O cultivo orgânico de hortaliças-condimentos é a melhor forma de garantir as características fitoquímicas e farmacológicas do produto para o mercado.
Manjerona
A manjerona (Origanum Majorana L.), pertencente a família das Lamiaceae, é originária do Oriente Médio. A Manjerona era uma planta medicinal muito popular entre os gregos antigos. O nome próprio em grego significava "alegria da palavra das montanhas". A manjerona era uma das ervas favoritas de Afrodite (deusa do amor) e simbolizava a felicidade. Até hoje, é tida como a erva do amor eterno, usada em enfeites por noivos e amantes. Quem visita a Grécia, se depara com manjeronas silvestres cobrindo a paisagem, exalando seu perfume singular. Foi introduzida na Europa na Idade Média, sendo muito apreciada pelas damas sob a forma de sachês. As folhas são bem pequenas ovaladas verde-claras e flores brancas minúsculas que surgem no verão. Nos entrenós os talos que tocam o chão ocorrem o enraizamento espontâneo. Planta perene tipo arbusto que cresce até 60 cm de altura com os ramos cobertos de folhas ovais verdes escuras, com flores esbranquiçadas nos cachos. Toda a planta é extremamente aromática.
Principais usos: é conhecida como substituta do manjericão e do orégano por seu sabor ser parecido com ambos. Muito utilizada no tempero de aves, principalmente em recheio de frangos. A manjerona deve ser utilizada em pratos de cozimento rápido ou no final da preparação, já com o fogo desligado, para não perder seu aroma delicado. Usada em maionese, pizza, ,pastéis, molhos, patês, sopa de batata (suflê), com manteiga derretida, em legumes cozidos, feijão branco, omeletes, ovos mexidos, carne moída, manteiga derretida para peixes grelhados, recheios de frango e lingüiças em geral. Pode ser usada fresca, em raminhos picados, ou seca. Normalmente faz parte do tempero de galetos. Como especiaria, a manjerona possui forte cheiro aromático e pronunciado sabor de especiaria. Também não é rara a sua utilização em saladas e legumes, verduras cruas e regimes dietéticos. Deve, porém, ser empregada em pequenas doses, para não se notar excessivamente o seu sabor.
As principais propriedades terapêuticas são: Indicada para o tratamento de feridas, queimaduras, astenia, sistema nervoso, resfriado, dor de cabeça, insônia, fraqueza do músculos, sílica nos intestinos, cólicas gástricas, intestinais e menstruais, incontinência dos instintos sexuais Usada na inalação, ajuda a eliminar muco e catarro, prevenindo a sinusite. Folhas frescas e cozidas aplicadas com gaze são boas desinflamadoras no caso de pancadas, feridas e tumores. O responsável pelas propriedades medicinais da manjerona é seu princípio ativo, constituído por tanino e óleo essencial, que garante o efeito expectorante e digestivo. Na forma de chá, a erva pode ajudar no tratamento contra o reumatismo e todas as formas de artrite. Nas corizas crônicas e para o tratamento de feridas pode utilizar-se um ungüento de manjerona, tal como é preparado nas farmácias. É popular o emprego do óleo de manjerona nas varizes, na gota, no reumatismo e nas doenças glandulares.
Com os galhos secos da planta fazem-se sachês para perfumar roupas, travesseiros de ervas e arranjos de flores. Um bom banho de banheira revigorante e tônico se completa com a inclusão na banheira de uma infusão forte de manjerona.
Na Europa, o suco da manjerona já foi muito usado para lustrar móveis e tingir lãs de vermelho-púrpura. Hoje, em muitos países, indústrias especializadas utilizam a erva para aromatizar bebidas, condimentos, carnes, sopas em pó, sorvetes, balas, etc.
Propagação: A manjerona pode se propagar por sementes, divisão de touceiras ou por estacas. A divisão de touceiras e/ou estacas deve ser realizada no outono ou no inverno. Por sementes, o ideal é na primavera, gastando-se 1 grama de semente/m2, sendo que a germinação ocorre em torno de 10 dias.
Cultivo: É uma planta perene em regiões de clima quente, porém, em climas muito frios é anual por não suportar temperaturas muito baixas. A planta gosta de solos arenosos ou areno-argilosos, ricos em matéria orgânica e com boa drenagem, com pH entre 6,0 e 7,0. O clima úmido é ideal, entretanto, é preciso atenção: o solo não deve ser excessiva e constantemente molhado. As plantas que crescem e se desenvolvem em climas secos e com temperaturas elevadas adquirem um sabor mais apimentado e apresentam odor mais forte, penetrante e amargo. O local deve receber sol pelo menos uma parte do dia, mesmo quando cultivada dentro de casa. Deve-se deixar uma distância de 40 cm entre linhas e de 25-30 cm entre plantas. Em solos férteis e climas favoráveis, pode-se deixar uma distância de 50 cm entre linhas e de 30 cm entre plantas. Deve-se escolher dias nublados e solo úmido, evitando-se os dias secos de verão. Se o objetivo do plantio for apenas as folhas, sem as flores, é recomendável retirar as pontas dos ramos que ameaçam formar os futuros órgãos florais e flores. Isso pode ser feito com o auxílio de uma tesoura ou simplesmente com os dedos
Assim, as folhas se desenvolverão mais vigorosas. Em boas condições de cultivo, normalmente não há incidência de doenças e pragas. A manjerona é própria também para o cultivo em vasilhame ou caixotes, tanto mais que para uma família média bastam algumas plantas.
Colheita: é feita por ocasião do aparecimento dos primeiros botões apicais, indicadores do início da floração. Portanto, o tempo da colheita é imediatamente antes de dar flor, porque a planta possui então maior força como condimento. Já para a colheita de flores, a planta florida deve ser cortada no momento em que as primeiras flores se abrem, mas antes que os demais botões florais na mesma haste tenham se aberto completamente. As plantas cortadas não devem ficar expostas à chuva, porque perdem a cor e assim dificilmente se vendem. Escolhem-se dias secos e horas favoráveis à colheita. Corta-se sempre, no mínimo a 3cm acima do solo para favorecer um bom rebrote das plantas. A colheita é variável, dependendo do número de cortes possíveis e do crescimento das plantas, ficando em 10 a 15 t em 3 cortes de plantas verdes, que ficarão reduzidas a 2,5 a 3 t de planta seca. Após o 4º ano a cultura deverá ser renovada.
Orégano
O orégano, conhecido cientificamente como Origanum vulgare L., pertence à família Lamiaceae (Labiatae) da qual também faz parte, manjericão (Ocimum basilicul L.), alfavaca (Ocimum gratissimum L.), hortelã (Mentha arvensis L.), alfazema (Lavandula angustifolia Mill.), alecrim (Rosmarinus officinalis L.) e sálvia (Salvia officinalis L.). O orégano é conhecido por muitos nomes, sendo eles orégão, manjerona silvestre ou manjerona rasteira. A palavra "orégano" tem origem grega e quer dizer "alegria da montanha". Para os gregos esta erva possui a magia de trazer felicidade. O orégano é uma planta perene, tem entre 25-40 cm de altura, folhas opostas, ovais, verde-escuras, pecioladas, inteiras ou serrilhadas, com aproximadamente 35 mm de comprimento, ou seja maior que a da manjerona e com extremidades pontiagudas. Com duração de 4 a 6 anos, seca no inverno e rebrota no verão. As hastes são consideradas anuais e se não forem colhidas, secam. Nativa de regiões montanhosas do sul da Europa e da Ásia ocidental vegeta espontaneamente em diversas regiões da Europa. A espécie Origanum vulgare L. é cultivada no Brasil principalmente nas regiões sul e sudeste, onde foi aclimatada há muito tempo, sendo bastante popular.
Principais usos: A grande utilização é como especiarias na culinária, podendo ser utilizado em carnes, molhos de tomate e outros tipos de massas, sendo o ingrediente fundamental da pizza. De preferência, não cozinhe este tempero, seja ele fresco ou seco, adicione-o ao prato depois de pronto, pois ele perde seus benefícios terapêuticos com o cozimento. A partir de estudos recentes, o orégano foi classificado como a planta de mais alta atividade antioxidante, até mais que a vitamina E. O óleo é usado na composição de aromatizantes de alimentos e perfumes, além de possuir efeito inibitório sobre diversas bactérias alimentícias e fungos. Orégano é um estimulante para o estomago, especialmente nos casos de perda do apetito, dificuldade de digestão ou gases. Além disso é carminativo; antiespasmódico; expectorante, especialmente nos casos de bronquite ou asma; antisséptico; diurético; sudorífico, eliminando as toxinas do organismo; também é muito usado contra anemia. É muito bom também contra a insónia, o estresse, cansaço nervoso, exaltações febris, e em seu uso externo alivia dores reumáticas e articulares como também para combater a celulite. Também é emenagogo, o que quer dizer que reduz as dores menstruais, assim como o que vem depois: dor de cabeça, de estômago e retenção de líquidos. É um antioxidante, o que pode ser muito vantajoso para os tratamentos de Aids e Câncer.
Propagação: As formas possíveis de propagação da cultura do orégano são por sementes, estacas ou divisão de touceiras. As sementes são muito pequenas tendo em um grama aproximadamente 12.000 sementes e devem ser semeadas de preferência na primavera em sementeiras ou bandejas.
Cultivo: O orégano tem preferência por regiões de clima subtropical com bastante luminosidade. Em locais mais quentes, ganha aroma mais intenso, sabor mais picante e perfume mais persistente. Não tolera alta umidade relativa do ar, nem exposição direta aos ventos fortes e frios e também não suporta geadas acentuadas; está entre as espécies com resistência a grandes variações de altitude (50 a 3400 m) e temperatura. Temperaturas abaixo de 5 ºC acarretam retardo de crescimento e queima dos bordos das folhas. O orégano uma cultura que se alastra no solo, com isso o desbaste de plantas invasoras passa a ser um importante manejo, evitando incidência de pragas e doenças, competição pelos nutrientes do solo e consequentemente baixa produção. O amontoamento de terra ao redor da planta é uma prática realizada a fim de proteger a planta, proporcionar a multiplicação dos ramos, evitar o ataque de fungos e o apodrecimento das raízes. Manter a área cultivada sempre coberta é um manejo importante para a conservação do solo. A aplicação da cobertura morta ou mulch deve ser feita na área toda, evitando somente a aplicação muito próxima ao contorno da planta para não abafá-las. As pragas mais comuns na cultura são pulgões verdes (Macrosiphum solanifoli), formigas e brocas dos ponteiros, ácaros (Tetranichus sp.), lagarta-falsa-medideira (Pseudoplusia sp.) e nematóides (Meloidoginesp.). As doenças mais comuns são devido a excesso de umidade no solo causando incidência de fungos comoPuccinia sp., Fusarium sp., Phoma sp, e carência de nutrientes. A Puccinia sp. é um dos patógenos de maior importância agrícola e econômica por reduzir a produtividade, depreciar o produto causando assim, sérias perdas em plantios comerciais.
Colheita e beneficiamento: A colheita de ramos e folhas deve ser feita quando a planta estiver no começo da floração (15% a 20% de flores/planta), iniciando-se o processo de colheita para comercialização no ano seguinte do plantio. O período mais adequado para se fazer a coleta do material é em dias secos, logo depois a evaporação do orvalho, fim do verão o começo do outono. No primeiro ano de colheita, estima-se produção de 3 toneladas métricas de folhas/ hectare; a partir do segundo ano, fazendo-se dois cortes por ano, a produção fica em torno de 15 toneladas métricas de folhas/hectare/ano. Após a colheita do orégano, deve-se fazer a desfolha, retirando as folhas dos ramos. Na limpeza, é feita a eliminação de folhas de outras espécies, principalmente de plantas daninhas. Após a secagem, o peso do material é reduzido em 4 vezes, isto é de 100 quilos de folhas e flores recém-colhidas resultarão em aproximadamente 25 quilos de produto seco. A secagem deve ser feita à sombra ou em estufas com regulação de temperatura não excedendo a 40 ºC durante 24 horas. A luz solar não é aconselhável por reduzir a quantidade do óleo essencial presente no material. Porém, pode ser feita a secagem com métodos mistos, isto é, deixa-se as plantas perderem um pouco de água na sombra e depois coloca-las ao sol. Outro método é colocar as plantas em câmaras frias (o frio retira um pouco de água) e depois secar ao sol ou em secadoras.