quarta-feira, 28 de maio de 2014

Autor: Sebastião Wilson Tivelli

Eng. Agr., Dr., PqC da UPD São Roque do Centro de Insumos Estratégicos e Serviços
Especializados/APTA. E-mail: tivelli@apta.sp.gov.br

Publicação: Pesquisa & Tecnologia, vol. 10, n. 1, Jan-Jun 2013

Como engenheiro agrônomo, sou questionado sobre o que “aplicar” naquele vaso de apartamento ou pé de fruteira de fundo de quintal para controlar uma suposta praga ou 
doença. Isto ocorre com frequência, não respeitando dia, horário ou local. Mal havíamos entrado na Faculdade, quando numa festinha de aniversário de minha saudosa avó paterna fomos questionados pela primeira vez por um tio paulistano sobre o que “aplicar” num vaso de samambaia de metro para controlar umas pintas escuras que estava aparecendo na parte de baixo das folhas. Até mesmo agricultores experientes procuram os engenheiros agrônomos para saber o que é melhor “aplicar” para determinada praga ou doença em suas culturas. E “ai” do profissional que não tiver na ponta da língua o nome de um agrotóxico para recomendar.
Infelizmente esse cenário não é exclusivo da profissão dos engenheiros agrônomos. Isto também ocorre com médicos veterinários, zootecnistas e outros profissionais da área das ciências agrárias. Se já não fosse isto o bastante, a maioria das pessoas ao ir até o consultório de um médico quer sair com uma receita. Que em muitos casos nada mais é do que a recomendação de um remédio para “tomar” e controlar aquela dorzinha ou aquele mau que os afligem no cotidiano.
E o que tem isto a ver com o controle de pragas e doenças no cultivo orgânico? Qual é a moral dessa estória? Nesse caso, é que há décadas fomos condicionados a “aplicar” algum agrotóxico ou “tomar” algum remédio para curar os males que nos aflige, estejam esses males nas plantas, animais ou em nós mesmo. Com o passar do tempo desaprendemos a buscar a causa dos problemas, trocando essa procura por uma solução rápida que visa controlar o efeito e nem sempre a causa.
Na agricultura convencional, o pacote tecnológico desenvolvido com a revolução verde ocorrida nas décadas de 60 e 70 do século passado preconiza uma receita para o cultivo das culturas, no qual para cada desequilíbrio que provocamos ao cultivar espécies de interesse econômico há um agrotóxico que pode ser aplicado para mitigar o problema causado.
Na agricultura orgânica, que alias fortaleceu-se no Brasil em contraposição à evolução verde, a idéia não é a de “aplicar” algo para corrigir o desequilíbrio. Esse processo produtivo busca a manutenção do equilíbrio. Talvez por isto a curiosidade de técnicos e agricultores para saber como é feito o controle de pragas e doenças na agricultura orgânica sem “aplicar” nada.
O controle de pragas e doenças na agricultura orgânica começa com o planejamento holístico da propriedade, onde se deve “aplicar” os conhecimentos de agroecologia. Neste aspecto, este controle inicia-se pela escolha da época correta de plantio de cada cultura, respeitando-se as exigências climáticas da espécie a ser cultivada; passa-se pela analise de solo das glebas de cultivo, fazendo-se a calagem e a fosfatagem onde e quando necessário.
O conhecimento das plantas espontâneas pode e deve ser utilizado, pois existem algumas indicadoras de alumínio no solo como as samambaias (Pteridium aquilinium), de solos compactados como a grama seda (Cynodon dactylon) e a guanxuma (Sida sp.) e as de solo rico em matéria orgânica como os carurus (Amaranthus sp.) e a beldroega (Portulaca oleracea).
A conservação do solo no manejo de pragas e doenças também é importante. O controle da erosão reduz a perda da camada fértil de solo, tanto do ponto de vista químico quanto biológico.
Não haverá sucesso no manejo de pragas e doenças se as práticas que aumentem a proporção de matéria orgânico no solo e a biodiversidade da área não estiverem presentes.
Muitas das práticas agroecológicas são utilizadas há gerações por agricultores, como os cultivos consorciados, a adubação orgânica e a cobertura do solo com resíduos vegetais.
Outras aplicações deste tipo de manejo precisam ser relembradas pelos técnicos da assistência técnica e extensão rural, uma vez que ainda não foram apropriadas pelos agricultores, como a rotação de culturas com diversificação da produção, a recuperação e ou enriquecimento das áreas de preservação permanente, a alternância na capina das plantas espontâneas e o cultivo de adubos verdes (Figura 1).


Figura 1. Coquetel de adubos verdes de verão formados por milheto, mamona e crotalária júncea, além de mucuna preta e girassol, sendo alguns não visíveis nessa imagem.                                                                             (Foto: Sebastião Wilson Tivelli, Sítio Catavento, Indaiatuba/SP, dez/2012)

A biodiversidade nas áreas de cultivo orgânico pode ser buscada com a instalação de quebra-vento (Figura 2). Além de amenizar o impacto das correntes de ar, como o próprio nome indica, também reduz a perda de água pelas plantas de interesse econômico.
O quebra-vento auxilia no manejo das pragas e doenças. No caso das doenças bacterianas, quando as folhas das culturas não são danificadas pelos ventos temos uma incidência menor da doença simplesmente por haver um número menor de “portas” para a entrada das bactérias.
Já no caso dos insetos pragas, o quebra-vento funciona como uma barreira para o seu deslocamento entre as glebas de uma mesma propriedade e mesmo entre elas. A escolha da espécie adequada para a construção deste tipo de obstáculo pode aumentar exponencialmente a eficiência no manejo de pragas. Espécies que produzam flores servem de alimento e abrigo para os inimigos naturais das pragas.
A cobertura do solo com resíduos vegetais ou com adubos verdes evitam a erosão e auxiliam na manutenção da vida macro e microbiana do solo. A cobertura viva do solo pode ser obtida também com o manejo seletivo das plantas espontâneas, que servirão de abrigo e fonte de alimento na fase jovem dos inimigos naturais das pragas. Manejados corretamente, o caruru e a beldroega servirão de alimento para a vaquinha (Diabrotica speciosa).
Os métodos culturais na agricultura orgânica incluem o cultivo de determinadas plantas para servir de alimento para os insetos-praga ou como repelente destes. Um exemplo deste manejo é o cultivo em hortas da couve chinesa para servir aos insetos mastigadores (Figura 3) ou o consorcio do tomateiro com coentro, já que esse condimento funciona como repelente a mosca branca (Bemisia sp.). Para o controle de nematóides, a rotação de cultura com crotalárias ou mesmo o cultivo consorciado com esse adubo verde pode ser recomendado.

Figura 2. Cultivo de cenoura orgânica com quebra-vento de capim elefante.                                                        (Foto: Sebastião Wilson Tivelli, Sítio Catavento, Indaiatuba/SP, dez/2012)



Figura 3. Couve chinesa plantada como planta atrativa para insetos mastigadores.
(Foto: Sebastião Wilson Tivelli, UPD São Roque, São Roque/SP, dez/2012)


A disponibilidade de agentes de controle biológico (Metarhizium anisophiae, Beauveria bassiana, Trichoderma sp., Verticillium lecanii entre outros), de feromônio e de inimigos naturais (ácaros, nematóides e parasitóides de cochonilhas, percevejos e pulgões) para liberação massal no campo para o manejo de pragas e doenças irá crescer exponencialmente no Brasil nos próximos anos.
Na agricultura orgânica a aplicação de algum produto no manejo de pragas e doenças é a última ferramenta utilizada. Neste caso, os produtos utilizados precisam estar na lista positiva do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e damos preferência a aqueles que o agricultor possa produzir na própria área de cultivo. Essa relação com os nomes destes itens, em vigor em maio de 2013, está publicada na Instrução Normativa do MAPA de número 46 de 2011 (IN 46/2011). 
Em tempo, aquela primeira consulta que recebemos do tio paulistano na samambaia de metro que apresentava pintas escuras nas folhas nem praga ou doença era. As pintas são as sementes” da samambaia e, portanto, nada havia a ser aplicado.
Ferreira On 5/28/2014 11:07:00 AM 2 comments LEIA MAIS

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Autores

Antônio Carlos Ferreira da Silva, engenheiro agrônomo, M.Sc., pesquisador aposentado da Epagri/Estação Experimental de Urussanga, SC, e-mail: ferreira51@ymail.com

Luiz Augusto Martins Peruch, engenheiro agrônomo, Dr., pesquisador da Epagri/Estação Experimental de Urussanga, SC, e-mail: lamperuch@epagri.sc.gov.br

Publicação:  O trabalho faz parte do Boletim Didático nº 88 “Produção orgânica de hortaliças no litoral sul catarinense” publicado pela Epagri. Interessados em adquirir a publicação completa e ilustrada com 205 páginas, devem entrar no site: www.epagri.sc.gov.br e acessar os link “Publicações” e “Boletim didático”.

     Ainda nos dias atuais, grande número de pessoas ligadas à agricultura sustenta a ideia de que não é possível produzir alimentos sem o uso de adubos químicos solúveis e agrotóxicos. Em função disso, alguns mitos a respeito da agricultura orgânica foram criados e divulgados pelo mundo. Entre eles, destacam-se: “A agricultura orgânica é de alto risco, cara e que exige muita mão de obra. A agricultura orgânica, além de reduzir a produtividade, proporciona produtos orgânicos de padrão comercial inferior e inadequado às exigências dos consumidores”.

     A literatura existente, embora ainda escassa, tem mostrado que as crenças sobre agricultura orgânica não são verdadeiras. Conforme pode ser verificado na bibliografia citada e consultada deste boletim, já existem vários trabalhos que comprovam as vantagens do cultivo orgânico em relação ao convencional para diversas espécies.
     Dentre as culturas estudadas no sistema orgânico, as hortaliças, caracterizadas por grande número de espécies, ciclo curto, utilização intensiva do solo e insumos e alta susceptibilidade a doenças e pragas, especialmente quando mal manejadas, apresentam poucos resultados de pesquisa.

     A Epagri, por meio das Estações Experimentais em todo o Estado de Santa Catarina, tem contribuído com trabalhos de pesquisa visando à produção de hortaliças no sistema orgânico com resultados promissores. A EEUr, a partir de 2000, concentrou esforços em pesquisas com base agroecológica em hortaliças, especialmente no cultivo de batata e, posteriormente, nas culturas de cebola, tomate, repolho, couve-flor, brócolis, cenoura, alface, beterraba, batata-doce e feijão-de-vagem, com o objetivo de verificar a viabilidade técnica e econômica do cultivo orgânico. A seguir, serão apresentados os resultados de destaque obtidos no cultivo orgânicos de batata. 


Batata
Resultados obtidos em propriedades de produtores no litoral sul catarinense a partir de 2000 mostraram a viabilidade do cultivo orgânico de batata, validando resultados de pesquisa obtidos na EEUr.

Produtividade e qualidade da batata-consumo
Os resultados obtidos evidenciaram a superioridade dos cultivares Epagri 361 Catucha e SCS365 Cota sobre os demais quanto ao rendimento comercial de tubérculos (Silva et al., 2008). A maior adaptação desses cultivares nas condições de cultivo no litoral catarinense e  a  alta resistência à requeima explicam os resultados obtidos.

Figura 1. Cultivo orgânico de batata na EEUr – SCS 365 – Cota (cultivar catarinense) x Ágata (cultivar holandesa mais plantado no Brasil)

Figura 2. Cultivo orgânico de batata na EEUr – Epagri 361 – Catucha (cultivar catarinense) x Ágata (cultivar holandesa mais plantado no Brasil)


Figura 3Rendimento comercial de batata orgânica para consumo obtido em oito unidades demonstrativas em propriedades de agricultores (plantio de inverno de 2000, 2001, 2005 e 2006), no litoral sul catarinense. Epagri, 2008.

  
     Quanto ao aspecto comercial, observou-se que os cultivares apresentaram tubérculos com aparência razoável a boa quanto à uniformidade e película, e poucos danos de pragas do solo.

Figura 4. Tubérculos, batata-palha e “chips” do cultivar de batata Cota, lançado em dezembro de 2008 na Epagri/Estação Experimental de Urussanga, SC


Qualidade da batata processada
Com relação ao teor de matéria seca dos tubérculos obtidos, um dos principais requisitos para industrialização, especialmente na forma de batata-palha, “chips” e fritas, destacaram-se os cultivares Epagri 361 Catucha e SCS365 Cota, com 20,6% e 20,7%, em média, respectivamente.
Outro trabalho de pesquisa realizado na EEUr com o cultivar Catucha evidenciou que o uso de matéria orgânica à base de turfa aumentou significativamente a porcentagem de matéria seca dos tubérculos, quando comparado ao uso de apenas adubos químicos (Silva & Dittrich, 2002).
Ao se comparar a batata Catucha industrializada na forma de palitos pré-fritos congelados, produzida em dois sistemas de produção, verificou-se que a cultivada no sistema orgânico apresentou qualidade superior em relação à obtida no cultivo convencional.

Tabela 1.  Avaliação dos atributos físico-sensoriais da batata Catucha produzida nos sistemas orgânico e convencional, após o processamento, na forma de palitos pré-fritos congelados.
Sistema
Parâmetros físico-sensoriais(1)
Aspecto
Textura
Sabor
Cor
“Crocância”
Orgânico
MB
MB
B
MB
MB
Convencional
R
R
B
B
R
(1) R = Regular (1 ponto); B = Bom (2 pontos); MB = Muito Bom (3 pontos). Avaliação feita por oito degustadores.

Fonte: CCA/UFSC – Departamento de Ciência e Tecnologia de Alimentos.


Multiplicação própria de tubérculos-semente no sistema orgânico
Em função do alto custo da “semente” certificada, os produtores utilizam o descarte da própria lavoura (tubérculos miúdos), justamente os que possuem maior probabilidade de estar contaminados por viroses e ser originados de plantas fracas. A multiplicação própria de tubérculos-semente pode reduzir o custo de produção da batata e, principalmente, melhorar a produtividade, especialmente em lavouras de pequenos agricultores, que possuem baixo poder aquisitivo para adquirir “semente” certificada, que, em certos anos, chega a custar 50% do custo total da cultura.
Os cultivares Catucha e Cota destacaram-se dos demais quanto à produtividade total de tubérculos-semente, com rendimentos que variaram de 18 a 25t/ha e 14,8 a 20,2t/ha respectivamente. O cultivar Catucha apresentou uma taxa média de multiplicação de 1:12, o que significa que o plantio de cinco caixas de “semente” do tipo III possibilita a multiplicação de batata-semente de boa qualidade para cerca de um hectare.

Figura 5. Rendimento de tubérculos-semente orgânicos de batata obtidos em duas unidades de observação em propriedades de agricultores (plantio de inverno/2005) no litoral sul catarinense. Epagri, 2008


Efeito da rotação de culturas na produção de batata
         Ao avaliar sistemas de rotação de culturas no período de 1993 a 1999, pesquisadores da EEUr constataram que o cultivo de gramíneas favoreceu a batata, elevando a produtividade em até 86%, melhorando a qualidade e reduzindo a incidência da sarna (Streptomyces scabies), doença propagada pela batata-semente e pelo solo (Vieira et al., 1999). Os autores concluíram que a rotação de culturas com gramíneas por dois anos é suficiente para dobrar a produtividade e melhorar significativamente a qualidade dos tubérculos.

Figura 6Tubérculos de batatas atacados por sarna


Tabela 2. Rendimento de tubérculos comerciais em três sistemas de rotação de culturas para a batata e vantagem comparativa quanto à produtividade dos sistemas de rotação em relação ao sem rotação, no litoral sul catarinense, plantio de outono. EEUr, 1999.
Sistema de cultivo
Rendimento de tubérculos comerciais
(t/ha)
Vantagem comparativa dos sistemas de rotação (%)
1996
1997
1998
Média

Sem rotação
14,5
5,8
7,2
9,2
100
1 ano de rotação
19,3
12,2
19,8
17,1
186
2 anos de rotação
19,3
12,3
18,7
16,8
182
Fonte: Vieira et al. (1999).

Em função dos resultados obtidos, os autores da pesquisa sugerem o esquema de rotação para a batata, conforme a divisão da área.
Divisão     da
área
Espécie
Outono/
inverno
Primavera/
verão
Outono/
inverno
Primavera/
verão
Outono/
inverno
Primavera/
verão
Outono/
inverno
Ano 1
Ano 2
Ano 3
Ano 4
Área 1
Batata
Milho
Azevém
Milho
Aveia
Milho
Batata
Área 2
Aveia
Milho
Batata
Milho
Aveia
Milho
Azevém
Área 3
Aveia
Milho
Azevém
Milho
Batata
Milho
Azevém
Fonte: Vieira et al. (1999).



Custo de produção dos insumos
No cultivo convencional, em um sistema relativamente tecnificado, são realizadas, normalmente, 12 a 15 pulverizações, incluindo fungicidas de contato e sistêmicos, além de inseticidas, quando necessário, com um custo aproximado de R$1.050,00/ha, enquanto no sistema orgânico 10 pulverizações com calda bordalesa a 0,5% para o manejo de doenças foliares e três aplicações com óleo vegetal de nim a 0,5% para o manejo de insetos, totalizando em torno de R$ 600,00/ha, normalmente, são suficientes durante o ciclo da cultura. Em relação à adubação, o custo no sistema orgânico é de cerca de 250,00/ha no caso de o produtor adquirir o esterco de aves, ao passo que no cultivo convencional alcança R$ 1.180,00/ha (Obs.: valores calculados em 2008).

Conclusões
Com base nos resultados obtidos na cultura da batata, conclui-se que:
1. Os cultivares Epagri 361 Catucha e SCS365 Cota são os mais promissores para a produção de batata no sistema de produção orgânica. A boa aptidão dos tubérculos para a indústria na forma de “chips”, batata palha e pré-fritas dos cultivares Catucha e Cota possibilitam aos produtores maior valor agregado pelo produto.
2. A rotação de culturas é uma prática indispensável, com os objetivos de auxiliar no manejo de pragas e doenças da batata, aumentar a produtividade e melhorar a qualidade dos tubérculos e a fertilidade do solo.
3. É viável a multiplicação própria de tubérculos-semente no sistema orgânico a partir de batata-semente de boa qualidade fitossanitária, no plantio de inverno, utilizando-se cultivares adaptados, visando à produção de batata-consumo orgânica no litoral catarinense.
4. O custo de produção dos insumos (adubos e tratamentos fitossanitários), que pode representar até 25% do custo total da batata, é cerca de apenas uma terça parte no sistema orgânico quando comparado ao convencional. Essa vantagem, ao longo dos anos, poderá ser ainda maior, pois no cultivo orgânico a fertilidade do solo é mais duradoura em relação ao convencional.
5. A qualidade dos tubérculos produzidos (tamanho e aspectos externo e interno), seguindo-se as recomendações técnicas no sistema orgânico, é semelhante aos obtidos no cultivo convencional.
6. A adubação orgânica melhora a aptidão dos tubérculos dos cultivares indicados para industrialização.

7. A qualidade da batata processada, dos cultivares com aptidão para indústria, no cultivo orgânico, é superior à obtida no sistema convencional.






Ferreira On 5/14/2014 11:00:00 AM Comentarios LEIA MAIS

quarta-feira, 28 de maio de 2014

COMO CONTROLAR PRAGAS E DOENÇAS NO CULTIVO ORGÂNICO?

Autor: Sebastião Wilson Tivelli

Eng. Agr., Dr., PqC da UPD São Roque do Centro de Insumos Estratégicos e Serviços
Especializados/APTA. E-mail: tivelli@apta.sp.gov.br

Publicação: Pesquisa & Tecnologia, vol. 10, n. 1, Jan-Jun 2013

Como engenheiro agrônomo, sou questionado sobre o que “aplicar” naquele vaso de apartamento ou pé de fruteira de fundo de quintal para controlar uma suposta praga ou 
doença. Isto ocorre com frequência, não respeitando dia, horário ou local. Mal havíamos entrado na Faculdade, quando numa festinha de aniversário de minha saudosa avó paterna fomos questionados pela primeira vez por um tio paulistano sobre o que “aplicar” num vaso de samambaia de metro para controlar umas pintas escuras que estava aparecendo na parte de baixo das folhas. Até mesmo agricultores experientes procuram os engenheiros agrônomos para saber o que é melhor “aplicar” para determinada praga ou doença em suas culturas. E “ai” do profissional que não tiver na ponta da língua o nome de um agrotóxico para recomendar.
Infelizmente esse cenário não é exclusivo da profissão dos engenheiros agrônomos. Isto também ocorre com médicos veterinários, zootecnistas e outros profissionais da área das ciências agrárias. Se já não fosse isto o bastante, a maioria das pessoas ao ir até o consultório de um médico quer sair com uma receita. Que em muitos casos nada mais é do que a recomendação de um remédio para “tomar” e controlar aquela dorzinha ou aquele mau que os afligem no cotidiano.
E o que tem isto a ver com o controle de pragas e doenças no cultivo orgânico? Qual é a moral dessa estória? Nesse caso, é que há décadas fomos condicionados a “aplicar” algum agrotóxico ou “tomar” algum remédio para curar os males que nos aflige, estejam esses males nas plantas, animais ou em nós mesmo. Com o passar do tempo desaprendemos a buscar a causa dos problemas, trocando essa procura por uma solução rápida que visa controlar o efeito e nem sempre a causa.
Na agricultura convencional, o pacote tecnológico desenvolvido com a revolução verde ocorrida nas décadas de 60 e 70 do século passado preconiza uma receita para o cultivo das culturas, no qual para cada desequilíbrio que provocamos ao cultivar espécies de interesse econômico há um agrotóxico que pode ser aplicado para mitigar o problema causado.
Na agricultura orgânica, que alias fortaleceu-se no Brasil em contraposição à evolução verde, a idéia não é a de “aplicar” algo para corrigir o desequilíbrio. Esse processo produtivo busca a manutenção do equilíbrio. Talvez por isto a curiosidade de técnicos e agricultores para saber como é feito o controle de pragas e doenças na agricultura orgânica sem “aplicar” nada.
O controle de pragas e doenças na agricultura orgânica começa com o planejamento holístico da propriedade, onde se deve “aplicar” os conhecimentos de agroecologia. Neste aspecto, este controle inicia-se pela escolha da época correta de plantio de cada cultura, respeitando-se as exigências climáticas da espécie a ser cultivada; passa-se pela analise de solo das glebas de cultivo, fazendo-se a calagem e a fosfatagem onde e quando necessário.
O conhecimento das plantas espontâneas pode e deve ser utilizado, pois existem algumas indicadoras de alumínio no solo como as samambaias (Pteridium aquilinium), de solos compactados como a grama seda (Cynodon dactylon) e a guanxuma (Sida sp.) e as de solo rico em matéria orgânica como os carurus (Amaranthus sp.) e a beldroega (Portulaca oleracea).
A conservação do solo no manejo de pragas e doenças também é importante. O controle da erosão reduz a perda da camada fértil de solo, tanto do ponto de vista químico quanto biológico.
Não haverá sucesso no manejo de pragas e doenças se as práticas que aumentem a proporção de matéria orgânico no solo e a biodiversidade da área não estiverem presentes.
Muitas das práticas agroecológicas são utilizadas há gerações por agricultores, como os cultivos consorciados, a adubação orgânica e a cobertura do solo com resíduos vegetais.
Outras aplicações deste tipo de manejo precisam ser relembradas pelos técnicos da assistência técnica e extensão rural, uma vez que ainda não foram apropriadas pelos agricultores, como a rotação de culturas com diversificação da produção, a recuperação e ou enriquecimento das áreas de preservação permanente, a alternância na capina das plantas espontâneas e o cultivo de adubos verdes (Figura 1).


Figura 1. Coquetel de adubos verdes de verão formados por milheto, mamona e crotalária júncea, além de mucuna preta e girassol, sendo alguns não visíveis nessa imagem.                                                                             (Foto: Sebastião Wilson Tivelli, Sítio Catavento, Indaiatuba/SP, dez/2012)

A biodiversidade nas áreas de cultivo orgânico pode ser buscada com a instalação de quebra-vento (Figura 2). Além de amenizar o impacto das correntes de ar, como o próprio nome indica, também reduz a perda de água pelas plantas de interesse econômico.
O quebra-vento auxilia no manejo das pragas e doenças. No caso das doenças bacterianas, quando as folhas das culturas não são danificadas pelos ventos temos uma incidência menor da doença simplesmente por haver um número menor de “portas” para a entrada das bactérias.
Já no caso dos insetos pragas, o quebra-vento funciona como uma barreira para o seu deslocamento entre as glebas de uma mesma propriedade e mesmo entre elas. A escolha da espécie adequada para a construção deste tipo de obstáculo pode aumentar exponencialmente a eficiência no manejo de pragas. Espécies que produzam flores servem de alimento e abrigo para os inimigos naturais das pragas.
A cobertura do solo com resíduos vegetais ou com adubos verdes evitam a erosão e auxiliam na manutenção da vida macro e microbiana do solo. A cobertura viva do solo pode ser obtida também com o manejo seletivo das plantas espontâneas, que servirão de abrigo e fonte de alimento na fase jovem dos inimigos naturais das pragas. Manejados corretamente, o caruru e a beldroega servirão de alimento para a vaquinha (Diabrotica speciosa).
Os métodos culturais na agricultura orgânica incluem o cultivo de determinadas plantas para servir de alimento para os insetos-praga ou como repelente destes. Um exemplo deste manejo é o cultivo em hortas da couve chinesa para servir aos insetos mastigadores (Figura 3) ou o consorcio do tomateiro com coentro, já que esse condimento funciona como repelente a mosca branca (Bemisia sp.). Para o controle de nematóides, a rotação de cultura com crotalárias ou mesmo o cultivo consorciado com esse adubo verde pode ser recomendado.

Figura 2. Cultivo de cenoura orgânica com quebra-vento de capim elefante.                                                        (Foto: Sebastião Wilson Tivelli, Sítio Catavento, Indaiatuba/SP, dez/2012)



Figura 3. Couve chinesa plantada como planta atrativa para insetos mastigadores.
(Foto: Sebastião Wilson Tivelli, UPD São Roque, São Roque/SP, dez/2012)


A disponibilidade de agentes de controle biológico (Metarhizium anisophiae, Beauveria bassiana, Trichoderma sp., Verticillium lecanii entre outros), de feromônio e de inimigos naturais (ácaros, nematóides e parasitóides de cochonilhas, percevejos e pulgões) para liberação massal no campo para o manejo de pragas e doenças irá crescer exponencialmente no Brasil nos próximos anos.
Na agricultura orgânica a aplicação de algum produto no manejo de pragas e doenças é a última ferramenta utilizada. Neste caso, os produtos utilizados precisam estar na lista positiva do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e damos preferência a aqueles que o agricultor possa produzir na própria área de cultivo. Essa relação com os nomes destes itens, em vigor em maio de 2013, está publicada na Instrução Normativa do MAPA de número 46 de 2011 (IN 46/2011). 
Em tempo, aquela primeira consulta que recebemos do tio paulistano na samambaia de metro que apresentava pintas escuras nas folhas nem praga ou doença era. As pintas são as sementes” da samambaia e, portanto, nada havia a ser aplicado.

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Produção orgânica de hortaliças no litoral sul catarinense: Resultados de pesquisa – Parte I

Autores

Antônio Carlos Ferreira da Silva, engenheiro agrônomo, M.Sc., pesquisador aposentado da Epagri/Estação Experimental de Urussanga, SC, e-mail: ferreira51@ymail.com

Luiz Augusto Martins Peruch, engenheiro agrônomo, Dr., pesquisador da Epagri/Estação Experimental de Urussanga, SC, e-mail: lamperuch@epagri.sc.gov.br

Publicação:  O trabalho faz parte do Boletim Didático nº 88 “Produção orgânica de hortaliças no litoral sul catarinense” publicado pela Epagri. Interessados em adquirir a publicação completa e ilustrada com 205 páginas, devem entrar no site: www.epagri.sc.gov.br e acessar os link “Publicações” e “Boletim didático”.

     Ainda nos dias atuais, grande número de pessoas ligadas à agricultura sustenta a ideia de que não é possível produzir alimentos sem o uso de adubos químicos solúveis e agrotóxicos. Em função disso, alguns mitos a respeito da agricultura orgânica foram criados e divulgados pelo mundo. Entre eles, destacam-se: “A agricultura orgânica é de alto risco, cara e que exige muita mão de obra. A agricultura orgânica, além de reduzir a produtividade, proporciona produtos orgânicos de padrão comercial inferior e inadequado às exigências dos consumidores”.

     A literatura existente, embora ainda escassa, tem mostrado que as crenças sobre agricultura orgânica não são verdadeiras. Conforme pode ser verificado na bibliografia citada e consultada deste boletim, já existem vários trabalhos que comprovam as vantagens do cultivo orgânico em relação ao convencional para diversas espécies.
     Dentre as culturas estudadas no sistema orgânico, as hortaliças, caracterizadas por grande número de espécies, ciclo curto, utilização intensiva do solo e insumos e alta susceptibilidade a doenças e pragas, especialmente quando mal manejadas, apresentam poucos resultados de pesquisa.

     A Epagri, por meio das Estações Experimentais em todo o Estado de Santa Catarina, tem contribuído com trabalhos de pesquisa visando à produção de hortaliças no sistema orgânico com resultados promissores. A EEUr, a partir de 2000, concentrou esforços em pesquisas com base agroecológica em hortaliças, especialmente no cultivo de batata e, posteriormente, nas culturas de cebola, tomate, repolho, couve-flor, brócolis, cenoura, alface, beterraba, batata-doce e feijão-de-vagem, com o objetivo de verificar a viabilidade técnica e econômica do cultivo orgânico. A seguir, serão apresentados os resultados de destaque obtidos no cultivo orgânicos de batata. 


Batata
Resultados obtidos em propriedades de produtores no litoral sul catarinense a partir de 2000 mostraram a viabilidade do cultivo orgânico de batata, validando resultados de pesquisa obtidos na EEUr.

Produtividade e qualidade da batata-consumo
Os resultados obtidos evidenciaram a superioridade dos cultivares Epagri 361 Catucha e SCS365 Cota sobre os demais quanto ao rendimento comercial de tubérculos (Silva et al., 2008). A maior adaptação desses cultivares nas condições de cultivo no litoral catarinense e  a  alta resistência à requeima explicam os resultados obtidos.

Figura 1. Cultivo orgânico de batata na EEUr – SCS 365 – Cota (cultivar catarinense) x Ágata (cultivar holandesa mais plantado no Brasil)

Figura 2. Cultivo orgânico de batata na EEUr – Epagri 361 – Catucha (cultivar catarinense) x Ágata (cultivar holandesa mais plantado no Brasil)


Figura 3Rendimento comercial de batata orgânica para consumo obtido em oito unidades demonstrativas em propriedades de agricultores (plantio de inverno de 2000, 2001, 2005 e 2006), no litoral sul catarinense. Epagri, 2008.

  
     Quanto ao aspecto comercial, observou-se que os cultivares apresentaram tubérculos com aparência razoável a boa quanto à uniformidade e película, e poucos danos de pragas do solo.

Figura 4. Tubérculos, batata-palha e “chips” do cultivar de batata Cota, lançado em dezembro de 2008 na Epagri/Estação Experimental de Urussanga, SC


Qualidade da batata processada
Com relação ao teor de matéria seca dos tubérculos obtidos, um dos principais requisitos para industrialização, especialmente na forma de batata-palha, “chips” e fritas, destacaram-se os cultivares Epagri 361 Catucha e SCS365 Cota, com 20,6% e 20,7%, em média, respectivamente.
Outro trabalho de pesquisa realizado na EEUr com o cultivar Catucha evidenciou que o uso de matéria orgânica à base de turfa aumentou significativamente a porcentagem de matéria seca dos tubérculos, quando comparado ao uso de apenas adubos químicos (Silva & Dittrich, 2002).
Ao se comparar a batata Catucha industrializada na forma de palitos pré-fritos congelados, produzida em dois sistemas de produção, verificou-se que a cultivada no sistema orgânico apresentou qualidade superior em relação à obtida no cultivo convencional.

Tabela 1.  Avaliação dos atributos físico-sensoriais da batata Catucha produzida nos sistemas orgânico e convencional, após o processamento, na forma de palitos pré-fritos congelados.
Sistema
Parâmetros físico-sensoriais(1)
Aspecto
Textura
Sabor
Cor
“Crocância”
Orgânico
MB
MB
B
MB
MB
Convencional
R
R
B
B
R
(1) R = Regular (1 ponto); B = Bom (2 pontos); MB = Muito Bom (3 pontos). Avaliação feita por oito degustadores.

Fonte: CCA/UFSC – Departamento de Ciência e Tecnologia de Alimentos.


Multiplicação própria de tubérculos-semente no sistema orgânico
Em função do alto custo da “semente” certificada, os produtores utilizam o descarte da própria lavoura (tubérculos miúdos), justamente os que possuem maior probabilidade de estar contaminados por viroses e ser originados de plantas fracas. A multiplicação própria de tubérculos-semente pode reduzir o custo de produção da batata e, principalmente, melhorar a produtividade, especialmente em lavouras de pequenos agricultores, que possuem baixo poder aquisitivo para adquirir “semente” certificada, que, em certos anos, chega a custar 50% do custo total da cultura.
Os cultivares Catucha e Cota destacaram-se dos demais quanto à produtividade total de tubérculos-semente, com rendimentos que variaram de 18 a 25t/ha e 14,8 a 20,2t/ha respectivamente. O cultivar Catucha apresentou uma taxa média de multiplicação de 1:12, o que significa que o plantio de cinco caixas de “semente” do tipo III possibilita a multiplicação de batata-semente de boa qualidade para cerca de um hectare.

Figura 5. Rendimento de tubérculos-semente orgânicos de batata obtidos em duas unidades de observação em propriedades de agricultores (plantio de inverno/2005) no litoral sul catarinense. Epagri, 2008


Efeito da rotação de culturas na produção de batata
         Ao avaliar sistemas de rotação de culturas no período de 1993 a 1999, pesquisadores da EEUr constataram que o cultivo de gramíneas favoreceu a batata, elevando a produtividade em até 86%, melhorando a qualidade e reduzindo a incidência da sarna (Streptomyces scabies), doença propagada pela batata-semente e pelo solo (Vieira et al., 1999). Os autores concluíram que a rotação de culturas com gramíneas por dois anos é suficiente para dobrar a produtividade e melhorar significativamente a qualidade dos tubérculos.

Figura 6Tubérculos de batatas atacados por sarna


Tabela 2. Rendimento de tubérculos comerciais em três sistemas de rotação de culturas para a batata e vantagem comparativa quanto à produtividade dos sistemas de rotação em relação ao sem rotação, no litoral sul catarinense, plantio de outono. EEUr, 1999.
Sistema de cultivo
Rendimento de tubérculos comerciais
(t/ha)
Vantagem comparativa dos sistemas de rotação (%)
1996
1997
1998
Média

Sem rotação
14,5
5,8
7,2
9,2
100
1 ano de rotação
19,3
12,2
19,8
17,1
186
2 anos de rotação
19,3
12,3
18,7
16,8
182
Fonte: Vieira et al. (1999).

Em função dos resultados obtidos, os autores da pesquisa sugerem o esquema de rotação para a batata, conforme a divisão da área.
Divisão     da
área
Espécie
Outono/
inverno
Primavera/
verão
Outono/
inverno
Primavera/
verão
Outono/
inverno
Primavera/
verão
Outono/
inverno
Ano 1
Ano 2
Ano 3
Ano 4
Área 1
Batata
Milho
Azevém
Milho
Aveia
Milho
Batata
Área 2
Aveia
Milho
Batata
Milho
Aveia
Milho
Azevém
Área 3
Aveia
Milho
Azevém
Milho
Batata
Milho
Azevém
Fonte: Vieira et al. (1999).



Custo de produção dos insumos
No cultivo convencional, em um sistema relativamente tecnificado, são realizadas, normalmente, 12 a 15 pulverizações, incluindo fungicidas de contato e sistêmicos, além de inseticidas, quando necessário, com um custo aproximado de R$1.050,00/ha, enquanto no sistema orgânico 10 pulverizações com calda bordalesa a 0,5% para o manejo de doenças foliares e três aplicações com óleo vegetal de nim a 0,5% para o manejo de insetos, totalizando em torno de R$ 600,00/ha, normalmente, são suficientes durante o ciclo da cultura. Em relação à adubação, o custo no sistema orgânico é de cerca de 250,00/ha no caso de o produtor adquirir o esterco de aves, ao passo que no cultivo convencional alcança R$ 1.180,00/ha (Obs.: valores calculados em 2008).

Conclusões
Com base nos resultados obtidos na cultura da batata, conclui-se que:
1. Os cultivares Epagri 361 Catucha e SCS365 Cota são os mais promissores para a produção de batata no sistema de produção orgânica. A boa aptidão dos tubérculos para a indústria na forma de “chips”, batata palha e pré-fritas dos cultivares Catucha e Cota possibilitam aos produtores maior valor agregado pelo produto.
2. A rotação de culturas é uma prática indispensável, com os objetivos de auxiliar no manejo de pragas e doenças da batata, aumentar a produtividade e melhorar a qualidade dos tubérculos e a fertilidade do solo.
3. É viável a multiplicação própria de tubérculos-semente no sistema orgânico a partir de batata-semente de boa qualidade fitossanitária, no plantio de inverno, utilizando-se cultivares adaptados, visando à produção de batata-consumo orgânica no litoral catarinense.
4. O custo de produção dos insumos (adubos e tratamentos fitossanitários), que pode representar até 25% do custo total da batata, é cerca de apenas uma terça parte no sistema orgânico quando comparado ao convencional. Essa vantagem, ao longo dos anos, poderá ser ainda maior, pois no cultivo orgânico a fertilidade do solo é mais duradoura em relação ao convencional.
5. A qualidade dos tubérculos produzidos (tamanho e aspectos externo e interno), seguindo-se as recomendações técnicas no sistema orgânico, é semelhante aos obtidos no cultivo convencional.
6. A adubação orgânica melhora a aptidão dos tubérculos dos cultivares indicados para industrialização.

7. A qualidade da batata processada, dos cultivares com aptidão para indústria, no cultivo orgânico, é superior à obtida no sistema convencional.






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