais propagativos livres de pragas e doenças. A seguir, são citados alguns exemplos de cultivares resistentes às doenças. O tomate do tipo cereja (Figura 2) e do tipo italiano são considerados mais resistentes às pragas e doenças que os tomates de mesa tipo Santa Cruz e tipo Salada. Para prevenir viroses em alface, devem ser plantadas as cultivares Regina, Verônica e Vera. A cultivar de batata-doce Princesa é resistente ao "mal-do-pé", enquanto a Brazlândia Roxa é tolerante aos insetos que causam perfurações nas raízes. A cultivar de vagem Preferido é tolerante à ferrugem e à antracnose, a Favorito tolera a ferrugem e o oídio e a Predileto tolera o vírus do mosaico comum. As cultivares de batata lançadas pela Epagri, Catucha e Cota, são resistentes às doenças da folhagem. Por fim, as cenouras do grupo Brasília são resistentes ao sapeco. A outra opção, não menos importante, é o plantio de materiais sadios. Os micróbios são transmitidos por sementes e outros materiais de propagação. O plantio de ramas de batata-doce sadias é uma opção para evitar a doença "mal do pé", por exemplo.
Figura 2. Tomate cereja é mais resistente às doenças e pragas

Controle mecânico
    Especialmente em pequenas hortas, é muito importante o controle mecânico que consiste na destruição de focos de pragas através da catação manual de larvas, lagartas, insetos adultos e ovos depositados nas folhas das plantas. As lagartas e até ovos depositados pelas borboletas nas folhas de couve (Figura 3), repolho, couve-flor e brócolis, especialmente no início do ataque, quando destruídos, pode reduzir bastante os prejuízos destas pragas nestes cultivos.  
 Figura 3. Os ovos depositados pelas borboletas nas folhas de couve, repolho, couve-flor ou brócolis devem ser destruídos
Uso de armadilhas e plantas atraentes e repelentes
   Armadilhas coloridas ou superfícies adesivas com determinadas cores, por exemplo: amarelo ( atrai vaquinha) e o azul (atrai tripes). Substâncias químicas presentes nas plantas que atraem insetos e com isso podem ser capturados ou mortos. A colocação de sacos de aniagem umedecidos com leite entre os caminhos da horta, no final do dia, para atrair lesmas e caracóis, fazendo-se o recolhimento pela manhã e combatendo-os com cal virgem ou sal é um bom controle ecológico. A abobrinha caserta entre linhas de pepino e outras cucurbitáceas atrai a broca das cucurbitáceas e também as vaquinhas. O tajujá ou cabaça também atrai as vaquinhas, sendo que o sabugueiro atrai os pulgões. As plantas medicinais tais como hortelã, alecrim e sálvia repelem a borboleta da couve, enquanto que a hortelã, arruda e cravo-de-defunto repelem as moscas-brancas. O alho, cebola, capim cidreira, girassol, manjerona e cravo-de-defunto repelem os insetos em geral. Os cultivos de batata-doce, salsa e cenoura repelem as formigas.

Preservação de bosques para servir como abrigo e alimento aos inimigos naturais dos insetos-pragas
   A preservação de bosques, cercas vivas e até capoeiras, próximos da área cultivada é muito importante para servir como abrigo e alimento de inimigos naturais e, até como quebra-ventos. Incluir nas lavouras faixas de adubos verdes e até deixar refúgios de plantas espontâneas ao redor dos cultivos, também contribuem para favorecer os inimigos naturais das pragas que atacam as culturas. Os inimigos naturais são insetos, fungos, bactérias, vírus, nematóides, répteis, aves e mamíferos pequenos. Todas as pragas das culturas têm seus inimigos naturais que as devoram ou destroem. Daí a importância de diversificar os cultivos através da rotação, sucessão e consorciação de culturas, bem como preservar refúgios naturais para manter a diversidade natural da fauna.Todos fazem parte do grande conjunto natural e cada um contribui para manutenção do equilíbrio na natureza.
Entre as espécies de plantas que servem de refúgio contra os inimigos naturais, destacam-se: o menstrato (Ageratum conyzoides), a beldroega (Portulaca oleracea), o caruru (Amaranthus viridis), o nabo forrageiro (Raphanus raphanistrum) e o sorgo granífero (Sorghum bicolor). No caso do sorgo, suas panículas em flor favorecem o abrigo e a reprodução de insetos como percevejo (Orius insidiosus), que é predador de lagartas, ácaros e tripes da cebola. Há, no entanto, plantas que são desfavoráveis à preservação e ao aumento de inimigos naturais das pragas, como mamona,capim, grama-seda, capim-amargoso, guanxuma, tiririca, picão-branco e carrapicho-carneiro.Entre os insetos, os inimigos naturais mais conhecidos são as joaninhas (Figura 4) e as vespinhas que parasitam especialmente pulgões, cochonilhas e lagartas. Outros exemplos de inimigos naturais e os principais depredados ou destruídos são:
percevejos lagartas e seus ovos; moscas – lagartas, seus ovos e outras pragas; coleópteros lagartas e percevejos; louva-a-deus, joaninha e vespinhas pulgões; peixes – larvas de pernilongos; fungos – larvas e nematóides; garças – moluscos e insetos; pica-pau – insetos; tamanduá – formigas e cupins; outros animais que se alimentam de insetos – galinha d'angola,morcegos, lagartas, sapos, rãs, tatus e pássaros (andorinhas, anus, bem-te- vis, corruíras, beija-flores e tesouras).
 Figura 4. Joaninha: o mais conhecido inimigo natural dos pulgões
 Pulverização com produtos alternativos
Plantas saudáveis produzidas em solos com vida e, em ambientes equilibrados, normalmente, não são atacadas por pragas. Substâncias alternativas aos agrotóxicos que são permitidos na agricultura orgânica (cinzas de madeira, calda bordalesa, calda sulfocálcica, biofertilizantes, extratos vegetais, agentes de controle biológicos e outros produtos – ver como prepará-los através de matérias já postadas neste blog), devem ser utilizados somente, quando necessário e, de forma criteriosa, evitando-se o uso sistemático na forma de calendário. O inseticida biológico à base de Bacillus thurigiensis, conhecido comercialmente como Dipel e outros, pode ser usado para manejar, especialmente, lagartas e traças que atacam as brássicas, bem como traças e brocas do tomateiro e, ainda as brocas das cucurbitáceas.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Cultivo orgânico de cucurbitáceas: abóbora, abobrinha, moranga, pepino e melancia


Influência de fatores climáticos
   A temperatura é o fator mais importante para as cucurbitáceas, pois são plantas de clima quente, não suportam o frio. Abaixo de 12ºC, o crescimento da planta paralisa. Não toleram geadas. As temperaturas mais adequadas para as cucurbitáceas estão entre 18 a 25ºC. A produtividade depende da eficiência da polinização pelas abelhas, que tem a maior atividade entre 28 a 30ºC e no período da manhã. Temperaturas mais elevadas proporcionam maior número de flores masculinas; por outro lado, temperaturas mais amenas e, com período curto de luz, estimulam maior número de flores femininas que darão origem aos frutos. No início do ciclo, são exigentes em água, porque as raízes são ainda superficiais e o armazenamento na superfície é praticamente nulo. A deficiência de umidade, associada às temperaturas elevadas no solo ou no ar, provoca um déficit hídrico na planta e consequente descoloração das folhas e secamento das plantas.
Escolha da área e análise do solo
  As cucurbitáceas preferem solos profundos, bem estruturados e drenados, que tenham topografia plana à levemente ondulada. O solo ideal é o areno-argiloso, fértil, rico em matéria orgânica. A exposição norte é a preferida, pois favorece os aspectos de crescimento vegetativo e desfavorece as doenças. Para boa polinização e maior pegamento de frutos deve-se escolher área protegidas dos ventos dominantes. Evitar o plantio em áreas onde, nos dois últimos anos, foram cultivadas outras cucurbitáceas e solanáceas. A análise do solo deve ser feita com antecedência para a recomendação adequada da correção da acidez e da adubação orgânica.
Épocas de plantio e cultivares
   Por não tolerarem o frio, as cucurbitáceas, em geral, podem serem semeadas ou transplantadas no litoral, a partir de setembro e, no máximo, até o final de janeiro. A partir de fevereiro, as espécies de ciclo mais longo como as abóboras, correm o risco de sofrerem com o frio, especialmente, se o frio chegar já no outono no litoral. Existem inúmeras cultivares de abóboras, abobrinhas, morangas, pepino e melancia disponíveis no mercado. Para estas cultivares e especialmente aquelas que o produtor vem melhorando a cada ano, recomenda-se que se retire as sementes das melhores plantas para multiplicação. No caso das morangas, melancia e pepino já existem também inúmeros híbridos e, neste caso não é possível multiplicar as sementes. No caso da moranga (Tetsukabuto), também denominada de kabotiá e, especialmente do pepino, recomenda-se os híbridos, pois são mais produtivos e mais resistentes às doenças e condições climáticas desfavoráveis. Para a melancia, embora os híbridos também sejam produtivos, recomenda-se a cultivar Crimsom Swet pelo custo mais barato das sementes e com produtividade semelhante, conforme resultados de pesquisa obtidos pela Epagri/Estação Experimental de Urussanga, na propriedade de agricultor em Içara,SC.
Produção de mudas
   Ao invés do semeio direto no campo, recomenda-se a produção de mudas em copos de jornal (10 a 12cm de altura), feitos com o auxílio de uma lata de refrigerante ou então com copos plásticos de refrigerantes descartáveis, furados na parte de baixo, utilizando-se substrato de boa qualidade e protegidos em abrigos de plástico. O sistema diminui as falhas no campo, melhora a uniformidade e permite um melhor manejo das pragas, doenças e plantas espontâneas, além de ser mais barato. Semeia-se 3 sementes por copo, realizando-se o desbaste quando as plantas tiverem uma folha definitiva, deixando-se 2 mudas por copinho. As mudas são transplantadas quando não houver risco de geadas e, tiverem 2 folhas e, no máximo, no início de surgimento da 3ª folha verdadeira.
Preparo do solo e adubação orgânica
Sistema de covas em plantio direto ou cultivo mínimo, sem preparo do solo: apresenta a vantagem de melhor proteção do solo e dos frutos, favorecer a retenção de água, menor incidência de plantas espontâneas e menor custo da lavoura. No outono semeia-se o adubo verde, que pode ser ervilhaca, aveia preta ou uma mistura de ambas ou ainda o consórcio destas espécies, incluindo ainda o nabo forrageiro. Após a floração da cobertura verde, no período de formação dos grãos, faz-se seu acamamento com rolo-faca ou roçadeira. Caso não tenha sido possível a semeadura dos adubos verdes no outono, pode-se também aproveitar as plantas espontâneas como cobertura do solo, roçando-as quando necessário até o momento das mudas transplantadas começarem a desenvolver-se rapidamente e a emitir os ramos e gavinhas.
Sistema em faixas, com preparo do solo: deve ser feita uma aração profunda. Os torrões entre as faixas facilitam a fixação dos ramos pelas garras (gavinhas) evitando o dano pelo vento. Após a aração preparar apenas a faixa de plantio, cerca de 60 cm de largura espaçados de 3 em 3 m. Abre-se a cova ou sulco e coloca-se o adubo orgânico, incorporando-o ao solo.
Adubação e plantio: deve ser aplicada a adubação orgânica, preferencialmente o composto orgânico ou esterco de aves ou de gado, curtidos. O adubo orgânico, especialmente se for esterco de animais, deve ser uniformemente incorporado ao solo, de preferência 10 a 15 dias antes do plantio das mudas.
Espaçamento e manejo de plantas espontâneas
Abóboras e morangas - 4,0 x 4,0 m (mais vigorosas) e 3,0 x 3,0 (menos vigorosas); abobrinhas – 1,0 x 0,5m; pepino para conserva e salada – 1,0 x 0,5 ; melancia – 2,5 a 3,0m entre linhas x 2,0 a 3,0 m entre plantas. O manejo de plantas espontâneas deve ser feito antes do desenvolvimento das ramas nas entrelinhas, através de roçadas (cultivo mínimo ou direto) ou grade no caso do terreno lavrado.
Irrigação e adubação de cobertura
A irrigação, quando necessária, pode ser por aspersão ou preferencialmente localizada. Se necessário (caso as plantas estiverem pouco viçosas), deve ser realizada a adubação de cobertura, 20 dias após o transplante e/ou no início da frutificação, com base na análise do solo.
Principais pragas e doenças
    Dentre as pragas destacam-se a broca dos frutos (Figuras 1 e 2) e os pulgões. A broca perfura o fruto próximo ao botão floral, causando o apodrecimento. Para o manejo da broca recomenda-se utilizar iscas atrativas, como por exemplo, a abobrinha italiana - caserta (Figura 3) que também atrai a vaquinha (Diabrotica speciosa), especialmente, no início do desenvolvimento das plantas e, pulverizações semanais com dipel (broca), a partir do início da frutificação. No caso do uso de isca atrativa utilizando abobrinha, recomenda-se a destruição das plantas através da compostagem, quando estiverem muito atacadas pela broca. Os pulgões formam colônias na parte de baixo das folhas sugando a seiva e transmitindo viroses. Manejo: recomenda-se os preparados à base de plantas tais como pimenta, alho, cebola, losna, confrei e outros (ver como preparar através de matérias já postadas neste blog). Dentre as doenças destaca-se o oídio (Figura 4) que é um fungo que desenvolve-se nas folhas, hastes e frutos, apresentando uma formação semelhantes ao "pó de giz", espalhando-se por toda a superfície da folha. A doença é favorecida por temperaturas, entre 15 e 18ºC e, umidade relativa do ar, entre 20 e 100%. Manejo: no cultivo orgânico recomenda-se pulverizações, preferencialmente, com leite de vaca cru na concentração de 10 a 15%, mesmo após o início da infecção no campo ou produtos à base de enxofre (Kolossus ou Thiovit SC), vendidos pelas agropecuárias. Para as demais doenças foliares (míldio, mancha zonada e antracnose) recomenda-se pulverizações preventivas com calda bordalesa (0,3 % no início do desenvolvimento das plantas e 0,4 à 0,5%, após o florescimento), no intervalo de 7 à 15 dias. Obs.: em função da maior atividade das abelhas na polinização pela manhã, recomenda-se pulverizar, se necessário, mesmo com produtos alternativos, sempre à tarde.
Figura 1. Broca da cucurbitáceas: fase de larva

Figura 2. Danos da broca das cucurbitáceas em pepino
Figura 3. A abobrinha italiana (caserta) é uma boa isca atrativa da broca das cucurbitáceas e da vaquinha.
Figura 4. O fungo oídio que tem como principal sintoma a formação de um pó branco sobre as folhas, ataca o feijão-vagem (foto à direita) e as demais espécies da família das cucurbitáceas (melão, melancia, pepino, abóbora, abobrinha e moranga); o leite cru e fresco à 10-15 % (1 a 1,5 L para 100 L de água), pulverizado nas plantas atacadas é eficiente no manejo desta doença, mesmo no início da infecção.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Manejo ecológico de insetos-pragas - Parte I


   Quando o homem surgiu na face da terra, os insetos já habitavam a terra há cerca de milhões de anos. Em geral, os insetos causam prejuízos ao homem e animais, sejam através dos danos às plantações, ou através da transmissão de doenças. Outros são benéficos, como o bicho-da-seda, abelhas e demais polinizadores e insetos que se alimentam de outros insetos. O grande desafio da agricultura deste novo milênio é manter a produtividade dos cultivos e ao mesmo tempo melhorar a qualidade nutricional e sanidade dos alimentos, conservando os recursos naturais de produção (solo, água, ar e organismos) para gerações futuras.
   A agricultura moderna está baseada no uso intensivo de insumos. A adoção do sistema de monoculturas, o uso desequilibrado e altas doses de fertilizantes químicos e os agrotóxicos favoreceram a ocorrência de pragas em plantas. Para reduzir as perdas provocadas pelas pragas, o controle químico através da aplicação de agrotóxicos foi a principal ferramenta utilizada durante muitos anos. No entanto, os agrotóxicos são apontados como formulações potencialmente perigosas, pois podem deixar resíduos nos alimentos, além de contaminar a água, o solo e os agricultores. Os agrotóxicos podem apresentar uma eficiência reduzida por ser afetados por inúmeros fatores (condições climáticas, especialmente no momento da aplicação e o local a ser protegido), além de selecionar populações resistentes de plantas espontâneas, pragas e microrganismos. Um exemplo das sérias consequências à saúde humana do uso crescente e abusivo de agrotóxicos na agricultura são os casos de intoxicação e mortes registrados no Centro de Informações Toxicológicas (CIT) situado no Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina, em Florianópolis, SC. No período de 1986 até 2007, o CIT detectou 9.933 intoxicações de agricultores e 210 mortes em Santa Catarina. Segundo os técnicos,esses números representam apenas uma parte da realidade. Estima-se que para cada notificação oficial ocorram pelo menos 10 casos que não são registrados. Isso se deve, em parte, pela dificuldade de diagnosticar corretamente os casos de intoxicação.
   O Manejo Ecológico de Pragas (MEP), é o sistema que utiliza, ao mesmo tempo, várias formas de controle. O sistema não procura exterminar os insetos-pragas, mas simplesmente mantê-los em determinados níveis de equilíbrio e não colocando em risco a saúde, plantação e o lucro do agricultor. As pragas são consideradas como parte do sistema ecológico no qual a cultura se encaixa e, portanto, é combatida de modo a não alterar o balanço ecológico, o qual precisa ser mantido para que novas pragas não venham a ocorrer. O reconhecimento dos insetos-pragas e seus inimigos naturais, bem como as vistorias permanentes da lavoura, não podem ser dispensados no manejo ecológico de insetos-pragas. No novo conceito, pragas são considerados quaisquer animais (aves, doenças, ácaros e principalmente insetos), que competem com o homem pelo alimento por ele produzido. O inseto pode ser considerado praga quando causa danos econômicos ao produtor. A simples presença de insetos na lavoura não significa perdas; é necessário que a população destes seja elevada.
   Antes de iniciar um controle o produtor deve primeiro reconhecer qual a praga que costuma sempre causar danos a sua lavoura. Inspeção periódica, deve ser realizada pelo produtor procurando detectar e conhecer os hábitos das possíveis pragas existentes, época de maior ocorrência, fase do desenvolvimento que causa maiores danos (larva, ninfa ou adulto), e plantas hospedeiras que se encontram próximas da lavoura. As próximas matérias a serem postadas neste blog (parte III e IV) vão tratar das principais pragas que atacam as hortaliças, como reconhecê-las e o manejo recomendado utilizando-se produtos alternativos.
Razões do ataque das pragas
   As hortaliças estão sujeitas a uma série de insetos que causam danos às plantas e que quando encontram condições favoráveis, tornam-se muito ativos e as plantas, em condições desvantajosas, ficam sujeitas a eles.O olericultor deve procurar proporcionar condições que favoreçam as plantas, buscando, ao mesmo tempo, desfavorecer as pragas. Uma das teorias mais aceitas para explicar, em parte, o ataque de pragas é a Teoria da Trofobiose desenvolvida por Francis Chauboussou em 1987. A teoria baseia-se na quantidade dos tipos de substâncias presentes nos órgãos das plantas. Caso estejam presentes mais substâncias simples (aminoácidos), que são mais desejadas pelas pragas, ocorre maior ataque. Por outro lado, se existirem substâncias mais complexas (proteínas), as pragas causarão menos danos. Vários são os fatores relacionados com o tipo de substância predominante: adubações com nutrientes altamente solúveis, clima, estádio de desenvolvimento da planta, aplicações de agrotóxicos e estimuladores de crescimento. A deficiência ou excesso de um nutriente influencia significativamente a atividade dos outros elementos e o metabolismo da planta. Adubações desequilibradas deixam as plantas mais susceptíveis a pragas. Excesso de N ou carência de K e Ca diminuem a resistência da parede celular, facilitando a penetração dos microrganismos e o ataque de pragas.
Principais métodos para o manejo ecológico de pragas
O manejo eficiente das pragas é baseado em dois princípios fundamentais:
É impossível controlar totalmente as pragas; por isso, o que se recomenda é manejar a cultura de forma a reduzir ao mínimo os danos causados;
O manejo é um conjunto de medidas que incluem determinadas práticas culturais e, em certos casos, o controle alternativo (somente aqueles produtos permitidos na agricultura orgânica), suficiente para evitar danos econômicos às culturas.
No manejo integrado de pragas, a manipulação das condições ambientais, adubações equilibradas, plantas resistentes e tratos culturais são alternativas ao controle químico convencional. As principais práticas que devem e podem ser utilizadas visando proporcionar condições ótimas para a cultura e condições adversas para o desenvolvimento das pragas, impedindo o aumento da população de insetos e evitando que atinjam a condição de praga são:
Rotação de culturas
   Esta é considerada a prática mais antiga no manejo de doenças e de pragas e continua sendo uma das mais eficientes entre os métodos culturais de controle. Os princípios de controle envolvido na rotação de culturas são a redução ou destruição do meio que serve para multiplicação da doença e pragas e a melhoria das condições físicas, químicas e biológicas do solo. No caso da horticultura orgânica, este método é normalmente usado e mantém, especialmente, as pragas do solo sob controle.
As espécies pertencentes às famílias botânicas das solanáceas (Figura 1), cucurbitáceas (Figura 2) e brássicas (Figura 3) são, entre as hortaliças, as mais atacadas por doenças e pragas. Por isso, recomenda-se dividir as áreas de plantio de tal forma que as espécies da mesma família não sejam plantadas seguidamente na mesma área. A explicação é que estas famílias de plantas possuem as mesmas doenças e pragas. Por exemplo, o tomate, uma das hortaliças que possuem o maior número de pragas e doenças vai disseminar estas para o cultivo seguinte de batata, pimentão ou berinjela, espécies da mesma família botânica. É importante ressaltar também que a cultura do fumo, bastante plantada no Sul do Brasil, também pertence à família das solanáceas, portanto, onde se cultiva fumo, não deve-se plantar batata, tomate, pimentão e berinjela ou vice-versa.
 Figura 1. Família das solanáceas: estas hortaliças e a cultura do fumo não podem serem plantadas na mesma área de cultivo, pois possuem doenças e pragas comuns, disseminando-as rapidamente para estes cultivos
 Figura 2. Família das brássicas: estas espécies não podem serem plantadas na mesma área de cultivo
 Figura 3. Família das cucurbitáceas: estas espécies não podem serem plantadas na mesma área de cultivo
Destruição dos restos culturais
   Deve-se sempre, antes de iniciar o preparo do solo, retirar da lavoura os restos do cultivo anterior (ramos, folhas e frutos) e fazer compostagem (adubo orgânico) com eles para eliminar insetos que permanecem em diapausa (repouso) e doenças dentro dos restos culturais. Essa é uma prática válida, especialmente para as espécies das famílias botânicas das solanáceas (tomate, batata, pimentão e fumo), cucurbitáceas (pepino, abóbora, abobrinha, moranga, melancia e melão) e brássicas (repolho, couve-flor, couve e brócolis), que apresentam maior incidência de doenças e pragas. Especialmente no cultivo de tomate, é muito comum encontrarmos lavouras velhas e abandonadas ao lado de lavouras recém implantadas, facilitando sobremaneira a disseminação de doenças e pragas.
Na próxima matéria (parte II) a ser postada neste blog, trataremos das demais práticas culturais que juntas com a rotação de culturas e destruição dos restos culturais, contribuem para o manejo ecológico de pragas.
  • RSS
  • Delicious
  • Digg
  • Facebook
  • Twitter
  • Linkedin
  • Youtube

Blog Archive

Blogger templates