quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Autores: José Angelo Rebelo e Euclides Schallenberger

Publicação:  O trabalho compõe a parte I – Recomendações gerais para produção sustentável de hortaliças -  do Boletim Didático nº 107  “Produção de hortaliças em Santa Catarina”. publicado pela Epagri. Interessados em adquirir a publicação completa e ilustrada com 156 páginas, devem entrar em contato através do site: www.epagri.sc.gov.br

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Escolha da área e análise do solo
Autor: José Angelo Rebelo

     O local escolhido para a produção de hortaliças deve estar o mais próximo possível dos centros consumidores e de fontes adequadas de água para a irrigação e limpeza da produção. Em regiões que ocorrem geadas deve-se evitar o plantio em baixadas devido ao acúmulo de frio, que é bastante prejudicial à maioria das hortaliças. Recomenda-se também evitar baixadas e locais mal ventilados, sujeitos à neblinas.
     O solo é a base de sustentação das plantas. Tanto sua estrutura quanto textura têm efeito direto sobre a capacidade de infiltração, de retenção da água e de oxigenação, indispensáveis à vida do solo e das plantas.
     O solo deve ser rico entre 3 a 5% de matéria orgânica - e de fácil penetração pelas raízes. Ser capaz de fornecer água, ar e nutrientes para que,  juntamente com oxigênio,  o gás carbônico, a luz e calor possam favorecer o desenvolvimento e o crescimento de plantas saudáveis e produtivas.
     Assim é que as características químicas, físicas e biológicas dos solos devem ser consideradas antes da escolha da área para cultivo de hortaliças. Devem ser evitados solos de difícil drenagem ou sujeitos a enchentes, de topografia que dificulte o trabalho de máquinas, de fácil erodibilidade, de pouca luminosidade, de muita argila ou de pedras.
     Evitem-se, ainda, áreas com histórico de doenças relacionadas ao solo como nematoides, mofo-branco, murcha-de-estenfílio, murcha-de-fusário e murcha-bacteriana. Áreas próximas a cultivos convencionais de hortaliças podem trazer problemas de pragas tais como mosca-branca, tripes e pulgões, além de intoxicações por deriva das pulverizações com agrotóxicos.
     Na escolha da área é importante conhecer o caminho dos ventos dominantes e a necessidade de implantação de quebra-ventos, de modo que a sua instalação não sombreie os cultivos.
     A fertilidade do solo e as suas características físico-químicas são conhecidas por meio de análise laboratorial de amostras da área a ser cultivada. Para tanto, é importante que a amostragem seja feita respeitando-se as normas técnicas. Por isso, não se dispensa a presença ou as orientações de técnicos que serão os interpretadores dos resultados e orientadores das correções a serem feitas no solo.

Preparo  do solo
Autor: Euclides Schallenberger

    O preparo do solo é uma atividade que  tem como objetivo melhorar as condições de instalação e desenvolvimento das culturas, assim como preservar as características físicas, químicas e biológicas do solo. Tal prática é considerada uma das mais importantes no manejo do solo, pois o uso excessivo de máquinas e implementos inadequados favorecem a degradação.  Assim, além de preparar o solo corretamente para não perder as propriedades, é necessário aumentar o seu potencial produtivo.
     Na produção de hortaliças deve-se dar preferência ao sistema de plantio direto. Nesse sistema ocorrem as menores perdas de matéria orgânica e fertilidade, além da diminuição dos processos de erosão e de compactação do solo.

Plantio direto
     A técnica de plantio direto consiste em movimentar minimamente o solo. Assim, o uso de máquinas agrícolas no solo é reduzido, com a finalidade de menor revolvimento e compactação. Trata-se de uma forma não convencional de preparo do solo para receber mudas ou sementes de uma determinada cultura. A menor quantidade de passadas de trator, além de economia de combustível, revolve menos o solo, preservando a estrutura do mesmo e mantendo-o coberto pelos resíduos da cultura que antes estava instalada na área. Essa técnica contempla o preparo do solo apenas nas linhas de plantio (Figura 1). Desse modo, só nelas é que o solo será revolvido. Logo, as entre linhas permanecem sem o emprego de máquinas e implementos o que favorece a manutenção da estrutura que permite a infiltração de água que irá diminuir a ação de processos erosivos. 
  
      

FIGURA 1. Abertura de sulcos para plantio de hortaliças, com as enxadas centrais da rotativa de microtrator.  A área entre filas permanece intacta e coberta pela palhada da vegetação de cobertura que foi roçada.

     Em áreas com alto grau de declividade, o plantio direto pode ser usado por meio do preparo do solo restrito aos sulcos em que as mudas ou sementes serão inseridas. Mais uma vez o revolvimento de apenas uma parte do terreno favorece a conservação do solo (Figuras 2 e 3).
     Esse sistema de preparo do solo é indicado para o cultivo de hortaliças onde o espaçamento entre as linhas de plantio é de aproximadamente um metro. Nesse caso, o preparo do solo é realizado com a roçada de toda área de cultivo e revolvimento do solo somente na linha de plantio por meio da utilização da enxada rotativa adaptada para este fim. Nessa linha é aplicado inicialmente o adubo, que será incorporado ao solo.
     A adaptação da enxada rotativa do microtrator para o preparo apenas da linha de plantio, consiste na retirada das enxadas laterais da rotativa, deixando apenas as enxadas centrais numa largura entre 30  e 40cm. Assim, somente a linha de plantio é adubada e revolvida.
     Para o controle das plantas invasoras, na linha de plantio é feita capina e, nas entre linhas, quando necessário, roçam-se entre linhas.

  

FIGURA 2. Plantio direto de pepineiro
  



FIGURA 3. Plantio direto de repolho.
                 
Vantagens do plantio direto
- Aumento da matéria orgânica do solo;
- Diminuição da erosão;
- Estabilidade da temperatura do solo;
- Aumento dos microrganismos benéficos no solo;
- Reciclagem de nutrientes;
- Melhora da infiltração e retenção da água;
- Controle de plantas espontâneas;
- Controle de pragas e doenças;
- Diminuição de custos;
- Menor gasto de energia;
- Manutenção da superfície do solo coberta;
- Redução da perda de água por evaporação.


Sistema convencional de preparo do solo
     Consiste em uma lavração com 20 a 25cm de profundidade, seguida de gradagens e/ou rotativação. As enxadas rotativas, quando usadas, devem ser em baixa rotação para não desestruturar o solo.

Desvantagens
- As palhadas são aprofundadas no solo;
- O solo fica mais tempo descoberto e exposto à erosão;
- Ocorre maior perda de água;
- Formação de camada compactada (pé-de-arado);
- Eleva a temperatura do solo;
- Requer maior consumo de energia;
- Tem maior custo com mão-de-obra e horas de máquinas;
- Desequilibra a biologia do solo.

Rotação de culturas
     É desejável que a lavoura seja conduzida com alternância de diferentes espécies, não repetindo o plantio de uma mesma hortaliça duas vezes consecutivas na mesma área, o que propicia o maior benefício à produção, maior sanidade das plantas e menor efeito negativo ao ambiente.
        
Calagem do solo
     A aplicação de calcário sem a recomendação da análise do solo pode provocar desequilíbrio nutricional nas plantas e até inviabilizar o solo para o cultivo.
     Para cultivo de hortaliças, de uma maneira geral, o pH 6,0 é o mais indicado. Solos ácidos, com pH abaixo de 6,0 não disponibilizam de forma adequada os macronutrientes que a planta exige e, acima de pH 6,0 não há boa disponibilidade da maioria dos micronutrientes. Assim, a correção do pH do solo é fundamental para o bom equilíbrio da disposição dos nutrientes para as plantas (Figura 4) e, consequentemente, para sua nutrição, sanidade e produtividade desejadas. A correção da acidez do solo, se necessária, deve ser feita com base na análise de amostras do solo. A relação cálcio/magnésio  indicará a escolha de calcários calcítico ou dolomítico. O calcário necessário deve ser preferencialmente aplicado 180 dias antes do plantio.

 FIGURA 4. Disponibilidade de nutrientes em função do pH  do solo.

     Resultados de pesquisa obtidos na Estação Experimental de Urussanga indicam que se a adubação for feita com composto orgânico, por um período mínimo de 5 anos, não há necessidade de corrigir a acidez do solo (Silva et alii, 2013).





Ferreira On 12/10/2015 01:45:00 PM Comentarios LEIA MAIS

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Autor: Irceu Agostini

Publicação:  O trabalho compõe a parte I – Recomendações gerais para produção sustentável de hortaliças -  do Boletim Didático nº 107  “Produção de hortaliças em Santa Catarina”, publicado pela Epagri. Interessados em adquirir a publicação completa e ilustrada com 156 páginas, devem entrar  em  contato  através do site: www.epagri.sc.gov.br

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Recomendações gerais
     A atividade olerícola possui algumas peculiaridades, entre elas a alta perecibilidade dos produtos, o ciclo curto das hortaliças e o uso intensivo de área, mão-de-obra e insumos.
     Devido a essas peculiaridades e, sobretudo, ao alto dinamismo da atividade, a primeira e mais importante providência do produtor ao iniciar (ou incrementar) a produção de hortaliças é procurar conhecer bem o mercado que irá absorver seus produtos. Algumas questões devem ser levantadas antes mesmo de iniciar o plantio, como: “o que, para quem e quanto produzir”. Só depois disso é que se passa a levantar a questão do “como produzir”, ou seja, “qual a tecnologia de produção”.

A rentabilidade de algumas hortaliças
     A título de exemplo, apresenta-se, a seguir, a rentabilidade de algumas hortaliças cultivadas na região central do Litoral Catarinense (Tabela 1). Estes resultados foram levantados pelo grupo de gestão agrícola, vinculado ao projeto de Administração Rural e Socioeconomia da Epagri, que acompanhou propriedades produtoras de hortaliças da região durante o período estudado.

Tabela 1 - Renda bruta, custos variáveis e margem bruta das principais hortaliças cultivadas na região central do Litoral Catarinense, nos anos 1995 -2001. 

Atividades

Indicadores (US$/ha)2
Renda
Bruta*
Custos Variáveis1
Margem Bruta*
Batata doce
3.733
223
3.510
Beterraba
4.985
1.200
3.785
Cenoura 
2.888
530
2.358
Couve-flor 
4.443
917
3.526
Repolho
6.888
870
6.019
Tomate
18.387
3.445
14.942
Fonte: Epagri, 2005.
1 A renda bruta resulta da quantidade vendida dividida pelo preço da hortaliça; a margem bruta é a diferença entre a renda bruta e o custo variável, que é a soma de todos os custos efetuados na cultura, excluídos os custos fixos (que são os gastos com a infraestrutura utilizada na produção, como terra, máquinas, equipamentos, benfeitorias, etc).

2 Os valores, em dólares (US$) por hectare, referem-se à média das melhores propriedades acompanhadas durante este período.


     Em todas as atividades é possível perceber que a margem bruta é sempre um valor muito alto em relação ao custo variável. É que o custo da mão-de-obra, que é um custo expressivo, foi incorporado ao custo fixo, por se tratar de mão-de-obra familiar. Assim, mesmo que o valor da margem bruta seja alto, isto não garante que a atividade seja lucrativa, pois desta margem bruta ainda precisa ser descontado o custo da mão-de-obra familiar e todos os demais custos fixos.
     O cultivo de tomate é o que apresenta a maior margem bruta, muito acima das dos demais cultivos, como pode ser observado na Tabela 1. Isto, no entanto, não permite concluir que o tomate sempre será o cultivo mais rentável dentro da olericultura porque o preço das hortaliças pode variar muito de um ano para outro e, consequentemente, a margem bruta também e qualquer projeção de resultados econômicos poderá ser rapidamente anulada devido a estas grandes flutuações nos preços. Diante disso, a recomendação econômica mais segura em relação à escolha da espécie a ser cultivada é a diversificação de cultivos. Ao diversificar os cultivos, o produtor tem a chance de recuperar com uma espécie o que tiver perdido com outra. Mas também não se pode exagerar na diversificação, utilizando um grande número de espécies, porque haverá dificuldades na operacionalização do sistema, seja pela dificuldade de especialização do produtor, seja pela maior complexidade na condução da produção em si e da própria comercialização.
     Ainda que o tomate apresente a maior margem bruta (Tabela 1) não é possível afirmar que o tomate seja a cultura olerícola mais rentável porque esta margem bruta está expressa como “por hectare”. Dividindo-se as margens brutas da Tabela 1 pelas respectivas necessidades de mão-de-obra de cada cultura, as margens brutas passam a ser expressas em margem bruta “por dia-homem (DH) trabalhado” (Tabela 2). Assim, pode se observar que o tomate apresenta uma das menores margens brutas por DH trabalhado, sendo o repolho o cultivo de maior margem bruta por DH.
     Então, de acordo com os dados apresentados, que cultivo o produtor deveria incrementar se pretendesse aumentar sua renda? Para saber a resposta é preciso investigar o motivo pelo qual o produtor não expande a sua produção atual, se é por falta de área ou por falta de mão-de-obra? Se for por falta de área, então o produtor deveria aumentar a área de tomate, pois é o que apresenta a maior margem bruta para cada hectare cultivado (Tabela 1). Se é por falta de mão-de-obra, que provavelmente será o caso mais frequente, então o produtor deveria aumentar a área de repolho, pois é o que apresenta a maior margem bruta para cada DH trabalhado.

Tabela 2 - Renda bruta, custos variáveis e margem bruta das principais hortaliças cultivadas na região central do Litoral Catarinense, nos anos 1995 a 2001.

Atividades

Mão de obra utilizada (DH/ha)

Indicadores econômicos (US$/DH)*
Renda
Bruta
Custos Variáveis
Margem Bruta
Batata doce
71
53
3
50
Beterraba
55
91
22
69
Cenoura 
118
24
4
20
Couve-flor
60
74
15
59
Repolho
53
130
16
114
Tomate
454
41
8
33
Nota: ha = hectare.
*Os valores, em dólares (US$) por dia-homem (DH), referem-se à média das melhores propriedades acompanhadas durante este período
Fonte:  Rochenbach et al., 2005

     Portanto, o fator determinante para que o produtor possa escolher a espécie olerícola que irá cultivar está em conhecer qual o fator de produção mais limitante, se a área ou a mão-de-obra. O produtor deve preferir aquela que  agrega mais margem bruta em relação ao fator de produção que mais limita a produção.












Ferreira On 11/10/2015 03:37:00 PM Comentarios LEIA MAIS

sábado, 10 de outubro de 2015

Fonte:  O trabalho faz parte do livro “Cultive uma horta e um pomar orgânico: colha sabor e saúde”, publicado pela Epagri. Interessados em adquirir a publicação completa e ilustrada com 319 páginas, devem entrar no site: www.epagri.sc.gov.br e acessar  os link “Publicações” e “Livros”.

É a principal praga da maioria das frutas comestíveis, tendo em vista que as condições climáticas permitem, durante todo o ano, a existência de frutos cultivados e silvestres, favorecendo a sobrevivência e o deslocamento da praga de uma planta para outra. Os danos são causados diretamente nos frutos pela fêmea adulta, principalmente das espécies Anastrepha fraterculus e Ceratitis capitata), que os perfura  com o ovipositor (formato de agulha). São depositados de um a cinco ovos de onde eclodem as larvas que consomem a polpa, provocando o apodrecimento interno. A fase de oviposição dura de 65 a 80 dias, sendo que nesse período a fêmea oviposita de 278 a 437 ovos. Dentro da fruta, as larvas passam por várias fases de desenvolvimento até alcançar a maturação, momento em que saem do fruto para o solo, se enterram e, em aproximadamente duas semanas, surgem as novas moscas adultas que reiniciam o ciclo de vida. O período de maior ocorrência das moscas vai de novembro a março, quando as temperaturas são mais altas. Outro fator que também favorece a disseminação da praga é a existência de diversos ciclos de frutificação de um mesmo hospedeiro ao longo do ano, a exemplo da goiaba, da carambola e dos citros.

Manejo da praga: antes do advento dos inseticidas químicos, o controle da mosca limitava-se às práticas de controle biológico e mecânico, tais como limpeza dos pomares, recolhimento dos frutos que caíram no solo, capinas e lavras superficiais, com a finalidade de destruição das pupas, e caça com vidros pega-moscas (armadilha). Atualmente, diante da preocupação cada vez maior dos consumidores com o ambiente, recomendam-se várias práticas no sentido de reduzir ao máximo os danos com as pragas. O ensacamento, o controle biológico natural, o uso do extrato e do óleo de nim e o preparo de armadilhas são práticas recomendadas:

Ensacamento das frutas: é uma das práticas fitossanitárias mais antigas e eficazes. Na década de 60, na grande Porto Alegre, era prática usual, mesmo na produção comercial, a utilização de sacos de papel encerado e de papel-manteiga para ensacar as frutas e folhas de jornal para proteger os cachos de uva do ataque de vespas e outros insetos. No caso de citros, até hoje ainda é feita a proteção com papel-jornal. De forma geral, deve-se proteger os frutos no período de maior ataque das moscas, ou seja, no final da primavera e no verão. Em geral, a mosca ataca preferencialmente frutos maduros (amarelos), pois as larvas não conseguem se desenvolver em frutos verdes. Para os frutos de pêssego, o ideal é ensacá-los antes do início do inchamento do fruto (diâmetro de 6 a 7cm). No caso das goiabas, recomendasse ensacar os frutos ainda pequenos (tamanho de azeitonas) com saquinhos de papel encerado com o objetivo de protegê-las das moscas e também do gorgulho e de outras pragas. Atualmente, existem no comércio vários tipos de sacos de papel, confeccionados por diversas firmas e destinados ao ensacamento de pêssego, ameixa, goiaba, laranja, bergamota ou mexerica, pêra, maçã e caqui, entre outras frutas. Os principais tipos são de papel encerado, branco (40g/m2) e de papel pardo. Os tamanhos são variáveis conforme a fruta, sendo o de 35 x 18cm para pêssego, ameixa e goiaba e o de 40 x 24cm para pêra, caqui e bergamota ou tangerina.

Controle biológico natural: consiste no recolhimento e no enterrio dos frutos caídos no solo com o objetivo de matar as larvas neles alojadas. A armadilha deve ser preparada da seguinte forma: faz-se a coleta dos frutos caídos, colocando-os em pequenos buracos (50 x 50 x 30cm) no meio do pomar; no fundo do buraco coloca-se uma camada de 10cm de areia, coberta por uma tela fina (malha de 2mm) para impedir a saída das moscas (larvas já transformadas em adultos) e facilitar a passagem das vespinhas que fazem o controle biológico.


Armadilhas (caça-moscas): é um recipiente simples utilizado como armadilha para capturar os adultos da mosca-das-frutas. Pode ser adquirido pronto nas casas agropecuárias ou pode ser adaptado de um recipiente de plástico, deixando-se algumas aberturas na porção mediana e colocando-se uma isca atrativa. As armadilhas deixam as moscas entrarem atraídas pela isca, as quais morrem por afogamento. Preparo e uso da armadilha PET (garrafas plásticas transparentes de refrigerantes, águas, sucos, etc.): marcam-se na garrafa PET, com auxílio de uma caneta, três retângulos de 2cm de altura por 1cm de largura na parede lateral, a uma altura de 10cm a partir da base da garrafa. Cortam-se os quadrados, seguindo as linhas marcadas com a caneta, com a ponta de um objeto cortante. Através desses quadrados vazados os insetos entrarão no interior da armadilha. Prende-se uma das extremidades do fio de arame de 30cm no gargalo da garrafa, logo abaixo do encaixe da tampa, sendo que a outra extremidade será usada para pendurar a armadilha na fruteira. Antes de pendurar a armadilha, deve-se abastecê-la com a isca atrativa (300ml) feita com melaço de cana-de-açúcar a 7% ou com vinagre de vinho tinto (25%); acrescentar 10g de bórax na solução para retardar a decomposição do atrativo e por ser tóxico para os adultos da mosca-das-frutas. Instalação e manutenção da armadilha PET: deve ser instalada uma a cada 50m na porção mediana da copa da fruteira a uma altura de 3/4 do total, a partir do nível do solo (Figura 1), num galho que fique mais para a periferia (Figura 2) e na porção menos exposta ao sol (leste). Os frascos devem ser inspecionados a cada 15 dias, no máximo, trocando-se a isca e enterrando-se no solo os insetos capturados. Deve-se tomar cuidado para que o frasco mantenha a transparência e que o atrativo não escorra pela parte externa do mesmo para evitar que as moscas se alimentem por fora e vão embora.

Figura 1. Armadilha caça-moscas confeccionada com garrafa PET e utilizada em goiabeira




Figura 2. Posição correta da instalação da armadilha em goiabeira
Ferreira On 10/10/2015 03:03:00 AM Comentarios LEIA MAIS

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Escolha da área, análise e preparo do solo

Autores: José Angelo Rebelo e Euclides Schallenberger

Publicação:  O trabalho compõe a parte I – Recomendações gerais para produção sustentável de hortaliças -  do Boletim Didático nº 107  “Produção de hortaliças em Santa Catarina”. publicado pela Epagri. Interessados em adquirir a publicação completa e ilustrada com 156 páginas, devem entrar em contato através do site: www.epagri.sc.gov.br

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Escolha da área e análise do solo
Autor: José Angelo Rebelo

     O local escolhido para a produção de hortaliças deve estar o mais próximo possível dos centros consumidores e de fontes adequadas de água para a irrigação e limpeza da produção. Em regiões que ocorrem geadas deve-se evitar o plantio em baixadas devido ao acúmulo de frio, que é bastante prejudicial à maioria das hortaliças. Recomenda-se também evitar baixadas e locais mal ventilados, sujeitos à neblinas.
     O solo é a base de sustentação das plantas. Tanto sua estrutura quanto textura têm efeito direto sobre a capacidade de infiltração, de retenção da água e de oxigenação, indispensáveis à vida do solo e das plantas.
     O solo deve ser rico entre 3 a 5% de matéria orgânica - e de fácil penetração pelas raízes. Ser capaz de fornecer água, ar e nutrientes para que,  juntamente com oxigênio,  o gás carbônico, a luz e calor possam favorecer o desenvolvimento e o crescimento de plantas saudáveis e produtivas.
     Assim é que as características químicas, físicas e biológicas dos solos devem ser consideradas antes da escolha da área para cultivo de hortaliças. Devem ser evitados solos de difícil drenagem ou sujeitos a enchentes, de topografia que dificulte o trabalho de máquinas, de fácil erodibilidade, de pouca luminosidade, de muita argila ou de pedras.
     Evitem-se, ainda, áreas com histórico de doenças relacionadas ao solo como nematoides, mofo-branco, murcha-de-estenfílio, murcha-de-fusário e murcha-bacteriana. Áreas próximas a cultivos convencionais de hortaliças podem trazer problemas de pragas tais como mosca-branca, tripes e pulgões, além de intoxicações por deriva das pulverizações com agrotóxicos.
     Na escolha da área é importante conhecer o caminho dos ventos dominantes e a necessidade de implantação de quebra-ventos, de modo que a sua instalação não sombreie os cultivos.
     A fertilidade do solo e as suas características físico-químicas são conhecidas por meio de análise laboratorial de amostras da área a ser cultivada. Para tanto, é importante que a amostragem seja feita respeitando-se as normas técnicas. Por isso, não se dispensa a presença ou as orientações de técnicos que serão os interpretadores dos resultados e orientadores das correções a serem feitas no solo.

Preparo  do solo
Autor: Euclides Schallenberger

    O preparo do solo é uma atividade que  tem como objetivo melhorar as condições de instalação e desenvolvimento das culturas, assim como preservar as características físicas, químicas e biológicas do solo. Tal prática é considerada uma das mais importantes no manejo do solo, pois o uso excessivo de máquinas e implementos inadequados favorecem a degradação.  Assim, além de preparar o solo corretamente para não perder as propriedades, é necessário aumentar o seu potencial produtivo.
     Na produção de hortaliças deve-se dar preferência ao sistema de plantio direto. Nesse sistema ocorrem as menores perdas de matéria orgânica e fertilidade, além da diminuição dos processos de erosão e de compactação do solo.

Plantio direto
     A técnica de plantio direto consiste em movimentar minimamente o solo. Assim, o uso de máquinas agrícolas no solo é reduzido, com a finalidade de menor revolvimento e compactação. Trata-se de uma forma não convencional de preparo do solo para receber mudas ou sementes de uma determinada cultura. A menor quantidade de passadas de trator, além de economia de combustível, revolve menos o solo, preservando a estrutura do mesmo e mantendo-o coberto pelos resíduos da cultura que antes estava instalada na área. Essa técnica contempla o preparo do solo apenas nas linhas de plantio (Figura 1). Desse modo, só nelas é que o solo será revolvido. Logo, as entre linhas permanecem sem o emprego de máquinas e implementos o que favorece a manutenção da estrutura que permite a infiltração de água que irá diminuir a ação de processos erosivos. 
  
      

FIGURA 1. Abertura de sulcos para plantio de hortaliças, com as enxadas centrais da rotativa de microtrator.  A área entre filas permanece intacta e coberta pela palhada da vegetação de cobertura que foi roçada.

     Em áreas com alto grau de declividade, o plantio direto pode ser usado por meio do preparo do solo restrito aos sulcos em que as mudas ou sementes serão inseridas. Mais uma vez o revolvimento de apenas uma parte do terreno favorece a conservação do solo (Figuras 2 e 3).
     Esse sistema de preparo do solo é indicado para o cultivo de hortaliças onde o espaçamento entre as linhas de plantio é de aproximadamente um metro. Nesse caso, o preparo do solo é realizado com a roçada de toda área de cultivo e revolvimento do solo somente na linha de plantio por meio da utilização da enxada rotativa adaptada para este fim. Nessa linha é aplicado inicialmente o adubo, que será incorporado ao solo.
     A adaptação da enxada rotativa do microtrator para o preparo apenas da linha de plantio, consiste na retirada das enxadas laterais da rotativa, deixando apenas as enxadas centrais numa largura entre 30  e 40cm. Assim, somente a linha de plantio é adubada e revolvida.
     Para o controle das plantas invasoras, na linha de plantio é feita capina e, nas entre linhas, quando necessário, roçam-se entre linhas.

  

FIGURA 2. Plantio direto de pepineiro
  



FIGURA 3. Plantio direto de repolho.
                 
Vantagens do plantio direto
- Aumento da matéria orgânica do solo;
- Diminuição da erosão;
- Estabilidade da temperatura do solo;
- Aumento dos microrganismos benéficos no solo;
- Reciclagem de nutrientes;
- Melhora da infiltração e retenção da água;
- Controle de plantas espontâneas;
- Controle de pragas e doenças;
- Diminuição de custos;
- Menor gasto de energia;
- Manutenção da superfície do solo coberta;
- Redução da perda de água por evaporação.


Sistema convencional de preparo do solo
     Consiste em uma lavração com 20 a 25cm de profundidade, seguida de gradagens e/ou rotativação. As enxadas rotativas, quando usadas, devem ser em baixa rotação para não desestruturar o solo.

Desvantagens
- As palhadas são aprofundadas no solo;
- O solo fica mais tempo descoberto e exposto à erosão;
- Ocorre maior perda de água;
- Formação de camada compactada (pé-de-arado);
- Eleva a temperatura do solo;
- Requer maior consumo de energia;
- Tem maior custo com mão-de-obra e horas de máquinas;
- Desequilibra a biologia do solo.

Rotação de culturas
     É desejável que a lavoura seja conduzida com alternância de diferentes espécies, não repetindo o plantio de uma mesma hortaliça duas vezes consecutivas na mesma área, o que propicia o maior benefício à produção, maior sanidade das plantas e menor efeito negativo ao ambiente.
        
Calagem do solo
     A aplicação de calcário sem a recomendação da análise do solo pode provocar desequilíbrio nutricional nas plantas e até inviabilizar o solo para o cultivo.
     Para cultivo de hortaliças, de uma maneira geral, o pH 6,0 é o mais indicado. Solos ácidos, com pH abaixo de 6,0 não disponibilizam de forma adequada os macronutrientes que a planta exige e, acima de pH 6,0 não há boa disponibilidade da maioria dos micronutrientes. Assim, a correção do pH do solo é fundamental para o bom equilíbrio da disposição dos nutrientes para as plantas (Figura 4) e, consequentemente, para sua nutrição, sanidade e produtividade desejadas. A correção da acidez do solo, se necessária, deve ser feita com base na análise de amostras do solo. A relação cálcio/magnésio  indicará a escolha de calcários calcítico ou dolomítico. O calcário necessário deve ser preferencialmente aplicado 180 dias antes do plantio.

 FIGURA 4. Disponibilidade de nutrientes em função do pH  do solo.

     Resultados de pesquisa obtidos na Estação Experimental de Urussanga indicam que se a adubação for feita com composto orgânico, por um período mínimo de 5 anos, não há necessidade de corrigir a acidez do solo (Silva et alii, 2013).





terça-feira, 10 de novembro de 2015

Mercado e Economia

Autor: Irceu Agostini

Publicação:  O trabalho compõe a parte I – Recomendações gerais para produção sustentável de hortaliças -  do Boletim Didático nº 107  “Produção de hortaliças em Santa Catarina”, publicado pela Epagri. Interessados em adquirir a publicação completa e ilustrada com 156 páginas, devem entrar  em  contato  através do site: www.epagri.sc.gov.br

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Recomendações gerais
     A atividade olerícola possui algumas peculiaridades, entre elas a alta perecibilidade dos produtos, o ciclo curto das hortaliças e o uso intensivo de área, mão-de-obra e insumos.
     Devido a essas peculiaridades e, sobretudo, ao alto dinamismo da atividade, a primeira e mais importante providência do produtor ao iniciar (ou incrementar) a produção de hortaliças é procurar conhecer bem o mercado que irá absorver seus produtos. Algumas questões devem ser levantadas antes mesmo de iniciar o plantio, como: “o que, para quem e quanto produzir”. Só depois disso é que se passa a levantar a questão do “como produzir”, ou seja, “qual a tecnologia de produção”.

A rentabilidade de algumas hortaliças
     A título de exemplo, apresenta-se, a seguir, a rentabilidade de algumas hortaliças cultivadas na região central do Litoral Catarinense (Tabela 1). Estes resultados foram levantados pelo grupo de gestão agrícola, vinculado ao projeto de Administração Rural e Socioeconomia da Epagri, que acompanhou propriedades produtoras de hortaliças da região durante o período estudado.

Tabela 1 - Renda bruta, custos variáveis e margem bruta das principais hortaliças cultivadas na região central do Litoral Catarinense, nos anos 1995 -2001. 

Atividades

Indicadores (US$/ha)2
Renda
Bruta*
Custos Variáveis1
Margem Bruta*
Batata doce
3.733
223
3.510
Beterraba
4.985
1.200
3.785
Cenoura 
2.888
530
2.358
Couve-flor 
4.443
917
3.526
Repolho
6.888
870
6.019
Tomate
18.387
3.445
14.942
Fonte: Epagri, 2005.
1 A renda bruta resulta da quantidade vendida dividida pelo preço da hortaliça; a margem bruta é a diferença entre a renda bruta e o custo variável, que é a soma de todos os custos efetuados na cultura, excluídos os custos fixos (que são os gastos com a infraestrutura utilizada na produção, como terra, máquinas, equipamentos, benfeitorias, etc).

2 Os valores, em dólares (US$) por hectare, referem-se à média das melhores propriedades acompanhadas durante este período.


     Em todas as atividades é possível perceber que a margem bruta é sempre um valor muito alto em relação ao custo variável. É que o custo da mão-de-obra, que é um custo expressivo, foi incorporado ao custo fixo, por se tratar de mão-de-obra familiar. Assim, mesmo que o valor da margem bruta seja alto, isto não garante que a atividade seja lucrativa, pois desta margem bruta ainda precisa ser descontado o custo da mão-de-obra familiar e todos os demais custos fixos.
     O cultivo de tomate é o que apresenta a maior margem bruta, muito acima das dos demais cultivos, como pode ser observado na Tabela 1. Isto, no entanto, não permite concluir que o tomate sempre será o cultivo mais rentável dentro da olericultura porque o preço das hortaliças pode variar muito de um ano para outro e, consequentemente, a margem bruta também e qualquer projeção de resultados econômicos poderá ser rapidamente anulada devido a estas grandes flutuações nos preços. Diante disso, a recomendação econômica mais segura em relação à escolha da espécie a ser cultivada é a diversificação de cultivos. Ao diversificar os cultivos, o produtor tem a chance de recuperar com uma espécie o que tiver perdido com outra. Mas também não se pode exagerar na diversificação, utilizando um grande número de espécies, porque haverá dificuldades na operacionalização do sistema, seja pela dificuldade de especialização do produtor, seja pela maior complexidade na condução da produção em si e da própria comercialização.
     Ainda que o tomate apresente a maior margem bruta (Tabela 1) não é possível afirmar que o tomate seja a cultura olerícola mais rentável porque esta margem bruta está expressa como “por hectare”. Dividindo-se as margens brutas da Tabela 1 pelas respectivas necessidades de mão-de-obra de cada cultura, as margens brutas passam a ser expressas em margem bruta “por dia-homem (DH) trabalhado” (Tabela 2). Assim, pode se observar que o tomate apresenta uma das menores margens brutas por DH trabalhado, sendo o repolho o cultivo de maior margem bruta por DH.
     Então, de acordo com os dados apresentados, que cultivo o produtor deveria incrementar se pretendesse aumentar sua renda? Para saber a resposta é preciso investigar o motivo pelo qual o produtor não expande a sua produção atual, se é por falta de área ou por falta de mão-de-obra? Se for por falta de área, então o produtor deveria aumentar a área de tomate, pois é o que apresenta a maior margem bruta para cada hectare cultivado (Tabela 1). Se é por falta de mão-de-obra, que provavelmente será o caso mais frequente, então o produtor deveria aumentar a área de repolho, pois é o que apresenta a maior margem bruta para cada DH trabalhado.

Tabela 2 - Renda bruta, custos variáveis e margem bruta das principais hortaliças cultivadas na região central do Litoral Catarinense, nos anos 1995 a 2001.

Atividades

Mão de obra utilizada (DH/ha)

Indicadores econômicos (US$/DH)*
Renda
Bruta
Custos Variáveis
Margem Bruta
Batata doce
71
53
3
50
Beterraba
55
91
22
69
Cenoura 
118
24
4
20
Couve-flor
60
74
15
59
Repolho
53
130
16
114
Tomate
454
41
8
33
Nota: ha = hectare.
*Os valores, em dólares (US$) por dia-homem (DH), referem-se à média das melhores propriedades acompanhadas durante este período
Fonte:  Rochenbach et al., 2005

     Portanto, o fator determinante para que o produtor possa escolher a espécie olerícola que irá cultivar está em conhecer qual o fator de produção mais limitante, se a área ou a mão-de-obra. O produtor deve preferir aquela que  agrega mais margem bruta em relação ao fator de produção que mais limita a produção.












sábado, 10 de outubro de 2015

Mosca-das-frutas: principal praga das frutíferas, especialmente no final da primavera e verão

Fonte:  O trabalho faz parte do livro “Cultive uma horta e um pomar orgânico: colha sabor e saúde”, publicado pela Epagri. Interessados em adquirir a publicação completa e ilustrada com 319 páginas, devem entrar no site: www.epagri.sc.gov.br e acessar  os link “Publicações” e “Livros”.

É a principal praga da maioria das frutas comestíveis, tendo em vista que as condições climáticas permitem, durante todo o ano, a existência de frutos cultivados e silvestres, favorecendo a sobrevivência e o deslocamento da praga de uma planta para outra. Os danos são causados diretamente nos frutos pela fêmea adulta, principalmente das espécies Anastrepha fraterculus e Ceratitis capitata), que os perfura  com o ovipositor (formato de agulha). São depositados de um a cinco ovos de onde eclodem as larvas que consomem a polpa, provocando o apodrecimento interno. A fase de oviposição dura de 65 a 80 dias, sendo que nesse período a fêmea oviposita de 278 a 437 ovos. Dentro da fruta, as larvas passam por várias fases de desenvolvimento até alcançar a maturação, momento em que saem do fruto para o solo, se enterram e, em aproximadamente duas semanas, surgem as novas moscas adultas que reiniciam o ciclo de vida. O período de maior ocorrência das moscas vai de novembro a março, quando as temperaturas são mais altas. Outro fator que também favorece a disseminação da praga é a existência de diversos ciclos de frutificação de um mesmo hospedeiro ao longo do ano, a exemplo da goiaba, da carambola e dos citros.

Manejo da praga: antes do advento dos inseticidas químicos, o controle da mosca limitava-se às práticas de controle biológico e mecânico, tais como limpeza dos pomares, recolhimento dos frutos que caíram no solo, capinas e lavras superficiais, com a finalidade de destruição das pupas, e caça com vidros pega-moscas (armadilha). Atualmente, diante da preocupação cada vez maior dos consumidores com o ambiente, recomendam-se várias práticas no sentido de reduzir ao máximo os danos com as pragas. O ensacamento, o controle biológico natural, o uso do extrato e do óleo de nim e o preparo de armadilhas são práticas recomendadas:

Ensacamento das frutas: é uma das práticas fitossanitárias mais antigas e eficazes. Na década de 60, na grande Porto Alegre, era prática usual, mesmo na produção comercial, a utilização de sacos de papel encerado e de papel-manteiga para ensacar as frutas e folhas de jornal para proteger os cachos de uva do ataque de vespas e outros insetos. No caso de citros, até hoje ainda é feita a proteção com papel-jornal. De forma geral, deve-se proteger os frutos no período de maior ataque das moscas, ou seja, no final da primavera e no verão. Em geral, a mosca ataca preferencialmente frutos maduros (amarelos), pois as larvas não conseguem se desenvolver em frutos verdes. Para os frutos de pêssego, o ideal é ensacá-los antes do início do inchamento do fruto (diâmetro de 6 a 7cm). No caso das goiabas, recomendasse ensacar os frutos ainda pequenos (tamanho de azeitonas) com saquinhos de papel encerado com o objetivo de protegê-las das moscas e também do gorgulho e de outras pragas. Atualmente, existem no comércio vários tipos de sacos de papel, confeccionados por diversas firmas e destinados ao ensacamento de pêssego, ameixa, goiaba, laranja, bergamota ou mexerica, pêra, maçã e caqui, entre outras frutas. Os principais tipos são de papel encerado, branco (40g/m2) e de papel pardo. Os tamanhos são variáveis conforme a fruta, sendo o de 35 x 18cm para pêssego, ameixa e goiaba e o de 40 x 24cm para pêra, caqui e bergamota ou tangerina.

Controle biológico natural: consiste no recolhimento e no enterrio dos frutos caídos no solo com o objetivo de matar as larvas neles alojadas. A armadilha deve ser preparada da seguinte forma: faz-se a coleta dos frutos caídos, colocando-os em pequenos buracos (50 x 50 x 30cm) no meio do pomar; no fundo do buraco coloca-se uma camada de 10cm de areia, coberta por uma tela fina (malha de 2mm) para impedir a saída das moscas (larvas já transformadas em adultos) e facilitar a passagem das vespinhas que fazem o controle biológico.


Armadilhas (caça-moscas): é um recipiente simples utilizado como armadilha para capturar os adultos da mosca-das-frutas. Pode ser adquirido pronto nas casas agropecuárias ou pode ser adaptado de um recipiente de plástico, deixando-se algumas aberturas na porção mediana e colocando-se uma isca atrativa. As armadilhas deixam as moscas entrarem atraídas pela isca, as quais morrem por afogamento. Preparo e uso da armadilha PET (garrafas plásticas transparentes de refrigerantes, águas, sucos, etc.): marcam-se na garrafa PET, com auxílio de uma caneta, três retângulos de 2cm de altura por 1cm de largura na parede lateral, a uma altura de 10cm a partir da base da garrafa. Cortam-se os quadrados, seguindo as linhas marcadas com a caneta, com a ponta de um objeto cortante. Através desses quadrados vazados os insetos entrarão no interior da armadilha. Prende-se uma das extremidades do fio de arame de 30cm no gargalo da garrafa, logo abaixo do encaixe da tampa, sendo que a outra extremidade será usada para pendurar a armadilha na fruteira. Antes de pendurar a armadilha, deve-se abastecê-la com a isca atrativa (300ml) feita com melaço de cana-de-açúcar a 7% ou com vinagre de vinho tinto (25%); acrescentar 10g de bórax na solução para retardar a decomposição do atrativo e por ser tóxico para os adultos da mosca-das-frutas. Instalação e manutenção da armadilha PET: deve ser instalada uma a cada 50m na porção mediana da copa da fruteira a uma altura de 3/4 do total, a partir do nível do solo (Figura 1), num galho que fique mais para a periferia (Figura 2) e na porção menos exposta ao sol (leste). Os frascos devem ser inspecionados a cada 15 dias, no máximo, trocando-se a isca e enterrando-se no solo os insetos capturados. Deve-se tomar cuidado para que o frasco mantenha a transparência e que o atrativo não escorra pela parte externa do mesmo para evitar que as moscas se alimentem por fora e vão embora.

Figura 1. Armadilha caça-moscas confeccionada com garrafa PET e utilizada em goiabeira




Figura 2. Posição correta da instalação da armadilha em goiabeira
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