Fonte:
Livro da Embrapa Hortaliças – Brasília, DF. Interessados em adquirir o livro “PRODUÇÃO
ORGÂNICA DE HORTALIÇAS – Coleção 500 Perguntas – 500 Respostas” devem entrar em
contato através do email: vendas@sct.embrapa.br; Para ver o livro completo, acessar: http://mais500p500r.sct.embrapa.br/view/pdfs/90000021-ebook-pdf.pdf
Com o objetivo de divulgar e aumentar o
conhecimento sobre agricultura orgânica,
estamos transcrevendo do livro, algumas
perguntas e respostas que consideramos mais relevantes.
Capítulo
1: Princípios Norteadores
Autores: Tereza Cristina de Oliveira Saminêz;
Rogério Pereira Dias; Fabiana Cóes de Almeida Nobre; Jorge Ricardo de Almeida
Gonçalves e Roberto Guimarães Habib Mattar.
O que é agroecologia?
Agroecologia
é a ciência que apresenta uma série de princípios e metodologias para estudar,
analisar, dirigir, desenhar e avaliar sistemas de produção de base ecológica
(agroecossistemas), mas não é uma prática agrícola ou um sistema de produção. É
uma nova abordagem que integra os conhecimentos científicos (agronômicos,
veterinários, zootécnicos, ecológicos, sociais, econômicos e antropológicos)
aos conhecimentos populares para a compreensão, avaliação e implementação de
sistemas agrícolas com vista à sustentabilidade.
Qual a relação entre
agroecologia e agricultura orgânica?
Em
termos simples, agroecologia é a ciência que norteia os sistemas orgânicos de
produção, ao passo que a agricultura orgânica é a aplicação prática dos
conhecimentos gerados pela agroecologia e abrange todas as linhas de base
ecológica, como biodinâmica, natural, conservacionistas.
Como se pode definir a
agricultura orgânica?
A
agricultura orgânica surgiu de 1925 a 1930 com os trabalhos do inglês Albert
Howard, que ressaltam a importância da matéria orgânica nos processos
produtivos e mostram que o solo não deve ser entendido apenas como um conjunto
de substâncias, tendência proveniente da química analítica, pois nele ocorre
uma série de processos vivos e dinâmicos essenciais à saúde das plantas (“solo
vivo”). Em 1940, Jerome Irving Rodale difundiu a agricultura orgânica nos EUA.
A base da agricultura orgânica é o manejo do solo com o uso da compostagem em
pilhas, de plantas de raízes profundas, capazes de explorar as reservas
minerais do subsolo, e da atuação de micorrizas na produtividade e “saúde das
culturas”.
Como surgiu o termo
“agricultura orgânica” usado hoje?
Na
década de 1920 surgiram, quase que simultaneamente, alguns movimentos
contrários à adubação química, que valorizavam o uso da matéria orgânica e de
outras práticas culturais favoráveis aos processos biológicos. Esses movimentos
podem ser agrupados em quatro grandes vertentes: a agricultura biodinâmica, a
orgânica, a biológica e a natural. Com o passar do tempo surgiram outras
designações de uso restrito para as quatro vertentes citadas, como método
Lemaire-Boucher, permacultura, ecológica, ecologicamente apropriada,
regenerativa, agricultura poupadora de insumos, renovável. Na década de 1970, o
conjunto dessas vertentes passaria a ser chamado de agricultura alternativa e,
logo depois, o termo agricultura orgânica passou a ser comumente usado com o
sentido de agricultura alternativa.
O que é equilíbrio
ecológico?
É
o estado ou condição de um ambiente natural, ou manejado pelo homem, em que
ocorrem relações harmoniosas entre os organismos vivos e entre estes e o meio
ambiente, ao longo do tempo. É uma condição fundamental para a sustentabilidade
dos sistemas orgânicos de produção, no tempo e no espaço.
O que é diversidade
biológica ou biodiversidade?
A
diversidade biológica, ou biodiversidade, compreende todas as formas de vida do
plantas (animais, plantas e microorganismos), suas diferentes relações e
funções e os diversos ambientes formados por eles. É responsável pela
manutenção e recuperação do equilíbrio e da estabilidade dos ambientes naturais
e manejados pelo homem. Proporciona o aumento da frequência de reprodução, da
taxa de crescimento, do tamanho e da diversidade de organismos vivos num dado
espaço e o consequente surgimento e manutenção de espécies que sustentam outras
formas de vida e modificam o ambiente, tornando-o apropriado e seguro para a vida.
Qual a relação e a
importância da biodiversidade para a agricultura orgânica?
Um
dos princípios da produção orgânica é a preservação e ampliação da
biodiversidade. A restituição da biodiversidade vegetal permite o
restabelecimento de inúmeras interações entre solo, plantas e animais,
resultando em efeitos benéficos para o agroecossistema. Entre esses efeitos
podem-se citar:
.
A variedade na dieta alimentar e de produtos para o mercado.
.
O uso eficaz e a conservação do solo e da água, com a proteção da cobertura
vegetal contínua, do manejo da matéria orgânica e implantação de quebra-ventos.
.
A otimização na utilização de recursos locais.
.
O controle biológico natural.
Como são tratados os
aspectos sociais e econômicos da produção na agricultura orgânica?
A
agricultura orgânica visa ao desenvolvimento de sistemas agropecuários
sustentáveis organizados localmente, levando em consideração os contextos
culturais, sociais e econômicos. É um modelo de produção ambientalmente
correto, socialmente justo e economicamente viável em pequena, média e grande
escala, que visa otimizar o processo produtivo em vez de maximizar a
produtividade. A agricultura orgânica incentiva a integração da cadeia
produtiva, a regionalização da produção e do comércio de produtos, a relação
direta entre produtor e consumidor final, o consumo responsável, o comércio
justo e solidário, e relações de trabalho baseadas no tratamento com justiça,
dignidade e equidade, independentemente das formas de contato de trabalho.
Quais as boas práticas
na diversificação da paisagem e na produção vegetal?
Os
sistemas orgânicos de produção agropecuária devem assegurar a preservação da
diversidade biológica dos ecossistemas naturais e modificados em que se insere
o sistema de produção. As práticas recomendadas são:
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Adoção de rotação de culturas diversas e versáteis que incluam adubos verdes,
leguminosas e plantas de raízes profundas, ou outras práticas promotoras de
diversidade.
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Diversificação entre e dentro das espécies cultivadas.
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Utilização de cordões de contorno.
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Promoção da biodiversidade vegetal e animal em áreas em que esteja cultivada
uma só espécie vegetal, com o plantio de várias espécies de plantas,
preferencialmente árvores nativas, ou da implantação de faixas de vegetação
intercaladas à cultura principal, criando corredores ecológicos.
.
Cobertura apropriada do solo com espécies diversas pelo maior período possível.
Quais as boas práticas
no manejo orgânico e na conservação do solo e água?
A
unidade produtora deve destinar áreas apropriadas cujo manejo respeite o
hábitat de espécies silvestres, preserve a qualidade das águas e a saúde do
solo. As práticas recomendadas são:
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Adoção de medidas para pevenir a erosão, a compactação, a salinização e outras
formas de degradação do solo.
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Minimização das perdas de solo.
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Utilização de matéria orgânica.
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Planejamento de sistemas que utilizem os recursos hídricos de forma responsável
e apropriada ao clima e à geografia local.
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Planejamento e manejo de sistemas de irrigação considerando as especificidades
de cada cultura.
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Manutenção e preservação de nascentes e mananciais hídricos.
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Utilização de quebra-ventos.
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Integração da produção animal e vegetal.
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Implantação de sistemas agroflorestais.
Quais as boas práticas
para a fertilidade do solo e a fertilização?
A
nutrição de plantas deve fundamentar-se nos recursos do solo, e a base para o
programa de adubação deve ser o material biodegradável produzido nas unidades
de produção orgânicas. O manejo da adubação deve minimizar as perdas de nutrientes,
assim como o acúmulo de metais pesados e outros poluentes. Os insumos, em seu
processo de obtenção, utilização e armazenamento, não devem comprometer a
estabilidade do hábitat natural, a manutenção de quaisquer espécies presentes
na área de cultivo ou não representar ameaça ao meio ambiente ou à saúde
humana.
Quais as boas práticas
no manejo de insetos-pragas?
Os
sistemas orgânicos de produção devem promover a estruturação das culturas em
ecosssistemas equilibrados visando à maior resistência a pragas e à promoção da
saúde do organismo agrícola. O uso de produtos e processos para controle de
organismos potencialmente danosos às culturas deve preservar o desnenvolvimento
natural das plantas, a sustentabilidade ambiental, a saúde do agricultor e do
consumidor final, inclusive em sua fase de armazenamento.
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