Fonte: Livro da Embrapa Hortaliças – Brasília, DF. Interessados em
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Respostas” devem entrar em contato através do email: vendas@sct.embrapa.br; Para
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Com o objetivo de divulgar e aumentar o conhecimento sobre agricultura
orgânica, estamos transcrevendo do livro, algumas perguntas e
respostas que consideramos mais relevantes.
Capítulo
8 – Manejo da água
Autores: Henoque R.
da Silva e Waldir A. Marouelli
Que problemas a água de irrigação
pode apresentar?
Os principais problemas estão relacionados
à disponibilidade e à qualidade da água. Antes de implantar o projeto de
irrigação é preciso avaliar se a fonte de água é suficiente para suprir a
demanda das culturas a serem estabelecidas, e se os aspectos de natureza
física, química e biológica da água não limitam sua utilização para a irrigação
de hortaliças.
Quais os principais
problemas relacionados aos aspectos físicos da água de irrigação?
Na natureza, a água pode apresentar
impurezas de ordem física que afetam seu uso na irrigação. A presença de
partículas sólidas é o que mais restringe o uso da água na irrigação, pois
essas partículas podem provocar entupimento em filtros, gotejadores e
microaspersores, desgaste de bombas hidráulicas e tubulações, além de depositar
sedimentos sobre as plantas afetando as trocas gasosas e a qualidade visual dos
produtos. Outras características de menor importância dizem respeito a
turbidez, cor, odor e temperatura da água.
Quais os principais
problemas relacionados aos aspectos químicos da água de irrigação?
As
principais características químicas relacionam-se à salinidade, à proporção do
elemento sódio em relação aos elementos cálcio e magnésio (razão de adsorção de
sódio), ao pH e a elementos tóxicos às plantas. A salinidade está associada à
quantidade total de sais solúveis presentes na solução do solo e a seus efeitos
no desenvolvimento e produção das plantas. Os danos causados são devidos,
principalmente, ao “aumento” da pressão osmótica da solução do solo, o que
reduz a disponibilidade de água às plantas. A salinidade é expressa pela
concentração de sais dissolvidos totais (SDT), em miligramas por litro (mg L-1)
ou, mais comumente, pela condutividade elétrica (CE), 191 192 193 131 expressa
em deciSiemens por metro (dS m-1).
Elevadas concentrações de sódio trocável,
relativamente ao cálcio e magnésio, especialmente quando a concentração salina
for reduzida, aumentam a dispersão e movimentação das partículas finas
reduzindo a porosidade e a infiltração, dificultando a reposição de água ao
solo e a oxigenação na zona radicular. A proporção relativa de sódio em relação
ao cálcio e magnésio é expressa em termos da Razão de Adsorção de Sódio (SAR).
O pH é um indicador da acidez ou
basicidade da água, quase nunca um problema para a irrigação. Valores de pH na
faixa entre 6,5 e 8,4 são, no entanto, um indicativo da necessidade de se
realizar análise mais detalhada da água. A água também pode conter íons como
boro, cloreto e sódio, que, mesmo em concentrações reduzidas, podem ser tóxicos
às plantas.
Quais os principais
problemas relacionados aos aspectos biológicos da água de irrigação?
Os principais problemas estão associados à
transmissão de doenças, entupimentos de emissores e proliferação de algas e
plantas aquáticas. Quando contaminada por efluentes não tratados (esgoto), a
água é um meio eficiente de transmissão de doenças ao homem, as quais podem ser
causadas por bactérias, protozoários, helmintos, vírus e fungos. A água também
pode transmitir várias doenças às plantas.
A proliferação de algas e bactérias pode
causar problemas de entupimento de gotejadores e microaspersores. A
proliferação de plantas aquáticas em canais de irrigação e reservatórios de
água também pode acarretar problemas. Além disso, pode servir de criadouro para
mosquitos e outros seres vivos transmissores de moléstias infecciosas.
Existe algum método
simples para avaliar a qualidade da água de irrigação?
Sim. Algumas características da água podem
ser avaliadas visualmente in loco ou por meio de informações dos agricultores. A turbidez é o primeiro aspecto a ser observado. Água com aparência
turva e opaca indica a presença de partículas em suspensão e/ou substâncias em
solução. Em geral, a presença de argila e silte dá à água um aspecto barrento.
Águas poluídas por efluentes não tratados (esgoto), em geral ricas em matéria
orgânica, apresentam coloração acinzentada, e quanto mais escuras geralmente
são mais contaminadas. Águas contaminadas por esgoto podem ainda ser
identificadas pelo odor.
Em relação à qualidade química, águas
salobras indicam grande presença de sais e requerem manejo adequado para fins
de irrigação. Informações de agricultores sobre possíveis danos causados pela
água às culturas específicas e formação de camadas esbranquiçadas de sal na
superfície do solo também são úteis ao se fazer uma avaliação qualitativa da
água. A presença de ferro solúvel na água, que pode causar problemas sérios de
entupimento de gotejadores, pode ser constatada por sua precipitação, que
provoca a formação de pontos amarelados nas margens de fontes de água.
Que tipos de poluição
podem afetar a qualidade da água de irrigação?
Os principais poluentes da água de
irrigação têm origem nos efluentes domésticos (esgoto), industriais (poluentes
orgânicos e inorgânicos) e da própria atividade agrícola. A água pode ser o
veículo de disseminação de doenças entre os seres vivos quando contaminada por
agentes patogênicos (bactérias, protozoários, helmintos, vírus e fungos) ou
químicos (nitrato, agrotóxicos, metais pesados).
Como a poluição da água
pode afetar a produção de hortaliças no sistema orgânico?
Primeiramente, não é recomendado o uso de
águas contendo grau de poluição acima dos limites estabelecidos pela Resolução
no 357, de 17 de março de 2005, do Conama/MMA. Portanto, o uso de
águas com grau de contaminação acima do aceitável, além de desrespeitar as
normas vigentes, pode não permitir a certificação da propriedade.
A legislação brasileira sobre as normas de
produção orgânica está em processo de construção. Atualmente, encontra-se
distribuída em vários instrumentos de diretrizes e normas, os quais não
contemplam em seu bojo os limites estabelecidos de qualidade de água de
irrigação. Assim, até que se publique uma legislação específica, a qualidade da
água estabelecida na Resolução 357/05 deve ser tomada como parâmetro,
respeitados os limites máximos de contaminação por coliformes termotolerantes,
pois a produção pode ser seriamente comprometida, dependendo do grau e da
natureza da poluição da água.
Águas poluídas, em geral, apresentam
características físicas, químicas e biológicas que afetam negativamente o
equilíbrio do sistema orgânico como um todo, especialmente a microbiologia do
solo. Águas com alta concentração de metais pesados e nitrogênio podem
prejudicar o desenvolvimento das plantas, além de depositar e acrescentar
resíduos tóxicos nos produtos.
Como proteger as fontes
e os mananciais de água na propriedade?
Basicamente, a proteção das fontes e
mananciais de água tem por objetivo manter a quantidade e a qualidade da água
disponível. Caso a fonte ou o manancial já estejam comprometidos, ações
mitigadoras devem ser tomadas para melhorar a conservação da água. Práticas de
manejo integrado de bacias hidrográficas, por exemplo, têm por objetivo
melhorar a recarga dos sistemas hídricos que as compõem, proporcionando maior
disponibilidade de água, com expressiva melhoria da qualidade.
Dentro da propriedade agrícola, devem-se
adotar práticas que proporcionem maior infiltração de água e o controle de
erosão do solo. Dentre essas práticas, podem-se destacar:
•
Preservação da vegetação nativa.
•
Proteção de nascentes.
•
Regulação do regime dos corpos de água por meio de represamento.
•
Práticas diversas de conservação do solo, como construção de terraços, plantio
em nível, sistema de plantio direto e recuperação da estrutura física e
biológica dos solos por meio de adubação verde, uso de compostagem e cobertura
morta (mulching).
Que sistemas de
irrigação estão disponíveis, atualmente, para a produção orgânica de
hortaliças?
Em princípio, todos os sistemas de
irrigação podem ser utilizados para a irrigação de hortaliças em sistema
orgânico, com destaque para os sistemas por aspersão, por sulco e por
gotejamento. Não existe nenhum sistema que possa ser recomendado
indistintamente para todas as hortaliças, tipos de solo e condições climáticas,
pois os sistemas apresentam características próprias, com custos variáveis,
vantagens e desvantagens. Dentre os sistemas por aspersão, o convencional é o
mais empregado em razão do menor custo e do fato de a produção de hortaliças em
sistemas orgânicos ocorrer em áreas geralmente menores que 5 ha.
Existe alguma restrição
para usar na agricultura orgânica sistemas de irrigação normalmente utilizados
no cultivo convencional?
Não, pois não existe sistema de irrigação
específico para a agricultura orgânica. Entretanto, o sistema de irrigação a
ser selecionado deve ser o que melhor se adapte a cada situação ou cultura, especialmente no que se refere ao favorecimento de doenças e ao custo.
Qual a relação entre
sistemas de irrigação e incidência de pragas e doenças?
Para que a maioria das doenças se
desenvolva é fundamental a existência de água livre na folha ou água abundante
no solo. Assim, a irrigação inadequada, seja na quantidade, na freqüência ou na
forma de aplicação, favorece diretamente a ocorrência e a severidade da maioria
das doenças nas plantas.
Em geral, os sistemas por aspersão
acentuam a sobrevivência e a dispersão de patógenos na lavoura, em razão de a
água ser aplicada sobre a parte aérea das plantas, ao passo que os sistemas por
gotejamento e, principalmente, por sulco favorecem as doenças causadas por
patógenos de solo, especialmente em solos com problema de drenagem (argilosos
ou compactados). Entretanto, a aspersão, em virtude da ação mecânica das gotas
de água, minimiza a incidência de pragas, como ácaros, traça-do-tomateiro e
pulgões, bem como de algumas doenças, como o oídio. O uso de irrigação por
sulco ou gotejamento, especialmente em cultivo protegido, pode minimizar
consideravelmente a incidência de doenças bacterianas em pimentão e tomate, por
exemplo.
Quais as vantagens e
desvantagens do sistema de irrigação por sulco?
Vantagens
•
Baixo investimento inicial.
•
Uso reduzido de energia.
•
Simplicidade na operação e na manutenção.
•
Possibilidade de utilização de águas com sedimentos.
•
Redução da incidência de doenças da parte aérea. Desvantagens •
Requer terrenos planos ou sistematizados.
•
Requer maior uso de água e de mão-de-obra.
•
Inadequado para solos permeáveis (arenosos).
•
Maior incidência de doenças de solo.
•
Dificuldade de circulação de máquinas na área irrigada.
•
Maior potencial de salinização e erosão do solo.
Quais as vantagens e
desvantagens do sistema de irrigação por aspersão?
Vantagens
•
Pode ser utilizado em terrenos com diferentes declividades e solos de
diferentes texturas, inclusive os arenosos.
• Menor gasto de água que o sistema por sulco.
•
Menor uso de mão-de-obra.
• Melhor distribuição de água sobre o terreno.
• Permite a aplicação de nutrientes via água
de irrigação.
•
Reduz o ataque de ácaros e outros insetos. Desvantagens
• Maior custo de implantação que o sistema por
sulco.
•
Maior consumo de energia.
•
Sofre interferência do vento.
•
Perda de água por evaporação em climas secos e quentes.
• Interferência nos tratamentos
fitossanitários.
• Maior incidência de doenças da parte aérea.
Quais as vantagens e desvantagens do sistema
de irrigação por gotejamento?
Vantagens
• Economia e eficiência no uso de água.
•
Uso reduzido de energia e de mão-de-obra.
• Não sofre ação de fatores climáticos.
•
Pouca interferência nas práticas culturais.
•
O sistema pode ser usado em solos de diferentes texturas, declividades e grau
de salinidade.
• Permite automação total da irrigação.
•
A aplicação localizada da água reduz a incidência de plantas daninhas nas
entrelinhas.
• Reduz a incidência de doenças da parte
aérea.
• Permite a aplicação parcelada de diferentes
nutrientes via água. Desvantagens
• Elevado custo de implantação.
•
Alto risco de entupimento de emissores.
• Necessidade de remoção das linhas de
gotejadores ao final do ciclo da cultura.
• Favorece algumas doenças de solo, como a
murcha bacteriana.
• Requer cuidados especiais para o manejo e
manutenção do sistema.
• Alto custo de manutenção do sistema.
Qual a importância do
manejo da irrigação no sistema de produção orgânica de hortaliças?
As hortaliças são culturas altamente
sensíveis tanto à falta quanto ao excesso de água. Portanto, a determinação do
momento correto de se irrigar e da quantidade adequada de água a ser aplicada
por irrigação é de importância primordial para a produção de hortaliças.
Irrigar menos que o necessário restringe as atividades fisiológicas das
plantas, comprometendo a produtividade e qualidade dos produtos colhidos. Por
sua vez, irrigações em excesso favorecem maior incidência de doenças,
lixiviação de nutrientes e gastos extras com água e energia.
Na agricultura orgânica,
as irrigações devem ter a mesma freqüência e quantidade de água que na
agricultura convencional?
O uso de grandes quantidades de material
orgânico em sistemas orgânicos de produção promove a melhoria da estrutura
física do solo, o que favorece maior capacidade de retenção de água e o maior
crescimento do sistema radicular. Assim, por causa do maior armazenamento de
água, o intervalo entre irrigações e a quantidade de água a ser aplicada por
irrigação devem ser ligeiramente maiores que no sistema convencional. No
sistema orgânico, onde não é permitida a aplicação de agrotóxicos, turnos de
rega mais espaçados permitem minimizar a incidência de doenças, pois aumentam a
eficiência dos tratos fitossanitários e reduzem o tempo com água livre no solo
e na superfície da planta.
Como determinar o
momento correto de se irrigar?
As irrigações devem ser feitas antes que a
deficiência de água no solo e/ou na planta possa prejudicar a produção da
cultura. Muito embora o murchamento das folhas no final do período matinal seja
um indicativo visual da necessidade de irrigação, existem critérios mais
precisos para determinar o momento correto para irrigar. Uma opção é avaliar a
força com que a água está retida no solo (tensão matricial) ou a fração de água
disponível no solo.
A tensão matricial pode ser determinada
direta ou indiretamente por diferentes tipos de sensores. O sensor mais
conhecido é o tensiômetro, equipamento que mede a tensão de forma direta e
contínua. Outro sensor, bastante simples e de baixo custo, é o Irrigas®,
desenvolvido recentemente pela Embrapa Hortaliças. Outra opção é fazer o
balanço de água no solo, e, nesse caso, o momento de irrigar é aquele em que as
plantas tenham utilizado toda a água disponível. Maiores informações sobre
ambos os critérios podem ser obtidos no livro Manejo da Irrigação em
Hortaliças, publicado pela Embrapa Hortaliças. Na prática, a grande maioria dos
agricultores avalia a umidade do solo visualmente, ou seja, de forma empírica.
Nesse caso, dever-se-ia, pelo menos, avaliar a umidade na profundidade média das
raízes e não na camada superficial do solo.
Como determinar a
necessidade de água para cada tipo de hortaliça?
A necessidade de água, que é variável ao
longo do ciclo de crescimento das plantas, varia de hortaliça para hortaliça e
até mesmo entre cultivares da mesma espécie. Depende ainda do sistema de
irrigação, do sistema de cultivo e, principalmente, das condições climáticas.
Portanto, não é uma tarefa simples
calcular a quantidade de água a ser aplicada a cada irrigação. Plantas na fase
inicial consomem menos água, ao passo que na fase de produção demandam mais
água para manter os processos fisiológicos. O consumo diário de água,
denominado evapotranspiração da cultura (ETc), é normalmente determinado por
meio de equações, com base em variáveis climáticas, ou tanques de evaporação e
de coeficientes de cultura (Kc). Valores de Kc, específicos para cada fase de
desenvolvimento da cultura, estão disponíveis para as principais hortaliças e
podem ser obtidos na publicação Manejo da Irrigação em Hortaliças, da Embrapa
Hortaliças .
Como determinar a
quantidade de água a ser aplicada por irrigação?
Basicamente existem duas maneiras de
calcular a quantidade de água a ser aplicada. A primeira baseia-se na
quantidade de água evapotranspirada pela
cultura desde a última irrigação, ou seja, pela soma dos valores de ETc diários
no período.
A segunda consiste em determinar a
quantidade de água necessária para elevar a umidade do solo, na profundidade
das raízes, à capacidade de campo (teor de umidade que o solo atinge depois de
drenado o excesso de água). Nesse caso, é necessário determinar em laboratório as
características de retenção de água do solo a ser irrigado.
Em ambos os procedimentos, deve-se levar
em conta a eficiência de irrigação do sistema na determinação da quantidade de
água a ser aplicada. A grande maioria dos produtores, todavia, determina a
quantidade de água a ser aplicada por irrigação de forma empírica, baseada em
tentativa e erro. Nesse caso, a quantidade de água deve ser a suficiente para
molhar a camada de solo até na profundidade das raízes sem, contudo, encharcar
o solo. Caso a umidade do solo abaixo do limite inferior do sistema radicular
comece a aumentar, deve-se reduzir a quantidade de água nas irrigações
subseqüentes.
Como determinar o tempo
de irrigação para aplicar a água total necessária?
O tempo para aplicar a quantidade total de
água necessária por rega depende da intensidade de aplicação de água do sistema
de irrigação. Assim, o tempo de irrigação em sistemas que aplicam água mais
rapidamente será menor que sistemas que aplicam água lentamente. No caso de
aspersão convencional, o tempo é função do espaçamento entre aspersores, do
diâmetro de bocais e da pressão de serviço dos aspersores. Para gotejamento, o
tempo é função da vazão e espaçamento entre gotejadores. Para o sistema por
sulco, o tempo depende do espaçamento entre sulcos e do tipo de solo, devendo
ser igual ao tempo necessário para a água atingir o final do sulco mais o tempo
para que a quantidade de água necessária infiltre no solo.
É verdade que no sistema
orgânico ocorre maior economia de água?
Muito embora existam poucos estudos com
esse enfoque, pode-se dizer que a economia é ligeiramente maior que no sistema
convencional de produção. O menor gasto de água ocorre principalmente em razão
do uso mais intensivo de material orgânico e de cobertura, que promovem a
melhoria da estrutura física do solo e, conseqüentemente, o aumento de sua
capacidade de armazenamento e de conservação de água. Assim, o intervalo entre
irrigações no sistema orgânico pode ser maior que no sistema convencional,
minimizando perdas de água por evaporação e percolação profunda.
Qual o melhor horário do
dia para fazer as irrigações?
Essa questão é de difícil resposta, pois
depende de vários fatores, muitos deles pouco estudados. Em geral, o horário da
irrigação tem pequena influência sobre o rendimento das culturas, exceto quando
as regas são realizadas por aspersão, o que pode favorecer significativamente a
severidade de doenças da parte aérea. A severidade depende do tipo de
hortaliça, da pressão da população de patógenos, das condições climáticas e do
tempo de molhamento foliar.
A fim de minimizar o risco de algumas
doenças da parte aérea, especialmente em regiões sujeitas à formação de
orvalho, as regas por aspersão devem ser feitas preferencialmente depois das
primeiras horas da manhã e antes das últimas horas da tarde, a fim de reduzir o
tempo em que a água permanece sobre a folha. No sistema por aspersão, as regas
devem ser feitas em horários sem vento ou com ventos de baixa intensidade.
Irrigações durante períodos de ventos intensos, além de favorecer a maior
evaporação de água, prejudica demasiadamente sua distribuição, podendo
comprometer a produtividade.
Que outros aspectos
devem ser considerados na escolha do horário de irrigação?
Outros aspectos que não afetam a
produtividade, mas que podem influenciar na escolha do horário da irrigação,
estão relacionados à operação do sistema de irrigação, à disponibilidade de
mão-de-obra e ao custo de energia. As companhias elétricas dispõem de tarifas
com desconto especial para consumidores de irrigação agrícola. Os descontos,
que dependem da região, podem variar entre 70 % e 90 %, para consumidores de
alta tensão e entre 60 % e 73 %, para consumidores de baixa tensão. A exigência
é que haja adesão do produtor ao programa e que as irrigações sejam feitas no
horário noturno, entre 21h30 e 6h.
A irrigação no período noturno apresenta a
vantagem de minimizar as perdas de água por evaporação e, assim, conservar água
e energia. Por sua vez, a irrigação noturna depende de maior grau de
automatização do sistema de irrigação e da disponibilidade de mão-de-obra, além
de envolver aspectos trabalhistas. Na escolha do horário de irrigação, outro
fator importante é a capacidade do sistema de irrigação, pois este é geralmente
dimensionado para funcionar durante um número máximo de horas por dia a fim de
atender toda a área irrigada inicialmente prevista em projeto. Assim, muitas
vezes, não se tem flexibilidade na escolha do horário de irrigação.
É necessário irrigar as
hortaliças até no dia da colheita?
Apenas as hortaliças folhosas devem ser
irrigadas até na véspera da colheita. Para os demais tipos de hortaliças, as
irrigações podem ser paralisadas vários dias antes da última colheita, pois o
solo pode fornecer água às plantas por vários dias.
A época correta de se paralisar as
irrigações depende da textura do solo, do clima e da hortaliça cultivada. Em
solos argilosos e clima ameno (temperatura baixa e umidade relativa alta), as
irrigações podem ser paralisadas bem antes que em solos arenosos e regiões de clima quente e seco. Em cultivos
de cebola, batata e alho, por exemplo, as irrigações podem ser interrompidas de
5 a 10 dias antes da colheita. Em hortaliças do tipo fruto, como tomate e
pimentão, as regas podem ser paralisadas entre 3 e 7 dias antes da última
colheita.
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