domingo, 10 de maio de 2020


1.    Escolha do local, análise e correção do solo, confecção e preparo dos canteiros

     O local deve ser de fácil acesso, próximo à residência, afastado de sanitários, esgotos e chiqueiros e cercado, para evitar a invasão de animais. A área deve ser ensolarada (mínimo de 4 a 5 horas de sol), com solos de textura média, com boa drenagem e protegida dos ventos fortes e frios e, de preferência pouco inclinada e próxima à fonte de água de boa qualidade. O segundo passo é fazer a análise do solo; para sabermos como está o nosso solo, necessitamos também de uma análise do mesmo para ver a acidez e os nutrientes que estão faltando ou estão em excesso. Para isso, deve-se procurar um técnico do município para orientar sobre a coleta do solo para análise e, posteriormente a recomendação de adubação. Numa horta orgânica é proibido o uso de adubos químicos e deve-se utilizar a adubação orgânica, pois além de melhorar as propriedades físicas dos solos muito argilosos (barrentos) e arenosos, fornece todos os nutrientes essenciais para as plantas (macro e micronutrientes) e com menor custo. Para terrenos pouco férteis, com baixo teor de matéria orgânica (menos de 2%), determinada pela análise do solo, recomenda-se a aplicação, preferencialmente, de composto orgânico (3 a 4 kg/m2) ou esterco de aves  ou  de gado, curtidos,  na quantidade máxima de 2 e 5 kg/m² por ano, respectivamente.  Os resíduos orgânicos oriundos da cozinha, os restos de culturas, as aparas da grama do jardim e as plantas espontâneas (“mato”) podem se tornar um adubo natural de ótima qualidade e mais barato, que pode ser feito em casa, através da compostagem. Preparo do canteiro:   Para algumas espécies cultivadas em espaçamentos maiores, basta revolver o solo com enxadão ou pá de corte, na profundidade mínima de 20 cm  e destorroar o solo com a enxada. Em seguida, deve-se abrir as covas, sulcos ou ainda fazer camalhões ou leiras, adubar e plantar, conforme o sistema de cada cultura.  Algumas hortaliças necessitam de preparo especial do terreno para confecção de canteiros que podem servir como sementeira para posterior transplante de mudas e para semeadura direta/plantio. Após o revolvimento do solo, os canteiros são levantados e destorroados com  enxada e após, com o rastelo, elimina-se os torrões. Deve-se evitar preparar o canteiro quando o solo estiver muito seco ou muito úmido. Em terrenos inclinados, os canteiros devem ficar atravessados em relação à declividade para evitar que as águas das chuvas os destruam. Sempre que possível recomenda-se canteiros fixos, feitos especialmente com tijolos ou pedras (maior durabilidade), madeira, bambu, caule de bananeira  e com outros materiais, pois evita a erosão e facilita o preparo do mesmo para novos plantios. Na horta da Escola Municipal Núcleo Rio Caeté, as mães dos alunos confeccionaram canteiros utilizando garrafas pet e pneus descartados. 

2. Escolha das espécies, variedades, sementes e mudas de acordo com a época de cultivo
    No planejamento da horta é importante a escolha correta das espécies e variedades de hortaliças conforme a preferência, de acordo com o tamanho do terreno e com a época de plantio. Na escolha de sementes, deve-se tomar cuidado na aquisição de sementes de boa qualidade com vigor e germinação, adequados. Caso haja sobra de sementes de um plantio para outro, recomenda-se guardá-las em sacos plásticos, eliminando-se o ar e colocando-os na gaveta inferior da geladeira. As mudas devem ser vigorosas e sadias e, sempre que possível, produzidas em bandejas de isopor ou copinhos de plásticos, protegidas das chuvas intensas e das altas temperaturas. Para pequenas hortas, recomenda-se adquirir as mudas, com bom vigor, de produtores especializados (em Urussanga, na localidade de Santa Luzia, tem o Eloi Beterli EB Viveiros) ou em agropecuárias.  Se houver limitação de espaço, deve-se dar preferência para espécies de ciclo curto (2 a 3 meses de ciclo, no máximo) e com espécies plantadas ou semeadas  em espaçamentos menores entre plantas e linhas. A época de cultivo é muito importante, pois certas espécies se desenvolvem bem em determinadas estações do ano. Algumas espécies não suportam o frio, por isso não devem ser plantadas no inverno e outras não produzem bem no verão. Algumas espécies possuem variedades que foram desenvolvidas para épocas diferentes de plantio. A alface, cenoura, repolho, couve-flor e brócolis possuem variedades adaptadas para cultivo em todas as épocas de plantio, por isso, é importante saber a variedade certa para cada estação. No verão, especialmente em regiões quentes e em períodos de férias, deve-se escolher espécies que não exigem muitos cuidados. Estas devem ser pouco dependentes de irrigação e mais resistentes à estiagens e às altas e freqüentes precipitações, associadas às altas temperaturas que ocorrem nessa época, especialmente no litoral. Sugere-se no verão hortaliças que propiciem boa cobertura de solo como batata-doce, abóboras, morangas, repolho, aipim e milho consorciado com outras espécies, evitando erosão e não dando chance para surgimento de plantas espontâneas (“mato”) entre os cultivos. Além disso e, o mais importante, melhora a fertilidade do solo através da reciclagem de nutrientes, em função do sistema radicular mais profundo. A adubação verde (mucuna) consorciada com milho-verde é uma boa opção no verão pois, além de colher um alimento importante (milho-verde), o solo fica coberto, regenera a fertilidade do solo e ainda se faz rotação de culturas, fundamental prática para reduzir pragas e doenças nos próximos cultivos. Eu sou fã deste consórcio, por isso, tenho implementado nas hortas municipais escolares (Alda Brognoli Marcon - Rio Caeté e Ernesto César Mariot - De Villa; fotos em anexo de março 2019). É importante reservar algumas plantas de milho e mucuna para colher sementes para o próximo plantio.

3.Adubação orgânica do solo
     É importante lembrar que plantas bem nutridas são mais resistentes às doenças e pragas. A vida do solo depende, essencialmente, da matéria orgânica que mantém a sua  estrutura porosa, proporcionando a vida vegetal, graças à entrada de ar e água. A matéria orgânica é um dos componentes do solo e atua como agente de estruturação, possibilitando a existência de vida microbiana e fauna, além de adicionar nutrientes ao solo. A adubação orgânica melhora também a qualidade dos alimentos, tornando-os mais ricos em vitaminas, aminoácidos, sais minerais, matéria seca e açúcares, além de serem mais aromáticos, saborosos e de melhor conservação. Para uma adubação equilibrada, deve-se sempre fazer a análise do solo, com antecedência. Na falta desta análise, indica-se, anualmente, para solos de média fertilidade, a seguinte adubação: adubo orgânico, preferencialmente, oriundo de compostagem (3 a 4 kg/m2)     ou   ainda, esterco de gado (4 a 5 kg/m2 ) ou de aves (1 a 2 kg/m2), curtidos.   Adubação verde: Na agricultura orgânica, o solo deve ser tratado como um “organismo vivo”. A adubação verde é uma das práticas recomendadas para melhorar o solo e os cultivos. A adubação verde é uma técnica de manejo agrícola que consiste no cultivo de espécies de plantas com elevado potencial de produção de massa vegetal, semeadas em rotação, sucessão ou consorciação com as culturas, incorporando-as ao solo ou deixando-as na superfície, visando à proteção superficial, bem como à manutenção e melhoria das características físicas, químicas e biológicas do solo; onde há pouco esterco de animais é a principal e mais barata fonte de matéria orgânica, fundamental na produção sustentável de alimentos. A adubação com fertilizantes químicos é uma prática não sustentável, pois a maior parte é lavado pelas chuvas e regas, através da erosão, contaminando os solos, rios, córregos e lagos, além de  aumentar o custo de produção e tornar os agricultores dependentes destes insumos, na maioria são importados e mais caros. Os adubos verdes também chamadas de “plantas de cobertura” exercem importante papel na conservação do solo, no suprimento de nutrientes como o nitrogênio, no equilíbrio das propriedades do solo e no manejo de plantas espontâneas (“mato”). A adubação verde, especialmente quando utilizada em rotação de culturas, também auxilia no manejo de pragas e doenças, pois favorece a quebra do ciclo de proliferação de pragas e doenças.

4.Sistemas  de semeadura ou plantio

 Semeadura direta: consiste na semeadura uniforme das sementes em sulcos, no canteiro, na profundidade de 1 a 2cm, utilizando-se marcadores ou sacho, cobrindo-as com a própria terra; pode ser feita também em covas ou em sulcos, sem  preparo de canteiros. Como regra geral, as sementes devem ficar enterradas numa profundidade de cinco vezes o seu tamanho.
 Plantio direto: consiste no plantio de tubérculos, raízes, rizomas, bulbilhos, ramas,  filhotes e estolhos em sulcos, em covas, ou em camalhões, na profundidade de 5 a 10 cm, utilizando-se enxada ou sacho, no espaçamento indicado para cada espécie; pode ser feito também em sulcos, ou em covas, diretamente no canteiro.
Transplante de mudas: consiste na mudança das plantas que cresceram na sementeira ou em recipientes, para o local definitivo em sulcos ou em covas, enterrando-as até à profundidade em que estavam na sementeira ou em recipiente, no espaçamento indicado para a espécie. Deve ser feito, preferencialmente, em dias nublados ou à tardinha para garantir melhor pegamento, principalmente no verão. Quando as mudas são produzidas em copinhos ou em bandejas, o pegamento é de 100%, pois a maioria das raízes estão intactas no torrão formado nesses recipientes. Para retirá-las da bandeja basta umedecer um pouco e bater de leve no fundo.

Plantio direto e cultivo mínimo: o sistema de plantio direto e cultivo mínimo são práticas importantíssimas no cultivo orgânico de hortaliças, tendo em vista que a maioria dos nossos solos estão sujeitos a processos de erosão causado por chuvas intensas, aliado a baixos teores de matéria orgânica. Outra vantagem dessas práticas é o fato do solo estar sempre preparado para semeadura/plantio, mesmo em períodos chuvosos que não permite o revolvimento do mesmo devido a umidade excessiva. Para o plantio direto ou cultivo mínimo, bastar fazer uma roçada utilizando uma foice ou roçadeira manual para áreas maiores e abrir as covas ou sulcos. O plantio direto é um método que não revolve o solo. A camada de cobertura vegetal (adubos verdes ou “mato”) é mantida e se faz apenas a abertura de um pequeno sulco ou cova onde é colocada a semente ou a muda. O cultivo mínimo é a mínima manipulação do solo necessária para a semeadura ou plantio de mudas. 



5. Manutenção e ampliação da biodiversidade
     Biodiversidade são as diferentes formas de vida existentes na natureza. A terra funciona como uma máquina, onde cada espécie (simples micróbio ao ser humano) desempenha a sua parte para manter o planeta funcionando, normalmente. As principais causas da perda de biodiversidade são: Destruição das florestas onde estão 2/3 das espécies; Mudanças climáticas; As atividades de agricultura e pecuária através da exploração excessiva de espécies de plantas e animais, monoculturas, contaminação do solo, água e atmosfera por poluentes (agrotóxicos e adubos químicos); A industrialização tem causado a poluição do ar, do solo e da água; O crescimento das cidades, produzindo cada vez mais lixo e demandando mais esgotos; A construção de barragens para  mineração, armazenamento de água para consumo e produção de energia elétrica (hidroelétricas) fazem com que grandes extensões de terra deixem de existir, comprometendo também a vida de plantas e animais. Mas porque é tão importante preservar e ampliar a biodiversidade? A restituição da biodiversidade vegetal permite o restabelecimento de inúmeras interações entre o solo, as plantas e os animais, resultando em efeitos benéficos para o meio ambiente. Entre estes efeitos pode-se citar: maior variedade na dieta alimentar e mais produtos para o mercado; uso eficaz e conservação do solo e da água, manejo da matéria orgânica e implantação de quebra ventos; otimização na utilização de recursos locais e controle biológico natural. Mas como preservar e ainda ampliar a biodiversidade?Educação ambiental; Praticar agricultura orgânica: adubação orgânica, nunca utilizar agrotóxicos e adubos químicos, considerar as plantas espontâneas (“mato”) como plantas “amigas”,  fazer rotação e consorciação de culturas, plantio direto e outras práticas; Produzir alimentos no sistema de produção agroflorestal, conciliando  agricultura, pecuária  e floresta ;Proteger e fazer o plantio de árvores. Entre os motivos para preservar e ampliar a biodiversidade, são citados:Motivos éticos, pois o ser humano tem o dever moral de proteger outras formas de vida, já que é espécie dominante no planeta;Motivos estéticos, uma vez que as pessoas apreciam a natureza e gostam de ver animais e plantas no seu estado selvagem;  Motivos econômicos pois a diminuição de espécies pode prejudicar atividades já existentes e ainda comprometer a produção de medicamentos; Motivos funcionais da natureza, tendo em vista que a redução da biodiversidade leva a perdas ambientais. Isto acontece porque as espécies estão interligadas por mecanismos naturais com importantes funções, tais como: a regulação do clima, purificação do ar, proteção dos solos e das bacias hidrográficas contra a erosão, controle de pragas e doenças, além de outras.

6.Cobertura do solo e manejo de plantas espontâneas
Cobertura morta: Essa prática consiste na colocação de capim ou palha seca (5 a 10cm) e outros materiais nas entrelinhas das hortaliças cultivadas em espaçamentos maiores. A cobertura morta mantém a superfície do solo sem a formação de crosta (superfície endurecida), evita a evaporação da água da chuva ou da irrigação, reduz a erosão em solos inclinados, diminui a temperatura do solo no verão e, principalmente, economiza capinas devido à menor incidência de plantas espontâneas.  A cobertura morta também reduz a freqüência de capinas, escarificações e irrigação. Cobertura viva: As plantas espontâneas ajudam a cobrir o solo, reduzindo a erosão e o aquecimento superficial, nossos principais problemas, contribuindo para melhorar a disponibilidade de água e a absorção de nutrientes pelas raízes. Ao impedir o carregamento de terra e nutrientes para fora da lavoura (erosão), as plantas espontâneas formam uma barreira que protege o solo do impacto das gotas de chuva, facilita a infiltração da água, reduz o escoamento superficial e diminui a evaporação da umidade, melhorando a capacidade do solo de armazenar água. Havendo necessidade de manejo, as plantas espontâneas não devem ser totalmente eliminadas. A intervenção deverá ser no sentido de auxiliar a natureza para que este processo ocorra ao longo do tempo, para que a população de plantas mais “agressivas” seja reduzida a níveis toleráveis, cedendo espaço para as mais “comportadas” e de mais fácil manejo. Dependendo do cultivo, é possível permitir o crescimento das plantas espontâneas. Em certos casos, amassar o “mato” pode ser mais vantajoso do que roçar e roçar mais vantajoso do que capinar. Este manejo pode ser feito da seguinte maneira:
Práticas de prevenção: evitar a multiplicação; uso de sementes e mudas isentas de plantas espontâneas; em áreas muito inçadas preparar o solo com antecedência para permitir a emergência e eliminação de plantas espontâneas; utilizar composto orgânico ao invés de esterco de gado (fonte de sementes de plantas espontâneas); controle manual; rotação e consorciação de culturas;
Plantas de cobertura (adubos verdes) em rotação, sucessão ou consorciadas com os cultivos e com efeitos alelopáticos: mucuna (abafamento), feijão de porco (tiririca), aveia e nabo forrageiro (papuã), ervilhaca e outras;
Roçada das plantas espontâneas: elas podem conviver com os cultivos, especialmente de maior espaçamento entre as linhas, após o período crítico de competição, principalmente por luz, nos 30 dias após o plantio. Quando necessário, recomenda-se a roçada nas entrelinhas.

7.Rotação, sucessão e consorciação de cultivos
     A monocultura, ou seja, o cultivo de apenas uma espécie numa área, é um dos maiores problemas da agricultura “moderna”, pois não existindo diversificação de espécies, as pragas e doenças ocorrem de forma mais intensa, por ser a única espécie presente no local, tornando o sistema de produção mais instável e mais sujeito às adversidades. O equilíbrio ecológico não pode ser mantido com as monoculturas.  Daí a importância dos consórcios de culturas e até a manutenção de faixas ou refúgios com “mato” e até consórcios dos cultivos com plantas espontâneas que podem servir para atrair insetos predadores  e até como alimento preferencial das pragas das culturas e também como abrigo e alimento de inimigos naturais dos insetos-pragas. Portanto, no sistema de produção orgânico é fundamental buscar-se em primeiro lugar uma maior diversificação da paisagem geral com espécies de interesse comercial ou não, de forma a restabelecer a cadeia alimentar entre todos os seres vivos, desde microrganismos até animais maiores e pássaros, pois somente assim se obterá sistemas de produção mais estáveis, garantindo o lucro dos produtores, mesmo em condições climáticas adversas. A rotação de culturas é uma prática que reduz e até pode eliminar alguns dos problemas citados. Na prática, sabe-se que a rotação ou sucessão de cultivos já é realizada por alguns olericultores localizados próximos aos grandes centros consumidores sem, no entanto, levar em consideração os princípios fundamentais para o sucesso dessa prática milenar. É comum também os produtores confundirem rotação de culturas com sucessão de culturas. Por isso, a seguir estão relacionados os conceitos de rotação, monocultura, sucessão e consorciação de culturas. Rotação: é o cultivo alternado de diferentes espécies vegetais, de diferentes famílias botânicas, no mesmo local e na mesma estação do ano, seguindo-se um plano pré-definido, de acordo com princípios básicos. Monocultura: uso continuado de uma mesma cultura, numa mesma estação de crescimento e numa mesma área. Sucessão de culturas: estabelecimento de duas ou mais espécies em sequência na mesma área, em um período igual ou inferior a 12 meses.
Principais benefícios da rotação de culturas: Redução ou eliminação de doenças, pragas e plantas espontâneas;  Aumento da produtividade e melhoria da qualidade, com redução de custos; Manutenção ou melhoria da fertilidade e propriedades físicas do solo;  Redução das perdas por erosão; Diversificação de renda da propriedade e  Melhor aproveitamento dos fatores de produção (terra, capital e mão-de-obra).

8.Irrigação ou rega
     Embora dois terços do planeta terra seja formado por água, apenas 0,008 % do total é potável (própria para o consumo). E, o que é pior, grande parte das fontes desta água (rios, lagos e represas) está sendo contaminada, poluída e degradada pela ação predatória do homem. Esta situação é preocupante, pois poderá faltar, num futuro próximo, água para o consumo de grande parte da população mundial. Sendo a água de qualidade, um recurso natural cada vez mais escasso e, considerando que busca-se uma horta sustentável, recomenda-se que seja instalado, a exemplo da escola municipal da localidade de Rio Caeté, com orientação de técnicos especializados, uma cisterna com filtro, objetivando o aproveitamento da água da chuva para a irrigação e também limpeza. As hortaliças, por terem ciclo curto, sofrem mais que outras espécies com pequenos períodos de estiagem. Embora ocorram precipitações consideradas suficientes para  desenvolvimento das hortaliças, essas são irregulares. Além disso, a maioria das hortaliças  são exigentes, pois apresentam em sua composição mais de 85% de água. A qualidade da água é muito importante, pois grande parte das hortaliças são consumidas cruas. Caso não seja água potável, recomenda-se  fazer a  análise da mesma, mesmo sendo oriunda de uma fonte natural, pois pode estar contaminada com alto teor de coliformes fecais. O sistema de irrigação mais usado numa horta doméstica, comunitária ou escolar é através da aspersão. Havendo reservatório de água, pode-se utilizar mangueiras com jatos finos ou adaptadas a microaspersores. O ideal é utilizar sistema de irrigação que produz gotas pequenas,  formando uma espécie de neblina, evitando-se assim que, as plantinhas recém emergidas ou transplantadas sofram danos, além de evitar a formação de uma crosta endurecida no solo. Outra forma muito prática e barata de irrigar é através do sistema “santeno”  que consiste numa mangueira de plástico, perfurada com raios laser e resistente à exposição ao sol, produzindo uma neblina fina. Com essa mangueira, encontrada em lojas especializadas, deve-se evitar a irrigação quando houver ventos. A terra deve ser molhada até à profundidade em que se encontra a maioria das raízes. A maior parte das raízes  das hortaliças em pleno desenvolvimento alcança  a profundidade de 15-20 cm.  Para hortaliças-folhosas é aconselhável irrigar diariamente, caso não chova, durante todo o ciclo das plantas para se obter folhas tenras. Para hortaliças-frutos, à medida que as plantas forem crescendo, a irrigação pode ser espaçada de três em três dias até o final da colheita, caso não chova o suficiente; o mesmo intervalo de irrigação pode ser utilizado para as hortaliças-raízes, dispensando-a quando já estiverem em condições de serem colhidas. Sempre que possível, para as espécies  pertencentes à família das  solanáceas, que têm maiores problemas de doenças, deve-se evitar que a folhagem das plantas passem a noite molhada, preferindo-se  a irrigação pela manhã, quando o sistema for por aspersão. A irrigação por sulcos e por gotejamento são ideais para essas espécies.   Uma indicação prática, aproximada, da necessidade de irrigação pode ser obtida quando um punhado de terra apertado na palma da mão formar um conjunto coeso e úmido (“bolo”), o que significa que ela apresenta boas condições de umidade. É importante após a irrigação, esperar um pouco para que a água se infiltre, observando-se, depois, a profundidade atingida pela mesma.

9.Principais tratos culturais

Adubação de cobertura: Em solos com menos de 2% de matéria orgânica é muito importante esta prática, especialmente nas hortaliças-folhosas. No entanto, deve-se evitar o uso exagerado de adubos nitrogenados, especialmente esterco de aves, pois podem salinizar, desagregar e compactar o solo, reduzir a resistência das plantas e até queimá-las. Recomenda-se, preferencialmente, o composto orgânico que pode ser feito na propriedade; deve ser utilizado na adubação de cobertura em pequenas quantidades por aplicação e bem incorporado ao solo (no máximo 0,5 kg/m2). Desbaste ou raleamento: consiste na eliminação do excesso de plantas semeadas diretamente no canteiro, nas covas e nos recipientes, deixando as mais vigorosas. Capinas e escarificações: as plantas espontâneas competem com os cultivos por luz, água e nutrientes, especialmente nos primeiros 30 dias. Após o período crítico, as plantas espontâneas nas entrelinhas são consideradas “amigas”, pois ajudam a manter a umidade no solo e evitam a erosão do solo..  Mesmo que não haja “mato”, recomenda-se o uso de enxada ou sacho nas linhas de cultivo para escarificar o solo (revolvimento superficial), no início do desenvolvimento vegetativo. Tutoramento ou estaqueamento é feito com bambu para algumas hortaliças como ervilha torta, tomate,  feijão-de-vagem, pepino, pimentão, beringela e chuchu, para evitar o  crescimento das plantas e frutos em contato com a terra, facilitar a aeração e a insolação e evitar a quebra de ramos. No tomateiro, recomenda-se o  tutoramento vertical onde as plantas são conduzidas perpendicularmente ao solo, melhorando a distribuição solar e a aeração. Amarrio e Desbrota:  o amarrio consiste em amarrar as plantas nas estacas e arames, sem estrangular, pois estão em crescimento, com o objetivo de melhorar o apoio e evitar danos causados por ventos, especialmente nos cultivos de tomate e pimentão. A desbrota consiste na eliminação dos brotos que saem das axilas das folhas ou da haste de algumas espécies como o tomate. Amontoa: consiste em chegar terra junto às plantas, para melhorar sua fixação ao solo e, no caso da batata, serve ainda para evitar que os tubérculos se desenvolvam fora da terra, favorecendo o seu esverdeamento. Uma boa amontoa (cerca de 20cm de altura) com o solo sem torrões, reduz também os danos de insetos (larva-alfinete, a forma jovem da vaquinha) que perfuram e depreciam os tubérculos de batata e raízes de batata-doce. A amontoa bem feita impede que os ovos que a vaquinha (patriota) põe nas plantas caiam diretamente nas proximidades dos tubérculos, dando origem às larvas-alfinete que acabam perfurando-os e depreciando-os.

 10. Manejo de doenças e pragas: Uma planta bem alimentada e manejada considerando todas as suas necessidades,é mais resistente às pragas, doenças e plantas espontâneas. A prevenção é a maneira mais fácil de se manejar as doenças e  as pragas que ocorrem na horta, pois “prevenir é melhor que remediar”. Escolha correta do local para a horta e adubação do solo - a área deve ser drenada e ensolarada, pois os raios solares auxiliam no manejo de doenças e pragas. As plantas nutridas são mais resistentes. Recomenda-se adubação orgânica, pois além de fornecer nutrientes, melhora o solo;  Uso de variedades resistentes às doenças e às pragas, semeadas/plantadas na época correta;  Utilizar sistema de semeadura/plantio adequado; usar espaçamentos maiores para espécies com muitas doenças e pragas (ex.: tomate), usando-se o tutoramento vertical,  sentido norte-sul;  Irrigação sem excessos; Fazer rotação, sucessão e consorciação de culturas; O uso de abrigos e cobertura morta, além  de proteger as plantas das adversidades do clima (chuvas torrenciais, temperaturas elevadas e frio), desfavorece o aparecimento de pragas e doenças; A cobertura do solo ao reduzir o contraste entre a cor verde da planta e a cor do solo (palha seca, casca de arroz e serragem) diminui a incidência de pulgões.  Eliminar e destruir (uso em compostagem) através de visita diária a horta, plantas doentes (ramos, folhas e frutos doentes) e/ou atacadas por pragas, evitando-se a disseminação de doenças e pragas;Catação manual e destruição  de larvas, insetos adultos e ovos depositados nas folhas -A lagarta rosca se esconde no solo durante o dia, próximo à planta cortada; para encontrá-la e destruí-la basta cavar o solo ao redor da planta cortada à cerca de 10 cm de profundidade;Através da irrigação, utilizando-se jatos fortes de água, pode-se reduzir a ocorrência de pulgões, ácaros, tripes e lagartas do cartucho do milho, pragas que aparecem mais em condições de estiagem. Toda a prática que visa a proteção das plantas cultivadas e do solo de chuvas frequentes e torrenciais, altas temperaturas,frio e ventos, é denominada de cultivo protegido, proporcionando maior rendimento, melhor qualidade das hortaliças e menor ocorrência de doenças, pragas e plantas espontâneas. No verão, deve-se utilizar sombrite (tela que deixa passar 50 a 70% da luz), diminuindo com isso a radiação solar nas horas mais quentes, especialmente no verão, e os efeitos danosos das chuvas torrenciais sobre as plantas. É muito importante fazer um bom manejo retirando total ou, parcialmente, a proteção em dias nublados e nas horas mais frescas e colocando-a nas horas mais quentes do dia (11 às 16 horas) e quando houver previsão de chuvas torrenciais,   que ocorre normalmente no verão. É muito importante prevenir, mas se mesmo assim ocorrer pragas e doenças, deve-se quando necessário, utilizar métodos alternativos (plantas repelentes, preparados de plantas, armadilhas e outras substâncias que não contaminam o meio ambiente)




















Ferreira On 5/10/2020 11:26:00 AM Comentarios

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domingo, 10 de maio de 2020

Os 10 mandamentos para produzir hortaliças saudáveis, mais nutritivas e, em paz com a natureza (Resumo)


1.    Escolha do local, análise e correção do solo, confecção e preparo dos canteiros

     O local deve ser de fácil acesso, próximo à residência, afastado de sanitários, esgotos e chiqueiros e cercado, para evitar a invasão de animais. A área deve ser ensolarada (mínimo de 4 a 5 horas de sol), com solos de textura média, com boa drenagem e protegida dos ventos fortes e frios e, de preferência pouco inclinada e próxima à fonte de água de boa qualidade. O segundo passo é fazer a análise do solo; para sabermos como está o nosso solo, necessitamos também de uma análise do mesmo para ver a acidez e os nutrientes que estão faltando ou estão em excesso. Para isso, deve-se procurar um técnico do município para orientar sobre a coleta do solo para análise e, posteriormente a recomendação de adubação. Numa horta orgânica é proibido o uso de adubos químicos e deve-se utilizar a adubação orgânica, pois além de melhorar as propriedades físicas dos solos muito argilosos (barrentos) e arenosos, fornece todos os nutrientes essenciais para as plantas (macro e micronutrientes) e com menor custo. Para terrenos pouco férteis, com baixo teor de matéria orgânica (menos de 2%), determinada pela análise do solo, recomenda-se a aplicação, preferencialmente, de composto orgânico (3 a 4 kg/m2) ou esterco de aves  ou  de gado, curtidos,  na quantidade máxima de 2 e 5 kg/m² por ano, respectivamente.  Os resíduos orgânicos oriundos da cozinha, os restos de culturas, as aparas da grama do jardim e as plantas espontâneas (“mato”) podem se tornar um adubo natural de ótima qualidade e mais barato, que pode ser feito em casa, através da compostagem. Preparo do canteiro:   Para algumas espécies cultivadas em espaçamentos maiores, basta revolver o solo com enxadão ou pá de corte, na profundidade mínima de 20 cm  e destorroar o solo com a enxada. Em seguida, deve-se abrir as covas, sulcos ou ainda fazer camalhões ou leiras, adubar e plantar, conforme o sistema de cada cultura.  Algumas hortaliças necessitam de preparo especial do terreno para confecção de canteiros que podem servir como sementeira para posterior transplante de mudas e para semeadura direta/plantio. Após o revolvimento do solo, os canteiros são levantados e destorroados com  enxada e após, com o rastelo, elimina-se os torrões. Deve-se evitar preparar o canteiro quando o solo estiver muito seco ou muito úmido. Em terrenos inclinados, os canteiros devem ficar atravessados em relação à declividade para evitar que as águas das chuvas os destruam. Sempre que possível recomenda-se canteiros fixos, feitos especialmente com tijolos ou pedras (maior durabilidade), madeira, bambu, caule de bananeira  e com outros materiais, pois evita a erosão e facilita o preparo do mesmo para novos plantios. Na horta da Escola Municipal Núcleo Rio Caeté, as mães dos alunos confeccionaram canteiros utilizando garrafas pet e pneus descartados. 

2. Escolha das espécies, variedades, sementes e mudas de acordo com a época de cultivo
    No planejamento da horta é importante a escolha correta das espécies e variedades de hortaliças conforme a preferência, de acordo com o tamanho do terreno e com a época de plantio. Na escolha de sementes, deve-se tomar cuidado na aquisição de sementes de boa qualidade com vigor e germinação, adequados. Caso haja sobra de sementes de um plantio para outro, recomenda-se guardá-las em sacos plásticos, eliminando-se o ar e colocando-os na gaveta inferior da geladeira. As mudas devem ser vigorosas e sadias e, sempre que possível, produzidas em bandejas de isopor ou copinhos de plásticos, protegidas das chuvas intensas e das altas temperaturas. Para pequenas hortas, recomenda-se adquirir as mudas, com bom vigor, de produtores especializados (em Urussanga, na localidade de Santa Luzia, tem o Eloi Beterli EB Viveiros) ou em agropecuárias.  Se houver limitação de espaço, deve-se dar preferência para espécies de ciclo curto (2 a 3 meses de ciclo, no máximo) e com espécies plantadas ou semeadas  em espaçamentos menores entre plantas e linhas. A época de cultivo é muito importante, pois certas espécies se desenvolvem bem em determinadas estações do ano. Algumas espécies não suportam o frio, por isso não devem ser plantadas no inverno e outras não produzem bem no verão. Algumas espécies possuem variedades que foram desenvolvidas para épocas diferentes de plantio. A alface, cenoura, repolho, couve-flor e brócolis possuem variedades adaptadas para cultivo em todas as épocas de plantio, por isso, é importante saber a variedade certa para cada estação. No verão, especialmente em regiões quentes e em períodos de férias, deve-se escolher espécies que não exigem muitos cuidados. Estas devem ser pouco dependentes de irrigação e mais resistentes à estiagens e às altas e freqüentes precipitações, associadas às altas temperaturas que ocorrem nessa época, especialmente no litoral. Sugere-se no verão hortaliças que propiciem boa cobertura de solo como batata-doce, abóboras, morangas, repolho, aipim e milho consorciado com outras espécies, evitando erosão e não dando chance para surgimento de plantas espontâneas (“mato”) entre os cultivos. Além disso e, o mais importante, melhora a fertilidade do solo através da reciclagem de nutrientes, em função do sistema radicular mais profundo. A adubação verde (mucuna) consorciada com milho-verde é uma boa opção no verão pois, além de colher um alimento importante (milho-verde), o solo fica coberto, regenera a fertilidade do solo e ainda se faz rotação de culturas, fundamental prática para reduzir pragas e doenças nos próximos cultivos. Eu sou fã deste consórcio, por isso, tenho implementado nas hortas municipais escolares (Alda Brognoli Marcon - Rio Caeté e Ernesto César Mariot - De Villa; fotos em anexo de março 2019). É importante reservar algumas plantas de milho e mucuna para colher sementes para o próximo plantio.

3.Adubação orgânica do solo
     É importante lembrar que plantas bem nutridas são mais resistentes às doenças e pragas. A vida do solo depende, essencialmente, da matéria orgânica que mantém a sua  estrutura porosa, proporcionando a vida vegetal, graças à entrada de ar e água. A matéria orgânica é um dos componentes do solo e atua como agente de estruturação, possibilitando a existência de vida microbiana e fauna, além de adicionar nutrientes ao solo. A adubação orgânica melhora também a qualidade dos alimentos, tornando-os mais ricos em vitaminas, aminoácidos, sais minerais, matéria seca e açúcares, além de serem mais aromáticos, saborosos e de melhor conservação. Para uma adubação equilibrada, deve-se sempre fazer a análise do solo, com antecedência. Na falta desta análise, indica-se, anualmente, para solos de média fertilidade, a seguinte adubação: adubo orgânico, preferencialmente, oriundo de compostagem (3 a 4 kg/m2)     ou   ainda, esterco de gado (4 a 5 kg/m2 ) ou de aves (1 a 2 kg/m2), curtidos.   Adubação verde: Na agricultura orgânica, o solo deve ser tratado como um “organismo vivo”. A adubação verde é uma das práticas recomendadas para melhorar o solo e os cultivos. A adubação verde é uma técnica de manejo agrícola que consiste no cultivo de espécies de plantas com elevado potencial de produção de massa vegetal, semeadas em rotação, sucessão ou consorciação com as culturas, incorporando-as ao solo ou deixando-as na superfície, visando à proteção superficial, bem como à manutenção e melhoria das características físicas, químicas e biológicas do solo; onde há pouco esterco de animais é a principal e mais barata fonte de matéria orgânica, fundamental na produção sustentável de alimentos. A adubação com fertilizantes químicos é uma prática não sustentável, pois a maior parte é lavado pelas chuvas e regas, através da erosão, contaminando os solos, rios, córregos e lagos, além de  aumentar o custo de produção e tornar os agricultores dependentes destes insumos, na maioria são importados e mais caros. Os adubos verdes também chamadas de “plantas de cobertura” exercem importante papel na conservação do solo, no suprimento de nutrientes como o nitrogênio, no equilíbrio das propriedades do solo e no manejo de plantas espontâneas (“mato”). A adubação verde, especialmente quando utilizada em rotação de culturas, também auxilia no manejo de pragas e doenças, pois favorece a quebra do ciclo de proliferação de pragas e doenças.

4.Sistemas  de semeadura ou plantio

 Semeadura direta: consiste na semeadura uniforme das sementes em sulcos, no canteiro, na profundidade de 1 a 2cm, utilizando-se marcadores ou sacho, cobrindo-as com a própria terra; pode ser feita também em covas ou em sulcos, sem  preparo de canteiros. Como regra geral, as sementes devem ficar enterradas numa profundidade de cinco vezes o seu tamanho.
 Plantio direto: consiste no plantio de tubérculos, raízes, rizomas, bulbilhos, ramas,  filhotes e estolhos em sulcos, em covas, ou em camalhões, na profundidade de 5 a 10 cm, utilizando-se enxada ou sacho, no espaçamento indicado para cada espécie; pode ser feito também em sulcos, ou em covas, diretamente no canteiro.
Transplante de mudas: consiste na mudança das plantas que cresceram na sementeira ou em recipientes, para o local definitivo em sulcos ou em covas, enterrando-as até à profundidade em que estavam na sementeira ou em recipiente, no espaçamento indicado para a espécie. Deve ser feito, preferencialmente, em dias nublados ou à tardinha para garantir melhor pegamento, principalmente no verão. Quando as mudas são produzidas em copinhos ou em bandejas, o pegamento é de 100%, pois a maioria das raízes estão intactas no torrão formado nesses recipientes. Para retirá-las da bandeja basta umedecer um pouco e bater de leve no fundo.

Plantio direto e cultivo mínimo: o sistema de plantio direto e cultivo mínimo são práticas importantíssimas no cultivo orgânico de hortaliças, tendo em vista que a maioria dos nossos solos estão sujeitos a processos de erosão causado por chuvas intensas, aliado a baixos teores de matéria orgânica. Outra vantagem dessas práticas é o fato do solo estar sempre preparado para semeadura/plantio, mesmo em períodos chuvosos que não permite o revolvimento do mesmo devido a umidade excessiva. Para o plantio direto ou cultivo mínimo, bastar fazer uma roçada utilizando uma foice ou roçadeira manual para áreas maiores e abrir as covas ou sulcos. O plantio direto é um método que não revolve o solo. A camada de cobertura vegetal (adubos verdes ou “mato”) é mantida e se faz apenas a abertura de um pequeno sulco ou cova onde é colocada a semente ou a muda. O cultivo mínimo é a mínima manipulação do solo necessária para a semeadura ou plantio de mudas. 



5. Manutenção e ampliação da biodiversidade
     Biodiversidade são as diferentes formas de vida existentes na natureza. A terra funciona como uma máquina, onde cada espécie (simples micróbio ao ser humano) desempenha a sua parte para manter o planeta funcionando, normalmente. As principais causas da perda de biodiversidade são: Destruição das florestas onde estão 2/3 das espécies; Mudanças climáticas; As atividades de agricultura e pecuária através da exploração excessiva de espécies de plantas e animais, monoculturas, contaminação do solo, água e atmosfera por poluentes (agrotóxicos e adubos químicos); A industrialização tem causado a poluição do ar, do solo e da água; O crescimento das cidades, produzindo cada vez mais lixo e demandando mais esgotos; A construção de barragens para  mineração, armazenamento de água para consumo e produção de energia elétrica (hidroelétricas) fazem com que grandes extensões de terra deixem de existir, comprometendo também a vida de plantas e animais. Mas porque é tão importante preservar e ampliar a biodiversidade? A restituição da biodiversidade vegetal permite o restabelecimento de inúmeras interações entre o solo, as plantas e os animais, resultando em efeitos benéficos para o meio ambiente. Entre estes efeitos pode-se citar: maior variedade na dieta alimentar e mais produtos para o mercado; uso eficaz e conservação do solo e da água, manejo da matéria orgânica e implantação de quebra ventos; otimização na utilização de recursos locais e controle biológico natural. Mas como preservar e ainda ampliar a biodiversidade?Educação ambiental; Praticar agricultura orgânica: adubação orgânica, nunca utilizar agrotóxicos e adubos químicos, considerar as plantas espontâneas (“mato”) como plantas “amigas”,  fazer rotação e consorciação de culturas, plantio direto e outras práticas; Produzir alimentos no sistema de produção agroflorestal, conciliando  agricultura, pecuária  e floresta ;Proteger e fazer o plantio de árvores. Entre os motivos para preservar e ampliar a biodiversidade, são citados:Motivos éticos, pois o ser humano tem o dever moral de proteger outras formas de vida, já que é espécie dominante no planeta;Motivos estéticos, uma vez que as pessoas apreciam a natureza e gostam de ver animais e plantas no seu estado selvagem;  Motivos econômicos pois a diminuição de espécies pode prejudicar atividades já existentes e ainda comprometer a produção de medicamentos; Motivos funcionais da natureza, tendo em vista que a redução da biodiversidade leva a perdas ambientais. Isto acontece porque as espécies estão interligadas por mecanismos naturais com importantes funções, tais como: a regulação do clima, purificação do ar, proteção dos solos e das bacias hidrográficas contra a erosão, controle de pragas e doenças, além de outras.

6.Cobertura do solo e manejo de plantas espontâneas
Cobertura morta: Essa prática consiste na colocação de capim ou palha seca (5 a 10cm) e outros materiais nas entrelinhas das hortaliças cultivadas em espaçamentos maiores. A cobertura morta mantém a superfície do solo sem a formação de crosta (superfície endurecida), evita a evaporação da água da chuva ou da irrigação, reduz a erosão em solos inclinados, diminui a temperatura do solo no verão e, principalmente, economiza capinas devido à menor incidência de plantas espontâneas.  A cobertura morta também reduz a freqüência de capinas, escarificações e irrigação. Cobertura viva: As plantas espontâneas ajudam a cobrir o solo, reduzindo a erosão e o aquecimento superficial, nossos principais problemas, contribuindo para melhorar a disponibilidade de água e a absorção de nutrientes pelas raízes. Ao impedir o carregamento de terra e nutrientes para fora da lavoura (erosão), as plantas espontâneas formam uma barreira que protege o solo do impacto das gotas de chuva, facilita a infiltração da água, reduz o escoamento superficial e diminui a evaporação da umidade, melhorando a capacidade do solo de armazenar água. Havendo necessidade de manejo, as plantas espontâneas não devem ser totalmente eliminadas. A intervenção deverá ser no sentido de auxiliar a natureza para que este processo ocorra ao longo do tempo, para que a população de plantas mais “agressivas” seja reduzida a níveis toleráveis, cedendo espaço para as mais “comportadas” e de mais fácil manejo. Dependendo do cultivo, é possível permitir o crescimento das plantas espontâneas. Em certos casos, amassar o “mato” pode ser mais vantajoso do que roçar e roçar mais vantajoso do que capinar. Este manejo pode ser feito da seguinte maneira:
Práticas de prevenção: evitar a multiplicação; uso de sementes e mudas isentas de plantas espontâneas; em áreas muito inçadas preparar o solo com antecedência para permitir a emergência e eliminação de plantas espontâneas; utilizar composto orgânico ao invés de esterco de gado (fonte de sementes de plantas espontâneas); controle manual; rotação e consorciação de culturas;
Plantas de cobertura (adubos verdes) em rotação, sucessão ou consorciadas com os cultivos e com efeitos alelopáticos: mucuna (abafamento), feijão de porco (tiririca), aveia e nabo forrageiro (papuã), ervilhaca e outras;
Roçada das plantas espontâneas: elas podem conviver com os cultivos, especialmente de maior espaçamento entre as linhas, após o período crítico de competição, principalmente por luz, nos 30 dias após o plantio. Quando necessário, recomenda-se a roçada nas entrelinhas.

7.Rotação, sucessão e consorciação de cultivos
     A monocultura, ou seja, o cultivo de apenas uma espécie numa área, é um dos maiores problemas da agricultura “moderna”, pois não existindo diversificação de espécies, as pragas e doenças ocorrem de forma mais intensa, por ser a única espécie presente no local, tornando o sistema de produção mais instável e mais sujeito às adversidades. O equilíbrio ecológico não pode ser mantido com as monoculturas.  Daí a importância dos consórcios de culturas e até a manutenção de faixas ou refúgios com “mato” e até consórcios dos cultivos com plantas espontâneas que podem servir para atrair insetos predadores  e até como alimento preferencial das pragas das culturas e também como abrigo e alimento de inimigos naturais dos insetos-pragas. Portanto, no sistema de produção orgânico é fundamental buscar-se em primeiro lugar uma maior diversificação da paisagem geral com espécies de interesse comercial ou não, de forma a restabelecer a cadeia alimentar entre todos os seres vivos, desde microrganismos até animais maiores e pássaros, pois somente assim se obterá sistemas de produção mais estáveis, garantindo o lucro dos produtores, mesmo em condições climáticas adversas. A rotação de culturas é uma prática que reduz e até pode eliminar alguns dos problemas citados. Na prática, sabe-se que a rotação ou sucessão de cultivos já é realizada por alguns olericultores localizados próximos aos grandes centros consumidores sem, no entanto, levar em consideração os princípios fundamentais para o sucesso dessa prática milenar. É comum também os produtores confundirem rotação de culturas com sucessão de culturas. Por isso, a seguir estão relacionados os conceitos de rotação, monocultura, sucessão e consorciação de culturas. Rotação: é o cultivo alternado de diferentes espécies vegetais, de diferentes famílias botânicas, no mesmo local e na mesma estação do ano, seguindo-se um plano pré-definido, de acordo com princípios básicos. Monocultura: uso continuado de uma mesma cultura, numa mesma estação de crescimento e numa mesma área. Sucessão de culturas: estabelecimento de duas ou mais espécies em sequência na mesma área, em um período igual ou inferior a 12 meses.
Principais benefícios da rotação de culturas: Redução ou eliminação de doenças, pragas e plantas espontâneas;  Aumento da produtividade e melhoria da qualidade, com redução de custos; Manutenção ou melhoria da fertilidade e propriedades físicas do solo;  Redução das perdas por erosão; Diversificação de renda da propriedade e  Melhor aproveitamento dos fatores de produção (terra, capital e mão-de-obra).

8.Irrigação ou rega
     Embora dois terços do planeta terra seja formado por água, apenas 0,008 % do total é potável (própria para o consumo). E, o que é pior, grande parte das fontes desta água (rios, lagos e represas) está sendo contaminada, poluída e degradada pela ação predatória do homem. Esta situação é preocupante, pois poderá faltar, num futuro próximo, água para o consumo de grande parte da população mundial. Sendo a água de qualidade, um recurso natural cada vez mais escasso e, considerando que busca-se uma horta sustentável, recomenda-se que seja instalado, a exemplo da escola municipal da localidade de Rio Caeté, com orientação de técnicos especializados, uma cisterna com filtro, objetivando o aproveitamento da água da chuva para a irrigação e também limpeza. As hortaliças, por terem ciclo curto, sofrem mais que outras espécies com pequenos períodos de estiagem. Embora ocorram precipitações consideradas suficientes para  desenvolvimento das hortaliças, essas são irregulares. Além disso, a maioria das hortaliças  são exigentes, pois apresentam em sua composição mais de 85% de água. A qualidade da água é muito importante, pois grande parte das hortaliças são consumidas cruas. Caso não seja água potável, recomenda-se  fazer a  análise da mesma, mesmo sendo oriunda de uma fonte natural, pois pode estar contaminada com alto teor de coliformes fecais. O sistema de irrigação mais usado numa horta doméstica, comunitária ou escolar é através da aspersão. Havendo reservatório de água, pode-se utilizar mangueiras com jatos finos ou adaptadas a microaspersores. O ideal é utilizar sistema de irrigação que produz gotas pequenas,  formando uma espécie de neblina, evitando-se assim que, as plantinhas recém emergidas ou transplantadas sofram danos, além de evitar a formação de uma crosta endurecida no solo. Outra forma muito prática e barata de irrigar é através do sistema “santeno”  que consiste numa mangueira de plástico, perfurada com raios laser e resistente à exposição ao sol, produzindo uma neblina fina. Com essa mangueira, encontrada em lojas especializadas, deve-se evitar a irrigação quando houver ventos. A terra deve ser molhada até à profundidade em que se encontra a maioria das raízes. A maior parte das raízes  das hortaliças em pleno desenvolvimento alcança  a profundidade de 15-20 cm.  Para hortaliças-folhosas é aconselhável irrigar diariamente, caso não chova, durante todo o ciclo das plantas para se obter folhas tenras. Para hortaliças-frutos, à medida que as plantas forem crescendo, a irrigação pode ser espaçada de três em três dias até o final da colheita, caso não chova o suficiente; o mesmo intervalo de irrigação pode ser utilizado para as hortaliças-raízes, dispensando-a quando já estiverem em condições de serem colhidas. Sempre que possível, para as espécies  pertencentes à família das  solanáceas, que têm maiores problemas de doenças, deve-se evitar que a folhagem das plantas passem a noite molhada, preferindo-se  a irrigação pela manhã, quando o sistema for por aspersão. A irrigação por sulcos e por gotejamento são ideais para essas espécies.   Uma indicação prática, aproximada, da necessidade de irrigação pode ser obtida quando um punhado de terra apertado na palma da mão formar um conjunto coeso e úmido (“bolo”), o que significa que ela apresenta boas condições de umidade. É importante após a irrigação, esperar um pouco para que a água se infiltre, observando-se, depois, a profundidade atingida pela mesma.

9.Principais tratos culturais

Adubação de cobertura: Em solos com menos de 2% de matéria orgânica é muito importante esta prática, especialmente nas hortaliças-folhosas. No entanto, deve-se evitar o uso exagerado de adubos nitrogenados, especialmente esterco de aves, pois podem salinizar, desagregar e compactar o solo, reduzir a resistência das plantas e até queimá-las. Recomenda-se, preferencialmente, o composto orgânico que pode ser feito na propriedade; deve ser utilizado na adubação de cobertura em pequenas quantidades por aplicação e bem incorporado ao solo (no máximo 0,5 kg/m2). Desbaste ou raleamento: consiste na eliminação do excesso de plantas semeadas diretamente no canteiro, nas covas e nos recipientes, deixando as mais vigorosas. Capinas e escarificações: as plantas espontâneas competem com os cultivos por luz, água e nutrientes, especialmente nos primeiros 30 dias. Após o período crítico, as plantas espontâneas nas entrelinhas são consideradas “amigas”, pois ajudam a manter a umidade no solo e evitam a erosão do solo..  Mesmo que não haja “mato”, recomenda-se o uso de enxada ou sacho nas linhas de cultivo para escarificar o solo (revolvimento superficial), no início do desenvolvimento vegetativo. Tutoramento ou estaqueamento é feito com bambu para algumas hortaliças como ervilha torta, tomate,  feijão-de-vagem, pepino, pimentão, beringela e chuchu, para evitar o  crescimento das plantas e frutos em contato com a terra, facilitar a aeração e a insolação e evitar a quebra de ramos. No tomateiro, recomenda-se o  tutoramento vertical onde as plantas são conduzidas perpendicularmente ao solo, melhorando a distribuição solar e a aeração. Amarrio e Desbrota:  o amarrio consiste em amarrar as plantas nas estacas e arames, sem estrangular, pois estão em crescimento, com o objetivo de melhorar o apoio e evitar danos causados por ventos, especialmente nos cultivos de tomate e pimentão. A desbrota consiste na eliminação dos brotos que saem das axilas das folhas ou da haste de algumas espécies como o tomate. Amontoa: consiste em chegar terra junto às plantas, para melhorar sua fixação ao solo e, no caso da batata, serve ainda para evitar que os tubérculos se desenvolvam fora da terra, favorecendo o seu esverdeamento. Uma boa amontoa (cerca de 20cm de altura) com o solo sem torrões, reduz também os danos de insetos (larva-alfinete, a forma jovem da vaquinha) que perfuram e depreciam os tubérculos de batata e raízes de batata-doce. A amontoa bem feita impede que os ovos que a vaquinha (patriota) põe nas plantas caiam diretamente nas proximidades dos tubérculos, dando origem às larvas-alfinete que acabam perfurando-os e depreciando-os.

 10. Manejo de doenças e pragas: Uma planta bem alimentada e manejada considerando todas as suas necessidades,é mais resistente às pragas, doenças e plantas espontâneas. A prevenção é a maneira mais fácil de se manejar as doenças e  as pragas que ocorrem na horta, pois “prevenir é melhor que remediar”. Escolha correta do local para a horta e adubação do solo - a área deve ser drenada e ensolarada, pois os raios solares auxiliam no manejo de doenças e pragas. As plantas nutridas são mais resistentes. Recomenda-se adubação orgânica, pois além de fornecer nutrientes, melhora o solo;  Uso de variedades resistentes às doenças e às pragas, semeadas/plantadas na época correta;  Utilizar sistema de semeadura/plantio adequado; usar espaçamentos maiores para espécies com muitas doenças e pragas (ex.: tomate), usando-se o tutoramento vertical,  sentido norte-sul;  Irrigação sem excessos; Fazer rotação, sucessão e consorciação de culturas; O uso de abrigos e cobertura morta, além  de proteger as plantas das adversidades do clima (chuvas torrenciais, temperaturas elevadas e frio), desfavorece o aparecimento de pragas e doenças; A cobertura do solo ao reduzir o contraste entre a cor verde da planta e a cor do solo (palha seca, casca de arroz e serragem) diminui a incidência de pulgões.  Eliminar e destruir (uso em compostagem) através de visita diária a horta, plantas doentes (ramos, folhas e frutos doentes) e/ou atacadas por pragas, evitando-se a disseminação de doenças e pragas;Catação manual e destruição  de larvas, insetos adultos e ovos depositados nas folhas -A lagarta rosca se esconde no solo durante o dia, próximo à planta cortada; para encontrá-la e destruí-la basta cavar o solo ao redor da planta cortada à cerca de 10 cm de profundidade;Através da irrigação, utilizando-se jatos fortes de água, pode-se reduzir a ocorrência de pulgões, ácaros, tripes e lagartas do cartucho do milho, pragas que aparecem mais em condições de estiagem. Toda a prática que visa a proteção das plantas cultivadas e do solo de chuvas frequentes e torrenciais, altas temperaturas,frio e ventos, é denominada de cultivo protegido, proporcionando maior rendimento, melhor qualidade das hortaliças e menor ocorrência de doenças, pragas e plantas espontâneas. No verão, deve-se utilizar sombrite (tela que deixa passar 50 a 70% da luz), diminuindo com isso a radiação solar nas horas mais quentes, especialmente no verão, e os efeitos danosos das chuvas torrenciais sobre as plantas. É muito importante fazer um bom manejo retirando total ou, parcialmente, a proteção em dias nublados e nas horas mais frescas e colocando-a nas horas mais quentes do dia (11 às 16 horas) e quando houver previsão de chuvas torrenciais,   que ocorre normalmente no verão. É muito importante prevenir, mas se mesmo assim ocorrer pragas e doenças, deve-se quando necessário, utilizar métodos alternativos (plantas repelentes, preparados de plantas, armadilhas e outras substâncias que não contaminam o meio ambiente)




















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