Autor: Euclides Schallenberger
Publicação: O trabalho compõe a parte I – Recomendações gerais para produção
sustentável de hortaliças - do Boletim Didático nº
107 “Produção de hortaliças em Santa
Catarina”. publicado pela Epagri. Interessados em adquirir a publicação
completa e ilustrada com 156 páginas, devem entrar no site: www.epagri.sc.gov.br e acessar os link “Publicações” e “Boletim didático”.
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É importante lembrar que para adubar é
preciso conhecer o solo e as exigências da cultura. Conhece-se o solo por meio
da análise química completa, que deve ser interpretada por um técnico que
saberá fazer as recomendações de adubo, seja orgânico ou mineral..
A retirada do solo para análise deve ser
muito bem feita para que a recomendação de adubação e calagem corresponda ã
realidade da área a ser tratada. Quem tiver dúvida ou nunca foi orientado a
respeito da amostragem de solo para análise, deve procurar ajuda de um técnico
capacitado para tal.
As hortaliças respondem muito bem à
adubação orgânica. Dependendo da fertilidade do solo e dos teores de nutrientes
encontrados nos adubos orgânicos, pode-se realizar uma adubação equilibrada e
eficiente apenas com este tipo de adubo. Por meio da adubação orgânica obtêm-se
solos saudáveis, que produzem plantas saudáveis, naturalmente resistentes a
pragas e patógenos. A adição de matéria orgânica melhora a química e a física
dos solos, ativando a vida que nele habita. Nos solos adubados organicamente,
as plantas desenvolvem-se melhor porque são beneficiadas pela relação positiva
que se estabelece entre as raízes e os microorganismos como micorrizas e
fixadores biológicos de nitrogênio e outras moléculas orgânicas complexas
encontradas nos adubos orgânicos.
A adubação orgânica garante,
praticamente, todos os elementos necessários às hortaliças. Além disso,
estimula a vida do solo, e permite a formação de macro e microporos,
possibilitando a umidificação e a aeração junto às raízes, de tal forma que as
plantas e a vida do solo possam desenvolver um metabolismo eficiente e em
conformidade com seu potencial de produção.
A utilização da adubação orgânica melhora o teor de matéria orgânica no
solo, que traz os seguintes benefícios:
- reciclagem de nutrientes;
- proteção do solo contra a erosão;
- promove maior retenção de água em solos
arenosos e torna os solos
argilosos mais soltos e arejados, melhorando a infiltração de água;
- É fonte
de alimentos para os microorganismos, aumentando a população dos organismos úteis que vivem associados às
raízes das plantas;
- É fonte equilibrada de macro e micronutrientes que as
planta absorvem conforme sua necessidade, em quantidade e qualidade para as plantas;
- possui substâncias de crescimento
(fito-hormônios) que aumentam a respiração e a fotossíntese das plantas;
- melhora a qualidade dos alimentos,
tornando-os mais ricos em vitaminas,
aminoácidos, sais minerais, matéria seca e
açúcares, além de melhorar a
conservação pós-colheita;
- Aumenta a capacidade de troca de cátions.
Visando
à preservação da fertilidade e as boas características físicas e biológicas do
solo, deve-se associar com a adubação orgânica outras práticas de manejo e
conservação do solo. Entre essas práticas recomendam-se a rotação de culturas,
adubação verde e o plantio direto.
Tipos
de material orgânico usado na adubação
Podem ser utilizados como adubos orgânicos
estercos de gado, de aves, de suínos, composto, resíduos de culturas e adubos
verdes. Deve-se tomar cuidado no uso de estercos de animais; devem ser bem
curtidos e, especialmente o de aves, não
recomenda-se quantidades superior à 20 t/ha ao ano, pois pode salinizar o solo.
Em relação ao esterco de gado deve-se tomar cuidado para não usar quando for
utilizado herbicidas nas pastagens.
Os
materiais orgânicos variam muito em sua composição química e a dose mais
adequada depende das condições de mineralização, dos teores de nutrientes e da
fertilidade do solo. Alguns nutrientes contidos nos resíduos orgânicos estão na
forma orgânica devendo ser mineralizados para serem absorvidos pelas plantas. A
partir daí, a fração mineralizada comporta-se de forma semelhante aos
nutrientes dos adubos minerais. O potássio aplicado por meio do adubo orgânico
comporta-se como mineral desde a aplicação, uma vez que não faz parte de nenhum
composto orgânico estável. Portanto, não necessita sofrer a ação dos
microorganismos. O fósforo sofre mineralização de cerca de 80% no primeiro ano
de cultivo e cerca de 20% no segundo ano. Para o nitrogênio a taxa de
mineralização é de cerca de 50% no primeiro ano e 20% no segundo ano. A partir do terceiro ano
a totalidade do Nitrogênio e o Fósforo
aplicados na forma orgânica encontram-se mineralizados.
O
composto orgânico é um produto obtido pelo processo de decomposição microbiana
aeróbica de resíduos vegetais e animais, que os transforma em húmus, o que gera
um adubo de elevada qualidade pelo equilíbrio de seus nutrientes e pela
composição microbiana benéfica que contém. É o processo mais eficiente de
produção de adubo orgânico de qualidade, essencial para a produção sustentável
de hortaliças.
O
emprego de compostos orgânicos, como base central de sistemas orgânicos de
produção, é uma tecnologia adotada no mundo todo. Seu grau de eficiência
depende do sistema e da forma como se executa o processo de preparo do mesmo e
das matérias primas utilizadas. A riqueza nutricional e biológica que os
compostos orgânicos conferem ao solo e às plantas auxilia sobremaneira no cultivo de plantas.
Isso permite melhorar as qualidades químicas, físicas e biológicas do solo e
promover um desenvolvimento vegetativo adequado à obtenção de produtividade
economicamente viável.
A
utilização de composto orgânico ao longo dos anos melhora as condições físicas,
químicas e biológicas do solo e ainda corrige a acidez do solo. Embora a
compostagem exiga mais mão-de-obra no processo e aplicação, quando comparado
aos adubos químicos, torna-se ao longo do tempo mais econômica, pois além de
melhorar a vida do solo e manter por mais tempo a fertilidade em relação a
macro e micronutrientes (Silva et alii, 2013), seu uso é cada vez menor devido
à maior estabilidade e menor lixiviação.
Teores
de nutrientes nos adubos orgânicos
Deve-se
procurar nos adubos orgânicos uma relação entre os nutrientes N:P:K que seja
próxima da recomendação de adubação, conforme análise do solo. Na tabela 1
encontra-se a concentração de nutrientes e a relação entre estes nutrientes.
TABELA
1. Concentração de
nutrientes e relação N:P:K de adubos orgânicos.
Materiais
|
Relação
N:P:K
|
Concentração média de nutrientes (%)
|
||||
N
|
P2O5
|
K2O
|
N
|
P2O5
|
K2O
|
|
Esterco aves
(3-4 lotes)
|
1
|
1,09
|
0,78
|
3,2
|
3,5
|
2,5
|
Esterco bovinos
|
1
|
0,9
|
1
|
1,5
|
1,4
|
1,5
|
Composto lixo urbano
|
1
|
0,5
|
0,3
|
1,2
|
0,6
|
0,4
|
Composto de palhada e esterco de aves
|
1
|
1,3
|
1,12
|
1,77
|
2,31
|
2,0
|
Fonte:
Sociedade Brasileira de
Ciências do Solo, 2004.
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