No dia 5 de Agosto, o Brasil celebra o ”Dia Nacional da Saúde”. Foi escolhida essa data em homenagem ao médico Oswaldo Cruz, que nasceu em 5 de agosto de 1872. Ele foi pioneiro no estudo de moléstias tropicais e da medicina experimental no Brasil. Em 1900, fundou o Instituto Soroterápico Nacional, em Manguinhos, no Rio de Janeiro, hoje Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Em 1909, Oswaldo Cruz deixou a Diretoria Geral de Saúde Pública, passando a se dedicar apenas ao Instituto (Fiocruz), onde lançou importantes expedições científicas que possibilitaram a ocupação do interior do país. Erradicou a febre amarela no Pará e realizou a campanha de saneamento da Amazônia. Sua trajetória se confunde com a história da saúde pública brasileira.
O objetivo da comemoração do “Dia Nacional da Saúde” é promover a conscientização sobre a importância do tema entre a população, relembrar os cuidados que cada um deve ter com o corpo, promover a educação sanitária e ambiental e preservar o meio ambiente para as atuais e futuras gerações.
Estima-se que nos países em desenvolvimento a percentagem de mortalidade atribuível a causas ambientais é de 25%, e nos desenvolvidos de 17%. Verifica-se no dia-a-dia o quanto o ser humano está destruindo o meio ambiente. A poluição ambiental tem, em geral, duas causas principais. Uma delas é a tendência que o homem sempre sentiu para a mecanização, transformando as matérias-primas e, em consequência, formando quantidades apreciáveis de resíduos inúteis que acabam com o tempo, comprometendo o ambiente. A segunda causa da poluição ambiental está no contínuo aumento da população, o que implica numa crescente produção de alimentos e, com isso utilizando em excesso e de forma indiscriminada, fertilizantes e agrotóxicos que vão contaminar as fontes de água, o solo e ar.
O crescimento das cidades, as indústrias e os veículos estão causando transtornos para o ar, o solo e as águas. Ao crescer, as populações urbanas aumentam proporcionalmente às demandas de água potável e sistemas de rede de esgoto. O crescimento acelerado e desordenado do setor industrial causa diretamente a contaminação biológica, química e física, provocando aumentos no transporte e no consumo de energia e gerando mais refugos. A industrialização, somada aos efeitos negativos da mudança climática, está contribuindo para a deterioração do ambiente, qualidade de vida e saúde da população. Os processos de produção através das explorações mineiras, petrolíferas e agrícolas, bem como os hospitais, centros de saúde e laboratórios, as usinas de energia e a indústria manufatureira, são os maiores geradores de refugos químicos e resíduos sólidos perigosos. As refinarias de petróleo, indústrias químicas e siderúrgicas, fábricas de papel e cimento emitem enxofre, chumbo e outros metais pesados, além de diversos resíduos sólidos, provocando no homem distúrbios respiratórios, alergias, lesões degenerativas no sistema nervoso e em órgãos vitais, além do câncer. A emissão de gases tóxicos por veículos automotores é a maior fonte de poluição atmosférica. Nas cidades, esses veículos são responsáveis por 40% da poluição do ar, porque emitem gases como o monóxido e o dióxido de carbono, o óxido de nitrogênio, o dióxido de enxofre, derivados de hidrocarbonetos e chumbo.
Figura 1. Poluição atmosférica causada pelas indústrias
Na agricultura “moderna”, o uso de agroquímicos, especialmente o uso de herbicidas aplicados pelos aviões tem aumentado os riscos para a saúde humana, pois além de contaminar os alimentos, tem causado contaminações das pessoas, em função dos ventos, erros e negligência dos pilotos durante a aplicação. Vários casos tem sido noticiado pela imprensa falada e escrita. Nas cidades, apesar da proibição do uso de herbicidas (Lei federal nº 6.288 de 2002 e lei estadual -SC, nº 14.734 de 2009), é muito comum a prática da capina química. A utilização de herbicidas para eliminação da vegetação de terrenos vazios e de vias públicas das áreas urbanas vem-se tornando prática cada vez mais comum, sob o pretexto de que a capina química é mais econômica, rápida e eficaz. O pior é que, na maioria das vezes, os funcionários das prefeituras, empreiteiras e, moradores em geral, aplicam estes produtos muito perigosos para a saúde humana sem nenhuma proteção individual (EPI), como máscaras, óculos e roupas impermeáveis. Os herbicidas, como o glifosato (produto comercial roundup e outros), são aplicados indiscriminadamente em praças, parques, calçadas e nas proximidades de escolas, sem cuidados mínimos para que a ação do vento não contamine as pessoas e animais. Infelizmente não há, entre a maioria da população, a percepção do risco a que está exposta e acham que estas substâncias não fazem mal à saúde. Há informações de transtornos generalizados de vários sistemas de organismos depois das exposições a níveis de uso normais; esses transtornos incluem alterações no equilíbrio, vertigens, diminuição da capacidade cognitiva, convulsões, lesões na visão, olfato, audição e paladar, dores de cabeça, pressão sanguínea baixa, crispação e tiques em todo o corpo, paralisia muscular, neuropatia periférica, perda da coordenação motora, sudorese excessiva e fadiga severa.
O desenvolvimento é necessário, porém, o ser humano precisa respeitar o meio ambiente, pois dependemos dele para sobreviver neste planeta. Muitos problemas de saúde continuarão agravando-se devido à deterioração das condições de vida gerada pela insegurança pública, poluição sonora, escasso fornecimento de água potável e saneamento inadequado, eliminação incorreta de resíduos, contaminação química por agrotóxicos e fertilizantes, tabagismo e riscos físicos associados à aglomeração urbana. Todos estes problemas estão aumentando devido ao crescente aumento da população e, em consequência, o aumento na produção de alimentos. No modelo atual de produção de alimentos (agricultura “moderna), o Brasil já é desde 2008, o maior consumidor mundial de agrotóxicos e, o que é pior, vários produtos proibidos em outros países, estão sendo utilizados normalmente em nosso país.
Uma das principais responsabilidades do setor de saúde é a proteção do bem-estar público com a garantia de um ambiente físico e social saudável, que possibilite o desenvolvimento humano sustentável, ou seja, melhoria das condições materiais para responder às necessidades da atual geração, sem comprometer a resposta às necessidades das gerações futuras e, que proteja, especialmente, as pessoas mais vulneráveis da sociedade. Para tal fim, o setor saúde precisa colaborar com outros setores tais como ambiente, trabalho, agricultura e educação, entre outros. Da mesma forma, as comunidades locais, os países e as alianças internacionais deverão, individual e coletivamente, monitorar e rebater as muitas causas da deterioração ambiental. As desigualdades em educação, emprego, saúde e direitos políticos afetam a susceptibilidade das pessoas aos impactos ambientais negativos e podem resultar em doenças e até à morte. Existe consenso de que o desenvolvimento humano sustentável depende tanto da redução da pobreza como do amparo e promoção da saúde. O consumo de bens e serviços é um grande desafio à gestão ambiental em termos do controle de riscos e promoção da saúde.
Como a moradia e o local de trabalho das pessoas são seus ambientes mais importantes, as condições adequadas de moradia e trabalho são tão essenciais para garantir uma boa saúde quanto o meio ambiente em geral. Um problema sério é o das comunidades rurais, onde os pobres estão mais expostos à riscos de saúde, principalmente aqueles que vivem em zonas endêmicas de doenças transmitidas por vetores tais como malária, dengue e febre amarela. Outro problema é a localização da moradia, geralmente, em locais favoráveis às catástrofes, especialmente enchentes e enxurradas, e, em consequência ficam mais sujeitas à doenças tais como a leptosporiose, transmitida pela urina dos ratos. Além do aumento da pobreza, a desigualdade social e a urbanização, a fragmentação e desintegração de estruturas familiares e comunitárias geram ambientes pouco saudáveis, que favorecem por sua vez estilos de vida não saudáveis e comportamentos de risco em todas as etapas da vida. Ao mesmo tempo, persistem os problemas de mortalidade causados pela desnutrição de mães e crianças, infecções e falta de acesso à bens e serviços. Existe uma relação direta entre a dieta inadequada e as doenças crônicas: tanto as deficiências como os excessos nutricionais contribuem para uma dupla carga de doenças que afetam populações de todas as idades. As tendências crescentes nos estilos de vida e comportamentos de risco (consumo de tabaco, álcool e drogas e as várias formas de violência e acidentes) confirmam a necessidade crítica de estratégias de promoção da saúde.
A boa notícia é que estão em marcha diversas atividades para monitorar e avaliar a saúde ambiental, desenvolver políticas saudáveis sustentáveis em longo prazo, buscar alianças, desenvolver recursos humanos e estabelecer legislação adequada com respeito ao consumo de bens e serviços. O fortalecimento de instituições ambientais existentes e a redefinição de suas funções e organização, bem como o estabelecimento de recursos para proteger o ambiente e reduzir os efeitos deletérios sobre a saúde causados pelos desequilíbrios ambientais, tem sido ações cada vez mais presentes em nosso país.
Na agricultura, a primeira etapa para conquistar o desenvolvimento sustentável e a saúde ambiental é reconhecer que os recursos naturais são finitos e, por isso, usá-los com critério e planejamento. A partir daí, adotar um novo modelo de agricultura, chamadas de alternativas, ou seja, um conjunto de sistemas de produção que busca maximizar os benefícios sociais e a auto-sustentabilidade do sistema produtivo, minimizar ou até eliminar a dependência de energia não renovável (agroquímicos são obtidos do petróleo, fonte de energia não renovável) e preservar o meio ambiente através da utilização dos recursos naturais renováveis. Esses sistemas de produção têm como principais características: a) O uso intensivo da matéria orgânica para manter a fertilidade do solo e favorecer a microvida do solo; b) A diversificação da propriedade quanto ao cultivo (policultura); c) Minimização/eliminação do uso de energia fóssil (petróleo), insumos (agroquímicos) e tecnologias importadas; d) As práticas de cultivo mínimo e a integração da produção vegetal/animal e, e) Manutenção de matas nativas para preservar a biodiversidade.