No dia 22 de maio é comemorado no Brasil o “Dia do Apicultor”; a data foi escolhida por ser dia da Santa Rita de Cássia, padroeira dos apicultores. A data é importante para refletirmos sobre a importância das abelhas para o homem, meio ambiente e sustentabilidade do planeta em que vivemos e, também parabenizar o apicultor pelo belo trabalho realizado. Esta profissão tão importante precisa ser valorizada no Brasil e receber a devida atenção de todos, pela sua importância ecológica, econômica e na segurança alimentar.
A abelha, inseto milenar, está presente em toda a história da humanidade, desde o início dos tempos. Desde as mais remotas civilizações até as mais recentes descobertas, a abelha sempre esteve e está intimamente associada ao ser humano e sua evolução. As abelhas podem ser indicadores biológicos do equilíbrio ambiental, muito útil no esforço da conservação, da biodiversidade e na exploração sustentável do meio ambiente. As mudanças que o homem têm imposto ao seu ambiente vem reduzindo a abundância de abelhas silvestres, colocando em risco a produção de alimentos e a preservação de muitos ambientes naturais e das espécies que neles habitam. É urgente que se reconheça as abelhas e outros animais polinizadores como essenciais para a sustentabilidade da produção mundial de alimentos. Segundo pesquisadores, a produção de 2/3 da alimentação humana depende, direta ou indiretamente da polinização por insetos e, de acordo com estimativas feitas em 1998, pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), há no mundo uma perda de U$54 bilhões devido a deficiência na polinização das plantas cultivadas.
Abelha visitando uma flor
O apicultor é aquele profissional que cria as abelhas, e especialmente a espécie Apis melifera L. que é conhecida como abelha doméstica, produtora de mel e cera. Dá-se o nome de "apicultura" à arte de criar abelhas. Pode ser praticada como hobby ou de modo profissional. É uma atividade muito antiga, originária do Oriente. A China, o México e a Argentina são os principais países exportadores de mel, e a Alemanha e o Japão são os maiores importadores. O papel do apicultor é amparar suas abelhas nos momentos mais difíceis, para poder se beneficiar nos estágios em que as colmeias se encontram na plenitude produtiva. Para tanto, é preciso que ele entenda que a colônia vive em constante ciclo; nos períodos de escassez de alimento, a família definha, os zangões são expulsos da colmeia, cai a postura da rainha e, consequentemente, diminui ou cessa a produção de mel, pólen, geleia real, própolis e cera. Nesse momento, entra em ação o apicultor, que socorre a colônia providenciando alimento artificial para as abelhas, reduzindo a entrada do orvalho nos períodos de frio, auxiliando na manutenção da temperatura do interior da colmeia, fornecendo cera, verificando o estado dos favos e etc. Não basta apenas ter algumas colmeias para ser apicultor. É preciso entender o comportamento social das abelhas, sua biologia e estar sempre se atualizando sobre as técnicas de manejo e produção. Isso torna essa arte ainda mais nobre e cativante, pois as descobertas se renovam.
Apicultores em ação
O mel foi a primeira substância adoçante da antiguidade, utilizado desde 5.000 a.C. Na pré-história, o alimento ingerido era uma mistura de mel, pólen e cera, pois não se sabia separar suas substâncias, sendo escasso e difícil encontrar um enxame. Somente em 400 a.C. é que começaram a armazenar em potes, sendo que os egípcios foram os primeiros na sua criação. O mel, produto que tem crescido em produção e exportação, é hoje responsável por uma cadeia produtiva diversificada que envolve todo país, com mais de 350 mil apicultores, além de 450 mil ocupações no campo e 16 mil empregos diretos no setor industrial. Segundo a Confederação Brasileira de Apicultura (CBA), a produção apícola nacional triplicou nos últimos anos, chegando a 50 mil toneladas anuais, com uma perspectiva de no futuro produzir até 200 mil toneladas. Segundo levantamento do Sebrae - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, as exportações do mel renderam ao país uma receita de US$ 5,53 milhões em 2010. Além de elevar a renda e ser uma fonte riquíssima em proteínas, vitaminas, minerais, o cultivo de abelha pode ser um grande aliado para a preservação da natureza. Esses insetos são responsáveis pela reprodução de 40 a 90% dos vegetais devido ao processo de polinização, ou seja, cuidam do transporte de pólen de uma flor para outra, de acordo com INPA - Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia.
As abelhas são insetos sociais altamente organizados, que se destacam pela importância de seus produtos, especialmente o mel e, pela polinização de culturas. As abelhas melíferas organizam-se em três classes principais: as operárias (providenciam a alimentação), a rainha (põe ovos) e o zangão (acasala com a rainha). Algumas colmeias chegam a ter 110 mil abelhas, a grande maioria de operárias, sendo uma rainha e, cerca de 150 zangões. As abelhas são consideradas “insetos sociais” devido ao elevado grau de desenvolvimento social atingido. Agrupam-se em comunidades ou enxames onde existe uma organizada distribuição de tarefas. Cada família de abelhas possui uma única rainha, que tem como função a reprodução da espécie. Poucos dias após seu nascimento é fecundada por vários zangões no chamado “vôo nupcial”. Como é a única abelha fêmea fecundada, cabe à rainha colocar todos os ovos necessários à continuidade da família, mantendo a organização e coesão do enxame. Os zangões, abelhas macho mais fortes que as operárias, não possuem ferrão e não coletam pólen ou néctar; sua função é fecundar a rainha, vindo a morrer após o ato. Já as abelhas operárias são as fêmeas não fecundadas, menores que a rainha e que os zangões; são responsáveis pela construção, ventilação, limpeza e defesa da colmeia, além da alimentação da rainha, cuidado com ovos e crias, coleta de pólen, néctar e água e, produção de mel, geleia real e própolis; possuem veneno e ferrão, vivendo entre 28 e 50 dias.
Objetivos e perspectivas da apicultura
Entre os produtos que podem ser extraídos da colmeia, graças ao trabalho incansável das abelhas operárias, destacam-se: o mel, geléia real e própolis. O mel, produzido a partir do néctar que as abelhas operárias armazenam nos favos, é uma substância orgânica rica em ácidos, sais minerais, vitaminas, enzimas, proteínas, aminoácidos e hormônios, muito utilizado na alimentação humana, em cosméticos e como remédio (veja neste blog a matéria “Insetos benéficos e sua importância para o homem e meio ambiente”, postada em 28/10/2011, sobre as inúmeras propriedades medicinais do mel). O mel é produzido a partir das flores existentes ao redor da colmeia. Na colmeia, o néctar trazido pelas campeiras vai ser transformado em mel pelas outras abelhas, com um sabor e características especiais de acordo com as flores visitadas. Existem dezenas de variedades de mel de abelhas e, dependendo da floração e dos terrenos, variam de cor, aroma e sabor. Os apicultores conhecem o mel típico de sua região, e geralmente as flores que fornecem o néctar para a sua produção. A Geléia Real é produzido pelas abelhas para alimentação das larvas jovens da colmeia e para a rainha, durante toda sua vida; contém hormônios, vitaminas, aminoácidos, enzimas, lipídios e outras substâncias que agem sobre o processo de regeneração celular. O Própolis é produzido a partir de resinas e bálsamos coletados das plantas e modificado pelas abelhas operárias através de secreções próprias. Por sua eficácia terapêutica, é indicado para gripes, resfriados, dores de garganta, problemas de mau hálito, aftas e gengivites, bem como para fortificar o organismo. Também pode ser usado como cicatrizante em feridas, cortes, micoses, espinhas, verrugas e frieiras. Ainda pode ser extraído da colmeia, o Néctar, um líquido doce e rico em açúcar, colhido pelas abelhas para fazer o mel, empregado pelos gregos para preparar a ambrosia, bebida feita a partir da mistura de vinho, água e mel e a Cera. Em função das excelentes propriedades dos produtos apícolas, surgiu a Apiterapia; é a ciência da cura das enfermidades com produtos apícolas, embora tendo uma denominação nova, é uma medicina antiga e tradicional usada por muitos povos.
Há 80 milhões de anos as abelhas desempenham a importante tarefa de polinizar plantas e, por isso, são responsáveis pela produção de alimentos. A polinização é a transferência de grãos de pólen (gameta masculino) das anteras (órgãos masculinos) de uma flor para o estigma (parte do aparelho reprodutor feminino) da mesma flor ou de outra flor da mesma espécie. Sem essa transferência, não há a fecundação das plantas e, sem plantas, não tem como alimentar o mundo, pois não há a formação das sementes e frutos. Veja neste blog mais informações sobre a polinização, através da matéria “Insetos benéficos e sua importância para o homem e meio ambiente” postada em 28/10/2011.
São as abelhas que garantem a diversidade e o equilíbrio do ecossistema. Estudos apontam que 50% da biomassa de uma floresta tropical seja formada por formigas, vespas, abelhas e cupins. Cerca de 75% das culturas e 80% das espécies de plantas dotadas de flores dependem da polinização. Portanto, as abelhas constituem-se nos principais polinizadores bióticos da natureza. Frequentemente os agricultores não percebem a grande fração de polinização que é realizada pelas abelhas nativas e resultados de polinização inadequada acabam sendo interpretados como problemas de clima ou doenças. Boa parte da agricultura só existe por causa da polinização das abelhas e insetos! Ou seja, o próprio funcionamento da natureza - suas interações ecológicas - produzem "serviços" ecossistêmicos dos quais a humanidade e outros seres vivos utilizam para sobreviver. A conservação desses serviços depende da conservação da própria natureza e de seus diferentes ecossistemas. Quando o homem promove ações direcionadas à conservação, manutenção ou melhoria desses serviços ecossistêmicos para benefício da sociedade, tais ações são chamadas "Serviços Ambientais". Segundo pesquisadores, o valor anual global dos serviços ambientais prestados pelas abelhas na polinização de alimentos para o homem foi estimado em 2008 como sendo de 153 bilhões de euros, que corresponderam à 9,5% do valor da produção agrícola de alimentos utilizados pelo homem em 2005.
O Brasil tem uma apicultura em desenvolvimento, mas precisamos fortalecê-la mais através de um esforço conjunto para educação popular, conscientização da importância das abelhas, conservação dos recursos naturais e restauração ambiental, por exemplo, com o incentivo ao plantio de espécies vegetais com flores para as abelhas, especialmente árvores e jardins. No nosso país, muitos apicultores criam também abelhas nativas, chamadas de abelhas indígenas sem ferrão ou meliponíneos. Estas abelhas nativas, encontradas por toda parte, atuam na polinização de muitas plantas geralmente cultivadas pelo pequeno agricultor. Muitas espécies produzem mel. Entretanto, este mel é diferente do produzido pelas colônias de Apis mellifera. É mais líquido e considerado muito medicinal. No momento não pode ser vendido no comércio nem exportado, por ainda não estar regulamentado pelo Ministério da Agricultura. No Brasil de hoje, onde se expande a agricultura, uma das maiores fontes de recursos financeiros do País, precisamos atuar junto à comunidade rural para desenhar uma paisagem agrícola amigável aos polinizadores, implementar o cooperativismo forte e traçar um plano de ação bem delineado para que possamos preservar e utilizar os serviços ambientais prestados pelas nossas abelhas. Estas ações serão a base para a apicultura sustentável e para a segurança alimentar, através da utilização sustentável de abelhas como polinizadoras.
Causas do declínio da polinização
As abelhas são seres fundamentais para a manutenção da vegetação natural e cultivada, pois contribuem para a perpetuação de muitas espécies nativas e de culturas agrícolas. Sua preservação é importante devido ao papel fundamental que desempenham na cadeia biológica: fazer a polinização e garantir, dessa forma, a continuidade das espécies de flores de onde insetos e outros animais retiram seu alimento.
A agressão ambiental verificada em escala cada vez mais acentuada atinge em cheio as abelhas e outros insetos polinizadores. Pelas mãos dos homens, o desmatamento, a poluição, as queimadas, os incêndios florestais, o uso indiscriminado de agrotóxicos, principalmente nas extensas áreas de monocultivo, tem colocado a vida das abelhas em perigo. Áreas cobertas com vegetação nativa apresentam, em geral, um número considerável de espécies de plantas que servem como fonte de néctar e pólen para insetos polinizadores. A substituição destas áreas por monoculturas, que normalmente florescem por um curto período de tempo, leva a uma severa redução no número e diversidade de polinizadores. Os herbicidas e as capinas (manuais e mecanizadas) reduzem o número de flores silvestres, fornecidos por plantas consideradas espontâneas ou “daninhas”, pela destruição de áreas e/ou faixas naturais e artificiais. O resultado final é uma área com uma quantidade muito pequena de polinizadores naturais e uma grande demanda por polinização durante o período de florescimento das plantas cultivadas. Tudo isto contribui para a perda de biodiversidade e serviços de polinização na área, pois as espécies remanescentes não conseguem compensar a perda de polinização resultante do desaparecimento das demais espécies.
No Brasil, a questão dos agrotóxicos é preocupante. Segundo pesquisadores, somente no período de 40 anos entre 1964 e 2004 o consumo de agrotóxicos no país aumentou 700%. A partir de 2008, o Brasil tornou-se o campeão mundial no consumo de agrotóxicos. A aplicação de agrotóxicos reduz ainda mais a presença de polinizadores em áreas cultivadas, pois os inseticidas utilizados para matar as pragas fazem o mesmo com os insetos polinizadores. Alguns fungicidas podem, também, ter um grande impacto sobre os polinizadores, por reduzirem o número de visita às flores das culturas, ao exercerem ação repelente ou reduzirem a viabilidade do pólen, decorrentes de aberrações cromossômicas. Vários relatos sobre mortalidade de abelhas, presumivelmente devido a contaminações pelo uso inadequado de agrotóxicos, têm ocorrido recentemente no país. Nos últimos 15 anos tem-se notado considerável aumento da mortalidade das abelhas, em especial na região sul do país. O certo é que o sumiço das abelhas mudaria completamente todo o ecossistema, afetando significativamente a vida de todos nós. A boa notícia é que alguns órgãos do governo estão preocupados e, por isso, estão tomando algumas medidas no sentido de minimizar o grave problema.
IBAMA vai reavaliar agrotóxicos prejudiciais às abelhas
Foi publicado no Diário Oficial da União (DOU), em 19/7/2012, um comunicado do IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis) que dá início formal ao processo de reavaliação de agrotóxicos associados à efeitos nocivos às abelhas. Quatro ingredientes ativos que compõem esses agrotóxicos serão reavaliados: Imidacloprido, Tiametoxam, Clotianidina e Fipronil. O primeiro a passar pelo processo de reavaliação será o Imidacloprido, que é a mais comercializada destas quatro substâncias. Só em 2010, empresas declararam ao IBAMA a comercialização de 1.934 toneladas de Imidacloprido, cerca de 60% do total comercializado destes quatro ingredientes. Entre os produtos comerciais à base de Fipronil os mais conhecidos são Amulet, Klap, Standak, Belure, Blitz, entre outros. O imidacloprido tem formulações comerciais de nome Poncho, Gaúcho, Confidor WG, entre outros. Esta iniciativa do IBAMA segue diretrizes de políticas públicas do Ministério do Meio Ambiente (MMA) voltadas para a proteção de polinizadores. As diretrizes do MMA acompanham a preocupação mundial sobre a manutenção de populações de polinizadores naturais, como as abelhas. A decisão do IBAMA se baseou em pesquisas científicas e em decisões adotadas por outros países. Estudos científicos recentes indicam que o uso destas substâncias é prejudicial para insetos polinizadores, em especial para as abelhas, podendo causar a morte ou alterações no comportamento destes insetos. As abelhas são consideradas os principais polinizadores em ambientes naturais e agrícolas, e contribuem para o aumento da produtividade agrícola, além de serem diretamente responsáveis pela produção de mel.
Como medida preventiva, o IBAMA proibiu provisoriamente a aplicação por aviões de agrotóxicos à base de Imidacloprido, Tiametoxam, Clotianidina e Fipronil em qualquer tipo de cultura. O uso de inseticidas que contem esses ingredientes ativos por meio de aplicação aérea tem sido associado a morte de abelhas em diferentes regiões do país, o que motivou a proibição. No prazo de três meses as empresas produtoras de agrotóxicos devem incluir uma frase de alerta para o consumidor nas bulas e embalagens de produtos que contenham um ou mais dos compostos químicos destacados na portaria. A mensagem padrão informará que a aplicação aérea não é mais permitida e que o produto é tóxico para abelhas. Além disso, constará da mensagem que o uso é proibido em épocas de floração ou quando observada a visitação de abelhas na lavoura.
Segundo o coordenador-geral de Avaliação e Controle de Substâncias Químicas do IBAMA, Márcio de Freitas, “ as medidas adotadas visam proteger este importante serviço ambiental de polinização, que comprovadamente aumenta a produtividade agrícola. O intuito da reavaliação é contribuir para agricultura e apicultura brasileiras.” Das 100 culturas agrícolas produzidas que representam 90% da base de alimento mundial, cerca de 70 % são polinizadas por abelhas, completou o coordenador-geral. Ao final do processo de reavaliação, o IBAMA poderá manter a decisão de suspensão da aplicação por aviões destes produtos, ou revê-la. Caso o resultado dos estudos indiquem, o IBAMA poderá adotar outras medidas de restrição ou controle destas substâncias. Confira a frase de advertência que deverá ser incorporada às bulas e embalagens do produtos que contém Imidacloprido, Tiametoxam, Clotianidina e Fipronil:
“Este produto é tóxico para abelhas”. A aplicação aérea NÃO É PERMITIDA. Não aplique este produto em época de floração, nem imediatamente antes do florescimento ou quando for observada visitação de abelhas na cultura. O descumprimento dessas determinações constitui crime ambiental, sujeito a penalidades.
Agrotóxicos causam curto-circuito nas abelhas
Um estudo europeu mostrou que os agrotóxicos usados para proteger cultivos podem embaralhar os circuitos cerebrais das abelhas melíferas (produtoras de mel), afetando sua memória e sua capacidade de navegação, necessárias para encontrar comida, alertaram cientistas. Segundo artigo publicado na revista científica Nature Communications, isso poderia ameaçar colônias de abelhas inteiras, cujas funções polinizadoras são vitais para a produção de alimentos. A equipe de cientistas estudou os cérebros de abelhas produtoras de mel no laboratório, expondo-as à pesticidas Neonicotinoides usados em lavouras e, à Organofosfatos, o grupo de inseticidas mais usado no mundo (neste caso, o Coumafos), inclusive, para controlar infestações de ácaros em colmeias. Segundo os cientistas, quando expostos a concentrações similares dos dois pesticidas encontradas na natureza, os circuitos de aprendizagem nos cérebros das abelhas logo param de funcionar. "Juntas, as duas classes de pesticidas demonstraram ter um efeito negativo maior no cérebro das abelhas e que podem inibir o aprendizado das abelhas produtoras de mel", explicou um dos coautores do estudo, Christopher Connolly, do Instituto de Pesquisa Médica da Universidade de Dundee, no Reino Unido. "As polinizadoras têm comportamentos sofisticados enquanto se alimentam, que exigem que aprendam e se lembrem de tratos florais associados à comida", acrescentou sua colega, Geraldine Wright, do Centro de Comportamento e Evolução da Universidade de Newcastle, no Reino Unido. "A interrupção desta importante função tem implicações profundas na sobrevivência de colônias de abelhas produtoras de mel, porque as que não conseguem aprender não conseguirão encontrar comida", emendou. A descoberta foi feita em meio a um intenso debate sobre o uso continuado de Neonicotinoides. Há duas semanas, países europeus rejeitaram uma proposta de proibição por dois anos do grupo de inseticidas que atinge o cérebro, depois da oposição da indústria agroquímica. Apicultores da Europa, da América do Norte e de outras partes do mundo estão preocupados com o chamado distúrbio de colapso das colônias, um fenômeno no qual as abelhas adultas abruptamente desaparecem das colmeias - algo que tem sido atribuído a ácaros, vírus e fungos, pesticidas ou a uma combinação desses fatores.
As abelhas são 80% dos insetos polinizadores de plantas. Sem elas, muitos cultivos seriam incapazes de frutificar ou, então, teriam de ser polinizados a mão. Os cientistas afirmam que suas descobertas podem levar a uma reavaliação do uso de pesticidas. "Nossos dados sugerem que o uso amplo de Coumafos, como acaricida, é um risco desnecessário para a saúde das abelhas melíferas", afirmou Connolly, que propôs o uso de ácidos orgânicos para o controle de ácaros nas colmeias. Em termos de pesticidas para a proteção de cultivos, a indústria agroquímica argumenta que alternativas aos Neonicotinoides seriam mais tóxicas para as abelhas. "Uma comparação direta das alternativas parece ser o único caminho" para encontrar a opção menos nociva, afirmou o cientista. Comentando o estudo, Francis Ratnieks, professor de apicultura da Universidade de Sussex, disse que as concentrações usadas na pesquisa pareciam altas. "Não surpreende que altas concentrações de inseticidas sejam nocivas, mas não sabemos se os baixos níveis de inseticidas Neonicotinoides no néctar e no pólen de plantas tratadas também são nocivos no mundo real", acrescentou. Além disso, o uso de Coumafos é ilegal em grande parte da Europa e não é amplamente usado nos Estados Unidos, afirmou Ratnieks, citado pelo Science Media Centre, em Londres. Apicultores franceses pediram ao Ministério da Agricultura a proibição de pesticidas Neonicotinoides, enquanto a CE (Comissão Europeia) analisa a adoção de uma norma específica sobre o caso. "A situação é catastrófica", disse Henri Clément, porta-voz dos apicultores franceses, afirmando que a taxa de mortalidade das abelhas passou de 5% na década de 1990 para 30% atualmente, o que provocou uma redução dramática na produção de mel na França, para 16 mil toneladas. Clément se reuniu com os legisladores, aos quais pediu apoio ao seu apelo pela proibição dos Neonicotinoides, e pediu a criação de um "comitê de apoio à alternativas aos pesticidas". Este ano, a CE já propôs a suspensão do uso de três produtos Neonicotinoides nas culturas de milho, canola, girassol e algodão, pois eles contribuem para uma alta notável na mortalidade das abelhas.
Abelhas são bioindicadoras de poluição no ambiente
Fonte: Revista Agropecuária Catarinense, vol. 25, nº 2, jul. 2012
Uma pesquisa realizada pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP) revelou que as abelhas são bioindicadoras de poluição ambiental. Esta conclusão foi baseada no fato de que as abelhas operárias ao recolherem o néctar, a água e o pólen das flores, quase todos os recursos ambientais (solo, vegetação, água e ar) são explorados e, durante este processo, diversos microrganismos, produtos químicos e partículas suspensos no ar são interceptados pelas abelhas e podem ser ficar aderidos ao corpo ou ser ingeridos por elas. Este fato indica que os produtos apícolas podem ser usados como bioindicadores para monitoramento de impacto ambiental causado por fatores biológicos, químicos e físicos. Segundo a pesquisadora, a análise de elementos-traço no pólen pode biomonitorar o ambiente, podendo ser uma forma de prevenir a contaminação ambiental.
Só esclarecendo...As abelhas operárias que são fêmeas são sim fecundadas.As abelhas zangões que são machos, eles é que NÃO são fecundados.
ResponderExcluirEx.:
Porque uma colmeia tem um numero populoso de abelhas, postura boa, mas não produz? a causa pode ser que ao invés da RAINHA esta fazendo postura(que possuí a espermateca-estrutura que armazena sêmen)quem esteja fazendo seja a OPERÁRIA que não possuí espermateca, e por esse motivo não consegue fecundar os óvulos nascendo assim só machos na colonia.
Edna lima
Agradeço muito o esclarecimento. Assim que for possível, vou atualizar e corrigir o texto.
ResponderExcluirFerreira
Eu não entendi esse esclarecimento, pois se as operárias não conseguem fecundar os óvulos por não possuir espermateca, como pode haver o nascimento de machos, uma vez que pe conhecimento de todos, só seria possível nascer um indivíduo se houver a fecundação, e como não há, conclui-se que não há possibilidade de nascer fêmeas e nem mesmo machos!
ResponderExcluirJonathan, por favor, me mande um e-mail esclarecendo! jonathanitoi@hotmail.com
A operária só realiza postura em casos extremos, como ela não possui óvulos fertéis, sua postura somente dá origem a zangões que são provenientes de óvulos não fecundados tanto da rainha como da operária. Esse processo somente acontece quando na falta da rainha, já que o ferhormônio produzido pelas glândulas da rainha impedem o desenvolvimento do órgão reprodutor da operária na vida adulta, assim como sua alimentação na fase larval não permitiu o desenvolvimento do mesmo.
ResponderExcluirSegue o link para maiores esclarecimentos da EMBRAPA:http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Mel/SPMel/organizacao.htm