sábado, 15 de dezembro de 2012

Ferreira On 12/15/2012 04:14:00 AM Comentarios LEIA MAIS

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012


Chuchu
O chuchuzeiro Sechium edule (Jacq.) Swartz é uma planta herbácea, perene e trepadeira, conhecida há séculos e originário da América Central e ilhas vizinhas. Já era conhecido na antiguidade pelos astecas e tinha grande destaque entre as demais hortaliças cultivadas na época. Atualmente, o chuchu (hortaliça-fruto) é cultivado em várias regiões tropicais e subtropicais no mundo e, está entre as dez hortaliças mais consumidas no Brasil. O chuchu (Figura 1) é uma hortaliça que pertence à família botânica das cucurbitáceas, assim como o pepino, as abóboras, o melão e a melancia. O chuchuzeiro pode produzir por vários anos; possui ramas longas com até 15m de comprimento, apresentando gavinhas para sustentação; das ramas saem folhas numerosas com formato de coração. As flores são amareladas e separadas em femininas e masculinas, distintas na mesma planta; a fecundação da flor é totalmente dependente da polinização de abelhas. O fruto (chuchu) é suculento com forma alongada, cor branco-creme, verde-claro ou verde-escuro, liso ou enrugado, com ou sem espinhos. Existem 3 grupos básicos (tipos) de chuchuzeiros segundo a coloração do fruto branca ou creme, verde-claro e verde-escuro. Dentro dos grupos há variações no tamanho, formato, rugosidade e espinhos do fruto; o fruto verde-claro, pouco rugoso e sem espinhos, na forma de pera e alongado, é o preferido comercialmente.
Figura 1. Hortaliça-fruto: chuchu
Uso culinário, propriedades nutricionais e terapêuticas: É um dos alimentos mais comuns na mesa dos brasileiros, embora seu sabor não seja dos mais marcantes. Mas talvez seja esse o seu principal atrativo, pois ele absorve com muita facilidade o gosto de outros alimentos e, por isso, raramente é preparado sozinho. O chuchu acompanha os refogados de cenoura e batata, entra como ingrediente de maioneses e cozidos e, é muito apreciado em associação com o camarão. A fama de vegetal sem graça e sem sabor, não faz jus às qualidades do chuchu. Os frutos não são consumidos crus. Devem ser cozidos e podem ser servidos na forma de refogados, cremes, sopas, suflês, bolo ou salada fria. Para consumo como refogado ou salada, deve-se preferir os frutos mais novos, menores e com casca brilhante. Quando os frutos estão maduros, com a parte de baixo se abrindo, são excelentes para a elaboração de suflês, pois são mais consistentes e têm mais fibra. A casca pode ser removida antes ou após o cozimento. Quando os frutos estão bem novos podem ser consumidos com casca e miolo. Também podem ser consumidas as folhas, brotos e raízes da planta. Os brotos refogados são ricos em vitaminas B, C e sais minerais como cálcio, fósforo e ferro.
Recomenda-se cortar e descascar os frutos crus sob água corrente, pois estes têm uma liga que gruda nas mãos. As propriedades nutricionais do chuchu não devem serem desprezadas, pois ele é rico em fibras, o que faz com que desempenhe um importante papel no funcionamentos dos intestinos e, é uma fonte significativo de ferro, magnésio, potássio, fósforo e cálcio. Em menor proporção, o chuchu possui uma pequena quantidade de vitaminas do complexo B e um pequeno teor de vitamina C. Se for cozido sem sal, o chuchu é recomendado para o tratamento da pressão arterial alta e tem efeitos diuréticos, auxiliando nos problemas renais e urinários.
Cultivo: As temperaturas entre 13ºC e 27ºC são as mais favoráveis para o cultivo; temperaturas mais elevadas provocam queda das flores e frutos. Temperatura baixa prejudica a produção; a planta é muito sensível à geadas e ventos fortes que podem quebrar ramas e brotações ou fazer cair frutos pequenos; em regiões com ventos fortes e frequentes, recomenda-se utilizar quebra-ventos tais como o capim elefante. O chuchu exige boa luminosidade para produzir. Os solos areno-argilosos à argilo-arenosos favorecem o cultivo, sendo os de baixada, quando bem drenados, os preferidos. A propagação do chuchuzeiro é feita via frutos maduros brotados; os agricultores produzem seus próprios frutos (sementes). O fruto deve estar maduro e sadio, com características de forma e textura desejadas. A semente (fruto), está apta para o plantio quando a brotação tiver 10 a 15cm de altura. Frutos selecionados são colocados sobre o leito de terra, em local bem sombreado e arejado e, ligeiramente úmido, deitados lado a lado; após duas semanas a brotação aparece.  Preparo do solo: consiste em limpeza do terreno, aração e gradagem; antes e depois da aração aplica-se o calcário de acordo com a análise do solo. O preparo do solo deve ser iniciado 90 dias antes do plantio. Em áreas declivosas não recomenda-se a movimentação do solo para evitar a erosão. Suporte do chuchuzeiro: é feito com espaldeiramento. Usa-se estacas com 2,5 m de comprimento, arame farpado e arame liso nº 16. As estacas são fincadas para ficarem a 1,8m de altura no espaçamento de 2m x 2m (áreas declivosas), 3m x 3m em áreas mais planas. Após fincar as estacas distribui-se arame farpado no seu topo, à uma distância de 30cm entre si; no sentido cruzado ao arame farpado, estende-se o arame liso. Nas últimas estacas de cada fila coloca-se escoras pela parte interna do chuchuzal. Para hortas domésticas, pode-se utilizar cercas, árvores secas e outros materiais para suporte do chuchuzeiro.  Espaçamento/covas e adubação: os espaçamentos variam de 3m x 3m até 7m x 7m. As covas devem ter 30 a 40cm de boca por 30 a 40 cm de profundidade. Na abertura da cova separar a terra dos primeiros 15cm de profundidade para ser colocada no fundo da cova. A adubação deve ser orgânica, preferencialmente com composto orgânico, seguindo a análise do solo. Se for utilizado estercos de animais, o preparo e a adubação da cova deve ser feito com antecedência mínima de 15 dias. Plantio: efetuado no início da estação chuvosa ou o ano todo (sob irrigação). São colocadas 2 sementes (frutos) por cova (em pé ou deitados) à 5cm-8cm de profundidade. Os brotos devem ficar acima do nível do solo. Recomenda-se colocar uma cobertura morta sobre o solo, em volta da cova, para conservar a umidade. Manejo de plantas espontâneas: A cobertura do solo com adubos verdes é uma prática recomendável, pois além de reduzir a infestação de plantas espontâneas, através do abafamento e também da alelopatia, ainda melhora as propriedades física, química e biológica do solo e evita a erosão, especialmente na implantação e no início do desenvolvimento do chuchuzal. Recomenda-se a semeadura de adubos verdes de inverno tais como aveia ou então o consórcio de aveia, ervilhaca e nabo forrageiro, nas quantidades de 60, 18 e 4 kg/ha, respectivamente. Sobre a cobertura dos adubos verdes, prepara-se as covas para o plantio das mudas, mantendo-se estas no limpo, através de capinas. Limpeza e amarrio: periodicamente retira-se com faca os ramos e folhas secas, principalmente nos meses frios, quando grande parte delas morre para rebrotar na primavera. Leve até os arames as novas ramas que brotarem. Não puxe as ramas. Irrigação: o chuchu é sensível à falta de chuvas, pois suas raízes se concentram nos primeiros 20cm de profundidade. Usa-se o sistema de irrigação por aspersão ou infiltração, em turnos de rega diárias ou dias alternados; nas épocas quentes, 2 irrigações diárias são suficientes. Na frutificação a necessidade de água é maior. Adubação em cobertura: de dois em dois meses, se houver necessidade e, de acordo com a análise do solo e do adubo orgânico. Manejo de doenças e pragas: Entre as principais doenças que atacam o chuchuzeiro são os fungos Oídio (Oidium sp.), Antracnose (Colletotrichum lagenarium), Mancha Zonada da folha (Leandria momordica) e o nematoide de galhas (Meloidogyne incógnita e M. javanica). No manejo do fungo Oidio e de pragas, recomenda-se ver a matéria "Cultivo orgânico de hortaliças-frutos - Parte I", postada em 31/10/2012. Para o manejo das principais doenças que ocorrem no chuchuzeiro e, de forma geral, para todas as cucurbitáceas, recomenda-se as seguintes práticas preventivas: a) escolher áreas novas e bem arejadas e ensolaradas; b) fazer rotação de culturas com espécies que não pertencem à mesma família botânica (cucurbitáceas); c) plantio somente de mudas vigorosas e sadias; d) sempre que possível, dar preferência à irrigação localizada, ao invés da aspersão; e) eliminar plantas doentes e f) ao final do ciclo da cultura, eliminar todos os restos culturais da lavoura, destruindo-os através da compostagem. Rotação de culturas e consorciação de culturas: ver matéria "Cultivo orgânico de hortaliças-frutos - Parte I", postada em 31/10/2012.
Colheita e conservação: A colheita inicia-se aos 85 à 120 dias após o plantio e, prolonga-se por 3 anos (comercialmente). O ponto de colheita é quando o fruto está tenro, com tamanho de 10-15cm, o que ocorre 10-15 dias pós aberturas das flores. Destaca-se o fruto com a mão, efetuando-se leve torção. O fruto colhido é levado para o galpão. É conveniente colher a cada 3 dias. Os frutos podem ser mantidos em condição ambiente, por 3 a 5 dias depois de colhidos; a partir de 5 dias começam a murchar. Podem ser conservados por maior tempo, 6 a 8 dias, na parte de baixo da geladeira, embalados em saco de plástico. O produto já descascado e picado conserva-se por até 3 dias após seu preparo, desde que mantido embalado em vasilha tampada ou em saco de plástico, na gaveta inferior da geladeira.

Pepino
Em épocas de temperaturas altas, o pepino (Cucumis sativus) é uma das hortaliças que têm lugar certo nas mesas dos brasileiros (Figuras 2, 3 e 4). Composto por 95% de água, destaca-se em diferentes receitas culinárias. De vários tamanhos e formato cilíndrico, o pepino tem casca verde-clara ou verde-escura, com estrias esbranquiçadas. A polpa de cor clara envolve sementes achatadas. Pertencente também à família das cucurbitáceas (abóboras, morangas, abobrinhas, melancia e melão), o pepino tem origem atribuída à Índia, de onde o cultivo teria se espalhado para a China e países europeus; foi muito apreciado pelos gregos e romanos na Antiguidade. 
Figura 2. Pepino para salada
Figura 3. Pepino em conserva
Uso culinário, propriedades nutricionais e terapêuticas: são muito utilizados em saladas ou como picles. O seu suco é utilizado em máscaras faciais, cremes, loções, xampus e outros cosméticos. O prato mais comum no Brasil feito com pepinos é a salada, onde é servido cru, cortado em cubos ou fatias, junto com tomate e cebola e, temperado com azeite, vinagre e ervas. Como são compostos de aproximadamente 95% de água, os pepino têm um teor de calorias muito baixo (menos de 15 calorias em uma xícara de pepino), boa fonte de fibras e pequenas quantidades de vitamina C e folato. Também contém ferro, cálcio, fósforo, cloro, enxofre, magnésio, potássio, sais minerais e vitaminas A, C e do complexo B. Os naturalistas geralmente recomendam o pepino como diurético natural, mas qualquer aumento na frequência da urina provavelmente se deve ao seu conteúdo de água e não à outra substância. Embora seja mais comum seu uso em salada e como picles – vegetais em conserva –, também pode ser feito um suco que auxilia no tratamento de inflamações do tubo digestivo e da bexiga, pressão alta e afecções dos dentes e da gengiva. O pepino também tem capacidade para combater enfermidades da garganta quando combinado com mel, purificar o organismo e eliminar gorduras. Cabelos e unhas se beneficiam do alto teor de sílica e flúor que a planta apresenta. O pepino batido no liquidificador, com água e mel, serve para as mãos ressecadas por detergente. 
Cultivo: Existem inúmeras cultivares e híbridos de pepino, para salada e para indústria, disponíveis no mercado. Para as cultivares e, especialmente aquelas que o produtor vem melhorando a cada ano, recomenda-se que o produtor retire as sementes das melhores plantas para multiplicação. Clima quente, com temperaturas entre 26 e 28 ºC, é o mais adequado para o plantio do pepineiro. Em regiões mais frias, o cultivo deve ser realizado em locais protegidos, onde seja possível monitorar a variação da temperatura. A exemplo das abóboras, a produtividade depende da eficiência da polinização pelas abelhas, que tem a maior atividade entre 28 a 30ºC. Na maioria das cultivares, as flores são monóicas, com predominância das masculinas sobre as femininas. Mas, trabalhos de melhoramento genético criaram híbridos que produzem, quase exclusivamente, flores femininas, o que aumenta a produtividade, uma vez que somente as flores femininas geram frutos. O pepineiro depende da polinização cruzada realizada por insetos como as abelhas, que fazem o transporte do pólen, por isso é proibido a aplicação de inseticidas, uma vez que exterminam com elas, além de contaminar os frutos e o meio ambiente.  Temperaturas mais elevadas proporcionam maior número de flores masculinas; por outro lado, temperaturas mais amenas e, com período curto de luz, estimulam maior número de flores femininas que darão origem aos frutos. Por não tolerarem o frio, o pepino pode ser semeado no litoral, a partir de setembro e, no máximo, até o final de janeiro. Em regiões com altitude superior a 800 m, a semeadura pode ser feita de agosto a fevereiro. As variedades mais plantadas nas regiões Sudeste e Sul pertencem aos grupos Caipira, Aodai e Japonês (tipo salada), com tamanhos que variam de dez a 30 centímetros de comprimento. Para a conserva, os frutos não devem ultrapassar dez centímetros de comprimento; os mais produtivos são híbridos, destacando-se as cultivares Guaíra, Colônia, Ginga Ag-77, Premier, Primepak, Pioneiro e Score, entre outros. Os do grupo Caipira produz frutos de tamanho médio, com 10 a 14 cm, claros, alongados ou bojudos, com 3 a 5 lóculos; Dentre estes destacam-se as cultivares Pérola, Rubi, Colonião, Imperial II, Nobre, Safira, entre outros. Os do grupo Aodai produzem frutos alongados, cilíndricos, bem retos, com 20 a 25 cm de comprimento, 4 a 5 cm de diâmetro e peso médio de 320 a 400g; Dentre estes destacam-se as cultivares Monark, Vitória, Nazaré, Ginga, Midori, Sprint 440 S, dentre outras. Os pepinos do grupo Japonês (Figura 4) são híbridos mais adaptados ao plantio em abrigo, tais como Tsuyataro, Rensei, Seiriki nº5, Nikkey, Top Green, Ancor 8, Flecha, dentre outros. Ambos os tipos (salada e conserva) têm produção mais comum a céu aberto.

Figura 4. Pepino Japonês
Tanto o pepino para conserva como para saladas, podem serem tutorados e protegidos (Figura 5), o que facilita os tratos culturais e a colheita, além de produzir frutos de melhor qualidade (frutos com melhor coloração e menos deformados). Formação de mudas, plantio e adubação:  Grande parte dos produtores faz a semeadura direta na cova, semeando 3 a 4 sementes por cova, a uma profundidade de 2 cm, fazendo-se o desbaste e deixando uma a duas plantas por cova, quando tiverem duas ou três folhas definitivas. Mas, quando se usa sementes híbridas, de custo elevado, o melhor é semear em recipientes, como os copos de jornal ou de plástico e bandejas de isopor, para se obter melhor aproveitamento (na matéria postada neste blog, em 31/10/2012, ensina como fazer copos de jornal). Em locais mais frios, a formação das mudas em recipientes, nos abrigos, favorece a germinação, a emergência e o desenvolvimento inicial das plantas, garantindo uma colheita antecipada. Neste caso deve-se semear uma semente por copo ou célula da bandeja e transplantar a muda quando tiver o primeiro par de folhas definitivas. As covas indicadas para o pepino tutorado devem ser preparadas no espaçamento de 1 a 1,20 m entrelinhas por 40 cm entre plantas. Para o pepino conserva, no sistema rasteiro, recomenda-se o espaçamento de 1 m entre linhas por 30 cm entre plantas, deixando-se uma ou duas plantas por cova. A germinação ocorre cinco dias após o plantio e leva mais 25 dias para a floração. Tanto a adubação de plantio, como de cobertura, se necessário, deve serem baseadas na análise do solo e do adubo orgânico. Tutoramento: O pepineiro pode ser plantado no sistema rasteiro, porém, o tutoramento é o mais indicado no cultivo orgânico, pois facilita os tratos culturais, especialmente os fitossanitários e a colheita, além de diminuir os riscos de ataque de doenças, deformação e má coloração dos frutos. O tutoramento indicado é o vertical, feito com varas de bambu ou de madeira com 2,2 a 2,5 metros de comprimento, apoiadas em um arame de 1,2 a 1,8 m de altura do solo. À medida que a planta for se desenvolvendo, é preciso fazer amarrações dos ramos no tutor.  Irrigação: O solo deve ser mantido úmido por meio de distribuição de água nos sulcos de 30 a 40 centímetros de abertura e 25 a 30 centímetros de profundidade, ou da irrigação pelo sistema de gotejamento (preferencialmente), microaspersão ou aspersão convencional. Manejo das plantas de pepino: No caso do pepino japonês, recomenda-se eliminar os primeiros frutos, quando estiverem pequenos (1 a 2cm), dos três primeiros nós da haste principal. À medida que a planta se desenvolve, haverá emissão de frutos na haste principal e emissão de hastes laterais, em cada nó da planta, que produzirão seus próprios frutos. Para obter-se mais frutos dentro do padrão exigido pelo mercado, ou seja, 20 cm de comprimento e 3 cm de diâmetro, aproximadamente, recomenda-se: a) eliminar todos os frutos da haste principal e b) manter apenas dois frutos por cada haste lateral, podando a mesma antes de emitir o 3º fruto. Manejo de plantas espontâneas: O uso de adubos verdes, a exemplo do cultivo do chuchuzeiro, é recomendado para o pepino, com o objetivo de melhorar o solo, reduzir a infestação de plantas espontâneas e a erosão. Principais pragas e doenças, rotação e consorciação de culturas: ver matéria "Cultivo orgânico de hortaliças-frutos - Parte I", postada em 31/10/2012.

Figura 5. Cultivo tutorado e protegido de pepino
Colheita: No pepino conserva a colheita inicia-se 28 dias após o plantio, prolongando-se por dois meses. Para o pepino salada, a colheita inicia-se entre 60 e 80 dias após a semeadura, prolongando-se por dois meses, aproximadamente. Colheitas frequentes estimulam a produtividade. Recomenda-se fazer no mínimo três colheitas por semana nos pepinos para salada, enquanto que nos tipos para conserva, dependendo da exigência do mercado, pode ser até diária e, no máximo, a cada 2 dias.
Ferreira On 12/10/2012 02:49:00 AM Comentarios LEIA MAIS

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

sexta-feira, 16 de novembro de 2012



As abóboras (Figura 1), pertencentes à família das cucurbitáceas, foram um alimento importante em todo continente americano, muito antes da chegada dos europeus. Todas as espécies do gênero Cucurbita, no qual se incluem as abóboras e moranga, tiveram origem na América e, junto com o milho e o feijão, constituía a base da alimentação das populações que habitavam a região que vai desde o Peru até o sudoeste dos Estados Unidos. Já eram cultivadas na América Central há 9000 anos e já havia vestígio delas nas habitações de pedra dos indios. Atualmente, as abóboras são cultivadas em todo mundo, fornecendo polpa comestível, sementes e flores. Nome científico: Cucúrbita moschata (abóbora); Cucúrbita máxima (moranga); Cucúrbita pepo (abobrinha italiana). A abóbora japonesa, também conhecida por abóbora "tetsukabuto", é um híbrido oriundo do cruzamento de duas espécies distintas de abóbora: Cucurbita maxima (moranga) e Cucurbita moschata (abóbora). Nome comum: abóbora, moranga, abobrinha, abobrinha-italiana (abobrinha de moita). Origem: abóbora e abobrinha-italiana – região central do México; moranga – região sul do Peru, Bolívia e norte da Argentina.
Figura 1. Abóboras (abobrinha, moranga, moranga japonesa)




Descrição e característica das plantas: a) abóbora e moranga: as plantas produzem ramas rasteiras e podem chegar a 6 metros de comprimento. À medida que as ramas se desenvolvem, novas folhas e botões florais são emitidos. Essas plantas formam estruturas para fixação nos suportes que são as gavinhas e as ramas em contato com o solo emitem raízes que auxiliam na sua fixação. As folhas são grandes e de cor verde-escura com manchas prateadas nas abóboras e sem essas manchas em morangas. Como em todas as plantas da família das cucurbitáceas, elas produzem flores masculinas e femininas separadas na mesma planta, são monóicas. As flores masculinas são produzidas em maior quantidade que as femininas e ambas produzem pétalas grandes e amarelas. As flores femininas são facilmente identificadas porque apresentam ovário bem desenvolvido na base de cada flor com formato de frutinho. A polinização da flor é feita normalmente pelas abelhas, sem a qual não haverá formação de frutos. As condições climáticas para bom desenvolvimento vegetativo e frutificação são temperatura amena a quente e boa disponibilidade de água durante todo o ciclo. Dependendo da variedade ou híbrido, temperaturas muito altas ou baixas podem prejudicar a produtividade. Todas as cucurbitáceas cultivadas não toleram geadas. A propagação é feita através de sementes. b) abobrinha italiana – as plantas não formam ramas compridas como nas abóboras e nas morangas. As hastes são curtas, dando um aspecto de moita, onde as folhas grandes ficam bem próximas uma das outras. O florescimento e a frutificação ocorrem à medida que as folhas são emitidas pelas plantas. Da mesma forma que as abóboras e morangas, a abobrinha-italiana produz flores masculinas e femininas, separadas na mesma planta (monóica), e necessita da abelha para ocorrer a polinização das flores femininas. As condições climáticas favoráveis ao bom desenvolvimento vegetativo e à boa frutificação são temperaturas amenas a quente e boa disponibilidade de água durante todo o ciclo da cultura. A propagação dessas plantas é feita através de sementes. 




Uso culinário e propriedades nutricionais e terapêuticas: As abóboras e morangas são consumidas, tanto verdes como maduras, no preparo de muitos pratos da culinária. Os frutos maduros das abóboras são largamente utilizados no preparo de doces diversos. A abobrinha é consumida verde, na forma de salada, ou cozida. A polpa saborosa das abóboras pode ser assada ou cozida, usada em sopas ou ensopados, ou ainda se tornar recheio de ravióli. Embora, em geral, se joguem fora as sementes, elas são uma fonte muito rica de proteínas. As sementes de abóbora são fáceis de preparar: tire-as, lave-as e deixe-as seca; depois asse-as em forma untada por uma hora a 120 ºC. Pode ainda ser consumido a flor, muito apreciada na culinária mexicana, possui um delicado sabor e, do ponto de vista nutritivo, oferece fibra vegetal e uma pequena quantidade de hidrato de carbono. Consome-se ainda a brotação em forma de refogado (cambuquira), que junto com sopa dos frutos se tornam uma refeição muito saborosa. As sementes também podem ser consumidas na forma de aperitivo, torradas e salgadas. As abóboras possuem elevado valor nutritivo contendo grande quantidade de vitamina A, fundamental para uma boa visão, saúde da pele e mucosa, evitando infecções e auxiliando no crescimento. Contém ainda uma vitamina do complexo B, a niacina, cuja função é evitar problemas de pele, do aparelho digestivo, do sistema nervoso e reumatismo. As abóboras também tem muita vitamina C e fibras e baixas calorias. Possui sais minerais como cálcio e fósforo, essenciais na formação dos ossos e dentes, músculos, coagulação do sangue e transmissão de impulsos nervosos. As abóboras são indicadas para pessoas de todas as idades por ser de fácil digestão. É também um laxante suave e um diurético, sendo aconselhado na recuperação de doenças agudas do aparelho digestivo, especialmente inflamações dos intestinos. A abóbora contém três das substâncias vegetais de maior ação anticancerígena comprovada: betacaroteno, vitamina C e fibras vegetais. além do potássio, mineral capaz de auxiliar no controle da pressão arterial, a semente também é rica em fibras. Outro diferencial é a grande quantidade de vitamina E, nutriente que combate o envelhecimento. 



Cultivo: por não tolerarem o frio, as cucurbitáceas, em geral, podem serem semeadas ou transplantadas no litoral, a partir de setembro e, no máximo, até o final de janeiro. A partir de fevereiro, as espécies de ciclo mais longo como as abóboras, correm o risco de sofrerem com o frio, especialmente, se o frio chegar já no outono no litoral. Na escolha da área, preparo do solo, adubação e manejo de doenças e pragas devem ser seguidas as recomendações gerais para o cultivo das cucurbitáceas, matéria postada no blog "Cultivo orgânico de hortaliças-frutos – Parte I)" em 31/10/2012. Cultivares - Existem inúmeras cultivares de abóboras, abobrinhas e morangas (Figura 2), disponíveis no mercado. Por serem espécies de polinização cruzada existe um número muito grande de variedades de abóboras, de diversos tamanhos, desde delicadas moranguinhas do tamanho de laranjas até enormes abóboras com mais de 20 kg. Os formatos também variam muito, podem ser redondas, chatas e com gomos, podem ser ovais, retas ou terem pescoço, a casca pode ser lisa ou encaroçada, a cor pode ser amarela, verde, rajada, quase preta e cor-de-abóbora. Algumas variedades de: 1) Abóbora – Menina Brasileira, Caravela, Pira-Moita, Duda, Goianinha, Canhão, Redonda Amarela Gigante, Caravela, Spaghetti; 2) Moranga – Coroa, Alice, Carijó, Tropical; 3) Híbridos interespecíficos (resultante do cruzamento entre linhagens de moranga e abóbora) – Tetsukabuto (Figura 3); 4) Abobrinha-italiana – Caserta, Clarinda, Atlanta, Alba, Clara, Anita, Clarice, Princesa, Anna Gold e Goldfinger. Produção de mudas: ao invés do semeio direto no campo, recomenda-se a produção de mudas em copinhos de jornal ou em bandejas de isopor (ver matéria postada em 31/10/2012 – Parte I). Este sistema diminui as falhas no campo, melhora a uniformidade e permite um melhor manejo das pragas e doenças. As mudas são transplantadas quando não houver risco de geadas e, tiverem duas folhas e, no máximo no início de surgimento da terceira folha verdadeira. Espaçamento e manejo de plantas espontâneas: abóboras e morangas - 4,0 x 4,0 m (mais vigorosas) e 3,0 x 3,0 (menos vigorosas); abobrinhas – 1,0 x 0,5m. O manejo de plantas espontâneas deve ser feito antes do desenvolvimento das ramas nas entrelinhas, através de roçadas (cultivo mínimo ou direto) ou grade no caso do terreno lavrado. Preparo do solo e adubação: ver como preparar o solo na matéria postada em 31/10/2012. A adubação orgânica, preferencialmente com composto orgânico, deve ser feita com base na análise do solo. Irrigação e adubação de cobertura: a irrigação, quando necessária, pode ser por aspersão ou preferencialmente localizada. Se necessário (plantas pouco viçosas), deve ser realizada a adubação de cobertura, 20 dias após o transplante e/ou no início da frutificação, com base na análise do solo. Polinização: No cultivo da moranga híbrida (abóbora japonesa) há necessidade do plantio de uma fileira de abóbora ou moranga como polinizadora, intercalada a cada quatro fileiras do híbrido A semeadura da polinizadora deve ser de 15 a 21 dias antes da semeadura do híbrido. Caso seja utilizada a abobrinha como polinizadora, devido a precocidade, pode ser semeada 15 dias após o híbrido. É indispensável a presença de agentes polinizadores, como abelhas. Principais pragas e doenças: ver matéria postada em 31/10/2012 quais as principais e o manejo recomendado. 


Colheita: As morangas híbridas (Figura 3) são colhidas manualmente, quando os frutos estiverem maduros, em geral, de 90 a 110 dias após o plantio; o fruto maduro apresenta a parte apoiada no solo com cor amarelada e o pedúnculo com a cor palha, parecendo estar seco. As abobrinhas são comercializadas ainda verde, com 25cm de comprimento (cerca de 380g de peso); a colheita inicia-se aos 75 dias até a maturação dos frutos. As abóboras secas levam 150 dias até a maturação dos frutos. Como as abóboras e morangas têm casca dura, são ideais para armazenamento, durando cerca de um mês, em lugar seco e fresco. Para agricultores, a abóbora japonesa apresenta maior precocidade, uniformidade e melhor produtividade, quando comparada com cultivares locais; conseqüentemente se tornou uma cultura rentável. Para consumidores, a abóbora japonesa apresenta frutos atraentes e saborosos; em geral, com coloração de casca escura, formato arredondado, levemente achatado, polpa alaranjada e quase nada de água. É um produto que apresenta, ainda, ótima pós-colheita e durabilidade, o que reduz as perdas. As abóboras não devem ser refrigeradas nem armazenadas em temperatura abaixo de 10ºC, pois isso acelera sua deterioração. 

Figura 2. Abobrinhas e abóboras (Fonte da imagem: www.hobbyverde.com.br) 

Figura 3. Moranga híbrida ou abóbora japonesa
Ferreira On 11/16/2012 09:04:00 AM Comentarios LEIA MAIS

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Matéria publicada na RAC (Revista Agropecuária Catarinense)
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Ferreira On 11/08/2012 05:31:00 AM Comentarios LEIA MAIS

quarta-feira, 31 de outubro de 2012



   A exemplo das hortaliças-folhosas, que possui grande número de espécies, vamos dividir as hortaliças-frutos em 5 matérias a serem postadas. Nas quatro primeiras matérias vamos tratar das hortaliças-frutos pertencentes a família botânica das cucurbitáceas. O cultivo orgânico das hortaliças-frutos tomate, milho-verde e morango, já foram abordadas em matérias postadas em 01/03/2011, 05/10/2011 e 21/09/2012, respectivamente.
Figura 1. Hortaliças-frutos: melancia, melão, abóbora japonesa, abobrinha, chuchu, pepino, morango, pimentão, berinjela e tomate

Recomendações gerais para o cultivo das hortaliças-frutos (cucurbitáceas)
Influência de fatores climáticos: A temperatura é o fator mais importante para as hortaliças-frutos (moranga, abóbora, abobrinha, melancia, melão, chuchu e pepino) que pertencem a família botânica das cucurbitáceas. Em condições abaixo de 12ºC, o crescimento da planta paralisa. Não tolera geadas. As temperaturas mais adequadas para as cucurbitáceas estão entre 18 a 25ºC. A produtividade depende da eficiência da polinização feita pelas abelhas, sendo que a maior atividade está entre 28 a 30ºC. Temperaturas mais elevadas proporcionam maior número de flores masculinas, enquanto que temperaturas mais amenas e com período curto de luz estimulam maior número de flores femininas que darão origem aos frutos. Nos primeiros estádios de desenvolvimento, as plantas são exigentes em água, porque as raízes são ainda superficiais e o armazenamento de água na superfície é praticamente nulo. A deficiência de umidade, associada às temperaturas elevadas no solo ou no ar, pode provocar um déficit hídrico na planta com a conseqüente descoloração das folhas e secamento das plantas. Na fase de polinização e desenvolvimento do fruto, deve-se evitar que a umidade em excesso crie um microclima, ambiente favorável às doenças.
Escolha do local e análise do solo: Área de solos profundos, bem estruturados e drenados, que tenham topografia plana a levemente ondulada são as mais indicadas. O solo ideal é o areno-argiloso, fértil e rico em matéria orgânica. A exposição norte deverá ser a preferencial, por favorecer os aspectos de crescimento vegetativo e de ordem fitossanitária; porém tem-se observado na prática que nas exposições leste e oeste as plantas produzem mais flores femininas. Para melhoria da polinização e conseqüente maior pegamento de frutos é necessário escolher área protegidas dos ventos dominantes ou que tenham quebra-vento. Evitar o plantio em áreas onde, nos dois últimos anos, foram cultivadas outras cucurbitáceas e solanáceas. As espécies da família das cucurbitáceas desenvolvem-se melhor em solos moderadamente ácidos, com pH entre 5,5 e 6,5. Solos de textura média, com teores de argila em torno de 30 a 35% são os mais recomendados. Embora mais de 75% das raízes se encontrem na camadas superiores do solo (0-30cm), é recomendável que o solo tenha profundidade efetiva maior. A análise do solo deve ser feita com antecedência para que o técnico faça a recomendação adequada da adubação e correção da acidez do solo.
Produção de mudas: Ao invés do semeio direto no campo, recomenda-se a produção de mudas em copinhos de papel ou jornal (10 a 12cm de altura), confeccionados com o auxílio de uma lata de refrigerante ou cano de PVC e protegidas em abrigo. Este sistema diminui as perdas ou falhas no campo, melhora a uniformidade do estande e permite um melhor controle fitossanitário e manejo das plantas espontâneas. Além disso, os riscos de perdas de plantas devido ao frio excessivo (as plantas não toleram geadas), praticamente não existe, pois as mudas estariam protegidas. Confecção dos copinhos (Figuras 2, 3 e 4): corta-se uma folha de jornal, sem ser colorida, em cinco tiras, no sentido horizontal da página, com cerca de 11,5 cm de largura cada uma e enrola-se em torno de um cano de PVC (50mm) com 7 cm de comprimento. A extremidade do cilindro de papel é dobrada para dentro, de modo a formar o fundo do copinho e depois bate-se o fundo do cano para comprimir as dobras do fundo do molde. Posteriormente, enche-se o cano com o copinho de papel com o substrato e retira-se o mesmo para confecção de outros copinhos de papel. A reutilização de copos plásticos de refrigerantes descartáveis furados na parte de baixo e protegido em abrigos de plástico com substrato de boa qualidade é outra opção. Semeia-se 3 sementes por copo e realiza-se o desbaste quando as plantas apresentarem uma folha definitiva, deixando-se 2 mudas por copinho. As mudas devem ser transplantadas quando não houver risco de geadas e tiverem duas folhas e no máximo no início de surgimento da terceira folha verdadeira. No caso de copinhos de papel não há necessidade de retirar o papel, pois este se degrada facilmente.
Figura 2. Material necessário para confecção dos copinhos de papel
Figura 3. Confecção de copinho de papel jornal - início
Figura 4. Confecção de copinho de papel jornal – final
Preparo do solo e adubação: Sistema em covas em plantio direto : apresenta a vantagem de melhor proteção do solo e dos frutos, favorece a retenção de água, apresenta menor incidência de plantas espontâneas ("mato") e menor custo da lavoura. No outono semeia-se o adubo verde, que pode ser ervilhaca, aveia preta ou uma mistura de ambas. Após a floração da cobertura verde, no período de formação dos grãos, faz-se seu acamamento com rolo-faca ou roçadeira. Após preparar as covas (30 x30x15cm de profundidade), distribuir e incorporar o adubo; Sistema em faixas em cultivo mínimo : No outono semeia-se o adubo verde, que pode ser ervilhaca, aveia preta ou uma mistura de ambas. Trinta dias antes do plantio, lavrar e gradear em faixas com largura de 0,6 m. As faixas serão distanciadas umas das outras por 3m; Sistema em faixas com preparo do solo: deve ser feita uma aração profunda. Os torrões entre as faixas facilitam a fixação dos ramos pelas garras (gavinhas) evitando o dano pelo vento. Após a aração preparar apenas a faixa de plantio de mais ou menos 60 cm de largura espaçados de 3 em 3 metros. Abre-se um sulco e coloca-se o adubo orgânico, conforme análise do solo. Em geral, para solos de média fertilidade, recomenda-se preferencialmente composto orgânico ou ainda esterco de gado ou de aves curtidos, nas quantidades de 2,4 e 2 kg por metro de sulco , respectivamente, incorporados uniformemente ao solo 10 a 15 dias antes do plantio das mudas. Irrigação: quando necessária, pode ser por aspersão ou preferencialmente localizada. Adubação de cobertura: Se necessário (plantas pouco viçosas), deve ser realizada 20 dias após o transplante e/ou no início da frutificação, com base na análise do solo. Manejo de plantas espontâneas: quando necessário é recomendado realizar na época da adubação de cobertura. O manejo deve ser feito antes do desenvolvimento das ramas nas entrelinhas, através de roçadas (cultivo mínimo ou direto) ou grade no caso do terreno lavrado (sistema em faixas). Próximo às plantas usar a enxada.
Principais pragas e doenças: dentre as pragas destacam-se a broca dos frutos na fase de frutificação, vaquinhas (patriotas) no início de desenvolvimento das plantas e os pulgões. A broca perfura o fruto próximo ao botão floral, causando o apodrecimento. Manejo da broca das cucurbitáceas: para o manejo da broca recomenda-se utilizar iscas atrativas, como por exemplo, a abobrinha italiana - caserta (Figura 5) que também atrai a vaquinha – Diabrotica speciosa, especialmente, no início do desenvolvimento das plantas e, pulverizações semanais com dipel (broca), a partir do início da frutificação. No caso do uso de isca atrativa (abobrinha), recomenda-se a destruição das plantas, quando estiverem muito atacadas pela broca. Os pulgões formam colônias na parte de baixo das folhas sugando a seiva e transmitindo viroses. Manejo de vaquinhas e pulgões: recomenda-se os preparados à base de plantas tais como pimenta e cebola para o manejo de pulgões e vaquinhas. Para o manejo de pulgões, outros preparados tais como, cavalinha-do-campo, losna, confrei, samambaia, cinamomo, coentro e cravo-de-defunto também são eficientes (ver como preparar através de matérias já postadas neste blog). No manejo de vaquinhas, ainda existem as plantas que podem servir como iscas atrativas, tais como abobrinha caserta , tajujá , porongo ou cabaça). Dentre as doenças destaca-se o oídio (Figura 5), que é um fungo que desenvolve-se nas folhas, hastes e frutos das cucurbitáceas e feijão-vagem, apresentando uma formação semelhantes ao "pó de giz", espalhando-se por toda a superfície da folha. A doença é favorecida por temperaturas, entre 15 e 18ºC e, umidade relativa do ar, entre 20 e 100%. Manejo do oídio: no cultivo orgânico recomenda-se, preferencialmente, leite de vaca cru na concentração de 10 a 15%, mesmo após o início da infecção no campo ou produtos a base de enxofre (Kolossus ou Thiovit SC). Obs.: em função da maior atividade das abelhas na polinização, pela manhã, recomenda-se pulverizar, se necessário, sempre a tarde.
Figura 5. A abobrinha italiana – caserta (à esquerda) é uma boa isca atrativa da broca das cucurbitáceas e também da vaquinha. O fungo oídio que tem como principal sintoma a formação de um pó branco sobre as folhas, ataca o feijão-vagem (foto à direita) e as demais espécies da família das cucurbitáceas (melão, melancia, pepino, abóbora, abobrinha e moranga); o leite cru e fresco à 10% (1 L para 100 L de água) é eficiente no manejo desta doença, mesmo no início da infecção.
Rotação e consorciação de culturas: Esta é considerada a prática mais antiga no manejo de doenças e de pragas e continua sendo uma das mais eficientes entre os métodos culturais de controle. Os princípios de controle envolvido na rotação e consorciação de culturas são a redução ou destruição do meio que serve para multiplicação da doença e pragas e a melhoria das condições físicas, químicas e biológicas do solo. Dentre as famílias botânicas, as cucurbitáceas estão entre as que mais possuem problemas de pragas e doenças. Por isso, a rotação de culturas com espécies que não pertencem às cucurbitáceas é uma prática preventiva muito eficiente no manejo das pragas e doenças. O plantio de abóbora, moranga, abobrinha, pepino, melancia, melão e chuchu na mesma área e na mesma estação de cultivo favorece o aumento das pragas e doenças que são comuns. Também deve-se evitar o escalonamento de plantio destas espécies, pois as plantas mais velhas podem disseminar pragas e doenças para as plantas mais jovens. Outra prática recomendável para manejar as pragas e doenças das cucurbitáceas é a diversificação de cultivos que pode ser feita através da consorciação de cultivos com espécies de outras famílias botânicas. O aproveitamento de áreas, especialmente na implantação de pomares (Figura 6) é altamente recomendável para a consorciação com cucurbitáceas, pois além de cobrir o solo evitando a erosão, diminui a infestação de plantas espontâneas. Outra prática também recomendável visando a melhoria da fertilidade do solo é a consorciação das cucurbitáceas com adubos verdes de inverno; o crescimento lento das cucurbitáceas no final do inverno favorece esta consorciação, mantendo-se inicialmente no limpo as covas e as entrelinhas cobertas pelos adubos verdes. Quando os cultivos começarem a desenvolverem-se mais rapidamente (crescimento das gavinhas) faz-se a roçada ou gradagem nas entrelinhas.
Figura 6. Cultivo de moranga híbrida (abóbora japonesa ou kabotiá) em um pomar de oliveiras recém-implantado na Epagri/Estação Experimental de Urussanga

Produção própria de sementes crioulas: Na produção de hortaliças com base agroecológica recomenda-se resgatar a produção de sementes crioulas. As sementes crioulas são aquelas que foram sendo selecionadas e melhoradas pelos agricultores ao longo do tempo, segundo as suas necessidades e em função das condições de clima e de solo da sua região. Devido a essa seleção na região de cultivo, essas sementes são mais rústicas e resistentes às doenças e às pragas, além de serem de baixo custo e de fácil produção.
Na produção própria de sementes, alguns cuidados são importantes:
selecionar as plantas mais vigorosas, sadias e produtivas;
selecionar espécies e variedades adaptadas à região, ao clima e à época de semeadura/plantio;
colher as sementes na época adequada, ou seja, quando ocorrer a maturação completa;
armazenar as sementes em lugar fresco, arejado, seco e protegido da luz direta.
Um dos problemas enfrentados, especialmente pelos produtores de hortaliças, é o alto custo das sementes, principalmente de híbridos. Para algumas hortaliças propagadas por sementes, desde que sejam variedades e não-híbridos, pode-se produzir a própria semente para diminuir o custo e evitar a compra todos os anos. É impossível produzir sementes próprias de cultivares híbridas porque são obtidas do cruzamento entre os pais da cultivar que são um segredo de mercado, conhecidos apenas pelo melhorista ou pela companhia de sementes responsável pelo desenvolvimento do híbrido. Essas sementes geram plantas com enorme desuniformidade entre si em relação a velocidade de crescimento, resistência às pragas, doenças e adversidade climáticas, tamanho, formato, coloração, sabor e qualidade do produto final. Em geral, o nível de desuniformidade é tão alto que a exploração econômica da produção fica comprometida.

Colheita e beneficiamento de sementes de cucurbitáceas (cultivares ou sementes crioulas de pepino, moranga, abóboras, abobrinha, melão e melancia)

Procedimento: selecionar frutos bem formados, completamente maduros, sem defeitos e doenças. Colocar as sementes e a mucilagem (líquido placentário) em vasilhas de plástico por um período de 24 a 48 horas. Após esse período, quando ocorre a fermentação natural, deve-se lavar imediatamente as sementes em água corrente, utilizando-se uma peneira. A secagem deve ser naturalmente à sombra, revolvendo-se as mesmas para diminuir o agrupamento (empelotamento).
Beneficiamento e armazenamento: retirar as impurezas, guardar as sementes em sacos plásticos, tendo o cuidado de retirar o máximo de ar, e armazená-las em geladeira, na última gaveta da parte inferior.
Obs.: para a colheita e beneficiamento de sementes de hortaliças-frutos pertencentes à família das solanáceais (tomate, pimentão, berinjela e pimenta), recomenda-se o mesmo procedimento.









 

Ferreira On 10/31/2012 08:32:00 AM 3 comments LEIA MAIS

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Ferreira On 10/17/2012 01:33:00 PM Comentarios LEIA MAIS

quarta-feira, 3 de outubro de 2012



Chicória
A chicória (Cichorium endivia L.) é uma planta que tem sua origem na Índia Oriental e é conhecida e utilizada na alimentação humana desde o Egito antigo, na forma cozida ou como salada. Existem duas variedades claramente definidas que são Cichorium endivia var. crispa L., que é a chicória crespa, caracterizada pelas folhas bastante recortadas e, Cichorium endivia var. latifolia L., variedade lisa que tem no Brasil o maior consumo e valor comercial. Ambas têm o característico sabor amargo, que é mais forte nas folhas mais verdes. A chicória (Cichorium endívia), hortaliça-folhosa, de ciclo anual, conhecida também por endívia, escarola e chicarola, pertencente a família botânica das Asteraceae, conhecida também por Compositae ou Compostas; são aproximadamente 50.000 espécies, sendo os representantes desta família a alface, o crisântemo, o girassol, a margarida e muitos outros. A chicória é cultivada na região centro-sul do país e não forma cabeça (Figura 1). Endívias produzidas no escuro têm o sabor mais suave e doce, e coloração branca-amarelada. As flores das chicórias são azuis, muito bonitas e delicadas.
Uso culinário e propriedades nutricionais e terapêuticas: Endívias e escarolas podem ser consumidas cruas, refogadas, cozidas no vapor ou assadas. Na culinária é mais uma opção no preparo de saladas , mas também fica ótima em sopas, purês, cozidos, além de ser especialmente recomendada como recheio de pizzas. Apesar de amargas, elas têm sabor refrescante e são muito apreciadas na culinária européia. Endívias acrescentam um toque de requinte em entradas e combinam muito bem com azeite de oliva, alho, queijos cremosos, coalhadas e tomates secos. Suas folhas côncavas podem ser recheadas e servidas de várias maneiras e têm um excelente efeito na apresentação dos pratos. Elas possuem pouquíssimas calorias, cerca de 17 kcal por 100 gramas e desta forma são muito indicadas para dietas de emagrecimento. As folhas da chicória destacam-se das demais hortaliças pelo seu elevado teor de potássio. Trata-se de uma hortaliça rica em fibras, ótima para o bom funcionamento do intestino. Além disso, contém a vitamina A e é rica em vitaminas do complexo B. Possui , ainda , sais minerais como cálcio , fósforo e ferro, importantes para manter o equilíbrio do organismo.  As principais propriedades medicinais são: limpa o fígado, estimula o baço e, é recomendada para os problemas de visão em geral; também fortalece os ossos, dentes e cabelos e ativa as funções do estômago, intestino e fígado e estimula o apetite. Ativa a função biliar, quando a secreção da bile se mostra escassa, e atua como laxante.

Figura 1. Hortaliça-folhosa: chicória
Cultivo: A chicória produz melhor sob temperaturas amenas, embora haja cultivares tolerantes a temperaturas mais elevadas. Geralmente a semeadura ocorre no outono e inverno, porém pode-se cultivar ao longo do ano, em regiões de altitude. Prefere solos areno-argilosos, férteis, ricos em matéria orgânica, drenados e com o pH entre 6 e 6,8. A semeadura desta hortaliça é realizada da seguinte maneira: primeiramente, na sementeira, procede-se a semeadura utilizando-se 4 g/m2 de sementes. Após ter transcorrido quatro a cinco semanas as plantinhas terão 4 a 6 folhas, momento do transplante para o local definitivo, em canteiros com cerca de 20 cm e irrigado regularmente. A época de cultivo das chicórias varia de acordo com o clima e com a cultivar. A chicória lisa é a variedade com maior valor comercial e é colhida em até 80 dias após a semeação. As diversas cultivares de chicória apreciam o clima ameno, com temperaturas entre 14º e 18ºC. Em climas quentes elas tendem a ficar com o sabor muito amargo. Temperaturas acima de 25ºC afetam o desenvolvimento da planta, que fica com folhas mais grossas e menores. Chicórias são muito exigentes em fertilidade e, se ressentem em caso de excesso ou carência de adubos. Rega-se abundantemente. Para se conseguir chicórias de melhor apresentação, mais claras e tenras, recorre-se ao estiolamento, procedendo da seguinte forma: amarra-se um cordão ou material similar de modo a proteger o "coração" da planta dos raios solares e mantendo-se neste estado por uns 15 dias. As regas não deverão atingir o "coração" da planta.
Outros tratos culturais importantes são as irrigações freqüentes e escarificações, mantendo o solo fofo, a fim de possibilitar à planta melhores condições de desenvolvimento. As doenças e pragas que atacam a chicória são basicamente as mesmas que atacam o alface, que são os pulgões, lesmas, caracóis e insetos que mastigam suas folhas. As doenças mais comuns são a podridão-basal, o vira-cabeça, a septoriose e a queima-de-saia, entre outras. Dentre as medidas preventivas para o manejo das pragas e doenças, estão a adubação equilibrada conforme análise do solo, pois um solo bem suprido de nutrientes dará maior resistência às plantas e a rotação de culturas com espécies de famílias botânicas diferentes; por ser uma hortaliça folhosa é bastante exigente em nitrogênio, por isso, na rotação de culturas recomenda-se, especialmente as leguminosas. Caso seja necessário o uso de produtos alternativos no manejo de doenças e pragas, recomenda-se os utilizados no cultivo de alface (ver matéria postada neste blog em18/01/2011).

Colheita:
A colheita deve ser realizada aos 80 a 90 dias após a semeadura, com rendimento aproximado de 25 a 30 toneladas por hectare. A chicória pode ser guardada em geladeira, em sacos plásticos, sem lavar, por até 7 dias.

Espinafre

Os primeiros relatos do cultivo do espinafre (Figura 2) vêm da Espanha na época das cruzadas. Provavelmente foi trazido pelos árabes no seu avanço pela Península Ibérica. Logo foi introduzido na Europa inteira e no século 16 já era uma das verduras mais encontradas no continente. Existem dois tipos de espinafre, originários de diferentes regiões. Um deles pertence à família Chenopodiaceae, é nativo do sul da Ásia e foi levado para a Europa no início do século 12. O outro, mais fácil de ser encontrado no Brasil, é da família Aizoaceae, com origem na Nova Zelândia e Austrália. É cultivado principalmente nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. É muito consumido na Europa e nos Estados Unidos. Atualmente, o consumo no Brasil já é considerado bastante elevado, apesar de proporcionalmente bem menor do que nos países europeus e nos Estados Unidos. A planta (Spinacia oleracea) possui flores masculinas e femininas que, desta forma, são responsáveis pelo desenvolvimento e proliferação deste vegetal. O caule do espinafre é curto e as folhas crescem ao seu redor.
Uso culinário e propriedades nutricionais e terapêuticas: Na culinária, o espinafre é muito utilizado cozido ou em saladas, sopas e recheios de tortas, massas, como pasteis, calzones, raviolis e pizzas, além de patês e molhos cremosos para carnes e massas. O espinafre é uma planta bastante apreciada pelas suas características nutritivas, por conter muitas vitaminas, principalmente a C e por ter apenas 25 calorias em cada 100g.  A hortaliça é rica em ferro, vitaminas A, B1, B2, B5, C, D, E, K, cálcio, fósforo, potássio, magnésio, ferro, sódio, enxofre, cloro e silício. O espinafre é indicado para pessoas com anemia e desnutrição, além de ajudar no combate à pressão arterial alta e colesterol. Porém não é recomendado para quem sofre de ácido úrico, gota e cálculos renais, por ter alta concentração de ácido oxálico, o que atrapalha a absorção de ferro, cálcio e outros minerais. As folhas verde-escuras contêm antioxidantes e bioflavonóides que ajudam a bloquear as substâncias causadoras de câncer, especialmente do pulmão e próstata. Uma xícara de espinafre fresco também fornece 190 mcg (microgramas) de folato, um nutriente especialmente importante para mulheres grávidas ou que estejam planejando engravidar, porque ajuda a prevenir defeitos neurológicos congênitos. A deficiência de folato pode causar também um tipo grave de anemia. As quantidades de vitaminas e minerais em 100 gramas de espinafre cru são:. vitamina A (9376 UI), C (28.1 mg), E (2.0 mg), K (483 mcg), B6 (0.2 mg), niacina (0.7 mg), tiamina (0.1 mg), riboflavina (0.2 mg), folato (194 mcg), cálcio (99.0 mg), ferro (2.7 mg), magnésio (79.0 mg), fósforo (49.0 mg), potássio (558 mg), cobre (0.1 mg) e manganês (0.9 mg).
Figura 2. Hortaliça-folhosa: Espinafre
 Cultivo: Foram desenvolvidas muitas variedades de espinafres, que se dividem em três tipos principais: Savoy (de folhas verde-escuras e crespas, sendo o tipo mais vendido fresco em molhos), Folha plana e lisa (de folhas maiores, arredondas, planas, lisas e mais fáceis de limpar; utilizadas principalmente na indústria de alimentos) e Semi-savoy (tipo híbrido, de folhas crespas porém mais fáceis de limpar; é cultivado tanto para consumo in natura como para a indústria). As cultivares mais antigas tendem a ter um sabor mais amargo e as folhas mais escuras, além de serem mais sensíveis ao calor, florescendo mais rapidamente. Já as cultivares modernas, apresentam sabor mais suave, folhas mais largas e sementes arredondadas, além de serem mais precoces e demorarem mais a florescer. O espinafre é uma hortaliça que se desenvolve melhor em temperaturas médias e amenas, entre 15 e 21 ºC. Em locais com temperaturas um pouco mais altas, dependendo da variedade, o ambiente pode ficar mais favorável ao florescimento. O plantio no Brasil é feito, normalmente, de março a julho, a não ser em regiões com verão mais ameno, onde pode-se plantar o espinafre durante todo o ano. O excesso de calor prejudica o crescimento da hortaliça e facilita o florescimento precoce. No entanto, há cultivares mais tolerantes, que podem ser plantadas o ano inteiro.
Os solos mais indicados para esta cultura são os areno-argilosos, férteis, e adubados de acordo com o resultado da análise de solo. O pH indicado deve ficar entre 6 e 7.  A semeadura é feita diretamente no solo ou em sementeiras, para depois serem transplantadas para o canteiro. Em geral, utiliza-se de 3 a 4g de sementes por metro quadrado de sementeira. Quando as mudas apresentarem de 4 a 5 folhas, devem ser transplantadas para o local definitivo No plantio direto, coloque de duas a três sementes por cova, com profundidade de um a dois centímetros. O espaçamento entre covas pode mudar de acordo com a época do cultivo e variedade cultivada, entre outros fatores. Experiências na Embrapa Hortaliças obtiveram sucesso com espaços de 30 x 20 e de 30 x 30 centímetros Uma dica importante que deve ser utilizada na época do plantio é deixar as sementes imersas em água, durante cerca de 24 horas, antes da semeadura. Esse procedimento é indicado para facilitar a germinação, fazendo com que ocorra mais rápido. É uma planta relativamente resistente a pragas e doenças, sendo as mais comuns alguns tipos de fungos, além de alguns insetos que ''devoram'' as folhas ou sugam a planta. Algumas variedades híbridas são muito resistentes às doenças e às temperaturas bastante elevadas. Por este motivo, a escolha da variedade a ser plantada deve levar em consideração, principalmente, as médias de temperatura da região e a necessidade de resistência maior a algum tipo de praga que possa atacar, naquela região. Os tratos culturais indicados são: regas diárias ou irrigação nas sementeiras e adubação de cobertura, após o transplante das mudas para o local definitivo. Além disso, a adubação deve ser reforçada após cada corte das plantas. O terreno deve ser limpo, sempre que necessário, através de capinas.

Colheita: A colheita deve ser realizada de 40 a 60 dias após a semeadura, quando esta é feita diretamente no local definitivo. Em geral, após este período, as folhas estão com cerca de 25 a 32cm de comprimento, apresentando uma forte coloração verde-escura.
Ferreira On 10/03/2012 01:37:00 PM Comentarios LEIA MAIS

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Leia a cartilha Rimada de Agroecologia...

Ferreira On 9/28/2012 12:16:00 PM Comentarios LEIA MAIS

sexta-feira, 21 de setembro de 2012



José Angelo Rebelo1


O morangueiro é uma planta herbácea, rasteira e perene da família Rosácea. É propagada, anualmente, vegetativamente, por meio de estolhos. A parte comestível origina-se do receptáculo floral que se torna carnoso e suculento. Nesta parte comestível estão reunidos os verdadeiros frutos (aquênios), popularmente confundidos com sementes. As abelhas, fundamentais na qualidade da produção do morangueiro, podem se atraídas por meio da aplicação de Beehere no morangal, na dose de 1 a 2 gotas/L de água.
O comportamento das cultivares de morangueiro está altamente correlacionado com a temperatura e o fotoperíodo. De um modo geral, se a temperatura e o fotoperíodo aumetam, a planta cessa a floração e passa a vegetar. Por outro lado, se a temperatura e o fotoperíodo forem reduzidos, a atividade metabólica se reduz e a planta entra em dormência. Para que a dormência seja quebrada, as cultivares de morangueiro exigem somatório de horas com temperatura abaixo de 7,2ºC. Tal somatório pode variar, entre 100 e 1.000 horas.
Em função do comportamento das cultivares ante temperatura e fotoperíodo, elas são caracterizadas como 1. de dias curtos, que diferenciam as gemas florais sob fotoperíodo menor de 14 horas e temperaturas amenas (as de outono); 2. sempreflorescentes/reflorescentes, que florescem sempre - preferencialmente em dias longos - e só cessam de florescer quando a temperatura se aproxima de 10ºC ou quando maior de 28ºC; 3. de dias neutros – estas só paralisam a florada sob condição de temperatura muito baixas. Estas variedades são obtidas com o cruzamento de cultivares sempreflorescentes com plantas de dias curtos. Com tais plantas, pode-se obter frutos na entressafra (verão) em região de verão ameno.
Basicamente, para se obter boa produtividade de morangueiros, deve-se oferecer-lhes dias curtos e temperaturas amenas ou baixas (estímulo ao florescimento), já que, sob condições de dias longos e temperaturas elevadas, o crescimento vegetativo é estimulado. Estas últimas condições interessam logo após o plantio, para proporcionar o desejado crescimento das plantas, o que aumenta o potencial produtivo. A produtividade também está ligada ao número de horas de frio recebidas pelas mudas. Assim, locais frios são os mais indicados para a instalação de viveiros, onde as matrizes devem ser plantadas de setembro a outubro.
Não é recomendado fazer mudas em regiões quentes, principalmente a partir de soqueira, como fazem alguns produtores de morango do litoral catarinense. No entanto, se mudas assim forem produzidas, recomenda-se que sejam embaladas em sacos plásticos fechados e armazenadas a 4ºC, por cerca de 15-20 dias, antes do plantio.



_______________

1Eng. agr., Dr., Pesquisador da Epagri/Estação Experimental de Itajaí,
e-mail: jarebelo@epagri.rct-sc.br

  
Cultivares para a mesa

Cultivar
Origem
Precocidade
Quanto ao dia
Chandler
Califórnia
-
Curto
Oso grande
Califórnia
-
Curto
Selva
Califórnia
-
Neutro
Fern
Califórnia
-
Neutro
Camarosa
Califórnia
Precoce
Curto
Dover
Califórnia
-
Curto
Sweet Charlie
Flórida
Precoce
Curto
Gaviota
-
-
Curto
Aromas
Califórnia
Tardia
Neutro
Campinas
Brasil
-
Curto
Diamante
Califórnia
Tardia
Neutro
Tudla
Espanha
Precoce
Curto

O morangueiro é muito sensível às variações climáticas, por isso as cultivares podem apresentar comportamento dependente destas condições ambientais. Por isso, antes da escolha, é preciso saber da sua adaptabilidade local.

Características desejadas de uma cultivar de morangueiro.

1. de fácil de propagação, sem excessiva formação de estolhos, o que dificulta a formação de mudas vigorosas.
2. resistente a manchas foliares e a podridões de raízes e de frutos.
3. reflorescente, com flores completas e grandes.
4. de frutos grandes e uniformes e localizados fora da cobertura foliar para apresentarem melhor coloração, sanidade e sabor;
5. ser de produção precoce, com início da colheita entre maio a junho.
6. produzir, por planta, não menos de 400g de frutos comerciais por ciclo ou 30 a 35 t/ha. Há potencial para mais de 60 t/ha (800 g/planta).

Clima e época de plantio

O morangueiro é plantado desde o rio Grande do Sul ao Sul de Minas Gerais

A época de plantio está relacionada ao comportamento das cultivares ante à temperatura e ao fotoperíodo e à sua adaptabilidade à região de cultivo.
A título de orientação de época de plantio, considera-se que:
¤ em regiões com altitude acima de 700 metros, plantar em fevereiro e março;
¤ em regiões com altitude variando de 600 a 700 metros, plantar em abril;
¤ em regiões com altitude abaixo de 600 metros, plantar em maio.

Clima e solo

Temperatura acima de 28ºC inibe a floração e estimula a produção de estolhos. A geada danifica flores e frutos, especialmente os imaturos não protegidos pelas folhas. O morangueiro desenvolve-se melhor em solos de textura média, sem excesso de umidade e de matéria orgânica.


  
Espaçamento e mudas necessárias:

Espaçar as mudas de 30 x 30 a 35 cm, sendo as plantas dispostas em quadrado ou quincôncio, em canteiros com duas a quatro fileiras, de acordo com o porte da cultivar e da umidade do ar no local.
Dependendo do espaçamento e da área de carreadores, são utilizadas de 65 a 80 mil mudas por hectare.

Calagem e adubação

De acordo com as recomendações da análise de solo.
Aplicar calcário para elevar a saturação por base a 80% e o teor mínimo de Mg no solo a 8 mmolc/dm3.
A adubação deve ser feita 25 a 30 dias antes do transplante das mudas
Na região produtora de são Paulo, a maior do Brasil, emprega-se a seguinte adubação por hectare:
  • 15 a 30 t/ha de esterco de curral curtido ou 1/4 da quantidade em esterco de galinha
  • 300 a 1.200 kg/ha de P205
  • 50 a 400 kg/ha de K20.
  • Em cobertura, 180 kg/ha de N e 90 Kg/ha de K20, parcelados em seis aplicações mensais, sendo a primeira no início da floração.

    Plantio e cuidados com as mudas

    É feito manualmente, em canteiros com 20 a 30 cm de altura, e cerca de 1,2m de largura, para quatro fileiras de plantas. As mudas antes do plantio devem ser limpas de folhas velhas e separadas por tamanho para plantio de lotes homogênios.
    As mudas, de raízes nuas, são plantadas diretamente nos canteiros de produção de frutos.
    O enviveiramento das mudas em canteiros durante 30 dias, ou o seu estabelecimento em recipientes, diminui a morte de mudas no transplante e propicia colheitas mais precoces.
    Ao plantar, cuidar para distribuir bem as raízes e não enterrar a coroa.

    Mulching (cobertura do solo)

    O mulching é necessário para se impedir o contato dos frutos com o solo, com vantagem para a qualidade da produção (sujeiras e podridões), para controle de ervas invasoras, manutenção da umidade do solo e preservação das raízes superficiais, refletindo em maior produção.
    Diversos materiais podem ser utilizados como mulching, tais como maravalha, casca de arroz, palha de cereais, bagaço de cana picada, capim sem sementes e acículas de pinus. O mais usado, por talvez ser o mais prático e eficiente, é o polietileno preto ou de dupla face (cor).
    A cobertura do solo deve ser feita logo após o plantio das mudas. Em caso de emprego de polietileno como mulching, aguarda-se a pega das mudas. O plástico é estendido sobre as plantas e preso com arames, arcos de bambu ou com terra, sobre os canteiros. Após, faz-se cortes em forma de x no plástico e sobre as plantas, por onde serão puxadas para fora.

    Irrigação

    Preferencialmente por gotejo. Ocorre maior exigência de água logo após o transplante, na formação dos botões, floração e frutificação. Até 30-40 dias após o plantio, irrigar diariamente. Depois disto, duas vezes por semana. Durante o período de colheita, utilizar cerca de 25mm de água por semana. Excesso de umidade dificulta a polinização e prejudicam o morangueiro.

    Colheita

    Inicia-se aos 60 a 80 dias da data do plantio. Nas variedades de dias curto, o início se dá em abril a junho, e se estende até dezembro, com pico em agosto e setembro, dependendo da região e da variedade. A colheita deve ser feita nos períodos mais secos do dia. Os frutos, no ponto de 1/2 a 3/4 maduro, são colhidos manualmente em cestas que serão encaminhadas aos locais de classificação e embalagem. Após embalados devem ser colocados em câmaras frigoríficas ou em locais arejados até o consumo.
    Comercialização
    É feita em caixetas de madeira, de papelão ou de poliestireno expandido (isopor), com capacidade entre 250 e 800g.
    A conservação do fruto é favorecida em atmosfera com 20% de gás carbônico (CO2). Assim é que a cobertura da embalagem com filme plástico retarda a deterioração por reter CO2 produzido pelos frutos.
    De um modo mais corriqueiro, os frutos são dispostos em fileiras em uma ou duas camadas. Para mercado de maior poder aquisitivo já se utiliza caixa plástica transparente e com tampa e a classificação dos frutos é feita em de primeira (6 a 14g) e em extra (acima de 14g).
    Atualmente existe uma classificação oficial, que deve ser exigida pelas centrais de abastecimento do país, como se segue:
    Classificação oficial (Classificar é separar o produto em lotes homogêneos).
  1. Grupos
De acordo com a suculência do produto
Grupo Suculento
Grupo não Suculento
IAC Campinas
Oso Grande
IAC Princesa Isabel
Tudla
Reiko
Seascape
Toyonoka
Dover
Sequóia
Capitola
Campidover
Camarosa
Toyohime
Cartuno
Piedade
Sweet Charlie
  
Chandler
  
Selva
  1. Classe
De acordo com o maior diâmetro transversal dos frutos.
Classe
Diâmetro (mm)
1
Menor do que 15
1,5
Maior ou igual a 15 e menor que 30
3
Maior ou igual a 30 e menor que 45
4,5
Maior ou igual a 45
 Tolera-se uma mistura de classes diferentes da especificada no rótulo, desde que não ultrapasse a 15% do número total de morangos.

3. Defeitos Graves

São aqueles que inviabilizam o consumo ou a comercialização do produto.


  
4. Defeitos Leves

Danos e defeitos superficiais que não inviabilizam o consumo ou a comercialização, mas prejudicam a aparência e a qualidade do produto.

   
5. Tipo ou Categoria:

De acordo com a qualidade do produto conforme especificado na tabela 1.                        Tabela1: Limites máximos de defeitos permitidos por categoria em percentagem (%)
Defeitos
Categoria
Defeitos graves
Extra 
II 
III 
Podridão
0
3
5
10
Outros graves
0
5
10
20
Total de graves
0
5
10
20
Total de leves
5
10
30
100
Total de defeitos
5
10
30
100
Rótulo:
As embalagens deverão ser rotuladas em local de fácil visualização, conforme o exemplo abaixo.


Demanda de mão–de–obra
Por hectare de morangueiros, são necessárias seis pessoas fixas e mais seis volantes no pico de colheita.


Rotação de cultura
Deve ser feita com leguminosas para adubação verde, gramínias ou com hortaliças como alface, abobrinha ou beterraba, para aproveitamento de resíduos de adubação dos canteiros de morangueiros, da mão-de-obra e dos preços de verão.

Principais doenças do morangueiro

  1. Causadas por fungos

a1) A antracnose


É uma das mais importantes doenças que pode atingir o morangueiro. Existem duas formas de sintomatologia.

a1.1) chocolate

Pode atingir o rizoma, os frutos, os pecíolos e outras partes da planta;

a1.2) flor-preta


Atinge mais comumente os pedúnculos, as flores e os frutos pequenos e em desenvolvimento. O sintoma chocolate é caracterizado pelo aparecimento de tecido necrosado e firme e de coloração marrom no interior do rizoma. A planta murcha de modo progressivo, a começar pelas folhas mais velhas e finalizando nas jovens, terminando pela seca da planta. É causado pelo fungo Colletotrichum fragariae Esta doença é muito grave durante o transplante, mas pode ocorrer em qualquer idade da planta. Há acentuada redução do estande e a conseqüente queda da produção.
O inóculo pode ser introduzido na lavoura por meio de mudas doentes ou contaminadas ou via restos culturais infectados. A disseminação é feita pela água da chuva ou da irrigação e pelas mãos do plantador, que manuseou plantas doentes.
O sintoma flor- preta é caracterizado por necrose nos ramos florais e nos frutos novos que se tornam escuros e mumificados. Em frutos já desenvolvidos apresentam manchas marrons, profundas e firmes. É causado por C. acutatum. Evitam-se tais doenças pelo emprego de mudas sadias, rotação de culturas, destruição dos restos culturais, plantio em áreas bem-drenadas e a utilização de cultivares mais tolerantes a estes patógenos.

a2) Manchas foliares

a2.1) A mancha-de-micosferela causada pelo fungo Mycosphaerella fragariae, é caracterizada, inicialmente, pelo surgimento pequenas manchas de coloração púrpura e circulares que podem chegar a 3-4 mm de diâmetro. A remoção das folhas velhas, severamente danificadas pela doença, também auxilia no controle, uma vez que contribui para a diminuição do inóculo e também porque facilita a aeração e a ação dos fungicidas empregados no controle.

a2.2) mancha-de-diplocarpon Tem alto poder de destruição da folhagem do morangueiro. O sintoma é definido por manchas de formato e tamanho irregulares, cor púrpura. Podem ocorrer nos pecíolos, pedúnculos, cálices florais e estolões. As medidas de controle para micosferela também são indicadas para esta mancha.

a2.3) mancha-de-dendrofoma O sintoma básico é caracterizado por manchas arredondadas de cor púrpura. Uma zona necrosada de cor castanha, circuncidada por uma zona purpúrea violácea. Depois, três zonas irregularmente concêntricas aparecem. A central é castanha – escura; a do meio de cor marrom-clara e a externa de cor violácea. Pontuações (picnídios) podem ser observadas sobre as lesões. Normalmente não se apresenta de forma grave. É causada por Dendrophoma obscurans.

a3) As podridões do rizoma e das raízes São causadas por vários agentes habitantes do solo. Os sintomas caracterizam-se por murchamento das folhas mais velhas, evoluindo para crestamento e morte da planta. Este sintomas podem ser causados pela ação de Verticillium albo-atrum, Phytophthora sp, Fusarium sp, Rhizoctonia solani, Pythium sp, etc. Para se evitar o reduzir prejuízos devem-se aplicar as seguintes medidas:
usar mudas sadias e isentas do patógeno;
evitar áreas de plantio com ocorrência da doença;
eliminar as plantas com suspeita de contaminação;
fazer rotação de culturas que não contemplem, por exemplo, batata, tomate, algodão, pimentão, berinjela.

a4) Podridões dos frutos Causam prejuízos diretamente no produto comercial, cuja contaminação pode acontecer no campo ou durante o processo de comercialização. Danos mecânicos durante a colheita e o aquecimento dos frutos são favoráveis aos agentes de podridões de frutos, entre eles Botrytis cinérea (mofo-cinzento); Colletotrichum sp; Phytophthora sp e Rhizoctonia solani. Reduz-se prejuízos com o uso de mulching no canteiro com filme de polietileno; colheita nos períodos mais secos do dia; transporte e armazenamento em baixas temperaturas e uso de fungicidas específicos.


B) Doenças causadas por bactérias

b1) mancha-angular Caracterizada por manchas angulares nas folhas com aspecto de encharcamento, colapso dos pecíolos e morte das plantas, causada por Xanthomonas fragariae. O patógeno é favorecido por temperatura ao redor de 20ºC e alta umidade relativa.
O controle deve ser preventivo e na forma de erradicação de plantas suspeitas.


  1. Doenças causadas por vírus

    As viroses no morangueiro estão relacionadas à forma vegetativa de multiplicação das plantas e à presença de afídeos vetores. Isto permite que a infecção se perpetue.
    c1) mosqueado, que é o tipo mais comum;
    c2) clorose marginal;
    c3) encrespamento;
    c4) faixa das nervuras.
    O controle para viroses deve ser feito através de: mudas sadias; eliminação de plantas doentes; controle dos insetos vetores (pulgões); utilização de matrizes testadas e isentas de viroses.

    D) Doenças causadas por nematóides

    d1) Meloidogyne hapla e Pratylenchus vulnus, parasitam as raízes.
    Causam lesões nas raízes e reduzem o sistema radicular ativo da planta. As lesões abrem portas para outros patógeno de solo. As plantas atacadas por estes nematóide murcham, amarelecem, ficam enfezadas e podem apresentar sintoma de deficiência nutricional, além da perda do potencial produtivo.

    Estes nematóides podem ser controlados com o emprego de:
    mudas saídas;
    arranquio e destruição de plantas contaminadas;
    evitar plantio em áreas já contaminadas;
    rotação de culturas;
    revolvimento do solo em períodos quentes do dia;

    solarização do solo;
    aumento de matéria orgânica no solo.
    O cultivo protegido (estufas) de morangueiro permite um controle mais eficiente das doenças do morangueiro e promove maior qualidade dos frutos além de protege-los contra o granizo, chuvas e ventos fortes, incompatíveis com estas plantas.
    Pragas do morangueiro

    Entre as pragas que podem atacar o morangueiro, duas tem grandes destaques:

    1. Ácaros

    1. Ácaro-rajado (Tetranychus urticae). É o principal ácaro do morangueiro, e ataca diversos outros hospedeiros. Produz uma teia na face inferior da folha que facilita sua detecção. Temperatura elevada e baica umidade do ar facilitam a sua proliferação. Pode reduzir a produção em até 80%. É de difícil controle pela falta de produtos seguros para uso em morangueiro que tem colheitas diárias.
    1. Pulgões (Capitophorus fragaefolii e Cerosipha forbesi) Os pulgões são vetores de viroses. A presença de ninhos de formiga-lava-pé sobre as plantas denunciam a presença de pulgões. Irrigação por aspersão reduz a incidência de pulgões.

    -----------------------------------------------------------------------
     Fontes Consultadas: Informe Agropecuário v.20, n.198, maio – junho de 1999;
    Epagri - BOLETIM TÉCNICO n. 46, 3a edição, 1997
    CATI – SAA - Desenvolvimento da cultura do morango
    Site: www. srjundiaí.com.br/cultmoran.htm
Ferreira On 9/21/2012 11:11:00 AM Comentarios LEIA MAIS

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Cultivo orgânico de hortaliças-frutos - Chuchu e Pepino - Parte III


Chuchu
O chuchuzeiro Sechium edule (Jacq.) Swartz é uma planta herbácea, perene e trepadeira, conhecida há séculos e originário da América Central e ilhas vizinhas. Já era conhecido na antiguidade pelos astecas e tinha grande destaque entre as demais hortaliças cultivadas na época. Atualmente, o chuchu (hortaliça-fruto) é cultivado em várias regiões tropicais e subtropicais no mundo e, está entre as dez hortaliças mais consumidas no Brasil. O chuchu (Figura 1) é uma hortaliça que pertence à família botânica das cucurbitáceas, assim como o pepino, as abóboras, o melão e a melancia. O chuchuzeiro pode produzir por vários anos; possui ramas longas com até 15m de comprimento, apresentando gavinhas para sustentação; das ramas saem folhas numerosas com formato de coração. As flores são amareladas e separadas em femininas e masculinas, distintas na mesma planta; a fecundação da flor é totalmente dependente da polinização de abelhas. O fruto (chuchu) é suculento com forma alongada, cor branco-creme, verde-claro ou verde-escuro, liso ou enrugado, com ou sem espinhos. Existem 3 grupos básicos (tipos) de chuchuzeiros segundo a coloração do fruto branca ou creme, verde-claro e verde-escuro. Dentro dos grupos há variações no tamanho, formato, rugosidade e espinhos do fruto; o fruto verde-claro, pouco rugoso e sem espinhos, na forma de pera e alongado, é o preferido comercialmente.
Figura 1. Hortaliça-fruto: chuchu
Uso culinário, propriedades nutricionais e terapêuticas: É um dos alimentos mais comuns na mesa dos brasileiros, embora seu sabor não seja dos mais marcantes. Mas talvez seja esse o seu principal atrativo, pois ele absorve com muita facilidade o gosto de outros alimentos e, por isso, raramente é preparado sozinho. O chuchu acompanha os refogados de cenoura e batata, entra como ingrediente de maioneses e cozidos e, é muito apreciado em associação com o camarão. A fama de vegetal sem graça e sem sabor, não faz jus às qualidades do chuchu. Os frutos não são consumidos crus. Devem ser cozidos e podem ser servidos na forma de refogados, cremes, sopas, suflês, bolo ou salada fria. Para consumo como refogado ou salada, deve-se preferir os frutos mais novos, menores e com casca brilhante. Quando os frutos estão maduros, com a parte de baixo se abrindo, são excelentes para a elaboração de suflês, pois são mais consistentes e têm mais fibra. A casca pode ser removida antes ou após o cozimento. Quando os frutos estão bem novos podem ser consumidos com casca e miolo. Também podem ser consumidas as folhas, brotos e raízes da planta. Os brotos refogados são ricos em vitaminas B, C e sais minerais como cálcio, fósforo e ferro.
Recomenda-se cortar e descascar os frutos crus sob água corrente, pois estes têm uma liga que gruda nas mãos. As propriedades nutricionais do chuchu não devem serem desprezadas, pois ele é rico em fibras, o que faz com que desempenhe um importante papel no funcionamentos dos intestinos e, é uma fonte significativo de ferro, magnésio, potássio, fósforo e cálcio. Em menor proporção, o chuchu possui uma pequena quantidade de vitaminas do complexo B e um pequeno teor de vitamina C. Se for cozido sem sal, o chuchu é recomendado para o tratamento da pressão arterial alta e tem efeitos diuréticos, auxiliando nos problemas renais e urinários.
Cultivo: As temperaturas entre 13ºC e 27ºC são as mais favoráveis para o cultivo; temperaturas mais elevadas provocam queda das flores e frutos. Temperatura baixa prejudica a produção; a planta é muito sensível à geadas e ventos fortes que podem quebrar ramas e brotações ou fazer cair frutos pequenos; em regiões com ventos fortes e frequentes, recomenda-se utilizar quebra-ventos tais como o capim elefante. O chuchu exige boa luminosidade para produzir. Os solos areno-argilosos à argilo-arenosos favorecem o cultivo, sendo os de baixada, quando bem drenados, os preferidos. A propagação do chuchuzeiro é feita via frutos maduros brotados; os agricultores produzem seus próprios frutos (sementes). O fruto deve estar maduro e sadio, com características de forma e textura desejadas. A semente (fruto), está apta para o plantio quando a brotação tiver 10 a 15cm de altura. Frutos selecionados são colocados sobre o leito de terra, em local bem sombreado e arejado e, ligeiramente úmido, deitados lado a lado; após duas semanas a brotação aparece.  Preparo do solo: consiste em limpeza do terreno, aração e gradagem; antes e depois da aração aplica-se o calcário de acordo com a análise do solo. O preparo do solo deve ser iniciado 90 dias antes do plantio. Em áreas declivosas não recomenda-se a movimentação do solo para evitar a erosão. Suporte do chuchuzeiro: é feito com espaldeiramento. Usa-se estacas com 2,5 m de comprimento, arame farpado e arame liso nº 16. As estacas são fincadas para ficarem a 1,8m de altura no espaçamento de 2m x 2m (áreas declivosas), 3m x 3m em áreas mais planas. Após fincar as estacas distribui-se arame farpado no seu topo, à uma distância de 30cm entre si; no sentido cruzado ao arame farpado, estende-se o arame liso. Nas últimas estacas de cada fila coloca-se escoras pela parte interna do chuchuzal. Para hortas domésticas, pode-se utilizar cercas, árvores secas e outros materiais para suporte do chuchuzeiro.  Espaçamento/covas e adubação: os espaçamentos variam de 3m x 3m até 7m x 7m. As covas devem ter 30 a 40cm de boca por 30 a 40 cm de profundidade. Na abertura da cova separar a terra dos primeiros 15cm de profundidade para ser colocada no fundo da cova. A adubação deve ser orgânica, preferencialmente com composto orgânico, seguindo a análise do solo. Se for utilizado estercos de animais, o preparo e a adubação da cova deve ser feito com antecedência mínima de 15 dias. Plantio: efetuado no início da estação chuvosa ou o ano todo (sob irrigação). São colocadas 2 sementes (frutos) por cova (em pé ou deitados) à 5cm-8cm de profundidade. Os brotos devem ficar acima do nível do solo. Recomenda-se colocar uma cobertura morta sobre o solo, em volta da cova, para conservar a umidade. Manejo de plantas espontâneas: A cobertura do solo com adubos verdes é uma prática recomendável, pois além de reduzir a infestação de plantas espontâneas, através do abafamento e também da alelopatia, ainda melhora as propriedades física, química e biológica do solo e evita a erosão, especialmente na implantação e no início do desenvolvimento do chuchuzal. Recomenda-se a semeadura de adubos verdes de inverno tais como aveia ou então o consórcio de aveia, ervilhaca e nabo forrageiro, nas quantidades de 60, 18 e 4 kg/ha, respectivamente. Sobre a cobertura dos adubos verdes, prepara-se as covas para o plantio das mudas, mantendo-se estas no limpo, através de capinas. Limpeza e amarrio: periodicamente retira-se com faca os ramos e folhas secas, principalmente nos meses frios, quando grande parte delas morre para rebrotar na primavera. Leve até os arames as novas ramas que brotarem. Não puxe as ramas. Irrigação: o chuchu é sensível à falta de chuvas, pois suas raízes se concentram nos primeiros 20cm de profundidade. Usa-se o sistema de irrigação por aspersão ou infiltração, em turnos de rega diárias ou dias alternados; nas épocas quentes, 2 irrigações diárias são suficientes. Na frutificação a necessidade de água é maior. Adubação em cobertura: de dois em dois meses, se houver necessidade e, de acordo com a análise do solo e do adubo orgânico. Manejo de doenças e pragas: Entre as principais doenças que atacam o chuchuzeiro são os fungos Oídio (Oidium sp.), Antracnose (Colletotrichum lagenarium), Mancha Zonada da folha (Leandria momordica) e o nematoide de galhas (Meloidogyne incógnita e M. javanica). No manejo do fungo Oidio e de pragas, recomenda-se ver a matéria "Cultivo orgânico de hortaliças-frutos - Parte I", postada em 31/10/2012. Para o manejo das principais doenças que ocorrem no chuchuzeiro e, de forma geral, para todas as cucurbitáceas, recomenda-se as seguintes práticas preventivas: a) escolher áreas novas e bem arejadas e ensolaradas; b) fazer rotação de culturas com espécies que não pertencem à mesma família botânica (cucurbitáceas); c) plantio somente de mudas vigorosas e sadias; d) sempre que possível, dar preferência à irrigação localizada, ao invés da aspersão; e) eliminar plantas doentes e f) ao final do ciclo da cultura, eliminar todos os restos culturais da lavoura, destruindo-os através da compostagem. Rotação de culturas e consorciação de culturas: ver matéria "Cultivo orgânico de hortaliças-frutos - Parte I", postada em 31/10/2012.
Colheita e conservação: A colheita inicia-se aos 85 à 120 dias após o plantio e, prolonga-se por 3 anos (comercialmente). O ponto de colheita é quando o fruto está tenro, com tamanho de 10-15cm, o que ocorre 10-15 dias pós aberturas das flores. Destaca-se o fruto com a mão, efetuando-se leve torção. O fruto colhido é levado para o galpão. É conveniente colher a cada 3 dias. Os frutos podem ser mantidos em condição ambiente, por 3 a 5 dias depois de colhidos; a partir de 5 dias começam a murchar. Podem ser conservados por maior tempo, 6 a 8 dias, na parte de baixo da geladeira, embalados em saco de plástico. O produto já descascado e picado conserva-se por até 3 dias após seu preparo, desde que mantido embalado em vasilha tampada ou em saco de plástico, na gaveta inferior da geladeira.

Pepino
Em épocas de temperaturas altas, o pepino (Cucumis sativus) é uma das hortaliças que têm lugar certo nas mesas dos brasileiros (Figuras 2, 3 e 4). Composto por 95% de água, destaca-se em diferentes receitas culinárias. De vários tamanhos e formato cilíndrico, o pepino tem casca verde-clara ou verde-escura, com estrias esbranquiçadas. A polpa de cor clara envolve sementes achatadas. Pertencente também à família das cucurbitáceas (abóboras, morangas, abobrinhas, melancia e melão), o pepino tem origem atribuída à Índia, de onde o cultivo teria se espalhado para a China e países europeus; foi muito apreciado pelos gregos e romanos na Antiguidade. 
Figura 2. Pepino para salada
Figura 3. Pepino em conserva
Uso culinário, propriedades nutricionais e terapêuticas: são muito utilizados em saladas ou como picles. O seu suco é utilizado em máscaras faciais, cremes, loções, xampus e outros cosméticos. O prato mais comum no Brasil feito com pepinos é a salada, onde é servido cru, cortado em cubos ou fatias, junto com tomate e cebola e, temperado com azeite, vinagre e ervas. Como são compostos de aproximadamente 95% de água, os pepino têm um teor de calorias muito baixo (menos de 15 calorias em uma xícara de pepino), boa fonte de fibras e pequenas quantidades de vitamina C e folato. Também contém ferro, cálcio, fósforo, cloro, enxofre, magnésio, potássio, sais minerais e vitaminas A, C e do complexo B. Os naturalistas geralmente recomendam o pepino como diurético natural, mas qualquer aumento na frequência da urina provavelmente se deve ao seu conteúdo de água e não à outra substância. Embora seja mais comum seu uso em salada e como picles – vegetais em conserva –, também pode ser feito um suco que auxilia no tratamento de inflamações do tubo digestivo e da bexiga, pressão alta e afecções dos dentes e da gengiva. O pepino também tem capacidade para combater enfermidades da garganta quando combinado com mel, purificar o organismo e eliminar gorduras. Cabelos e unhas se beneficiam do alto teor de sílica e flúor que a planta apresenta. O pepino batido no liquidificador, com água e mel, serve para as mãos ressecadas por detergente. 
Cultivo: Existem inúmeras cultivares e híbridos de pepino, para salada e para indústria, disponíveis no mercado. Para as cultivares e, especialmente aquelas que o produtor vem melhorando a cada ano, recomenda-se que o produtor retire as sementes das melhores plantas para multiplicação. Clima quente, com temperaturas entre 26 e 28 ºC, é o mais adequado para o plantio do pepineiro. Em regiões mais frias, o cultivo deve ser realizado em locais protegidos, onde seja possível monitorar a variação da temperatura. A exemplo das abóboras, a produtividade depende da eficiência da polinização pelas abelhas, que tem a maior atividade entre 28 a 30ºC. Na maioria das cultivares, as flores são monóicas, com predominância das masculinas sobre as femininas. Mas, trabalhos de melhoramento genético criaram híbridos que produzem, quase exclusivamente, flores femininas, o que aumenta a produtividade, uma vez que somente as flores femininas geram frutos. O pepineiro depende da polinização cruzada realizada por insetos como as abelhas, que fazem o transporte do pólen, por isso é proibido a aplicação de inseticidas, uma vez que exterminam com elas, além de contaminar os frutos e o meio ambiente.  Temperaturas mais elevadas proporcionam maior número de flores masculinas; por outro lado, temperaturas mais amenas e, com período curto de luz, estimulam maior número de flores femininas que darão origem aos frutos. Por não tolerarem o frio, o pepino pode ser semeado no litoral, a partir de setembro e, no máximo, até o final de janeiro. Em regiões com altitude superior a 800 m, a semeadura pode ser feita de agosto a fevereiro. As variedades mais plantadas nas regiões Sudeste e Sul pertencem aos grupos Caipira, Aodai e Japonês (tipo salada), com tamanhos que variam de dez a 30 centímetros de comprimento. Para a conserva, os frutos não devem ultrapassar dez centímetros de comprimento; os mais produtivos são híbridos, destacando-se as cultivares Guaíra, Colônia, Ginga Ag-77, Premier, Primepak, Pioneiro e Score, entre outros. Os do grupo Caipira produz frutos de tamanho médio, com 10 a 14 cm, claros, alongados ou bojudos, com 3 a 5 lóculos; Dentre estes destacam-se as cultivares Pérola, Rubi, Colonião, Imperial II, Nobre, Safira, entre outros. Os do grupo Aodai produzem frutos alongados, cilíndricos, bem retos, com 20 a 25 cm de comprimento, 4 a 5 cm de diâmetro e peso médio de 320 a 400g; Dentre estes destacam-se as cultivares Monark, Vitória, Nazaré, Ginga, Midori, Sprint 440 S, dentre outras. Os pepinos do grupo Japonês (Figura 4) são híbridos mais adaptados ao plantio em abrigo, tais como Tsuyataro, Rensei, Seiriki nº5, Nikkey, Top Green, Ancor 8, Flecha, dentre outros. Ambos os tipos (salada e conserva) têm produção mais comum a céu aberto.

Figura 4. Pepino Japonês
Tanto o pepino para conserva como para saladas, podem serem tutorados e protegidos (Figura 5), o que facilita os tratos culturais e a colheita, além de produzir frutos de melhor qualidade (frutos com melhor coloração e menos deformados). Formação de mudas, plantio e adubação:  Grande parte dos produtores faz a semeadura direta na cova, semeando 3 a 4 sementes por cova, a uma profundidade de 2 cm, fazendo-se o desbaste e deixando uma a duas plantas por cova, quando tiverem duas ou três folhas definitivas. Mas, quando se usa sementes híbridas, de custo elevado, o melhor é semear em recipientes, como os copos de jornal ou de plástico e bandejas de isopor, para se obter melhor aproveitamento (na matéria postada neste blog, em 31/10/2012, ensina como fazer copos de jornal). Em locais mais frios, a formação das mudas em recipientes, nos abrigos, favorece a germinação, a emergência e o desenvolvimento inicial das plantas, garantindo uma colheita antecipada. Neste caso deve-se semear uma semente por copo ou célula da bandeja e transplantar a muda quando tiver o primeiro par de folhas definitivas. As covas indicadas para o pepino tutorado devem ser preparadas no espaçamento de 1 a 1,20 m entrelinhas por 40 cm entre plantas. Para o pepino conserva, no sistema rasteiro, recomenda-se o espaçamento de 1 m entre linhas por 30 cm entre plantas, deixando-se uma ou duas plantas por cova. A germinação ocorre cinco dias após o plantio e leva mais 25 dias para a floração. Tanto a adubação de plantio, como de cobertura, se necessário, deve serem baseadas na análise do solo e do adubo orgânico. Tutoramento: O pepineiro pode ser plantado no sistema rasteiro, porém, o tutoramento é o mais indicado no cultivo orgânico, pois facilita os tratos culturais, especialmente os fitossanitários e a colheita, além de diminuir os riscos de ataque de doenças, deformação e má coloração dos frutos. O tutoramento indicado é o vertical, feito com varas de bambu ou de madeira com 2,2 a 2,5 metros de comprimento, apoiadas em um arame de 1,2 a 1,8 m de altura do solo. À medida que a planta for se desenvolvendo, é preciso fazer amarrações dos ramos no tutor.  Irrigação: O solo deve ser mantido úmido por meio de distribuição de água nos sulcos de 30 a 40 centímetros de abertura e 25 a 30 centímetros de profundidade, ou da irrigação pelo sistema de gotejamento (preferencialmente), microaspersão ou aspersão convencional. Manejo das plantas de pepino: No caso do pepino japonês, recomenda-se eliminar os primeiros frutos, quando estiverem pequenos (1 a 2cm), dos três primeiros nós da haste principal. À medida que a planta se desenvolve, haverá emissão de frutos na haste principal e emissão de hastes laterais, em cada nó da planta, que produzirão seus próprios frutos. Para obter-se mais frutos dentro do padrão exigido pelo mercado, ou seja, 20 cm de comprimento e 3 cm de diâmetro, aproximadamente, recomenda-se: a) eliminar todos os frutos da haste principal e b) manter apenas dois frutos por cada haste lateral, podando a mesma antes de emitir o 3º fruto. Manejo de plantas espontâneas: O uso de adubos verdes, a exemplo do cultivo do chuchuzeiro, é recomendado para o pepino, com o objetivo de melhorar o solo, reduzir a infestação de plantas espontâneas e a erosão. Principais pragas e doenças, rotação e consorciação de culturas: ver matéria "Cultivo orgânico de hortaliças-frutos - Parte I", postada em 31/10/2012.

Figura 5. Cultivo tutorado e protegido de pepino
Colheita: No pepino conserva a colheita inicia-se 28 dias após o plantio, prolongando-se por dois meses. Para o pepino salada, a colheita inicia-se entre 60 e 80 dias após a semeadura, prolongando-se por dois meses, aproximadamente. Colheitas frequentes estimulam a produtividade. Recomenda-se fazer no mínimo três colheitas por semana nos pepinos para salada, enquanto que nos tipos para conserva, dependendo da exigência do mercado, pode ser até diária e, no máximo, a cada 2 dias.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Cultivo orgânico de hortaliças-frutos: Abóboras - Parte IIAbóboras



As abóboras (Figura 1), pertencentes à família das cucurbitáceas, foram um alimento importante em todo continente americano, muito antes da chegada dos europeus. Todas as espécies do gênero Cucurbita, no qual se incluem as abóboras e moranga, tiveram origem na América e, junto com o milho e o feijão, constituía a base da alimentação das populações que habitavam a região que vai desde o Peru até o sudoeste dos Estados Unidos. Já eram cultivadas na América Central há 9000 anos e já havia vestígio delas nas habitações de pedra dos indios. Atualmente, as abóboras são cultivadas em todo mundo, fornecendo polpa comestível, sementes e flores. Nome científico: Cucúrbita moschata (abóbora); Cucúrbita máxima (moranga); Cucúrbita pepo (abobrinha italiana). A abóbora japonesa, também conhecida por abóbora "tetsukabuto", é um híbrido oriundo do cruzamento de duas espécies distintas de abóbora: Cucurbita maxima (moranga) e Cucurbita moschata (abóbora). Nome comum: abóbora, moranga, abobrinha, abobrinha-italiana (abobrinha de moita). Origem: abóbora e abobrinha-italiana – região central do México; moranga – região sul do Peru, Bolívia e norte da Argentina.
Figura 1. Abóboras (abobrinha, moranga, moranga japonesa)




Descrição e característica das plantas: a) abóbora e moranga: as plantas produzem ramas rasteiras e podem chegar a 6 metros de comprimento. À medida que as ramas se desenvolvem, novas folhas e botões florais são emitidos. Essas plantas formam estruturas para fixação nos suportes que são as gavinhas e as ramas em contato com o solo emitem raízes que auxiliam na sua fixação. As folhas são grandes e de cor verde-escura com manchas prateadas nas abóboras e sem essas manchas em morangas. Como em todas as plantas da família das cucurbitáceas, elas produzem flores masculinas e femininas separadas na mesma planta, são monóicas. As flores masculinas são produzidas em maior quantidade que as femininas e ambas produzem pétalas grandes e amarelas. As flores femininas são facilmente identificadas porque apresentam ovário bem desenvolvido na base de cada flor com formato de frutinho. A polinização da flor é feita normalmente pelas abelhas, sem a qual não haverá formação de frutos. As condições climáticas para bom desenvolvimento vegetativo e frutificação são temperatura amena a quente e boa disponibilidade de água durante todo o ciclo. Dependendo da variedade ou híbrido, temperaturas muito altas ou baixas podem prejudicar a produtividade. Todas as cucurbitáceas cultivadas não toleram geadas. A propagação é feita através de sementes. b) abobrinha italiana – as plantas não formam ramas compridas como nas abóboras e nas morangas. As hastes são curtas, dando um aspecto de moita, onde as folhas grandes ficam bem próximas uma das outras. O florescimento e a frutificação ocorrem à medida que as folhas são emitidas pelas plantas. Da mesma forma que as abóboras e morangas, a abobrinha-italiana produz flores masculinas e femininas, separadas na mesma planta (monóica), e necessita da abelha para ocorrer a polinização das flores femininas. As condições climáticas favoráveis ao bom desenvolvimento vegetativo e à boa frutificação são temperaturas amenas a quente e boa disponibilidade de água durante todo o ciclo da cultura. A propagação dessas plantas é feita através de sementes. 




Uso culinário e propriedades nutricionais e terapêuticas: As abóboras e morangas são consumidas, tanto verdes como maduras, no preparo de muitos pratos da culinária. Os frutos maduros das abóboras são largamente utilizados no preparo de doces diversos. A abobrinha é consumida verde, na forma de salada, ou cozida. A polpa saborosa das abóboras pode ser assada ou cozida, usada em sopas ou ensopados, ou ainda se tornar recheio de ravióli. Embora, em geral, se joguem fora as sementes, elas são uma fonte muito rica de proteínas. As sementes de abóbora são fáceis de preparar: tire-as, lave-as e deixe-as seca; depois asse-as em forma untada por uma hora a 120 ºC. Pode ainda ser consumido a flor, muito apreciada na culinária mexicana, possui um delicado sabor e, do ponto de vista nutritivo, oferece fibra vegetal e uma pequena quantidade de hidrato de carbono. Consome-se ainda a brotação em forma de refogado (cambuquira), que junto com sopa dos frutos se tornam uma refeição muito saborosa. As sementes também podem ser consumidas na forma de aperitivo, torradas e salgadas. As abóboras possuem elevado valor nutritivo contendo grande quantidade de vitamina A, fundamental para uma boa visão, saúde da pele e mucosa, evitando infecções e auxiliando no crescimento. Contém ainda uma vitamina do complexo B, a niacina, cuja função é evitar problemas de pele, do aparelho digestivo, do sistema nervoso e reumatismo. As abóboras também tem muita vitamina C e fibras e baixas calorias. Possui sais minerais como cálcio e fósforo, essenciais na formação dos ossos e dentes, músculos, coagulação do sangue e transmissão de impulsos nervosos. As abóboras são indicadas para pessoas de todas as idades por ser de fácil digestão. É também um laxante suave e um diurético, sendo aconselhado na recuperação de doenças agudas do aparelho digestivo, especialmente inflamações dos intestinos. A abóbora contém três das substâncias vegetais de maior ação anticancerígena comprovada: betacaroteno, vitamina C e fibras vegetais. além do potássio, mineral capaz de auxiliar no controle da pressão arterial, a semente também é rica em fibras. Outro diferencial é a grande quantidade de vitamina E, nutriente que combate o envelhecimento. 



Cultivo: por não tolerarem o frio, as cucurbitáceas, em geral, podem serem semeadas ou transplantadas no litoral, a partir de setembro e, no máximo, até o final de janeiro. A partir de fevereiro, as espécies de ciclo mais longo como as abóboras, correm o risco de sofrerem com o frio, especialmente, se o frio chegar já no outono no litoral. Na escolha da área, preparo do solo, adubação e manejo de doenças e pragas devem ser seguidas as recomendações gerais para o cultivo das cucurbitáceas, matéria postada no blog "Cultivo orgânico de hortaliças-frutos – Parte I)" em 31/10/2012. Cultivares - Existem inúmeras cultivares de abóboras, abobrinhas e morangas (Figura 2), disponíveis no mercado. Por serem espécies de polinização cruzada existe um número muito grande de variedades de abóboras, de diversos tamanhos, desde delicadas moranguinhas do tamanho de laranjas até enormes abóboras com mais de 20 kg. Os formatos também variam muito, podem ser redondas, chatas e com gomos, podem ser ovais, retas ou terem pescoço, a casca pode ser lisa ou encaroçada, a cor pode ser amarela, verde, rajada, quase preta e cor-de-abóbora. Algumas variedades de: 1) Abóbora – Menina Brasileira, Caravela, Pira-Moita, Duda, Goianinha, Canhão, Redonda Amarela Gigante, Caravela, Spaghetti; 2) Moranga – Coroa, Alice, Carijó, Tropical; 3) Híbridos interespecíficos (resultante do cruzamento entre linhagens de moranga e abóbora) – Tetsukabuto (Figura 3); 4) Abobrinha-italiana – Caserta, Clarinda, Atlanta, Alba, Clara, Anita, Clarice, Princesa, Anna Gold e Goldfinger. Produção de mudas: ao invés do semeio direto no campo, recomenda-se a produção de mudas em copinhos de jornal ou em bandejas de isopor (ver matéria postada em 31/10/2012 – Parte I). Este sistema diminui as falhas no campo, melhora a uniformidade e permite um melhor manejo das pragas e doenças. As mudas são transplantadas quando não houver risco de geadas e, tiverem duas folhas e, no máximo no início de surgimento da terceira folha verdadeira. Espaçamento e manejo de plantas espontâneas: abóboras e morangas - 4,0 x 4,0 m (mais vigorosas) e 3,0 x 3,0 (menos vigorosas); abobrinhas – 1,0 x 0,5m. O manejo de plantas espontâneas deve ser feito antes do desenvolvimento das ramas nas entrelinhas, através de roçadas (cultivo mínimo ou direto) ou grade no caso do terreno lavrado. Preparo do solo e adubação: ver como preparar o solo na matéria postada em 31/10/2012. A adubação orgânica, preferencialmente com composto orgânico, deve ser feita com base na análise do solo. Irrigação e adubação de cobertura: a irrigação, quando necessária, pode ser por aspersão ou preferencialmente localizada. Se necessário (plantas pouco viçosas), deve ser realizada a adubação de cobertura, 20 dias após o transplante e/ou no início da frutificação, com base na análise do solo. Polinização: No cultivo da moranga híbrida (abóbora japonesa) há necessidade do plantio de uma fileira de abóbora ou moranga como polinizadora, intercalada a cada quatro fileiras do híbrido A semeadura da polinizadora deve ser de 15 a 21 dias antes da semeadura do híbrido. Caso seja utilizada a abobrinha como polinizadora, devido a precocidade, pode ser semeada 15 dias após o híbrido. É indispensável a presença de agentes polinizadores, como abelhas. Principais pragas e doenças: ver matéria postada em 31/10/2012 quais as principais e o manejo recomendado. 


Colheita: As morangas híbridas (Figura 3) são colhidas manualmente, quando os frutos estiverem maduros, em geral, de 90 a 110 dias após o plantio; o fruto maduro apresenta a parte apoiada no solo com cor amarelada e o pedúnculo com a cor palha, parecendo estar seco. As abobrinhas são comercializadas ainda verde, com 25cm de comprimento (cerca de 380g de peso); a colheita inicia-se aos 75 dias até a maturação dos frutos. As abóboras secas levam 150 dias até a maturação dos frutos. Como as abóboras e morangas têm casca dura, são ideais para armazenamento, durando cerca de um mês, em lugar seco e fresco. Para agricultores, a abóbora japonesa apresenta maior precocidade, uniformidade e melhor produtividade, quando comparada com cultivares locais; conseqüentemente se tornou uma cultura rentável. Para consumidores, a abóbora japonesa apresenta frutos atraentes e saborosos; em geral, com coloração de casca escura, formato arredondado, levemente achatado, polpa alaranjada e quase nada de água. É um produto que apresenta, ainda, ótima pós-colheita e durabilidade, o que reduz as perdas. As abóboras não devem ser refrigeradas nem armazenadas em temperatura abaixo de 10ºC, pois isso acelera sua deterioração. 

Figura 2. Abobrinhas e abóboras (Fonte da imagem: www.hobbyverde.com.br) 

Figura 3. Moranga híbrida ou abóbora japonesa

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Saúde no prato do agricultor

Matéria publicada na RAC (Revista Agropecuária Catarinense)
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quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Cultivo orgânico de hortaliças-frutos Parte I



   A exemplo das hortaliças-folhosas, que possui grande número de espécies, vamos dividir as hortaliças-frutos em 5 matérias a serem postadas. Nas quatro primeiras matérias vamos tratar das hortaliças-frutos pertencentes a família botânica das cucurbitáceas. O cultivo orgânico das hortaliças-frutos tomate, milho-verde e morango, já foram abordadas em matérias postadas em 01/03/2011, 05/10/2011 e 21/09/2012, respectivamente.
Figura 1. Hortaliças-frutos: melancia, melão, abóbora japonesa, abobrinha, chuchu, pepino, morango, pimentão, berinjela e tomate

Recomendações gerais para o cultivo das hortaliças-frutos (cucurbitáceas)
Influência de fatores climáticos: A temperatura é o fator mais importante para as hortaliças-frutos (moranga, abóbora, abobrinha, melancia, melão, chuchu e pepino) que pertencem a família botânica das cucurbitáceas. Em condições abaixo de 12ºC, o crescimento da planta paralisa. Não tolera geadas. As temperaturas mais adequadas para as cucurbitáceas estão entre 18 a 25ºC. A produtividade depende da eficiência da polinização feita pelas abelhas, sendo que a maior atividade está entre 28 a 30ºC. Temperaturas mais elevadas proporcionam maior número de flores masculinas, enquanto que temperaturas mais amenas e com período curto de luz estimulam maior número de flores femininas que darão origem aos frutos. Nos primeiros estádios de desenvolvimento, as plantas são exigentes em água, porque as raízes são ainda superficiais e o armazenamento de água na superfície é praticamente nulo. A deficiência de umidade, associada às temperaturas elevadas no solo ou no ar, pode provocar um déficit hídrico na planta com a conseqüente descoloração das folhas e secamento das plantas. Na fase de polinização e desenvolvimento do fruto, deve-se evitar que a umidade em excesso crie um microclima, ambiente favorável às doenças.
Escolha do local e análise do solo: Área de solos profundos, bem estruturados e drenados, que tenham topografia plana a levemente ondulada são as mais indicadas. O solo ideal é o areno-argiloso, fértil e rico em matéria orgânica. A exposição norte deverá ser a preferencial, por favorecer os aspectos de crescimento vegetativo e de ordem fitossanitária; porém tem-se observado na prática que nas exposições leste e oeste as plantas produzem mais flores femininas. Para melhoria da polinização e conseqüente maior pegamento de frutos é necessário escolher área protegidas dos ventos dominantes ou que tenham quebra-vento. Evitar o plantio em áreas onde, nos dois últimos anos, foram cultivadas outras cucurbitáceas e solanáceas. As espécies da família das cucurbitáceas desenvolvem-se melhor em solos moderadamente ácidos, com pH entre 5,5 e 6,5. Solos de textura média, com teores de argila em torno de 30 a 35% são os mais recomendados. Embora mais de 75% das raízes se encontrem na camadas superiores do solo (0-30cm), é recomendável que o solo tenha profundidade efetiva maior. A análise do solo deve ser feita com antecedência para que o técnico faça a recomendação adequada da adubação e correção da acidez do solo.
Produção de mudas: Ao invés do semeio direto no campo, recomenda-se a produção de mudas em copinhos de papel ou jornal (10 a 12cm de altura), confeccionados com o auxílio de uma lata de refrigerante ou cano de PVC e protegidas em abrigo. Este sistema diminui as perdas ou falhas no campo, melhora a uniformidade do estande e permite um melhor controle fitossanitário e manejo das plantas espontâneas. Além disso, os riscos de perdas de plantas devido ao frio excessivo (as plantas não toleram geadas), praticamente não existe, pois as mudas estariam protegidas. Confecção dos copinhos (Figuras 2, 3 e 4): corta-se uma folha de jornal, sem ser colorida, em cinco tiras, no sentido horizontal da página, com cerca de 11,5 cm de largura cada uma e enrola-se em torno de um cano de PVC (50mm) com 7 cm de comprimento. A extremidade do cilindro de papel é dobrada para dentro, de modo a formar o fundo do copinho e depois bate-se o fundo do cano para comprimir as dobras do fundo do molde. Posteriormente, enche-se o cano com o copinho de papel com o substrato e retira-se o mesmo para confecção de outros copinhos de papel. A reutilização de copos plásticos de refrigerantes descartáveis furados na parte de baixo e protegido em abrigos de plástico com substrato de boa qualidade é outra opção. Semeia-se 3 sementes por copo e realiza-se o desbaste quando as plantas apresentarem uma folha definitiva, deixando-se 2 mudas por copinho. As mudas devem ser transplantadas quando não houver risco de geadas e tiverem duas folhas e no máximo no início de surgimento da terceira folha verdadeira. No caso de copinhos de papel não há necessidade de retirar o papel, pois este se degrada facilmente.
Figura 2. Material necessário para confecção dos copinhos de papel
Figura 3. Confecção de copinho de papel jornal - início
Figura 4. Confecção de copinho de papel jornal – final
Preparo do solo e adubação: Sistema em covas em plantio direto : apresenta a vantagem de melhor proteção do solo e dos frutos, favorece a retenção de água, apresenta menor incidência de plantas espontâneas ("mato") e menor custo da lavoura. No outono semeia-se o adubo verde, que pode ser ervilhaca, aveia preta ou uma mistura de ambas. Após a floração da cobertura verde, no período de formação dos grãos, faz-se seu acamamento com rolo-faca ou roçadeira. Após preparar as covas (30 x30x15cm de profundidade), distribuir e incorporar o adubo; Sistema em faixas em cultivo mínimo : No outono semeia-se o adubo verde, que pode ser ervilhaca, aveia preta ou uma mistura de ambas. Trinta dias antes do plantio, lavrar e gradear em faixas com largura de 0,6 m. As faixas serão distanciadas umas das outras por 3m; Sistema em faixas com preparo do solo: deve ser feita uma aração profunda. Os torrões entre as faixas facilitam a fixação dos ramos pelas garras (gavinhas) evitando o dano pelo vento. Após a aração preparar apenas a faixa de plantio de mais ou menos 60 cm de largura espaçados de 3 em 3 metros. Abre-se um sulco e coloca-se o adubo orgânico, conforme análise do solo. Em geral, para solos de média fertilidade, recomenda-se preferencialmente composto orgânico ou ainda esterco de gado ou de aves curtidos, nas quantidades de 2,4 e 2 kg por metro de sulco , respectivamente, incorporados uniformemente ao solo 10 a 15 dias antes do plantio das mudas. Irrigação: quando necessária, pode ser por aspersão ou preferencialmente localizada. Adubação de cobertura: Se necessário (plantas pouco viçosas), deve ser realizada 20 dias após o transplante e/ou no início da frutificação, com base na análise do solo. Manejo de plantas espontâneas: quando necessário é recomendado realizar na época da adubação de cobertura. O manejo deve ser feito antes do desenvolvimento das ramas nas entrelinhas, através de roçadas (cultivo mínimo ou direto) ou grade no caso do terreno lavrado (sistema em faixas). Próximo às plantas usar a enxada.
Principais pragas e doenças: dentre as pragas destacam-se a broca dos frutos na fase de frutificação, vaquinhas (patriotas) no início de desenvolvimento das plantas e os pulgões. A broca perfura o fruto próximo ao botão floral, causando o apodrecimento. Manejo da broca das cucurbitáceas: para o manejo da broca recomenda-se utilizar iscas atrativas, como por exemplo, a abobrinha italiana - caserta (Figura 5) que também atrai a vaquinha – Diabrotica speciosa, especialmente, no início do desenvolvimento das plantas e, pulverizações semanais com dipel (broca), a partir do início da frutificação. No caso do uso de isca atrativa (abobrinha), recomenda-se a destruição das plantas, quando estiverem muito atacadas pela broca. Os pulgões formam colônias na parte de baixo das folhas sugando a seiva e transmitindo viroses. Manejo de vaquinhas e pulgões: recomenda-se os preparados à base de plantas tais como pimenta e cebola para o manejo de pulgões e vaquinhas. Para o manejo de pulgões, outros preparados tais como, cavalinha-do-campo, losna, confrei, samambaia, cinamomo, coentro e cravo-de-defunto também são eficientes (ver como preparar através de matérias já postadas neste blog). No manejo de vaquinhas, ainda existem as plantas que podem servir como iscas atrativas, tais como abobrinha caserta , tajujá , porongo ou cabaça). Dentre as doenças destaca-se o oídio (Figura 5), que é um fungo que desenvolve-se nas folhas, hastes e frutos das cucurbitáceas e feijão-vagem, apresentando uma formação semelhantes ao "pó de giz", espalhando-se por toda a superfície da folha. A doença é favorecida por temperaturas, entre 15 e 18ºC e, umidade relativa do ar, entre 20 e 100%. Manejo do oídio: no cultivo orgânico recomenda-se, preferencialmente, leite de vaca cru na concentração de 10 a 15%, mesmo após o início da infecção no campo ou produtos a base de enxofre (Kolossus ou Thiovit SC). Obs.: em função da maior atividade das abelhas na polinização, pela manhã, recomenda-se pulverizar, se necessário, sempre a tarde.
Figura 5. A abobrinha italiana – caserta (à esquerda) é uma boa isca atrativa da broca das cucurbitáceas e também da vaquinha. O fungo oídio que tem como principal sintoma a formação de um pó branco sobre as folhas, ataca o feijão-vagem (foto à direita) e as demais espécies da família das cucurbitáceas (melão, melancia, pepino, abóbora, abobrinha e moranga); o leite cru e fresco à 10% (1 L para 100 L de água) é eficiente no manejo desta doença, mesmo no início da infecção.
Rotação e consorciação de culturas: Esta é considerada a prática mais antiga no manejo de doenças e de pragas e continua sendo uma das mais eficientes entre os métodos culturais de controle. Os princípios de controle envolvido na rotação e consorciação de culturas são a redução ou destruição do meio que serve para multiplicação da doença e pragas e a melhoria das condições físicas, químicas e biológicas do solo. Dentre as famílias botânicas, as cucurbitáceas estão entre as que mais possuem problemas de pragas e doenças. Por isso, a rotação de culturas com espécies que não pertencem às cucurbitáceas é uma prática preventiva muito eficiente no manejo das pragas e doenças. O plantio de abóbora, moranga, abobrinha, pepino, melancia, melão e chuchu na mesma área e na mesma estação de cultivo favorece o aumento das pragas e doenças que são comuns. Também deve-se evitar o escalonamento de plantio destas espécies, pois as plantas mais velhas podem disseminar pragas e doenças para as plantas mais jovens. Outra prática recomendável para manejar as pragas e doenças das cucurbitáceas é a diversificação de cultivos que pode ser feita através da consorciação de cultivos com espécies de outras famílias botânicas. O aproveitamento de áreas, especialmente na implantação de pomares (Figura 6) é altamente recomendável para a consorciação com cucurbitáceas, pois além de cobrir o solo evitando a erosão, diminui a infestação de plantas espontâneas. Outra prática também recomendável visando a melhoria da fertilidade do solo é a consorciação das cucurbitáceas com adubos verdes de inverno; o crescimento lento das cucurbitáceas no final do inverno favorece esta consorciação, mantendo-se inicialmente no limpo as covas e as entrelinhas cobertas pelos adubos verdes. Quando os cultivos começarem a desenvolverem-se mais rapidamente (crescimento das gavinhas) faz-se a roçada ou gradagem nas entrelinhas.
Figura 6. Cultivo de moranga híbrida (abóbora japonesa ou kabotiá) em um pomar de oliveiras recém-implantado na Epagri/Estação Experimental de Urussanga

Produção própria de sementes crioulas: Na produção de hortaliças com base agroecológica recomenda-se resgatar a produção de sementes crioulas. As sementes crioulas são aquelas que foram sendo selecionadas e melhoradas pelos agricultores ao longo do tempo, segundo as suas necessidades e em função das condições de clima e de solo da sua região. Devido a essa seleção na região de cultivo, essas sementes são mais rústicas e resistentes às doenças e às pragas, além de serem de baixo custo e de fácil produção.
Na produção própria de sementes, alguns cuidados são importantes:
selecionar as plantas mais vigorosas, sadias e produtivas;
selecionar espécies e variedades adaptadas à região, ao clima e à época de semeadura/plantio;
colher as sementes na época adequada, ou seja, quando ocorrer a maturação completa;
armazenar as sementes em lugar fresco, arejado, seco e protegido da luz direta.
Um dos problemas enfrentados, especialmente pelos produtores de hortaliças, é o alto custo das sementes, principalmente de híbridos. Para algumas hortaliças propagadas por sementes, desde que sejam variedades e não-híbridos, pode-se produzir a própria semente para diminuir o custo e evitar a compra todos os anos. É impossível produzir sementes próprias de cultivares híbridas porque são obtidas do cruzamento entre os pais da cultivar que são um segredo de mercado, conhecidos apenas pelo melhorista ou pela companhia de sementes responsável pelo desenvolvimento do híbrido. Essas sementes geram plantas com enorme desuniformidade entre si em relação a velocidade de crescimento, resistência às pragas, doenças e adversidade climáticas, tamanho, formato, coloração, sabor e qualidade do produto final. Em geral, o nível de desuniformidade é tão alto que a exploração econômica da produção fica comprometida.

Colheita e beneficiamento de sementes de cucurbitáceas (cultivares ou sementes crioulas de pepino, moranga, abóboras, abobrinha, melão e melancia)

Procedimento: selecionar frutos bem formados, completamente maduros, sem defeitos e doenças. Colocar as sementes e a mucilagem (líquido placentário) em vasilhas de plástico por um período de 24 a 48 horas. Após esse período, quando ocorre a fermentação natural, deve-se lavar imediatamente as sementes em água corrente, utilizando-se uma peneira. A secagem deve ser naturalmente à sombra, revolvendo-se as mesmas para diminuir o agrupamento (empelotamento).
Beneficiamento e armazenamento: retirar as impurezas, guardar as sementes em sacos plásticos, tendo o cuidado de retirar o máximo de ar, e armazená-las em geladeira, na última gaveta da parte inferior.
Obs.: para a colheita e beneficiamento de sementes de hortaliças-frutos pertencentes à família das solanáceais (tomate, pimentão, berinjela e pimenta), recomenda-se o mesmo procedimento.









 

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Cultivo orgânico de hortaliças-folhosas: Chicória e Espinafre - Parte IV (Final)



Chicória
A chicória (Cichorium endivia L.) é uma planta que tem sua origem na Índia Oriental e é conhecida e utilizada na alimentação humana desde o Egito antigo, na forma cozida ou como salada. Existem duas variedades claramente definidas que são Cichorium endivia var. crispa L., que é a chicória crespa, caracterizada pelas folhas bastante recortadas e, Cichorium endivia var. latifolia L., variedade lisa que tem no Brasil o maior consumo e valor comercial. Ambas têm o característico sabor amargo, que é mais forte nas folhas mais verdes. A chicória (Cichorium endívia), hortaliça-folhosa, de ciclo anual, conhecida também por endívia, escarola e chicarola, pertencente a família botânica das Asteraceae, conhecida também por Compositae ou Compostas; são aproximadamente 50.000 espécies, sendo os representantes desta família a alface, o crisântemo, o girassol, a margarida e muitos outros. A chicória é cultivada na região centro-sul do país e não forma cabeça (Figura 1). Endívias produzidas no escuro têm o sabor mais suave e doce, e coloração branca-amarelada. As flores das chicórias são azuis, muito bonitas e delicadas.
Uso culinário e propriedades nutricionais e terapêuticas: Endívias e escarolas podem ser consumidas cruas, refogadas, cozidas no vapor ou assadas. Na culinária é mais uma opção no preparo de saladas , mas também fica ótima em sopas, purês, cozidos, além de ser especialmente recomendada como recheio de pizzas. Apesar de amargas, elas têm sabor refrescante e são muito apreciadas na culinária européia. Endívias acrescentam um toque de requinte em entradas e combinam muito bem com azeite de oliva, alho, queijos cremosos, coalhadas e tomates secos. Suas folhas côncavas podem ser recheadas e servidas de várias maneiras e têm um excelente efeito na apresentação dos pratos. Elas possuem pouquíssimas calorias, cerca de 17 kcal por 100 gramas e desta forma são muito indicadas para dietas de emagrecimento. As folhas da chicória destacam-se das demais hortaliças pelo seu elevado teor de potássio. Trata-se de uma hortaliça rica em fibras, ótima para o bom funcionamento do intestino. Além disso, contém a vitamina A e é rica em vitaminas do complexo B. Possui , ainda , sais minerais como cálcio , fósforo e ferro, importantes para manter o equilíbrio do organismo.  As principais propriedades medicinais são: limpa o fígado, estimula o baço e, é recomendada para os problemas de visão em geral; também fortalece os ossos, dentes e cabelos e ativa as funções do estômago, intestino e fígado e estimula o apetite. Ativa a função biliar, quando a secreção da bile se mostra escassa, e atua como laxante.

Figura 1. Hortaliça-folhosa: chicória
Cultivo: A chicória produz melhor sob temperaturas amenas, embora haja cultivares tolerantes a temperaturas mais elevadas. Geralmente a semeadura ocorre no outono e inverno, porém pode-se cultivar ao longo do ano, em regiões de altitude. Prefere solos areno-argilosos, férteis, ricos em matéria orgânica, drenados e com o pH entre 6 e 6,8. A semeadura desta hortaliça é realizada da seguinte maneira: primeiramente, na sementeira, procede-se a semeadura utilizando-se 4 g/m2 de sementes. Após ter transcorrido quatro a cinco semanas as plantinhas terão 4 a 6 folhas, momento do transplante para o local definitivo, em canteiros com cerca de 20 cm e irrigado regularmente. A época de cultivo das chicórias varia de acordo com o clima e com a cultivar. A chicória lisa é a variedade com maior valor comercial e é colhida em até 80 dias após a semeação. As diversas cultivares de chicória apreciam o clima ameno, com temperaturas entre 14º e 18ºC. Em climas quentes elas tendem a ficar com o sabor muito amargo. Temperaturas acima de 25ºC afetam o desenvolvimento da planta, que fica com folhas mais grossas e menores. Chicórias são muito exigentes em fertilidade e, se ressentem em caso de excesso ou carência de adubos. Rega-se abundantemente. Para se conseguir chicórias de melhor apresentação, mais claras e tenras, recorre-se ao estiolamento, procedendo da seguinte forma: amarra-se um cordão ou material similar de modo a proteger o "coração" da planta dos raios solares e mantendo-se neste estado por uns 15 dias. As regas não deverão atingir o "coração" da planta.
Outros tratos culturais importantes são as irrigações freqüentes e escarificações, mantendo o solo fofo, a fim de possibilitar à planta melhores condições de desenvolvimento. As doenças e pragas que atacam a chicória são basicamente as mesmas que atacam o alface, que são os pulgões, lesmas, caracóis e insetos que mastigam suas folhas. As doenças mais comuns são a podridão-basal, o vira-cabeça, a septoriose e a queima-de-saia, entre outras. Dentre as medidas preventivas para o manejo das pragas e doenças, estão a adubação equilibrada conforme análise do solo, pois um solo bem suprido de nutrientes dará maior resistência às plantas e a rotação de culturas com espécies de famílias botânicas diferentes; por ser uma hortaliça folhosa é bastante exigente em nitrogênio, por isso, na rotação de culturas recomenda-se, especialmente as leguminosas. Caso seja necessário o uso de produtos alternativos no manejo de doenças e pragas, recomenda-se os utilizados no cultivo de alface (ver matéria postada neste blog em18/01/2011).

Colheita:
A colheita deve ser realizada aos 80 a 90 dias após a semeadura, com rendimento aproximado de 25 a 30 toneladas por hectare. A chicória pode ser guardada em geladeira, em sacos plásticos, sem lavar, por até 7 dias.

Espinafre

Os primeiros relatos do cultivo do espinafre (Figura 2) vêm da Espanha na época das cruzadas. Provavelmente foi trazido pelos árabes no seu avanço pela Península Ibérica. Logo foi introduzido na Europa inteira e no século 16 já era uma das verduras mais encontradas no continente. Existem dois tipos de espinafre, originários de diferentes regiões. Um deles pertence à família Chenopodiaceae, é nativo do sul da Ásia e foi levado para a Europa no início do século 12. O outro, mais fácil de ser encontrado no Brasil, é da família Aizoaceae, com origem na Nova Zelândia e Austrália. É cultivado principalmente nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. É muito consumido na Europa e nos Estados Unidos. Atualmente, o consumo no Brasil já é considerado bastante elevado, apesar de proporcionalmente bem menor do que nos países europeus e nos Estados Unidos. A planta (Spinacia oleracea) possui flores masculinas e femininas que, desta forma, são responsáveis pelo desenvolvimento e proliferação deste vegetal. O caule do espinafre é curto e as folhas crescem ao seu redor.
Uso culinário e propriedades nutricionais e terapêuticas: Na culinária, o espinafre é muito utilizado cozido ou em saladas, sopas e recheios de tortas, massas, como pasteis, calzones, raviolis e pizzas, além de patês e molhos cremosos para carnes e massas. O espinafre é uma planta bastante apreciada pelas suas características nutritivas, por conter muitas vitaminas, principalmente a C e por ter apenas 25 calorias em cada 100g.  A hortaliça é rica em ferro, vitaminas A, B1, B2, B5, C, D, E, K, cálcio, fósforo, potássio, magnésio, ferro, sódio, enxofre, cloro e silício. O espinafre é indicado para pessoas com anemia e desnutrição, além de ajudar no combate à pressão arterial alta e colesterol. Porém não é recomendado para quem sofre de ácido úrico, gota e cálculos renais, por ter alta concentração de ácido oxálico, o que atrapalha a absorção de ferro, cálcio e outros minerais. As folhas verde-escuras contêm antioxidantes e bioflavonóides que ajudam a bloquear as substâncias causadoras de câncer, especialmente do pulmão e próstata. Uma xícara de espinafre fresco também fornece 190 mcg (microgramas) de folato, um nutriente especialmente importante para mulheres grávidas ou que estejam planejando engravidar, porque ajuda a prevenir defeitos neurológicos congênitos. A deficiência de folato pode causar também um tipo grave de anemia. As quantidades de vitaminas e minerais em 100 gramas de espinafre cru são:. vitamina A (9376 UI), C (28.1 mg), E (2.0 mg), K (483 mcg), B6 (0.2 mg), niacina (0.7 mg), tiamina (0.1 mg), riboflavina (0.2 mg), folato (194 mcg), cálcio (99.0 mg), ferro (2.7 mg), magnésio (79.0 mg), fósforo (49.0 mg), potássio (558 mg), cobre (0.1 mg) e manganês (0.9 mg).
Figura 2. Hortaliça-folhosa: Espinafre
 Cultivo: Foram desenvolvidas muitas variedades de espinafres, que se dividem em três tipos principais: Savoy (de folhas verde-escuras e crespas, sendo o tipo mais vendido fresco em molhos), Folha plana e lisa (de folhas maiores, arredondas, planas, lisas e mais fáceis de limpar; utilizadas principalmente na indústria de alimentos) e Semi-savoy (tipo híbrido, de folhas crespas porém mais fáceis de limpar; é cultivado tanto para consumo in natura como para a indústria). As cultivares mais antigas tendem a ter um sabor mais amargo e as folhas mais escuras, além de serem mais sensíveis ao calor, florescendo mais rapidamente. Já as cultivares modernas, apresentam sabor mais suave, folhas mais largas e sementes arredondadas, além de serem mais precoces e demorarem mais a florescer. O espinafre é uma hortaliça que se desenvolve melhor em temperaturas médias e amenas, entre 15 e 21 ºC. Em locais com temperaturas um pouco mais altas, dependendo da variedade, o ambiente pode ficar mais favorável ao florescimento. O plantio no Brasil é feito, normalmente, de março a julho, a não ser em regiões com verão mais ameno, onde pode-se plantar o espinafre durante todo o ano. O excesso de calor prejudica o crescimento da hortaliça e facilita o florescimento precoce. No entanto, há cultivares mais tolerantes, que podem ser plantadas o ano inteiro.
Os solos mais indicados para esta cultura são os areno-argilosos, férteis, e adubados de acordo com o resultado da análise de solo. O pH indicado deve ficar entre 6 e 7.  A semeadura é feita diretamente no solo ou em sementeiras, para depois serem transplantadas para o canteiro. Em geral, utiliza-se de 3 a 4g de sementes por metro quadrado de sementeira. Quando as mudas apresentarem de 4 a 5 folhas, devem ser transplantadas para o local definitivo No plantio direto, coloque de duas a três sementes por cova, com profundidade de um a dois centímetros. O espaçamento entre covas pode mudar de acordo com a época do cultivo e variedade cultivada, entre outros fatores. Experiências na Embrapa Hortaliças obtiveram sucesso com espaços de 30 x 20 e de 30 x 30 centímetros Uma dica importante que deve ser utilizada na época do plantio é deixar as sementes imersas em água, durante cerca de 24 horas, antes da semeadura. Esse procedimento é indicado para facilitar a germinação, fazendo com que ocorra mais rápido. É uma planta relativamente resistente a pragas e doenças, sendo as mais comuns alguns tipos de fungos, além de alguns insetos que ''devoram'' as folhas ou sugam a planta. Algumas variedades híbridas são muito resistentes às doenças e às temperaturas bastante elevadas. Por este motivo, a escolha da variedade a ser plantada deve levar em consideração, principalmente, as médias de temperatura da região e a necessidade de resistência maior a algum tipo de praga que possa atacar, naquela região. Os tratos culturais indicados são: regas diárias ou irrigação nas sementeiras e adubação de cobertura, após o transplante das mudas para o local definitivo. Além disso, a adubação deve ser reforçada após cada corte das plantas. O terreno deve ser limpo, sempre que necessário, através de capinas.

Colheita: A colheita deve ser realizada de 40 a 60 dias após a semeadura, quando esta é feita diretamente no local definitivo. Em geral, após este período, as folhas estão com cerca de 25 a 32cm de comprimento, apresentando uma forte coloração verde-escura.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Cultivo de morangueiros de frutos para mesa



José Angelo Rebelo1


O morangueiro é uma planta herbácea, rasteira e perene da família Rosácea. É propagada, anualmente, vegetativamente, por meio de estolhos. A parte comestível origina-se do receptáculo floral que se torna carnoso e suculento. Nesta parte comestível estão reunidos os verdadeiros frutos (aquênios), popularmente confundidos com sementes. As abelhas, fundamentais na qualidade da produção do morangueiro, podem se atraídas por meio da aplicação de Beehere no morangal, na dose de 1 a 2 gotas/L de água.
O comportamento das cultivares de morangueiro está altamente correlacionado com a temperatura e o fotoperíodo. De um modo geral, se a temperatura e o fotoperíodo aumetam, a planta cessa a floração e passa a vegetar. Por outro lado, se a temperatura e o fotoperíodo forem reduzidos, a atividade metabólica se reduz e a planta entra em dormência. Para que a dormência seja quebrada, as cultivares de morangueiro exigem somatório de horas com temperatura abaixo de 7,2ºC. Tal somatório pode variar, entre 100 e 1.000 horas.
Em função do comportamento das cultivares ante temperatura e fotoperíodo, elas são caracterizadas como 1. de dias curtos, que diferenciam as gemas florais sob fotoperíodo menor de 14 horas e temperaturas amenas (as de outono); 2. sempreflorescentes/reflorescentes, que florescem sempre - preferencialmente em dias longos - e só cessam de florescer quando a temperatura se aproxima de 10ºC ou quando maior de 28ºC; 3. de dias neutros – estas só paralisam a florada sob condição de temperatura muito baixas. Estas variedades são obtidas com o cruzamento de cultivares sempreflorescentes com plantas de dias curtos. Com tais plantas, pode-se obter frutos na entressafra (verão) em região de verão ameno.
Basicamente, para se obter boa produtividade de morangueiros, deve-se oferecer-lhes dias curtos e temperaturas amenas ou baixas (estímulo ao florescimento), já que, sob condições de dias longos e temperaturas elevadas, o crescimento vegetativo é estimulado. Estas últimas condições interessam logo após o plantio, para proporcionar o desejado crescimento das plantas, o que aumenta o potencial produtivo. A produtividade também está ligada ao número de horas de frio recebidas pelas mudas. Assim, locais frios são os mais indicados para a instalação de viveiros, onde as matrizes devem ser plantadas de setembro a outubro.
Não é recomendado fazer mudas em regiões quentes, principalmente a partir de soqueira, como fazem alguns produtores de morango do litoral catarinense. No entanto, se mudas assim forem produzidas, recomenda-se que sejam embaladas em sacos plásticos fechados e armazenadas a 4ºC, por cerca de 15-20 dias, antes do plantio.



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1Eng. agr., Dr., Pesquisador da Epagri/Estação Experimental de Itajaí,
e-mail: jarebelo@epagri.rct-sc.br

  
Cultivares para a mesa

Cultivar
Origem
Precocidade
Quanto ao dia
Chandler
Califórnia
-
Curto
Oso grande
Califórnia
-
Curto
Selva
Califórnia
-
Neutro
Fern
Califórnia
-
Neutro
Camarosa
Califórnia
Precoce
Curto
Dover
Califórnia
-
Curto
Sweet Charlie
Flórida
Precoce
Curto
Gaviota
-
-
Curto
Aromas
Califórnia
Tardia
Neutro
Campinas
Brasil
-
Curto
Diamante
Califórnia
Tardia
Neutro
Tudla
Espanha
Precoce
Curto

O morangueiro é muito sensível às variações climáticas, por isso as cultivares podem apresentar comportamento dependente destas condições ambientais. Por isso, antes da escolha, é preciso saber da sua adaptabilidade local.

Características desejadas de uma cultivar de morangueiro.

1. de fácil de propagação, sem excessiva formação de estolhos, o que dificulta a formação de mudas vigorosas.
2. resistente a manchas foliares e a podridões de raízes e de frutos.
3. reflorescente, com flores completas e grandes.
4. de frutos grandes e uniformes e localizados fora da cobertura foliar para apresentarem melhor coloração, sanidade e sabor;
5. ser de produção precoce, com início da colheita entre maio a junho.
6. produzir, por planta, não menos de 400g de frutos comerciais por ciclo ou 30 a 35 t/ha. Há potencial para mais de 60 t/ha (800 g/planta).

Clima e época de plantio

O morangueiro é plantado desde o rio Grande do Sul ao Sul de Minas Gerais

A época de plantio está relacionada ao comportamento das cultivares ante à temperatura e ao fotoperíodo e à sua adaptabilidade à região de cultivo.
A título de orientação de época de plantio, considera-se que:
¤ em regiões com altitude acima de 700 metros, plantar em fevereiro e março;
¤ em regiões com altitude variando de 600 a 700 metros, plantar em abril;
¤ em regiões com altitude abaixo de 600 metros, plantar em maio.

Clima e solo

Temperatura acima de 28ºC inibe a floração e estimula a produção de estolhos. A geada danifica flores e frutos, especialmente os imaturos não protegidos pelas folhas. O morangueiro desenvolve-se melhor em solos de textura média, sem excesso de umidade e de matéria orgânica.


  
Espaçamento e mudas necessárias:

Espaçar as mudas de 30 x 30 a 35 cm, sendo as plantas dispostas em quadrado ou quincôncio, em canteiros com duas a quatro fileiras, de acordo com o porte da cultivar e da umidade do ar no local.
Dependendo do espaçamento e da área de carreadores, são utilizadas de 65 a 80 mil mudas por hectare.

Calagem e adubação

De acordo com as recomendações da análise de solo.
Aplicar calcário para elevar a saturação por base a 80% e o teor mínimo de Mg no solo a 8 mmolc/dm3.
A adubação deve ser feita 25 a 30 dias antes do transplante das mudas
Na região produtora de são Paulo, a maior do Brasil, emprega-se a seguinte adubação por hectare:
  • 15 a 30 t/ha de esterco de curral curtido ou 1/4 da quantidade em esterco de galinha
  • 300 a 1.200 kg/ha de P205
  • 50 a 400 kg/ha de K20.
  • Em cobertura, 180 kg/ha de N e 90 Kg/ha de K20, parcelados em seis aplicações mensais, sendo a primeira no início da floração.

    Plantio e cuidados com as mudas

    É feito manualmente, em canteiros com 20 a 30 cm de altura, e cerca de 1,2m de largura, para quatro fileiras de plantas. As mudas antes do plantio devem ser limpas de folhas velhas e separadas por tamanho para plantio de lotes homogênios.
    As mudas, de raízes nuas, são plantadas diretamente nos canteiros de produção de frutos.
    O enviveiramento das mudas em canteiros durante 30 dias, ou o seu estabelecimento em recipientes, diminui a morte de mudas no transplante e propicia colheitas mais precoces.
    Ao plantar, cuidar para distribuir bem as raízes e não enterrar a coroa.

    Mulching (cobertura do solo)

    O mulching é necessário para se impedir o contato dos frutos com o solo, com vantagem para a qualidade da produção (sujeiras e podridões), para controle de ervas invasoras, manutenção da umidade do solo e preservação das raízes superficiais, refletindo em maior produção.
    Diversos materiais podem ser utilizados como mulching, tais como maravalha, casca de arroz, palha de cereais, bagaço de cana picada, capim sem sementes e acículas de pinus. O mais usado, por talvez ser o mais prático e eficiente, é o polietileno preto ou de dupla face (cor).
    A cobertura do solo deve ser feita logo após o plantio das mudas. Em caso de emprego de polietileno como mulching, aguarda-se a pega das mudas. O plástico é estendido sobre as plantas e preso com arames, arcos de bambu ou com terra, sobre os canteiros. Após, faz-se cortes em forma de x no plástico e sobre as plantas, por onde serão puxadas para fora.

    Irrigação

    Preferencialmente por gotejo. Ocorre maior exigência de água logo após o transplante, na formação dos botões, floração e frutificação. Até 30-40 dias após o plantio, irrigar diariamente. Depois disto, duas vezes por semana. Durante o período de colheita, utilizar cerca de 25mm de água por semana. Excesso de umidade dificulta a polinização e prejudicam o morangueiro.

    Colheita

    Inicia-se aos 60 a 80 dias da data do plantio. Nas variedades de dias curto, o início se dá em abril a junho, e se estende até dezembro, com pico em agosto e setembro, dependendo da região e da variedade. A colheita deve ser feita nos períodos mais secos do dia. Os frutos, no ponto de 1/2 a 3/4 maduro, são colhidos manualmente em cestas que serão encaminhadas aos locais de classificação e embalagem. Após embalados devem ser colocados em câmaras frigoríficas ou em locais arejados até o consumo.
    Comercialização
    É feita em caixetas de madeira, de papelão ou de poliestireno expandido (isopor), com capacidade entre 250 e 800g.
    A conservação do fruto é favorecida em atmosfera com 20% de gás carbônico (CO2). Assim é que a cobertura da embalagem com filme plástico retarda a deterioração por reter CO2 produzido pelos frutos.
    De um modo mais corriqueiro, os frutos são dispostos em fileiras em uma ou duas camadas. Para mercado de maior poder aquisitivo já se utiliza caixa plástica transparente e com tampa e a classificação dos frutos é feita em de primeira (6 a 14g) e em extra (acima de 14g).
    Atualmente existe uma classificação oficial, que deve ser exigida pelas centrais de abastecimento do país, como se segue:
    Classificação oficial (Classificar é separar o produto em lotes homogêneos).
  1. Grupos
De acordo com a suculência do produto
Grupo Suculento
Grupo não Suculento
IAC Campinas
Oso Grande
IAC Princesa Isabel
Tudla
Reiko
Seascape
Toyonoka
Dover
Sequóia
Capitola
Campidover
Camarosa
Toyohime
Cartuno
Piedade
Sweet Charlie
  
Chandler
  
Selva
  1. Classe
De acordo com o maior diâmetro transversal dos frutos.
Classe
Diâmetro (mm)
1
Menor do que 15
1,5
Maior ou igual a 15 e menor que 30
3
Maior ou igual a 30 e menor que 45
4,5
Maior ou igual a 45
 Tolera-se uma mistura de classes diferentes da especificada no rótulo, desde que não ultrapasse a 15% do número total de morangos.

3. Defeitos Graves

São aqueles que inviabilizam o consumo ou a comercialização do produto.


  
4. Defeitos Leves

Danos e defeitos superficiais que não inviabilizam o consumo ou a comercialização, mas prejudicam a aparência e a qualidade do produto.

   
5. Tipo ou Categoria:

De acordo com a qualidade do produto conforme especificado na tabela 1.                        Tabela1: Limites máximos de defeitos permitidos por categoria em percentagem (%)
Defeitos
Categoria
Defeitos graves
Extra 
II 
III 
Podridão
0
3
5
10
Outros graves
0
5
10
20
Total de graves
0
5
10
20
Total de leves
5
10
30
100
Total de defeitos
5
10
30
100
Rótulo:
As embalagens deverão ser rotuladas em local de fácil visualização, conforme o exemplo abaixo.


Demanda de mão–de–obra
Por hectare de morangueiros, são necessárias seis pessoas fixas e mais seis volantes no pico de colheita.


Rotação de cultura
Deve ser feita com leguminosas para adubação verde, gramínias ou com hortaliças como alface, abobrinha ou beterraba, para aproveitamento de resíduos de adubação dos canteiros de morangueiros, da mão-de-obra e dos preços de verão.

Principais doenças do morangueiro

  1. Causadas por fungos

a1) A antracnose


É uma das mais importantes doenças que pode atingir o morangueiro. Existem duas formas de sintomatologia.

a1.1) chocolate

Pode atingir o rizoma, os frutos, os pecíolos e outras partes da planta;

a1.2) flor-preta


Atinge mais comumente os pedúnculos, as flores e os frutos pequenos e em desenvolvimento. O sintoma chocolate é caracterizado pelo aparecimento de tecido necrosado e firme e de coloração marrom no interior do rizoma. A planta murcha de modo progressivo, a começar pelas folhas mais velhas e finalizando nas jovens, terminando pela seca da planta. É causado pelo fungo Colletotrichum fragariae Esta doença é muito grave durante o transplante, mas pode ocorrer em qualquer idade da planta. Há acentuada redução do estande e a conseqüente queda da produção.
O inóculo pode ser introduzido na lavoura por meio de mudas doentes ou contaminadas ou via restos culturais infectados. A disseminação é feita pela água da chuva ou da irrigação e pelas mãos do plantador, que manuseou plantas doentes.
O sintoma flor- preta é caracterizado por necrose nos ramos florais e nos frutos novos que se tornam escuros e mumificados. Em frutos já desenvolvidos apresentam manchas marrons, profundas e firmes. É causado por C. acutatum. Evitam-se tais doenças pelo emprego de mudas sadias, rotação de culturas, destruição dos restos culturais, plantio em áreas bem-drenadas e a utilização de cultivares mais tolerantes a estes patógenos.

a2) Manchas foliares

a2.1) A mancha-de-micosferela causada pelo fungo Mycosphaerella fragariae, é caracterizada, inicialmente, pelo surgimento pequenas manchas de coloração púrpura e circulares que podem chegar a 3-4 mm de diâmetro. A remoção das folhas velhas, severamente danificadas pela doença, também auxilia no controle, uma vez que contribui para a diminuição do inóculo e também porque facilita a aeração e a ação dos fungicidas empregados no controle.

a2.2) mancha-de-diplocarpon Tem alto poder de destruição da folhagem do morangueiro. O sintoma é definido por manchas de formato e tamanho irregulares, cor púrpura. Podem ocorrer nos pecíolos, pedúnculos, cálices florais e estolões. As medidas de controle para micosferela também são indicadas para esta mancha.

a2.3) mancha-de-dendrofoma O sintoma básico é caracterizado por manchas arredondadas de cor púrpura. Uma zona necrosada de cor castanha, circuncidada por uma zona purpúrea violácea. Depois, três zonas irregularmente concêntricas aparecem. A central é castanha – escura; a do meio de cor marrom-clara e a externa de cor violácea. Pontuações (picnídios) podem ser observadas sobre as lesões. Normalmente não se apresenta de forma grave. É causada por Dendrophoma obscurans.

a3) As podridões do rizoma e das raízes São causadas por vários agentes habitantes do solo. Os sintomas caracterizam-se por murchamento das folhas mais velhas, evoluindo para crestamento e morte da planta. Este sintomas podem ser causados pela ação de Verticillium albo-atrum, Phytophthora sp, Fusarium sp, Rhizoctonia solani, Pythium sp, etc. Para se evitar o reduzir prejuízos devem-se aplicar as seguintes medidas:
usar mudas sadias e isentas do patógeno;
evitar áreas de plantio com ocorrência da doença;
eliminar as plantas com suspeita de contaminação;
fazer rotação de culturas que não contemplem, por exemplo, batata, tomate, algodão, pimentão, berinjela.

a4) Podridões dos frutos Causam prejuízos diretamente no produto comercial, cuja contaminação pode acontecer no campo ou durante o processo de comercialização. Danos mecânicos durante a colheita e o aquecimento dos frutos são favoráveis aos agentes de podridões de frutos, entre eles Botrytis cinérea (mofo-cinzento); Colletotrichum sp; Phytophthora sp e Rhizoctonia solani. Reduz-se prejuízos com o uso de mulching no canteiro com filme de polietileno; colheita nos períodos mais secos do dia; transporte e armazenamento em baixas temperaturas e uso de fungicidas específicos.


B) Doenças causadas por bactérias

b1) mancha-angular Caracterizada por manchas angulares nas folhas com aspecto de encharcamento, colapso dos pecíolos e morte das plantas, causada por Xanthomonas fragariae. O patógeno é favorecido por temperatura ao redor de 20ºC e alta umidade relativa.
O controle deve ser preventivo e na forma de erradicação de plantas suspeitas.


  1. Doenças causadas por vírus

    As viroses no morangueiro estão relacionadas à forma vegetativa de multiplicação das plantas e à presença de afídeos vetores. Isto permite que a infecção se perpetue.
    c1) mosqueado, que é o tipo mais comum;
    c2) clorose marginal;
    c3) encrespamento;
    c4) faixa das nervuras.
    O controle para viroses deve ser feito através de: mudas sadias; eliminação de plantas doentes; controle dos insetos vetores (pulgões); utilização de matrizes testadas e isentas de viroses.

    D) Doenças causadas por nematóides

    d1) Meloidogyne hapla e Pratylenchus vulnus, parasitam as raízes.
    Causam lesões nas raízes e reduzem o sistema radicular ativo da planta. As lesões abrem portas para outros patógeno de solo. As plantas atacadas por estes nematóide murcham, amarelecem, ficam enfezadas e podem apresentar sintoma de deficiência nutricional, além da perda do potencial produtivo.

    Estes nematóides podem ser controlados com o emprego de:
    mudas saídas;
    arranquio e destruição de plantas contaminadas;
    evitar plantio em áreas já contaminadas;
    rotação de culturas;
    revolvimento do solo em períodos quentes do dia;

    solarização do solo;
    aumento de matéria orgânica no solo.
    O cultivo protegido (estufas) de morangueiro permite um controle mais eficiente das doenças do morangueiro e promove maior qualidade dos frutos além de protege-los contra o granizo, chuvas e ventos fortes, incompatíveis com estas plantas.
    Pragas do morangueiro

    Entre as pragas que podem atacar o morangueiro, duas tem grandes destaques:

    1. Ácaros

    1. Ácaro-rajado (Tetranychus urticae). É o principal ácaro do morangueiro, e ataca diversos outros hospedeiros. Produz uma teia na face inferior da folha que facilita sua detecção. Temperatura elevada e baica umidade do ar facilitam a sua proliferação. Pode reduzir a produção em até 80%. É de difícil controle pela falta de produtos seguros para uso em morangueiro que tem colheitas diárias.
    1. Pulgões (Capitophorus fragaefolii e Cerosipha forbesi) Os pulgões são vetores de viroses. A presença de ninhos de formiga-lava-pé sobre as plantas denunciam a presença de pulgões. Irrigação por aspersão reduz a incidência de pulgões.

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     Fontes Consultadas: Informe Agropecuário v.20, n.198, maio – junho de 1999;
    Epagri - BOLETIM TÉCNICO n. 46, 3a edição, 1997
    CATI – SAA - Desenvolvimento da cultura do morango
    Site: www. srjundiaí.com.br/cultmoran.htm
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