quarta-feira, 31 de outubro de 2012



   A exemplo das hortaliças-folhosas, que possui grande número de espécies, vamos dividir as hortaliças-frutos em 5 matérias a serem postadas. Nas quatro primeiras matérias vamos tratar das hortaliças-frutos pertencentes a família botânica das cucurbitáceas. O cultivo orgânico das hortaliças-frutos tomate, milho-verde e morango, já foram abordadas em matérias postadas em 01/03/2011, 05/10/2011 e 21/09/2012, respectivamente.
Figura 1. Hortaliças-frutos: melancia, melão, abóbora japonesa, abobrinha, chuchu, pepino, morango, pimentão, berinjela e tomate

Recomendações gerais para o cultivo das hortaliças-frutos (cucurbitáceas)
Influência de fatores climáticos: A temperatura é o fator mais importante para as hortaliças-frutos (moranga, abóbora, abobrinha, melancia, melão, chuchu e pepino) que pertencem a família botânica das cucurbitáceas. Em condições abaixo de 12ºC, o crescimento da planta paralisa. Não tolera geadas. As temperaturas mais adequadas para as cucurbitáceas estão entre 18 a 25ºC. A produtividade depende da eficiência da polinização feita pelas abelhas, sendo que a maior atividade está entre 28 a 30ºC. Temperaturas mais elevadas proporcionam maior número de flores masculinas, enquanto que temperaturas mais amenas e com período curto de luz estimulam maior número de flores femininas que darão origem aos frutos. Nos primeiros estádios de desenvolvimento, as plantas são exigentes em água, porque as raízes são ainda superficiais e o armazenamento de água na superfície é praticamente nulo. A deficiência de umidade, associada às temperaturas elevadas no solo ou no ar, pode provocar um déficit hídrico na planta com a conseqüente descoloração das folhas e secamento das plantas. Na fase de polinização e desenvolvimento do fruto, deve-se evitar que a umidade em excesso crie um microclima, ambiente favorável às doenças.
Escolha do local e análise do solo: Área de solos profundos, bem estruturados e drenados, que tenham topografia plana a levemente ondulada são as mais indicadas. O solo ideal é o areno-argiloso, fértil e rico em matéria orgânica. A exposição norte deverá ser a preferencial, por favorecer os aspectos de crescimento vegetativo e de ordem fitossanitária; porém tem-se observado na prática que nas exposições leste e oeste as plantas produzem mais flores femininas. Para melhoria da polinização e conseqüente maior pegamento de frutos é necessário escolher área protegidas dos ventos dominantes ou que tenham quebra-vento. Evitar o plantio em áreas onde, nos dois últimos anos, foram cultivadas outras cucurbitáceas e solanáceas. As espécies da família das cucurbitáceas desenvolvem-se melhor em solos moderadamente ácidos, com pH entre 5,5 e 6,5. Solos de textura média, com teores de argila em torno de 30 a 35% são os mais recomendados. Embora mais de 75% das raízes se encontrem na camadas superiores do solo (0-30cm), é recomendável que o solo tenha profundidade efetiva maior. A análise do solo deve ser feita com antecedência para que o técnico faça a recomendação adequada da adubação e correção da acidez do solo.
Produção de mudas: Ao invés do semeio direto no campo, recomenda-se a produção de mudas em copinhos de papel ou jornal (10 a 12cm de altura), confeccionados com o auxílio de uma lata de refrigerante ou cano de PVC e protegidas em abrigo. Este sistema diminui as perdas ou falhas no campo, melhora a uniformidade do estande e permite um melhor controle fitossanitário e manejo das plantas espontâneas. Além disso, os riscos de perdas de plantas devido ao frio excessivo (as plantas não toleram geadas), praticamente não existe, pois as mudas estariam protegidas. Confecção dos copinhos (Figuras 2, 3 e 4): corta-se uma folha de jornal, sem ser colorida, em cinco tiras, no sentido horizontal da página, com cerca de 11,5 cm de largura cada uma e enrola-se em torno de um cano de PVC (50mm) com 7 cm de comprimento. A extremidade do cilindro de papel é dobrada para dentro, de modo a formar o fundo do copinho e depois bate-se o fundo do cano para comprimir as dobras do fundo do molde. Posteriormente, enche-se o cano com o copinho de papel com o substrato e retira-se o mesmo para confecção de outros copinhos de papel. A reutilização de copos plásticos de refrigerantes descartáveis furados na parte de baixo e protegido em abrigos de plástico com substrato de boa qualidade é outra opção. Semeia-se 3 sementes por copo e realiza-se o desbaste quando as plantas apresentarem uma folha definitiva, deixando-se 2 mudas por copinho. As mudas devem ser transplantadas quando não houver risco de geadas e tiverem duas folhas e no máximo no início de surgimento da terceira folha verdadeira. No caso de copinhos de papel não há necessidade de retirar o papel, pois este se degrada facilmente.
Figura 2. Material necessário para confecção dos copinhos de papel
Figura 3. Confecção de copinho de papel jornal - início
Figura 4. Confecção de copinho de papel jornal – final
Preparo do solo e adubação: Sistema em covas em plantio direto : apresenta a vantagem de melhor proteção do solo e dos frutos, favorece a retenção de água, apresenta menor incidência de plantas espontâneas ("mato") e menor custo da lavoura. No outono semeia-se o adubo verde, que pode ser ervilhaca, aveia preta ou uma mistura de ambas. Após a floração da cobertura verde, no período de formação dos grãos, faz-se seu acamamento com rolo-faca ou roçadeira. Após preparar as covas (30 x30x15cm de profundidade), distribuir e incorporar o adubo; Sistema em faixas em cultivo mínimo : No outono semeia-se o adubo verde, que pode ser ervilhaca, aveia preta ou uma mistura de ambas. Trinta dias antes do plantio, lavrar e gradear em faixas com largura de 0,6 m. As faixas serão distanciadas umas das outras por 3m; Sistema em faixas com preparo do solo: deve ser feita uma aração profunda. Os torrões entre as faixas facilitam a fixação dos ramos pelas garras (gavinhas) evitando o dano pelo vento. Após a aração preparar apenas a faixa de plantio de mais ou menos 60 cm de largura espaçados de 3 em 3 metros. Abre-se um sulco e coloca-se o adubo orgânico, conforme análise do solo. Em geral, para solos de média fertilidade, recomenda-se preferencialmente composto orgânico ou ainda esterco de gado ou de aves curtidos, nas quantidades de 2,4 e 2 kg por metro de sulco , respectivamente, incorporados uniformemente ao solo 10 a 15 dias antes do plantio das mudas. Irrigação: quando necessária, pode ser por aspersão ou preferencialmente localizada. Adubação de cobertura: Se necessário (plantas pouco viçosas), deve ser realizada 20 dias após o transplante e/ou no início da frutificação, com base na análise do solo. Manejo de plantas espontâneas: quando necessário é recomendado realizar na época da adubação de cobertura. O manejo deve ser feito antes do desenvolvimento das ramas nas entrelinhas, através de roçadas (cultivo mínimo ou direto) ou grade no caso do terreno lavrado (sistema em faixas). Próximo às plantas usar a enxada.
Principais pragas e doenças: dentre as pragas destacam-se a broca dos frutos na fase de frutificação, vaquinhas (patriotas) no início de desenvolvimento das plantas e os pulgões. A broca perfura o fruto próximo ao botão floral, causando o apodrecimento. Manejo da broca das cucurbitáceas: para o manejo da broca recomenda-se utilizar iscas atrativas, como por exemplo, a abobrinha italiana - caserta (Figura 5) que também atrai a vaquinha – Diabrotica speciosa, especialmente, no início do desenvolvimento das plantas e, pulverizações semanais com dipel (broca), a partir do início da frutificação. No caso do uso de isca atrativa (abobrinha), recomenda-se a destruição das plantas, quando estiverem muito atacadas pela broca. Os pulgões formam colônias na parte de baixo das folhas sugando a seiva e transmitindo viroses. Manejo de vaquinhas e pulgões: recomenda-se os preparados à base de plantas tais como pimenta e cebola para o manejo de pulgões e vaquinhas. Para o manejo de pulgões, outros preparados tais como, cavalinha-do-campo, losna, confrei, samambaia, cinamomo, coentro e cravo-de-defunto também são eficientes (ver como preparar através de matérias já postadas neste blog). No manejo de vaquinhas, ainda existem as plantas que podem servir como iscas atrativas, tais como abobrinha caserta , tajujá , porongo ou cabaça). Dentre as doenças destaca-se o oídio (Figura 5), que é um fungo que desenvolve-se nas folhas, hastes e frutos das cucurbitáceas e feijão-vagem, apresentando uma formação semelhantes ao "pó de giz", espalhando-se por toda a superfície da folha. A doença é favorecida por temperaturas, entre 15 e 18ºC e, umidade relativa do ar, entre 20 e 100%. Manejo do oídio: no cultivo orgânico recomenda-se, preferencialmente, leite de vaca cru na concentração de 10 a 15%, mesmo após o início da infecção no campo ou produtos a base de enxofre (Kolossus ou Thiovit SC). Obs.: em função da maior atividade das abelhas na polinização, pela manhã, recomenda-se pulverizar, se necessário, sempre a tarde.
Figura 5. A abobrinha italiana – caserta (à esquerda) é uma boa isca atrativa da broca das cucurbitáceas e também da vaquinha. O fungo oídio que tem como principal sintoma a formação de um pó branco sobre as folhas, ataca o feijão-vagem (foto à direita) e as demais espécies da família das cucurbitáceas (melão, melancia, pepino, abóbora, abobrinha e moranga); o leite cru e fresco à 10% (1 L para 100 L de água) é eficiente no manejo desta doença, mesmo no início da infecção.
Rotação e consorciação de culturas: Esta é considerada a prática mais antiga no manejo de doenças e de pragas e continua sendo uma das mais eficientes entre os métodos culturais de controle. Os princípios de controle envolvido na rotação e consorciação de culturas são a redução ou destruição do meio que serve para multiplicação da doença e pragas e a melhoria das condições físicas, químicas e biológicas do solo. Dentre as famílias botânicas, as cucurbitáceas estão entre as que mais possuem problemas de pragas e doenças. Por isso, a rotação de culturas com espécies que não pertencem às cucurbitáceas é uma prática preventiva muito eficiente no manejo das pragas e doenças. O plantio de abóbora, moranga, abobrinha, pepino, melancia, melão e chuchu na mesma área e na mesma estação de cultivo favorece o aumento das pragas e doenças que são comuns. Também deve-se evitar o escalonamento de plantio destas espécies, pois as plantas mais velhas podem disseminar pragas e doenças para as plantas mais jovens. Outra prática recomendável para manejar as pragas e doenças das cucurbitáceas é a diversificação de cultivos que pode ser feita através da consorciação de cultivos com espécies de outras famílias botânicas. O aproveitamento de áreas, especialmente na implantação de pomares (Figura 6) é altamente recomendável para a consorciação com cucurbitáceas, pois além de cobrir o solo evitando a erosão, diminui a infestação de plantas espontâneas. Outra prática também recomendável visando a melhoria da fertilidade do solo é a consorciação das cucurbitáceas com adubos verdes de inverno; o crescimento lento das cucurbitáceas no final do inverno favorece esta consorciação, mantendo-se inicialmente no limpo as covas e as entrelinhas cobertas pelos adubos verdes. Quando os cultivos começarem a desenvolverem-se mais rapidamente (crescimento das gavinhas) faz-se a roçada ou gradagem nas entrelinhas.
Figura 6. Cultivo de moranga híbrida (abóbora japonesa ou kabotiá) em um pomar de oliveiras recém-implantado na Epagri/Estação Experimental de Urussanga

Produção própria de sementes crioulas: Na produção de hortaliças com base agroecológica recomenda-se resgatar a produção de sementes crioulas. As sementes crioulas são aquelas que foram sendo selecionadas e melhoradas pelos agricultores ao longo do tempo, segundo as suas necessidades e em função das condições de clima e de solo da sua região. Devido a essa seleção na região de cultivo, essas sementes são mais rústicas e resistentes às doenças e às pragas, além de serem de baixo custo e de fácil produção.
Na produção própria de sementes, alguns cuidados são importantes:
selecionar as plantas mais vigorosas, sadias e produtivas;
selecionar espécies e variedades adaptadas à região, ao clima e à época de semeadura/plantio;
colher as sementes na época adequada, ou seja, quando ocorrer a maturação completa;
armazenar as sementes em lugar fresco, arejado, seco e protegido da luz direta.
Um dos problemas enfrentados, especialmente pelos produtores de hortaliças, é o alto custo das sementes, principalmente de híbridos. Para algumas hortaliças propagadas por sementes, desde que sejam variedades e não-híbridos, pode-se produzir a própria semente para diminuir o custo e evitar a compra todos os anos. É impossível produzir sementes próprias de cultivares híbridas porque são obtidas do cruzamento entre os pais da cultivar que são um segredo de mercado, conhecidos apenas pelo melhorista ou pela companhia de sementes responsável pelo desenvolvimento do híbrido. Essas sementes geram plantas com enorme desuniformidade entre si em relação a velocidade de crescimento, resistência às pragas, doenças e adversidade climáticas, tamanho, formato, coloração, sabor e qualidade do produto final. Em geral, o nível de desuniformidade é tão alto que a exploração econômica da produção fica comprometida.

Colheita e beneficiamento de sementes de cucurbitáceas (cultivares ou sementes crioulas de pepino, moranga, abóboras, abobrinha, melão e melancia)

Procedimento: selecionar frutos bem formados, completamente maduros, sem defeitos e doenças. Colocar as sementes e a mucilagem (líquido placentário) em vasilhas de plástico por um período de 24 a 48 horas. Após esse período, quando ocorre a fermentação natural, deve-se lavar imediatamente as sementes em água corrente, utilizando-se uma peneira. A secagem deve ser naturalmente à sombra, revolvendo-se as mesmas para diminuir o agrupamento (empelotamento).
Beneficiamento e armazenamento: retirar as impurezas, guardar as sementes em sacos plásticos, tendo o cuidado de retirar o máximo de ar, e armazená-las em geladeira, na última gaveta da parte inferior.
Obs.: para a colheita e beneficiamento de sementes de hortaliças-frutos pertencentes à família das solanáceais (tomate, pimentão, berinjela e pimenta), recomenda-se o mesmo procedimento.









 

Ferreira On 10/31/2012 08:32:00 AM 3 comments LEIA MAIS

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Ferreira On 10/17/2012 01:33:00 PM Comentarios LEIA MAIS

quarta-feira, 3 de outubro de 2012



Chicória
A chicória (Cichorium endivia L.) é uma planta que tem sua origem na Índia Oriental e é conhecida e utilizada na alimentação humana desde o Egito antigo, na forma cozida ou como salada. Existem duas variedades claramente definidas que são Cichorium endivia var. crispa L., que é a chicória crespa, caracterizada pelas folhas bastante recortadas e, Cichorium endivia var. latifolia L., variedade lisa que tem no Brasil o maior consumo e valor comercial. Ambas têm o característico sabor amargo, que é mais forte nas folhas mais verdes. A chicória (Cichorium endívia), hortaliça-folhosa, de ciclo anual, conhecida também por endívia, escarola e chicarola, pertencente a família botânica das Asteraceae, conhecida também por Compositae ou Compostas; são aproximadamente 50.000 espécies, sendo os representantes desta família a alface, o crisântemo, o girassol, a margarida e muitos outros. A chicória é cultivada na região centro-sul do país e não forma cabeça (Figura 1). Endívias produzidas no escuro têm o sabor mais suave e doce, e coloração branca-amarelada. As flores das chicórias são azuis, muito bonitas e delicadas.
Uso culinário e propriedades nutricionais e terapêuticas: Endívias e escarolas podem ser consumidas cruas, refogadas, cozidas no vapor ou assadas. Na culinária é mais uma opção no preparo de saladas , mas também fica ótima em sopas, purês, cozidos, além de ser especialmente recomendada como recheio de pizzas. Apesar de amargas, elas têm sabor refrescante e são muito apreciadas na culinária européia. Endívias acrescentam um toque de requinte em entradas e combinam muito bem com azeite de oliva, alho, queijos cremosos, coalhadas e tomates secos. Suas folhas côncavas podem ser recheadas e servidas de várias maneiras e têm um excelente efeito na apresentação dos pratos. Elas possuem pouquíssimas calorias, cerca de 17 kcal por 100 gramas e desta forma são muito indicadas para dietas de emagrecimento. As folhas da chicória destacam-se das demais hortaliças pelo seu elevado teor de potássio. Trata-se de uma hortaliça rica em fibras, ótima para o bom funcionamento do intestino. Além disso, contém a vitamina A e é rica em vitaminas do complexo B. Possui , ainda , sais minerais como cálcio , fósforo e ferro, importantes para manter o equilíbrio do organismo.  As principais propriedades medicinais são: limpa o fígado, estimula o baço e, é recomendada para os problemas de visão em geral; também fortalece os ossos, dentes e cabelos e ativa as funções do estômago, intestino e fígado e estimula o apetite. Ativa a função biliar, quando a secreção da bile se mostra escassa, e atua como laxante.

Figura 1. Hortaliça-folhosa: chicória
Cultivo: A chicória produz melhor sob temperaturas amenas, embora haja cultivares tolerantes a temperaturas mais elevadas. Geralmente a semeadura ocorre no outono e inverno, porém pode-se cultivar ao longo do ano, em regiões de altitude. Prefere solos areno-argilosos, férteis, ricos em matéria orgânica, drenados e com o pH entre 6 e 6,8. A semeadura desta hortaliça é realizada da seguinte maneira: primeiramente, na sementeira, procede-se a semeadura utilizando-se 4 g/m2 de sementes. Após ter transcorrido quatro a cinco semanas as plantinhas terão 4 a 6 folhas, momento do transplante para o local definitivo, em canteiros com cerca de 20 cm e irrigado regularmente. A época de cultivo das chicórias varia de acordo com o clima e com a cultivar. A chicória lisa é a variedade com maior valor comercial e é colhida em até 80 dias após a semeação. As diversas cultivares de chicória apreciam o clima ameno, com temperaturas entre 14º e 18ºC. Em climas quentes elas tendem a ficar com o sabor muito amargo. Temperaturas acima de 25ºC afetam o desenvolvimento da planta, que fica com folhas mais grossas e menores. Chicórias são muito exigentes em fertilidade e, se ressentem em caso de excesso ou carência de adubos. Rega-se abundantemente. Para se conseguir chicórias de melhor apresentação, mais claras e tenras, recorre-se ao estiolamento, procedendo da seguinte forma: amarra-se um cordão ou material similar de modo a proteger o "coração" da planta dos raios solares e mantendo-se neste estado por uns 15 dias. As regas não deverão atingir o "coração" da planta.
Outros tratos culturais importantes são as irrigações freqüentes e escarificações, mantendo o solo fofo, a fim de possibilitar à planta melhores condições de desenvolvimento. As doenças e pragas que atacam a chicória são basicamente as mesmas que atacam o alface, que são os pulgões, lesmas, caracóis e insetos que mastigam suas folhas. As doenças mais comuns são a podridão-basal, o vira-cabeça, a septoriose e a queima-de-saia, entre outras. Dentre as medidas preventivas para o manejo das pragas e doenças, estão a adubação equilibrada conforme análise do solo, pois um solo bem suprido de nutrientes dará maior resistência às plantas e a rotação de culturas com espécies de famílias botânicas diferentes; por ser uma hortaliça folhosa é bastante exigente em nitrogênio, por isso, na rotação de culturas recomenda-se, especialmente as leguminosas. Caso seja necessário o uso de produtos alternativos no manejo de doenças e pragas, recomenda-se os utilizados no cultivo de alface (ver matéria postada neste blog em18/01/2011).

Colheita:
A colheita deve ser realizada aos 80 a 90 dias após a semeadura, com rendimento aproximado de 25 a 30 toneladas por hectare. A chicória pode ser guardada em geladeira, em sacos plásticos, sem lavar, por até 7 dias.

Espinafre

Os primeiros relatos do cultivo do espinafre (Figura 2) vêm da Espanha na época das cruzadas. Provavelmente foi trazido pelos árabes no seu avanço pela Península Ibérica. Logo foi introduzido na Europa inteira e no século 16 já era uma das verduras mais encontradas no continente. Existem dois tipos de espinafre, originários de diferentes regiões. Um deles pertence à família Chenopodiaceae, é nativo do sul da Ásia e foi levado para a Europa no início do século 12. O outro, mais fácil de ser encontrado no Brasil, é da família Aizoaceae, com origem na Nova Zelândia e Austrália. É cultivado principalmente nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. É muito consumido na Europa e nos Estados Unidos. Atualmente, o consumo no Brasil já é considerado bastante elevado, apesar de proporcionalmente bem menor do que nos países europeus e nos Estados Unidos. A planta (Spinacia oleracea) possui flores masculinas e femininas que, desta forma, são responsáveis pelo desenvolvimento e proliferação deste vegetal. O caule do espinafre é curto e as folhas crescem ao seu redor.
Uso culinário e propriedades nutricionais e terapêuticas: Na culinária, o espinafre é muito utilizado cozido ou em saladas, sopas e recheios de tortas, massas, como pasteis, calzones, raviolis e pizzas, além de patês e molhos cremosos para carnes e massas. O espinafre é uma planta bastante apreciada pelas suas características nutritivas, por conter muitas vitaminas, principalmente a C e por ter apenas 25 calorias em cada 100g.  A hortaliça é rica em ferro, vitaminas A, B1, B2, B5, C, D, E, K, cálcio, fósforo, potássio, magnésio, ferro, sódio, enxofre, cloro e silício. O espinafre é indicado para pessoas com anemia e desnutrição, além de ajudar no combate à pressão arterial alta e colesterol. Porém não é recomendado para quem sofre de ácido úrico, gota e cálculos renais, por ter alta concentração de ácido oxálico, o que atrapalha a absorção de ferro, cálcio e outros minerais. As folhas verde-escuras contêm antioxidantes e bioflavonóides que ajudam a bloquear as substâncias causadoras de câncer, especialmente do pulmão e próstata. Uma xícara de espinafre fresco também fornece 190 mcg (microgramas) de folato, um nutriente especialmente importante para mulheres grávidas ou que estejam planejando engravidar, porque ajuda a prevenir defeitos neurológicos congênitos. A deficiência de folato pode causar também um tipo grave de anemia. As quantidades de vitaminas e minerais em 100 gramas de espinafre cru são:. vitamina A (9376 UI), C (28.1 mg), E (2.0 mg), K (483 mcg), B6 (0.2 mg), niacina (0.7 mg), tiamina (0.1 mg), riboflavina (0.2 mg), folato (194 mcg), cálcio (99.0 mg), ferro (2.7 mg), magnésio (79.0 mg), fósforo (49.0 mg), potássio (558 mg), cobre (0.1 mg) e manganês (0.9 mg).
Figura 2. Hortaliça-folhosa: Espinafre
 Cultivo: Foram desenvolvidas muitas variedades de espinafres, que se dividem em três tipos principais: Savoy (de folhas verde-escuras e crespas, sendo o tipo mais vendido fresco em molhos), Folha plana e lisa (de folhas maiores, arredondas, planas, lisas e mais fáceis de limpar; utilizadas principalmente na indústria de alimentos) e Semi-savoy (tipo híbrido, de folhas crespas porém mais fáceis de limpar; é cultivado tanto para consumo in natura como para a indústria). As cultivares mais antigas tendem a ter um sabor mais amargo e as folhas mais escuras, além de serem mais sensíveis ao calor, florescendo mais rapidamente. Já as cultivares modernas, apresentam sabor mais suave, folhas mais largas e sementes arredondadas, além de serem mais precoces e demorarem mais a florescer. O espinafre é uma hortaliça que se desenvolve melhor em temperaturas médias e amenas, entre 15 e 21 ºC. Em locais com temperaturas um pouco mais altas, dependendo da variedade, o ambiente pode ficar mais favorável ao florescimento. O plantio no Brasil é feito, normalmente, de março a julho, a não ser em regiões com verão mais ameno, onde pode-se plantar o espinafre durante todo o ano. O excesso de calor prejudica o crescimento da hortaliça e facilita o florescimento precoce. No entanto, há cultivares mais tolerantes, que podem ser plantadas o ano inteiro.
Os solos mais indicados para esta cultura são os areno-argilosos, férteis, e adubados de acordo com o resultado da análise de solo. O pH indicado deve ficar entre 6 e 7.  A semeadura é feita diretamente no solo ou em sementeiras, para depois serem transplantadas para o canteiro. Em geral, utiliza-se de 3 a 4g de sementes por metro quadrado de sementeira. Quando as mudas apresentarem de 4 a 5 folhas, devem ser transplantadas para o local definitivo No plantio direto, coloque de duas a três sementes por cova, com profundidade de um a dois centímetros. O espaçamento entre covas pode mudar de acordo com a época do cultivo e variedade cultivada, entre outros fatores. Experiências na Embrapa Hortaliças obtiveram sucesso com espaços de 30 x 20 e de 30 x 30 centímetros Uma dica importante que deve ser utilizada na época do plantio é deixar as sementes imersas em água, durante cerca de 24 horas, antes da semeadura. Esse procedimento é indicado para facilitar a germinação, fazendo com que ocorra mais rápido. É uma planta relativamente resistente a pragas e doenças, sendo as mais comuns alguns tipos de fungos, além de alguns insetos que ''devoram'' as folhas ou sugam a planta. Algumas variedades híbridas são muito resistentes às doenças e às temperaturas bastante elevadas. Por este motivo, a escolha da variedade a ser plantada deve levar em consideração, principalmente, as médias de temperatura da região e a necessidade de resistência maior a algum tipo de praga que possa atacar, naquela região. Os tratos culturais indicados são: regas diárias ou irrigação nas sementeiras e adubação de cobertura, após o transplante das mudas para o local definitivo. Além disso, a adubação deve ser reforçada após cada corte das plantas. O terreno deve ser limpo, sempre que necessário, através de capinas.

Colheita: A colheita deve ser realizada de 40 a 60 dias após a semeadura, quando esta é feita diretamente no local definitivo. Em geral, após este período, as folhas estão com cerca de 25 a 32cm de comprimento, apresentando uma forte coloração verde-escura.
Ferreira On 10/03/2012 01:37:00 PM Comentarios LEIA MAIS

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Cultivo orgânico de hortaliças-frutos Parte I



   A exemplo das hortaliças-folhosas, que possui grande número de espécies, vamos dividir as hortaliças-frutos em 5 matérias a serem postadas. Nas quatro primeiras matérias vamos tratar das hortaliças-frutos pertencentes a família botânica das cucurbitáceas. O cultivo orgânico das hortaliças-frutos tomate, milho-verde e morango, já foram abordadas em matérias postadas em 01/03/2011, 05/10/2011 e 21/09/2012, respectivamente.
Figura 1. Hortaliças-frutos: melancia, melão, abóbora japonesa, abobrinha, chuchu, pepino, morango, pimentão, berinjela e tomate

Recomendações gerais para o cultivo das hortaliças-frutos (cucurbitáceas)
Influência de fatores climáticos: A temperatura é o fator mais importante para as hortaliças-frutos (moranga, abóbora, abobrinha, melancia, melão, chuchu e pepino) que pertencem a família botânica das cucurbitáceas. Em condições abaixo de 12ºC, o crescimento da planta paralisa. Não tolera geadas. As temperaturas mais adequadas para as cucurbitáceas estão entre 18 a 25ºC. A produtividade depende da eficiência da polinização feita pelas abelhas, sendo que a maior atividade está entre 28 a 30ºC. Temperaturas mais elevadas proporcionam maior número de flores masculinas, enquanto que temperaturas mais amenas e com período curto de luz estimulam maior número de flores femininas que darão origem aos frutos. Nos primeiros estádios de desenvolvimento, as plantas são exigentes em água, porque as raízes são ainda superficiais e o armazenamento de água na superfície é praticamente nulo. A deficiência de umidade, associada às temperaturas elevadas no solo ou no ar, pode provocar um déficit hídrico na planta com a conseqüente descoloração das folhas e secamento das plantas. Na fase de polinização e desenvolvimento do fruto, deve-se evitar que a umidade em excesso crie um microclima, ambiente favorável às doenças.
Escolha do local e análise do solo: Área de solos profundos, bem estruturados e drenados, que tenham topografia plana a levemente ondulada são as mais indicadas. O solo ideal é o areno-argiloso, fértil e rico em matéria orgânica. A exposição norte deverá ser a preferencial, por favorecer os aspectos de crescimento vegetativo e de ordem fitossanitária; porém tem-se observado na prática que nas exposições leste e oeste as plantas produzem mais flores femininas. Para melhoria da polinização e conseqüente maior pegamento de frutos é necessário escolher área protegidas dos ventos dominantes ou que tenham quebra-vento. Evitar o plantio em áreas onde, nos dois últimos anos, foram cultivadas outras cucurbitáceas e solanáceas. As espécies da família das cucurbitáceas desenvolvem-se melhor em solos moderadamente ácidos, com pH entre 5,5 e 6,5. Solos de textura média, com teores de argila em torno de 30 a 35% são os mais recomendados. Embora mais de 75% das raízes se encontrem na camadas superiores do solo (0-30cm), é recomendável que o solo tenha profundidade efetiva maior. A análise do solo deve ser feita com antecedência para que o técnico faça a recomendação adequada da adubação e correção da acidez do solo.
Produção de mudas: Ao invés do semeio direto no campo, recomenda-se a produção de mudas em copinhos de papel ou jornal (10 a 12cm de altura), confeccionados com o auxílio de uma lata de refrigerante ou cano de PVC e protegidas em abrigo. Este sistema diminui as perdas ou falhas no campo, melhora a uniformidade do estande e permite um melhor controle fitossanitário e manejo das plantas espontâneas. Além disso, os riscos de perdas de plantas devido ao frio excessivo (as plantas não toleram geadas), praticamente não existe, pois as mudas estariam protegidas. Confecção dos copinhos (Figuras 2, 3 e 4): corta-se uma folha de jornal, sem ser colorida, em cinco tiras, no sentido horizontal da página, com cerca de 11,5 cm de largura cada uma e enrola-se em torno de um cano de PVC (50mm) com 7 cm de comprimento. A extremidade do cilindro de papel é dobrada para dentro, de modo a formar o fundo do copinho e depois bate-se o fundo do cano para comprimir as dobras do fundo do molde. Posteriormente, enche-se o cano com o copinho de papel com o substrato e retira-se o mesmo para confecção de outros copinhos de papel. A reutilização de copos plásticos de refrigerantes descartáveis furados na parte de baixo e protegido em abrigos de plástico com substrato de boa qualidade é outra opção. Semeia-se 3 sementes por copo e realiza-se o desbaste quando as plantas apresentarem uma folha definitiva, deixando-se 2 mudas por copinho. As mudas devem ser transplantadas quando não houver risco de geadas e tiverem duas folhas e no máximo no início de surgimento da terceira folha verdadeira. No caso de copinhos de papel não há necessidade de retirar o papel, pois este se degrada facilmente.
Figura 2. Material necessário para confecção dos copinhos de papel
Figura 3. Confecção de copinho de papel jornal - início
Figura 4. Confecção de copinho de papel jornal – final
Preparo do solo e adubação: Sistema em covas em plantio direto : apresenta a vantagem de melhor proteção do solo e dos frutos, favorece a retenção de água, apresenta menor incidência de plantas espontâneas ("mato") e menor custo da lavoura. No outono semeia-se o adubo verde, que pode ser ervilhaca, aveia preta ou uma mistura de ambas. Após a floração da cobertura verde, no período de formação dos grãos, faz-se seu acamamento com rolo-faca ou roçadeira. Após preparar as covas (30 x30x15cm de profundidade), distribuir e incorporar o adubo; Sistema em faixas em cultivo mínimo : No outono semeia-se o adubo verde, que pode ser ervilhaca, aveia preta ou uma mistura de ambas. Trinta dias antes do plantio, lavrar e gradear em faixas com largura de 0,6 m. As faixas serão distanciadas umas das outras por 3m; Sistema em faixas com preparo do solo: deve ser feita uma aração profunda. Os torrões entre as faixas facilitam a fixação dos ramos pelas garras (gavinhas) evitando o dano pelo vento. Após a aração preparar apenas a faixa de plantio de mais ou menos 60 cm de largura espaçados de 3 em 3 metros. Abre-se um sulco e coloca-se o adubo orgânico, conforme análise do solo. Em geral, para solos de média fertilidade, recomenda-se preferencialmente composto orgânico ou ainda esterco de gado ou de aves curtidos, nas quantidades de 2,4 e 2 kg por metro de sulco , respectivamente, incorporados uniformemente ao solo 10 a 15 dias antes do plantio das mudas. Irrigação: quando necessária, pode ser por aspersão ou preferencialmente localizada. Adubação de cobertura: Se necessário (plantas pouco viçosas), deve ser realizada 20 dias após o transplante e/ou no início da frutificação, com base na análise do solo. Manejo de plantas espontâneas: quando necessário é recomendado realizar na época da adubação de cobertura. O manejo deve ser feito antes do desenvolvimento das ramas nas entrelinhas, através de roçadas (cultivo mínimo ou direto) ou grade no caso do terreno lavrado (sistema em faixas). Próximo às plantas usar a enxada.
Principais pragas e doenças: dentre as pragas destacam-se a broca dos frutos na fase de frutificação, vaquinhas (patriotas) no início de desenvolvimento das plantas e os pulgões. A broca perfura o fruto próximo ao botão floral, causando o apodrecimento. Manejo da broca das cucurbitáceas: para o manejo da broca recomenda-se utilizar iscas atrativas, como por exemplo, a abobrinha italiana - caserta (Figura 5) que também atrai a vaquinha – Diabrotica speciosa, especialmente, no início do desenvolvimento das plantas e, pulverizações semanais com dipel (broca), a partir do início da frutificação. No caso do uso de isca atrativa (abobrinha), recomenda-se a destruição das plantas, quando estiverem muito atacadas pela broca. Os pulgões formam colônias na parte de baixo das folhas sugando a seiva e transmitindo viroses. Manejo de vaquinhas e pulgões: recomenda-se os preparados à base de plantas tais como pimenta e cebola para o manejo de pulgões e vaquinhas. Para o manejo de pulgões, outros preparados tais como, cavalinha-do-campo, losna, confrei, samambaia, cinamomo, coentro e cravo-de-defunto também são eficientes (ver como preparar através de matérias já postadas neste blog). No manejo de vaquinhas, ainda existem as plantas que podem servir como iscas atrativas, tais como abobrinha caserta , tajujá , porongo ou cabaça). Dentre as doenças destaca-se o oídio (Figura 5), que é um fungo que desenvolve-se nas folhas, hastes e frutos das cucurbitáceas e feijão-vagem, apresentando uma formação semelhantes ao "pó de giz", espalhando-se por toda a superfície da folha. A doença é favorecida por temperaturas, entre 15 e 18ºC e, umidade relativa do ar, entre 20 e 100%. Manejo do oídio: no cultivo orgânico recomenda-se, preferencialmente, leite de vaca cru na concentração de 10 a 15%, mesmo após o início da infecção no campo ou produtos a base de enxofre (Kolossus ou Thiovit SC). Obs.: em função da maior atividade das abelhas na polinização, pela manhã, recomenda-se pulverizar, se necessário, sempre a tarde.
Figura 5. A abobrinha italiana – caserta (à esquerda) é uma boa isca atrativa da broca das cucurbitáceas e também da vaquinha. O fungo oídio que tem como principal sintoma a formação de um pó branco sobre as folhas, ataca o feijão-vagem (foto à direita) e as demais espécies da família das cucurbitáceas (melão, melancia, pepino, abóbora, abobrinha e moranga); o leite cru e fresco à 10% (1 L para 100 L de água) é eficiente no manejo desta doença, mesmo no início da infecção.
Rotação e consorciação de culturas: Esta é considerada a prática mais antiga no manejo de doenças e de pragas e continua sendo uma das mais eficientes entre os métodos culturais de controle. Os princípios de controle envolvido na rotação e consorciação de culturas são a redução ou destruição do meio que serve para multiplicação da doença e pragas e a melhoria das condições físicas, químicas e biológicas do solo. Dentre as famílias botânicas, as cucurbitáceas estão entre as que mais possuem problemas de pragas e doenças. Por isso, a rotação de culturas com espécies que não pertencem às cucurbitáceas é uma prática preventiva muito eficiente no manejo das pragas e doenças. O plantio de abóbora, moranga, abobrinha, pepino, melancia, melão e chuchu na mesma área e na mesma estação de cultivo favorece o aumento das pragas e doenças que são comuns. Também deve-se evitar o escalonamento de plantio destas espécies, pois as plantas mais velhas podem disseminar pragas e doenças para as plantas mais jovens. Outra prática recomendável para manejar as pragas e doenças das cucurbitáceas é a diversificação de cultivos que pode ser feita através da consorciação de cultivos com espécies de outras famílias botânicas. O aproveitamento de áreas, especialmente na implantação de pomares (Figura 6) é altamente recomendável para a consorciação com cucurbitáceas, pois além de cobrir o solo evitando a erosão, diminui a infestação de plantas espontâneas. Outra prática também recomendável visando a melhoria da fertilidade do solo é a consorciação das cucurbitáceas com adubos verdes de inverno; o crescimento lento das cucurbitáceas no final do inverno favorece esta consorciação, mantendo-se inicialmente no limpo as covas e as entrelinhas cobertas pelos adubos verdes. Quando os cultivos começarem a desenvolverem-se mais rapidamente (crescimento das gavinhas) faz-se a roçada ou gradagem nas entrelinhas.
Figura 6. Cultivo de moranga híbrida (abóbora japonesa ou kabotiá) em um pomar de oliveiras recém-implantado na Epagri/Estação Experimental de Urussanga

Produção própria de sementes crioulas: Na produção de hortaliças com base agroecológica recomenda-se resgatar a produção de sementes crioulas. As sementes crioulas são aquelas que foram sendo selecionadas e melhoradas pelos agricultores ao longo do tempo, segundo as suas necessidades e em função das condições de clima e de solo da sua região. Devido a essa seleção na região de cultivo, essas sementes são mais rústicas e resistentes às doenças e às pragas, além de serem de baixo custo e de fácil produção.
Na produção própria de sementes, alguns cuidados são importantes:
selecionar as plantas mais vigorosas, sadias e produtivas;
selecionar espécies e variedades adaptadas à região, ao clima e à época de semeadura/plantio;
colher as sementes na época adequada, ou seja, quando ocorrer a maturação completa;
armazenar as sementes em lugar fresco, arejado, seco e protegido da luz direta.
Um dos problemas enfrentados, especialmente pelos produtores de hortaliças, é o alto custo das sementes, principalmente de híbridos. Para algumas hortaliças propagadas por sementes, desde que sejam variedades e não-híbridos, pode-se produzir a própria semente para diminuir o custo e evitar a compra todos os anos. É impossível produzir sementes próprias de cultivares híbridas porque são obtidas do cruzamento entre os pais da cultivar que são um segredo de mercado, conhecidos apenas pelo melhorista ou pela companhia de sementes responsável pelo desenvolvimento do híbrido. Essas sementes geram plantas com enorme desuniformidade entre si em relação a velocidade de crescimento, resistência às pragas, doenças e adversidade climáticas, tamanho, formato, coloração, sabor e qualidade do produto final. Em geral, o nível de desuniformidade é tão alto que a exploração econômica da produção fica comprometida.

Colheita e beneficiamento de sementes de cucurbitáceas (cultivares ou sementes crioulas de pepino, moranga, abóboras, abobrinha, melão e melancia)

Procedimento: selecionar frutos bem formados, completamente maduros, sem defeitos e doenças. Colocar as sementes e a mucilagem (líquido placentário) em vasilhas de plástico por um período de 24 a 48 horas. Após esse período, quando ocorre a fermentação natural, deve-se lavar imediatamente as sementes em água corrente, utilizando-se uma peneira. A secagem deve ser naturalmente à sombra, revolvendo-se as mesmas para diminuir o agrupamento (empelotamento).
Beneficiamento e armazenamento: retirar as impurezas, guardar as sementes em sacos plásticos, tendo o cuidado de retirar o máximo de ar, e armazená-las em geladeira, na última gaveta da parte inferior.
Obs.: para a colheita e beneficiamento de sementes de hortaliças-frutos pertencentes à família das solanáceais (tomate, pimentão, berinjela e pimenta), recomenda-se o mesmo procedimento.









 

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Segredos do mar

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Cultivo orgânico de hortaliças-folhosas: Chicória e Espinafre - Parte IV (Final)



Chicória
A chicória (Cichorium endivia L.) é uma planta que tem sua origem na Índia Oriental e é conhecida e utilizada na alimentação humana desde o Egito antigo, na forma cozida ou como salada. Existem duas variedades claramente definidas que são Cichorium endivia var. crispa L., que é a chicória crespa, caracterizada pelas folhas bastante recortadas e, Cichorium endivia var. latifolia L., variedade lisa que tem no Brasil o maior consumo e valor comercial. Ambas têm o característico sabor amargo, que é mais forte nas folhas mais verdes. A chicória (Cichorium endívia), hortaliça-folhosa, de ciclo anual, conhecida também por endívia, escarola e chicarola, pertencente a família botânica das Asteraceae, conhecida também por Compositae ou Compostas; são aproximadamente 50.000 espécies, sendo os representantes desta família a alface, o crisântemo, o girassol, a margarida e muitos outros. A chicória é cultivada na região centro-sul do país e não forma cabeça (Figura 1). Endívias produzidas no escuro têm o sabor mais suave e doce, e coloração branca-amarelada. As flores das chicórias são azuis, muito bonitas e delicadas.
Uso culinário e propriedades nutricionais e terapêuticas: Endívias e escarolas podem ser consumidas cruas, refogadas, cozidas no vapor ou assadas. Na culinária é mais uma opção no preparo de saladas , mas também fica ótima em sopas, purês, cozidos, além de ser especialmente recomendada como recheio de pizzas. Apesar de amargas, elas têm sabor refrescante e são muito apreciadas na culinária européia. Endívias acrescentam um toque de requinte em entradas e combinam muito bem com azeite de oliva, alho, queijos cremosos, coalhadas e tomates secos. Suas folhas côncavas podem ser recheadas e servidas de várias maneiras e têm um excelente efeito na apresentação dos pratos. Elas possuem pouquíssimas calorias, cerca de 17 kcal por 100 gramas e desta forma são muito indicadas para dietas de emagrecimento. As folhas da chicória destacam-se das demais hortaliças pelo seu elevado teor de potássio. Trata-se de uma hortaliça rica em fibras, ótima para o bom funcionamento do intestino. Além disso, contém a vitamina A e é rica em vitaminas do complexo B. Possui , ainda , sais minerais como cálcio , fósforo e ferro, importantes para manter o equilíbrio do organismo.  As principais propriedades medicinais são: limpa o fígado, estimula o baço e, é recomendada para os problemas de visão em geral; também fortalece os ossos, dentes e cabelos e ativa as funções do estômago, intestino e fígado e estimula o apetite. Ativa a função biliar, quando a secreção da bile se mostra escassa, e atua como laxante.

Figura 1. Hortaliça-folhosa: chicória
Cultivo: A chicória produz melhor sob temperaturas amenas, embora haja cultivares tolerantes a temperaturas mais elevadas. Geralmente a semeadura ocorre no outono e inverno, porém pode-se cultivar ao longo do ano, em regiões de altitude. Prefere solos areno-argilosos, férteis, ricos em matéria orgânica, drenados e com o pH entre 6 e 6,8. A semeadura desta hortaliça é realizada da seguinte maneira: primeiramente, na sementeira, procede-se a semeadura utilizando-se 4 g/m2 de sementes. Após ter transcorrido quatro a cinco semanas as plantinhas terão 4 a 6 folhas, momento do transplante para o local definitivo, em canteiros com cerca de 20 cm e irrigado regularmente. A época de cultivo das chicórias varia de acordo com o clima e com a cultivar. A chicória lisa é a variedade com maior valor comercial e é colhida em até 80 dias após a semeação. As diversas cultivares de chicória apreciam o clima ameno, com temperaturas entre 14º e 18ºC. Em climas quentes elas tendem a ficar com o sabor muito amargo. Temperaturas acima de 25ºC afetam o desenvolvimento da planta, que fica com folhas mais grossas e menores. Chicórias são muito exigentes em fertilidade e, se ressentem em caso de excesso ou carência de adubos. Rega-se abundantemente. Para se conseguir chicórias de melhor apresentação, mais claras e tenras, recorre-se ao estiolamento, procedendo da seguinte forma: amarra-se um cordão ou material similar de modo a proteger o "coração" da planta dos raios solares e mantendo-se neste estado por uns 15 dias. As regas não deverão atingir o "coração" da planta.
Outros tratos culturais importantes são as irrigações freqüentes e escarificações, mantendo o solo fofo, a fim de possibilitar à planta melhores condições de desenvolvimento. As doenças e pragas que atacam a chicória são basicamente as mesmas que atacam o alface, que são os pulgões, lesmas, caracóis e insetos que mastigam suas folhas. As doenças mais comuns são a podridão-basal, o vira-cabeça, a septoriose e a queima-de-saia, entre outras. Dentre as medidas preventivas para o manejo das pragas e doenças, estão a adubação equilibrada conforme análise do solo, pois um solo bem suprido de nutrientes dará maior resistência às plantas e a rotação de culturas com espécies de famílias botânicas diferentes; por ser uma hortaliça folhosa é bastante exigente em nitrogênio, por isso, na rotação de culturas recomenda-se, especialmente as leguminosas. Caso seja necessário o uso de produtos alternativos no manejo de doenças e pragas, recomenda-se os utilizados no cultivo de alface (ver matéria postada neste blog em18/01/2011).

Colheita:
A colheita deve ser realizada aos 80 a 90 dias após a semeadura, com rendimento aproximado de 25 a 30 toneladas por hectare. A chicória pode ser guardada em geladeira, em sacos plásticos, sem lavar, por até 7 dias.

Espinafre

Os primeiros relatos do cultivo do espinafre (Figura 2) vêm da Espanha na época das cruzadas. Provavelmente foi trazido pelos árabes no seu avanço pela Península Ibérica. Logo foi introduzido na Europa inteira e no século 16 já era uma das verduras mais encontradas no continente. Existem dois tipos de espinafre, originários de diferentes regiões. Um deles pertence à família Chenopodiaceae, é nativo do sul da Ásia e foi levado para a Europa no início do século 12. O outro, mais fácil de ser encontrado no Brasil, é da família Aizoaceae, com origem na Nova Zelândia e Austrália. É cultivado principalmente nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. É muito consumido na Europa e nos Estados Unidos. Atualmente, o consumo no Brasil já é considerado bastante elevado, apesar de proporcionalmente bem menor do que nos países europeus e nos Estados Unidos. A planta (Spinacia oleracea) possui flores masculinas e femininas que, desta forma, são responsáveis pelo desenvolvimento e proliferação deste vegetal. O caule do espinafre é curto e as folhas crescem ao seu redor.
Uso culinário e propriedades nutricionais e terapêuticas: Na culinária, o espinafre é muito utilizado cozido ou em saladas, sopas e recheios de tortas, massas, como pasteis, calzones, raviolis e pizzas, além de patês e molhos cremosos para carnes e massas. O espinafre é uma planta bastante apreciada pelas suas características nutritivas, por conter muitas vitaminas, principalmente a C e por ter apenas 25 calorias em cada 100g.  A hortaliça é rica em ferro, vitaminas A, B1, B2, B5, C, D, E, K, cálcio, fósforo, potássio, magnésio, ferro, sódio, enxofre, cloro e silício. O espinafre é indicado para pessoas com anemia e desnutrição, além de ajudar no combate à pressão arterial alta e colesterol. Porém não é recomendado para quem sofre de ácido úrico, gota e cálculos renais, por ter alta concentração de ácido oxálico, o que atrapalha a absorção de ferro, cálcio e outros minerais. As folhas verde-escuras contêm antioxidantes e bioflavonóides que ajudam a bloquear as substâncias causadoras de câncer, especialmente do pulmão e próstata. Uma xícara de espinafre fresco também fornece 190 mcg (microgramas) de folato, um nutriente especialmente importante para mulheres grávidas ou que estejam planejando engravidar, porque ajuda a prevenir defeitos neurológicos congênitos. A deficiência de folato pode causar também um tipo grave de anemia. As quantidades de vitaminas e minerais em 100 gramas de espinafre cru são:. vitamina A (9376 UI), C (28.1 mg), E (2.0 mg), K (483 mcg), B6 (0.2 mg), niacina (0.7 mg), tiamina (0.1 mg), riboflavina (0.2 mg), folato (194 mcg), cálcio (99.0 mg), ferro (2.7 mg), magnésio (79.0 mg), fósforo (49.0 mg), potássio (558 mg), cobre (0.1 mg) e manganês (0.9 mg).
Figura 2. Hortaliça-folhosa: Espinafre
 Cultivo: Foram desenvolvidas muitas variedades de espinafres, que se dividem em três tipos principais: Savoy (de folhas verde-escuras e crespas, sendo o tipo mais vendido fresco em molhos), Folha plana e lisa (de folhas maiores, arredondas, planas, lisas e mais fáceis de limpar; utilizadas principalmente na indústria de alimentos) e Semi-savoy (tipo híbrido, de folhas crespas porém mais fáceis de limpar; é cultivado tanto para consumo in natura como para a indústria). As cultivares mais antigas tendem a ter um sabor mais amargo e as folhas mais escuras, além de serem mais sensíveis ao calor, florescendo mais rapidamente. Já as cultivares modernas, apresentam sabor mais suave, folhas mais largas e sementes arredondadas, além de serem mais precoces e demorarem mais a florescer. O espinafre é uma hortaliça que se desenvolve melhor em temperaturas médias e amenas, entre 15 e 21 ºC. Em locais com temperaturas um pouco mais altas, dependendo da variedade, o ambiente pode ficar mais favorável ao florescimento. O plantio no Brasil é feito, normalmente, de março a julho, a não ser em regiões com verão mais ameno, onde pode-se plantar o espinafre durante todo o ano. O excesso de calor prejudica o crescimento da hortaliça e facilita o florescimento precoce. No entanto, há cultivares mais tolerantes, que podem ser plantadas o ano inteiro.
Os solos mais indicados para esta cultura são os areno-argilosos, férteis, e adubados de acordo com o resultado da análise de solo. O pH indicado deve ficar entre 6 e 7.  A semeadura é feita diretamente no solo ou em sementeiras, para depois serem transplantadas para o canteiro. Em geral, utiliza-se de 3 a 4g de sementes por metro quadrado de sementeira. Quando as mudas apresentarem de 4 a 5 folhas, devem ser transplantadas para o local definitivo No plantio direto, coloque de duas a três sementes por cova, com profundidade de um a dois centímetros. O espaçamento entre covas pode mudar de acordo com a época do cultivo e variedade cultivada, entre outros fatores. Experiências na Embrapa Hortaliças obtiveram sucesso com espaços de 30 x 20 e de 30 x 30 centímetros Uma dica importante que deve ser utilizada na época do plantio é deixar as sementes imersas em água, durante cerca de 24 horas, antes da semeadura. Esse procedimento é indicado para facilitar a germinação, fazendo com que ocorra mais rápido. É uma planta relativamente resistente a pragas e doenças, sendo as mais comuns alguns tipos de fungos, além de alguns insetos que ''devoram'' as folhas ou sugam a planta. Algumas variedades híbridas são muito resistentes às doenças e às temperaturas bastante elevadas. Por este motivo, a escolha da variedade a ser plantada deve levar em consideração, principalmente, as médias de temperatura da região e a necessidade de resistência maior a algum tipo de praga que possa atacar, naquela região. Os tratos culturais indicados são: regas diárias ou irrigação nas sementeiras e adubação de cobertura, após o transplante das mudas para o local definitivo. Além disso, a adubação deve ser reforçada após cada corte das plantas. O terreno deve ser limpo, sempre que necessário, através de capinas.

Colheita: A colheita deve ser realizada de 40 a 60 dias após a semeadura, quando esta é feita diretamente no local definitivo. Em geral, após este período, as folhas estão com cerca de 25 a 32cm de comprimento, apresentando uma forte coloração verde-escura.
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