Horta
Orgânica Comunitária do bairro da Estação, em Urussanga: Exemplo a ser seguido
A horta comunitária tem uma longa história, mas agora ela surge como uma
alternativa viável. Conforme a finalidade, as hortas são denominadas de
doméstica ou domiciliar, escolar, comunitária ou coletiva e comercial
(finalidade lucrativa). As três primeiras tem como finalidade, produzir
alimentos saudáveis em quantidades suficientes para consumo próprio e, o mais
importante, sem riscos ao meio ambiente. A horta comunitária contribui na
ocupação benéfica de terrenos baldios, ociosos, em áreas urbanas que muitas
vezes são utilizados como depósito de entulhos e lixo (focos de contaminação e
transmissão de doenças). Ao proteger e conservar os terrenos e, o mais
importante, produzir alimentos para inúmeras famílias, sem agredir o meio
ambiente, a horta comunitária tem uma função fundamental na beleza da cidade e,
o mais importante, na melhoria da qualidade de vida das pessoas envolvidas.
Em Urussanga, graças à sensibilidade do casal Lia e Jurandir Piovezan, do
bairro da Estação, temos a primeira horta comunitária (Figura 1) que servirá, com certeza,
de inspiração para outras pessoas de outros bairros. A área foi cercada e
construídos vários canteiros, com água disponível para irrigação e 3
composteiras, com a finalidade de transformar restos de cultivos e lixo
orgânico produzido pelos participantes, em adubo orgânico. Cada família é
responsável pelo cultivo das espécies que desejar no seu canteiro.
Figura 1. Horta orgânica comunitária do bairro da Estação, em Urussanga, SC
1. OBJETIVO GERAL: Produzir, de forma
solidária, alimentos frescos, saudáveis, mais nutritivos e mais baratos,
promovendo o acesso e disponibilidade dos mesmos e, o mais importante, sem
riscos ao meio ambiente e à saúde das pessoas.
2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS: Aproveitamento
das áreas ociosas; Fortalecer o convívio comunitário, exercitando a cooperação
e o trabalho em equipe; Contribuir na complementação da alimentação e na
produção de chás, a partir de plantas medicinais; Desenvolver práticas
sustentáveis e hábitos alimentares saudáveis; Incentivar outros moradores do
bairro e da cidade no cultivo de uma horta orgânica em suas residências;
Qualidade de vida e respeito ao meio ambiente; Promoção da saúde da população
como um todo, através de ações educativas, trabalhando de forma prazerosa os
aspectos ambientais e sociais; Elevação da autoestima, pois com o trabalho
diário dedicado na produção de seu próprio alimento, ajuda as pessoas
envolvidas de todas as faixas de idade, viverem mais e melhor; A horta, quando
conduzida com prazer, torna-se uma terapia eficiente para problemas como
estresse, depressão e outros, resgatando deste modo a alegria de se viver e se
sentir incluído na sociedade como um todo; Proporcionar salutar exercício ao ar
livre, ao preparar o solo, semear, capinar, irrigar, observar o crescimento,
colher e consumir hortaliças frescas, saudáveis e sem agrotóxicos, é uma atividade importante para prevenção de
doenças.
Cultive uma horta orgânica e colha
saúde, qualidade de vida e paz com a natureza !
10 passos para implantar e conduzir uma horta orgânica
comunitária*
Fonte: Adaptado da fonte
A horta comunitária contribui na ocupação benéfica de terrenos baldios
ociosos em áreas urbanas que muitas vezes são utilizados como depósito de
entulhos e lixo (focos de contaminação e transmissão de doenças). Ao proteger e
conservar os terrenos e, o mais importante, produzir alimentos frescos,
saudáveis, mais nutritivos e, mais baratos, para inúmeras famílias, sem agredir
o meio ambiente, a horta comunitária tem uma função fundamental na melhoria de
qualidade de vida das pessoas, além de unir as pessoas envolvidas. Ao
iniciar uma horta, é importante visitar a horta comunitária do bairro da
Estação (defronte à igreja Nossa Senhora Aparecida), em Urussanga, belo exemplo a ser seguido. A seguir, algumas dicas para o sucesso da horta
comunitária:
1.Comece a falar sobre a horta comunitária: Antes de semear a semente ou plantar
a muda, plante a ideia. Converse com pessoas de sua comunidade e fale sobre os
benefícios e todas as vantagens que uma horta comunitária pode trazer para os
envolvidos.
2. Encontre o espaço ideal: Em grandes cidades as áreas livres estão cada vez mais escassas. O
terreno ideal deve ser plano e ensolarado e cercado, para evitar a entrada de
animais domésticos. É importante que seja feito a análise do solo para
conhecimento da acidez do solo e do teor de matéria orgânica de nutrientes,
para posterior interpretação e recomendação do técnico do município.
3. Pesquise algum tipo de subsídio na sua região: Algumas prefeituras disponibilizam
sementes, ferramentas e até instrutores para ensinarem as primeiras técnicas.
Existem também ONGs e técnicos aposentados que podem ajudar às pessoas de menor
conhecimento e prática.
4. Construa canteiros individuais,
que podem ser, preferencialmente, de tijolos, mas também pode ser com materiais
recicláveis (garrafas pet, pneus descartados, madeira e outros): Dessa forma, cada família ou pessoa é
responsável pelo cultivo das espécies que mais aprecia.
5. Inicie um sistema de compostagem, para fazer o próprio adubo orgânico
no local: Um sistema simples
é a composteira caseira ou minhocário. Ela pode ser feita pelos próprios
participantes, aproveitando os restos de cultivos e lixo orgânico das família
participantes. O adubo orgânico produzido é usado na plantação, substituindo os
fertilizantes químicos.
6. Dê liberdade aos participantes: Cada pessoa deve escolher o que plantar no seu
espaço. É importante incentivar os participantes para multiplicarem suas
próprias sementes e mudas e, com isso fazendo troca uns com os outros e, dessa forma, aumentando o
número de espécies (biodiversidade). Quanto maior a biodiversidade, princípio
básico para produção de alimentos orgânicos, maior é o equilíbrio ecológico e, menor os problemas com insetos-pragas.
7. Tenha regras: O ideal é ter um planejamento. Escalas que determinam dias e horários dos
responsáveis pela rega das plantas, por exemplo, é importante, evitando-se que os canteiros recebam
água de mais ou de menos. Mutirões de plantio e limpeza também são sempre
bem-vindos. Uma liderança é importante para manter a horta sob controle e
também para resolver atritos, receber sugestões e criar novas soluções para melhorar
a qualidade da horta.
8. Convide pessoas experientes para conversar com a comunidade: Receber bons conselhos e trocar
experiências é essencial para manter o grupo unido e melhorar as técnicas de
plantio. Além disso, a participação de palestrantes voluntários é muito
importante para compartilhar o conhecimento e incentivar ainda mais a comunidade.
9. Torne o seu espaço atraente: Isso também inspira muito a comunidade e atrai
novos participantes. Afinal, quem não gosta de estar em um local agradável?
10. Compartilhar refeições comunitárias no jardim: Este é um jeito especial de comemorar
a colheita, os árduos meses de trabalho. Além disso, é sempre gostoso dividir
uma refeição com a família e os amigos.
Como tornar a Horta Comunitária Orgânica e Sustentável?
Parte I
Atualmente a palavra “sustentabilidade” está em destaque e, tem sido
cada vez mais uma preocupação mundial, felizmente. Não se trata de modismo,
pois exemplos de sustentabilidade, são relatados em todos os setores de
produção. Desenvolvimento sustentável tem sido definido como “modelo econômico
capaz de satisfazer as necessidades das gerações atuais, levando em
consideração as necessidades e interesses das futuras gerações”. É o desenvolvimento que não esgota os
recursos para o futuro, conciliando crescimento econômico
e preservação da natureza.
Produção de adubo natural através do processo da
compostagem: A horta
para ser considerada sustentável, deve se utilizado o mínimo possível de
insumos (adubos e outros produtos), bem
como a água (recurso natural escasso) para irrigação, vindos de fora. Por isso,
especificamente em relação à adubação das plantas, fundamental para o sucesso
da horta, deve-se produzir no local, o
composto orgânico, através da
compostagem. A compostagem é um processo que resulta no composto orgânico, um
adubo natural, de ótima qualidade e, o mais importante, não polui o meio
ambiente, como os adubos químicos. É um processo
controlado de fermentação de resíduos orgânicos para produção de adubo orgânico
.Além de ser uma boa fonte de macronutrientes, possui micronutrientes
essenciais para o desenvolvimento das plantas e, ainda reduz a acidez do solo,
ao contrário dos adubos químicos e estercos de animais que podem salinizar e acidificar o solo e contaminar o solo e os
rios. Além disso, devido a temperatura
alta que alcança no processo da compostagem (até 65ºC), durante a fermentação, os
microorganismos causadores de doenças das plantas e as sementes de plantas
espontâneas (“mato”) não sobrevivem.
Como é feito o composto orgânico? Para isso, deve-se
reservar um espaço para construir, no mínimo, duas composteiras. O método mais prático e difundido, consiste em montar as pilhas alternando-se
restos vegetais (folhas, capins, restos de cultivos e até as plantas
espontâneas - “mato”, bagaço de cana de
açúcar, aparas de gramas) e/ou restos domésticos (restos de alimentos, com
excessão de carne, borra de café e erva-mate, restos de frutas e hortaliças,
casca de ovos) com meios de fermentação
(estrume fresco de animais), numa proporção aproximada de 3 a 5 partes de
vegetais para 1 de esterco fresco. Quanto mais picado os restos vegetais, tanto mais rápido é a
transformação em adubo orgânico. Não havendo esterco de animais, pode-se
utilizar terra para colocar após a camada de restos de vegetais e/ou
domésticos. Periodicamente, é feito o
revolvimento do composto, umedecendo, quando necessário, pois os
microorganismos necessitam de calor, umidade e ar para decompor e transformar o
lixo orgânico em adubo natural.
Como tornar a Horta Comunitária Orgânica e Sustentável?
Parte II
Na edição anterior do jornal
Vanguarda, foi comentado que para uma horta ser considerada sustentável (desenvolvimento
que não esgota os recursos para o futuro, conciliando crescimento
econômico e preservação da natureza), não deve depender de
insumos vindos de fora do local e, por isso, mostrou-se que os adubos orgânicos
podem ser produzidos no local, através da compostagem, utilizando-se restos
de vegetais, restos de alimentos (com
exceção de carne) e estrume de animais.
Nesta edição, vamos mostrar que outros insumos como sementes e mudas e
preparados de plantas para o manejo de doenças e pragas, também podem ser
preparados no local.
Produção de mudas e sementes próprias: Na produção de uma horta sustentável, com base agroecológica, deve-se
sempre que possível, tornar-se independente de insumos externos, priorizando,
quando possível o resgate das variedades crioulas e/ou multiplicando as mudas e
sementes de variedades comerciais que tenham se destacado. O uso e manutenção
de variedades crioulas é muito importante na sustentabilidade da horta, pois
são sementes com grande variabilidade genética,
rústicas e resistentes às doenças e pragas, melhoradas ao longo do tempo
e, conservadas pelos agricultores, de geração para geração. Ao serem
selecionadas as sementes vão se adaptando às mudanças climáticas com o tempo e,
por isso, garantem maior estabilidade ou seja, mesmo em condições
desfavoráveis, ainda assim haverá alguma produção. Com a “modernização”
da agricultura as variedades crioulas foram sendo substituídas por variedades
industriais e, especialmente híbridos e, mais recentemente, transgênicos,
causando a dependência dos agricultores, a perda da agrobiodiversidade e, o que
é pior, aumentando o risco para a saúde das atuais e futuras gerações (ex.:
sementes transgênicas). Como exemplos de mudas e sementes
que devem serem multiplicadas, podemos destacar a produção própria de ramas
(mudas) de aipim e batata-doce e de sementes de alface (variedades crioulas),
tomate cereja (perinha), tomate italiano, abobrinha, moranga, pepino e milho
variedade.
Preparado de plantas e uso de plantas repelentes
para o manejo de pragas e doenças: Em ambientes equilibrados e
saudáveis, normalmente, não ocorre pragas e doenças. No entanto, especialmente
na primavera, estação do ano de fertilidade e de grande atividade na natureza,
poderão ocorrer algumas pragas que causam danos nas plantas, além de
favorecerem o surgimento de doenças. Considerando que a proposta da horta é de
ser sustentável e que os insumos químicos (agrotóxicos) prejudicam a vida do
solo e do meio ambiente, além de aumentar o custo de produção, serão utilizados
produtos alternativos produzidos na
horta, a partir de preparados de plantas medicinais, sempre e somente quando
necessários. Como exemplo, citamos a sálvia e o boldo (plantas medicinais
plantadas na horta), ótimos repelentes da borboleta que põe os ovos nas
plantas, dando origem as lagartas que atacam severamente as couves, repolho,
brócolis e couve-flor. Outro produto alternativo muito eficiente para o manejo
de vaquinhas, pulgões, grilos, paquinhas e outros insetos é o preparado com
pimenta, especialmente as mais ardidas, como a malagueta.
Como tornar a Horta Comunitária Orgânica e Sustentável?
Parte III - final
Nas edições anteriores do jornal Vanguarda, comentou-se que para uma
horta ser considerada sustentável (desenvolvimento que não esgota os recursos para o
futuro, conciliando crescimento econômico
e preservação da natureza), não deve depender de insumos vindos de fora
do local e, por isso, mostrou-se que os adubos orgânicos, sementes e mudas e,
preparados de plantas e plantas repelentes, visando o manejo de pragas e
doenças, podem ser produzidos e cultivados no local.. Nesta edição, vamos
mostrar que através da biodiversidade, ou seja, o cultivo do maior número
possível de espécies na horta, poderemos ter o equilíbrio ecológico,
favorecendo o abrigo, reprodução e alimentos dos inimigos naturais das pragas
que atacam os cultivos. Na irrigação, através de perfuração de poços ou então,
coleta da água da chuva, podemos estar poupando água, recurso cada vez mais
escasso.
Biodiversidade e o manejo de pragas com o auxílio
dos inimigos naturais: Um dos princípios para termos uma agricultura
mais sustentável é a preservação e ampliação da biodiversidade ou diversidade
biológica. Para o sucesso da agricultura orgânica deve-se procurar imitar,
dentro do possível, o que ocorre numa floresta, onde todos os seres vivos estão
em perfeito equilíbrio. Todas as
pragas das culturas tem seus inimigos naturais que as devoram, diminuindo e até
eliminando o problema. Daí a importância de diversificar os cultivos o máximo
possível (rotação e consorciação de cultivos), plantio de diferentes espécies
de plantas e até preservar refúgios naturais como as matas, cercas vivas e
capoeiras para manter a diversidade natural da fauna (ácaros predadores,
aranhas, insetos, anfíbios, répteis, aves e mamíferos. Todos fazem parte do
grande conjunto natural e cada um contribui para a manutenção do equilíbrio da
natureza. Como exemplo, citamos as joaninhas que comem pulgões, praga que ataca
especialmente a couve, repolho, brócolis e couve-flor.
Irrigação: Embora dois terços do planeta terra seja formado por água, apenas
0,008 % do total é potável (própria para o consumo). E, o que é pior, grande
parte das fontes desta água (rios, lagos e represas) está sendo contaminada,
poluída e degradada pela ação predatória do homem. Esta situação é preocupante,
pois poderá faltar, num futuro próximo, água para o consumo de grande parte da
população mundial. Sendo a água de qualidade, um recurso natural cada
vez mais escasso e, considerando que busca-se uma horta sustentável, a instalação de cisterna para aproveitar a
água da chuva, para irrigação. O
cultivo de hortaliças sem complementação de água de boa qualidade, através da
irrigação, é praticamente, impossível. As hortaliças, por terem ciclo curto,
sofrem mais que outras espécies com pequenos períodos de estiagem. Além disso,
a maioria das hortaliças são exigentes, pois apresentam em sua composição mais
de 85% de água. A qualidade da água é muito importante, pois grande parte das
hortaliças são consumidas cruas.