quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Autores: José Angelo Rebelo e Euclides Schallenberger

Publicação:  O trabalho compõe a parte I – Recomendações gerais para produção sustentável de hortaliças -  do Boletim Didático nº 107  “Produção de hortaliças em Santa Catarina”. publicado pela Epagri. Interessados em adquirir a publicação completa e ilustrada com 156 páginas, devem entrar em contato através do site: www.epagri.sc.gov.br

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Escolha da área e análise do solo
Autor: José Angelo Rebelo

     O local escolhido para a produção de hortaliças deve estar o mais próximo possível dos centros consumidores e de fontes adequadas de água para a irrigação e limpeza da produção. Em regiões que ocorrem geadas deve-se evitar o plantio em baixadas devido ao acúmulo de frio, que é bastante prejudicial à maioria das hortaliças. Recomenda-se também evitar baixadas e locais mal ventilados, sujeitos à neblinas.
     O solo é a base de sustentação das plantas. Tanto sua estrutura quanto textura têm efeito direto sobre a capacidade de infiltração, de retenção da água e de oxigenação, indispensáveis à vida do solo e das plantas.
     O solo deve ser rico entre 3 a 5% de matéria orgânica - e de fácil penetração pelas raízes. Ser capaz de fornecer água, ar e nutrientes para que,  juntamente com oxigênio,  o gás carbônico, a luz e calor possam favorecer o desenvolvimento e o crescimento de plantas saudáveis e produtivas.
     Assim é que as características químicas, físicas e biológicas dos solos devem ser consideradas antes da escolha da área para cultivo de hortaliças. Devem ser evitados solos de difícil drenagem ou sujeitos a enchentes, de topografia que dificulte o trabalho de máquinas, de fácil erodibilidade, de pouca luminosidade, de muita argila ou de pedras.
     Evitem-se, ainda, áreas com histórico de doenças relacionadas ao solo como nematoides, mofo-branco, murcha-de-estenfílio, murcha-de-fusário e murcha-bacteriana. Áreas próximas a cultivos convencionais de hortaliças podem trazer problemas de pragas tais como mosca-branca, tripes e pulgões, além de intoxicações por deriva das pulverizações com agrotóxicos.
     Na escolha da área é importante conhecer o caminho dos ventos dominantes e a necessidade de implantação de quebra-ventos, de modo que a sua instalação não sombreie os cultivos.
     A fertilidade do solo e as suas características físico-químicas são conhecidas por meio de análise laboratorial de amostras da área a ser cultivada. Para tanto, é importante que a amostragem seja feita respeitando-se as normas técnicas. Por isso, não se dispensa a presença ou as orientações de técnicos que serão os interpretadores dos resultados e orientadores das correções a serem feitas no solo.

Preparo  do solo
Autor: Euclides Schallenberger

    O preparo do solo é uma atividade que  tem como objetivo melhorar as condições de instalação e desenvolvimento das culturas, assim como preservar as características físicas, químicas e biológicas do solo. Tal prática é considerada uma das mais importantes no manejo do solo, pois o uso excessivo de máquinas e implementos inadequados favorecem a degradação.  Assim, além de preparar o solo corretamente para não perder as propriedades, é necessário aumentar o seu potencial produtivo.
     Na produção de hortaliças deve-se dar preferência ao sistema de plantio direto. Nesse sistema ocorrem as menores perdas de matéria orgânica e fertilidade, além da diminuição dos processos de erosão e de compactação do solo.

Plantio direto
     A técnica de plantio direto consiste em movimentar minimamente o solo. Assim, o uso de máquinas agrícolas no solo é reduzido, com a finalidade de menor revolvimento e compactação. Trata-se de uma forma não convencional de preparo do solo para receber mudas ou sementes de uma determinada cultura. A menor quantidade de passadas de trator, além de economia de combustível, revolve menos o solo, preservando a estrutura do mesmo e mantendo-o coberto pelos resíduos da cultura que antes estava instalada na área. Essa técnica contempla o preparo do solo apenas nas linhas de plantio (Figura 1). Desse modo, só nelas é que o solo será revolvido. Logo, as entre linhas permanecem sem o emprego de máquinas e implementos o que favorece a manutenção da estrutura que permite a infiltração de água que irá diminuir a ação de processos erosivos. 
  
      

FIGURA 1. Abertura de sulcos para plantio de hortaliças, com as enxadas centrais da rotativa de microtrator.  A área entre filas permanece intacta e coberta pela palhada da vegetação de cobertura que foi roçada.

     Em áreas com alto grau de declividade, o plantio direto pode ser usado por meio do preparo do solo restrito aos sulcos em que as mudas ou sementes serão inseridas. Mais uma vez o revolvimento de apenas uma parte do terreno favorece a conservação do solo (Figuras 2 e 3).
     Esse sistema de preparo do solo é indicado para o cultivo de hortaliças onde o espaçamento entre as linhas de plantio é de aproximadamente um metro. Nesse caso, o preparo do solo é realizado com a roçada de toda área de cultivo e revolvimento do solo somente na linha de plantio por meio da utilização da enxada rotativa adaptada para este fim. Nessa linha é aplicado inicialmente o adubo, que será incorporado ao solo.
     A adaptação da enxada rotativa do microtrator para o preparo apenas da linha de plantio, consiste na retirada das enxadas laterais da rotativa, deixando apenas as enxadas centrais numa largura entre 30  e 40cm. Assim, somente a linha de plantio é adubada e revolvida.
     Para o controle das plantas invasoras, na linha de plantio é feita capina e, nas entre linhas, quando necessário, roçam-se entre linhas.

  

FIGURA 2. Plantio direto de pepineiro
  



FIGURA 3. Plantio direto de repolho.
                 
Vantagens do plantio direto
- Aumento da matéria orgânica do solo;
- Diminuição da erosão;
- Estabilidade da temperatura do solo;
- Aumento dos microrganismos benéficos no solo;
- Reciclagem de nutrientes;
- Melhora da infiltração e retenção da água;
- Controle de plantas espontâneas;
- Controle de pragas e doenças;
- Diminuição de custos;
- Menor gasto de energia;
- Manutenção da superfície do solo coberta;
- Redução da perda de água por evaporação.


Sistema convencional de preparo do solo
     Consiste em uma lavração com 20 a 25cm de profundidade, seguida de gradagens e/ou rotativação. As enxadas rotativas, quando usadas, devem ser em baixa rotação para não desestruturar o solo.

Desvantagens
- As palhadas são aprofundadas no solo;
- O solo fica mais tempo descoberto e exposto à erosão;
- Ocorre maior perda de água;
- Formação de camada compactada (pé-de-arado);
- Eleva a temperatura do solo;
- Requer maior consumo de energia;
- Tem maior custo com mão-de-obra e horas de máquinas;
- Desequilibra a biologia do solo.

Rotação de culturas
     É desejável que a lavoura seja conduzida com alternância de diferentes espécies, não repetindo o plantio de uma mesma hortaliça duas vezes consecutivas na mesma área, o que propicia o maior benefício à produção, maior sanidade das plantas e menor efeito negativo ao ambiente.
        
Calagem do solo
     A aplicação de calcário sem a recomendação da análise do solo pode provocar desequilíbrio nutricional nas plantas e até inviabilizar o solo para o cultivo.
     Para cultivo de hortaliças, de uma maneira geral, o pH 6,0 é o mais indicado. Solos ácidos, com pH abaixo de 6,0 não disponibilizam de forma adequada os macronutrientes que a planta exige e, acima de pH 6,0 não há boa disponibilidade da maioria dos micronutrientes. Assim, a correção do pH do solo é fundamental para o bom equilíbrio da disposição dos nutrientes para as plantas (Figura 4) e, consequentemente, para sua nutrição, sanidade e produtividade desejadas. A correção da acidez do solo, se necessária, deve ser feita com base na análise de amostras do solo. A relação cálcio/magnésio  indicará a escolha de calcários calcítico ou dolomítico. O calcário necessário deve ser preferencialmente aplicado 180 dias antes do plantio.

 FIGURA 4. Disponibilidade de nutrientes em função do pH  do solo.

     Resultados de pesquisa obtidos na Estação Experimental de Urussanga indicam que se a adubação for feita com composto orgânico, por um período mínimo de 5 anos, não há necessidade de corrigir a acidez do solo (Silva et alii, 2013).





Ferreira On 12/10/2015 01:45:00 PM Comentarios LEIA MAIS

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Escolha da área, análise e preparo do solo

Autores: José Angelo Rebelo e Euclides Schallenberger

Publicação:  O trabalho compõe a parte I – Recomendações gerais para produção sustentável de hortaliças -  do Boletim Didático nº 107  “Produção de hortaliças em Santa Catarina”. publicado pela Epagri. Interessados em adquirir a publicação completa e ilustrada com 156 páginas, devem entrar em contato através do site: www.epagri.sc.gov.br

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Escolha da área e análise do solo
Autor: José Angelo Rebelo

     O local escolhido para a produção de hortaliças deve estar o mais próximo possível dos centros consumidores e de fontes adequadas de água para a irrigação e limpeza da produção. Em regiões que ocorrem geadas deve-se evitar o plantio em baixadas devido ao acúmulo de frio, que é bastante prejudicial à maioria das hortaliças. Recomenda-se também evitar baixadas e locais mal ventilados, sujeitos à neblinas.
     O solo é a base de sustentação das plantas. Tanto sua estrutura quanto textura têm efeito direto sobre a capacidade de infiltração, de retenção da água e de oxigenação, indispensáveis à vida do solo e das plantas.
     O solo deve ser rico entre 3 a 5% de matéria orgânica - e de fácil penetração pelas raízes. Ser capaz de fornecer água, ar e nutrientes para que,  juntamente com oxigênio,  o gás carbônico, a luz e calor possam favorecer o desenvolvimento e o crescimento de plantas saudáveis e produtivas.
     Assim é que as características químicas, físicas e biológicas dos solos devem ser consideradas antes da escolha da área para cultivo de hortaliças. Devem ser evitados solos de difícil drenagem ou sujeitos a enchentes, de topografia que dificulte o trabalho de máquinas, de fácil erodibilidade, de pouca luminosidade, de muita argila ou de pedras.
     Evitem-se, ainda, áreas com histórico de doenças relacionadas ao solo como nematoides, mofo-branco, murcha-de-estenfílio, murcha-de-fusário e murcha-bacteriana. Áreas próximas a cultivos convencionais de hortaliças podem trazer problemas de pragas tais como mosca-branca, tripes e pulgões, além de intoxicações por deriva das pulverizações com agrotóxicos.
     Na escolha da área é importante conhecer o caminho dos ventos dominantes e a necessidade de implantação de quebra-ventos, de modo que a sua instalação não sombreie os cultivos.
     A fertilidade do solo e as suas características físico-químicas são conhecidas por meio de análise laboratorial de amostras da área a ser cultivada. Para tanto, é importante que a amostragem seja feita respeitando-se as normas técnicas. Por isso, não se dispensa a presença ou as orientações de técnicos que serão os interpretadores dos resultados e orientadores das correções a serem feitas no solo.

Preparo  do solo
Autor: Euclides Schallenberger

    O preparo do solo é uma atividade que  tem como objetivo melhorar as condições de instalação e desenvolvimento das culturas, assim como preservar as características físicas, químicas e biológicas do solo. Tal prática é considerada uma das mais importantes no manejo do solo, pois o uso excessivo de máquinas e implementos inadequados favorecem a degradação.  Assim, além de preparar o solo corretamente para não perder as propriedades, é necessário aumentar o seu potencial produtivo.
     Na produção de hortaliças deve-se dar preferência ao sistema de plantio direto. Nesse sistema ocorrem as menores perdas de matéria orgânica e fertilidade, além da diminuição dos processos de erosão e de compactação do solo.

Plantio direto
     A técnica de plantio direto consiste em movimentar minimamente o solo. Assim, o uso de máquinas agrícolas no solo é reduzido, com a finalidade de menor revolvimento e compactação. Trata-se de uma forma não convencional de preparo do solo para receber mudas ou sementes de uma determinada cultura. A menor quantidade de passadas de trator, além de economia de combustível, revolve menos o solo, preservando a estrutura do mesmo e mantendo-o coberto pelos resíduos da cultura que antes estava instalada na área. Essa técnica contempla o preparo do solo apenas nas linhas de plantio (Figura 1). Desse modo, só nelas é que o solo será revolvido. Logo, as entre linhas permanecem sem o emprego de máquinas e implementos o que favorece a manutenção da estrutura que permite a infiltração de água que irá diminuir a ação de processos erosivos. 
  
      

FIGURA 1. Abertura de sulcos para plantio de hortaliças, com as enxadas centrais da rotativa de microtrator.  A área entre filas permanece intacta e coberta pela palhada da vegetação de cobertura que foi roçada.

     Em áreas com alto grau de declividade, o plantio direto pode ser usado por meio do preparo do solo restrito aos sulcos em que as mudas ou sementes serão inseridas. Mais uma vez o revolvimento de apenas uma parte do terreno favorece a conservação do solo (Figuras 2 e 3).
     Esse sistema de preparo do solo é indicado para o cultivo de hortaliças onde o espaçamento entre as linhas de plantio é de aproximadamente um metro. Nesse caso, o preparo do solo é realizado com a roçada de toda área de cultivo e revolvimento do solo somente na linha de plantio por meio da utilização da enxada rotativa adaptada para este fim. Nessa linha é aplicado inicialmente o adubo, que será incorporado ao solo.
     A adaptação da enxada rotativa do microtrator para o preparo apenas da linha de plantio, consiste na retirada das enxadas laterais da rotativa, deixando apenas as enxadas centrais numa largura entre 30  e 40cm. Assim, somente a linha de plantio é adubada e revolvida.
     Para o controle das plantas invasoras, na linha de plantio é feita capina e, nas entre linhas, quando necessário, roçam-se entre linhas.

  

FIGURA 2. Plantio direto de pepineiro
  



FIGURA 3. Plantio direto de repolho.
                 
Vantagens do plantio direto
- Aumento da matéria orgânica do solo;
- Diminuição da erosão;
- Estabilidade da temperatura do solo;
- Aumento dos microrganismos benéficos no solo;
- Reciclagem de nutrientes;
- Melhora da infiltração e retenção da água;
- Controle de plantas espontâneas;
- Controle de pragas e doenças;
- Diminuição de custos;
- Menor gasto de energia;
- Manutenção da superfície do solo coberta;
- Redução da perda de água por evaporação.


Sistema convencional de preparo do solo
     Consiste em uma lavração com 20 a 25cm de profundidade, seguida de gradagens e/ou rotativação. As enxadas rotativas, quando usadas, devem ser em baixa rotação para não desestruturar o solo.

Desvantagens
- As palhadas são aprofundadas no solo;
- O solo fica mais tempo descoberto e exposto à erosão;
- Ocorre maior perda de água;
- Formação de camada compactada (pé-de-arado);
- Eleva a temperatura do solo;
- Requer maior consumo de energia;
- Tem maior custo com mão-de-obra e horas de máquinas;
- Desequilibra a biologia do solo.

Rotação de culturas
     É desejável que a lavoura seja conduzida com alternância de diferentes espécies, não repetindo o plantio de uma mesma hortaliça duas vezes consecutivas na mesma área, o que propicia o maior benefício à produção, maior sanidade das plantas e menor efeito negativo ao ambiente.
        
Calagem do solo
     A aplicação de calcário sem a recomendação da análise do solo pode provocar desequilíbrio nutricional nas plantas e até inviabilizar o solo para o cultivo.
     Para cultivo de hortaliças, de uma maneira geral, o pH 6,0 é o mais indicado. Solos ácidos, com pH abaixo de 6,0 não disponibilizam de forma adequada os macronutrientes que a planta exige e, acima de pH 6,0 não há boa disponibilidade da maioria dos micronutrientes. Assim, a correção do pH do solo é fundamental para o bom equilíbrio da disposição dos nutrientes para as plantas (Figura 4) e, consequentemente, para sua nutrição, sanidade e produtividade desejadas. A correção da acidez do solo, se necessária, deve ser feita com base na análise de amostras do solo. A relação cálcio/magnésio  indicará a escolha de calcários calcítico ou dolomítico. O calcário necessário deve ser preferencialmente aplicado 180 dias antes do plantio.

 FIGURA 4. Disponibilidade de nutrientes em função do pH  do solo.

     Resultados de pesquisa obtidos na Estação Experimental de Urussanga indicam que se a adubação for feita com composto orgânico, por um período mínimo de 5 anos, não há necessidade de corrigir a acidez do solo (Silva et alii, 2013).





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