sexta-feira, 28 de outubro de 2011


    Quando o homem surgiu na face da terra, os insetos já habitavam a terra há milhões de anos. Muitos destes insetos causam prejuízos ao homem e animais, sejam através dos danos às plantações, ou através da transmissão de doenças. Apesar destes insetos prejudiciais terem mais atenção, a maioria das espécies são benéficas para o homem e meio ambiente.
Muitos insetos, tais como as abelhas, vespas e borboletas, ajudam na polinização das plantas; a polinização é uma espécie de simbiose que dá às planta a capacidade de se reproduzirem com mais eficiência, enquanto que os polinizadores ficam com o néctar e pólen. Alguns insetos também produzem substâncias úteis para o homem, como o mel, a cera, a laca e a seda. As abelhas e os bichos-da-seda têm sido criados pelo homem há milhares de anos e pode dizer-se que a seda afetou a história da humanidade, através do estabelecimento de relações entre a China e o resto do mundo. Em alguns lugares do mundo, os insetos são usados na alimentação humana, enquanto que noutros são considerados tabu.       
   Muitos insetos são detritívoros, alimentando-se de animais e plantas mortas, contribuindo assim para remineralização dos produtos orgânicos. Embora a maior parte das pessoas não saiba, provavelmente a maior utilidade dos insetos é que muitos deles são insetívoro, ou seja, alimentam-se de outros insetos, ajudando a manter o seu equilíbrio na natureza. Para qualquer espécie de inseto-praga existe uma espécie de vespa ou parasitóide ou predadora dela.
Em função da importância dos insetos benéficos para o homem e meio ambiente, o uso de inseticidas tem o efeito contrário ao desejado, uma vez que matam, não só os insetos-pragas, mas também os seus inimigos e os demais insetos que são benéficos para o homem.

Manejo de insetos-pragas com auxílio dos inimigos naturais
Os inimigos naturais são insetos, fungos, bactérias, vírus, nematóides,répteis, aves e mamíferos pequenos. Os animais que comem insetos na forma larval e adulta não são poucos.Todas as pragas das culturas têm seus inimigos naturais que as devoram ou destroem. Comer e ser comido, este é o sistema da natureza. Se uma espécie aumentar num ecossistema natural, seu "inimigo natural" igualmente aumentará, por causa das condições nutricionais favoráveis. Mas se exterminarem esta espécie, aquele também desaparecerá, por não encontrar mais comida em fartura. Daí a importância de diversificar os cultivos (rotação, sucessão e consorciação de culturas) e preservar refúgios naturais como matas, cercas vivas e capoeiras para manter a diversidade natural da fauna (ácaros predadores, aranhas, insetos, anfíbios, répteis, aves e mamíferos). Todos fazem parte do grande conjunto natural e cada um contribui para manutenção do equilíbrio na natureza. Entre as espécies de plantas que servem de refúgio aos inimigos naturais, destacam-se: o menstrato (Ageratum conyzoides), a beldroega (Portulaca oleracea), o caruru (Amaranthus viridis), o nabo forrageiro (Raphanus raphanistrum) e o sorgo granífero (Sorghum bicolor). No caso do sorgo, suas panículas em flor favorecem o abrigo e a reprodução de insetos como percevejo (Orius insidiosus), que é predador de lagartas, ácaros e tripes da cebola. Há, no entanto, plantas que são desfavoráveis à preservação e ao aumento de inimigos naturais das pragas, como mamona, capim, grama-seda, capim-amargoso, guanxuma, tiririca, picão-branco e carrapicho-carneiro. Entre os insetos, os inimigos naturais mais conhecidos são as joaninhas (Figura 1) e as vespinhas que parasitam especialmente pulgões (Figura 2), cochonilhas e lagartas.
Figura 1. Joaninha, um dos mais conhecidos predadores de pulgões
 Figura 2. Ataque intenso de pulgões em folha de couve

A importância das abelhas e outros insetos na polinização
    As abelhas podem ser indicadores biológicos do equilíbrio ambiental, muito útil no esforço da conservação, da biodiversidade e na exploração sustentável do meio ambiente. É na polinização das flores que as abelhas (Figura 3) mais contribuem, dando origem aos frutos de inúmeras espécies e chegando a aumentar a produtividade de plantas cultivadas em até 500%.
As flores são os órgãos reprodutivos das plantas, cujo objetivo é desenvolver as sementes que darão início a uma nova geração de plantas. Quando os óvulos presentes nas flores são fecundados, ou seja, quando a eles se unem as células masculinas, substâncias químicas são liberadas para estimular o crescimento do fruto e das sementes. Como a polinização é uma etapa anterior à fecundação, sem a primeira não há a possibilidade da segunda e, nem tampouco, do desenvolvimento de frutos e sementes. A polinização é, portanto, um momento crítico na reprodução sexual das plantas.
Mas afinal, o que é a polinização? a polinização nada mais é que a transferência do pólen da estrutura reprodutiva masculina de uma flor (estame), para a estrutura reprodutiva feminina (o pistilo) da mesma flor ou de outras flores. A transferência do pólen da antera para o estigma poderá ocorrer pela ação da gravidade, do vento, da água ou de animais. Os animais que realizam essa transferência são conhecidos como polinizadores e podem ser insetos (abelhas, besouros, moscas, borboletas, vespas e mariposas), aves (beija-flores e periquitos) e, mamíferos de pequeno porte (morcegos e roedores). Dentre esses animais, as abelhas merecem destaque como polinizadoras porque como dependem das plantas para a alimentação tanto de seus adultos quanto das crias, elas visitam constantemente as flores; elas possuem pilosidade por todo o corpo, o que facilita a aderência e o transporte de grãos de pólen; e apresentam uma enorme diversidade de espécies.
 Figura 3. Abelha visitando uma flor

A polinização ainda pode ser de dois tipos: autopolinização e polinização cruzada. A autopolinização ocorre quando uma flor recebe o seu próprio pólen ou o pólen de outras flores da mesma planta. Já a polinização cruzada irá ocorrer quando os grãos de pólen vierem de flores de outras plantas da mesma espécie. Flores de espécies diferentes não aceitam o pólen uma da outra, isto é, o pólen de uma espécie qualquer não consegue fecundar o óvulo de uma outra espécie. Mas certas plantas também não aceitam o seu próprio pólen (autoincompatibilidade) ou apresentam mecanismos que dificultam a ocorrência da autopolinização. Plantas que impedem a autopolinização são totalmente dependentes dos polinizadores para produzirem seus frutos, ou seja, sem polinizador não há sementes nem frutos. Isso ocorre no maracujá, no pepino e no mamoeiro, por exemplo. Já as plantas que dificultam a ocorrência desse tipo de polinização são beneficiadas com a visita de seus polinizadores, como a soja, a laranjeira, a tangerina, o feijão, o café, o melão e o morangueiro. Esse benefício, geralmente, se traduz em um maior vigor e maior número de sementes, e em maior tamanho e peso dos frutos. As abelhas cujo manejo para a polinização é comum em boa parte do mundo são: as abelhas de mel (Apis mellifera) nas mais diversas culturas; as mamangavas (especialmente Bombus terrestris) manejadas, de modo particular, no cultivo de solanáceas, e, em especial, em plantações de tomate; as abelhas carpinteiras (Xylocopa sp), no maracujá; diversas espécies do gênero Osmia, em plantações de maçã e outras frutíferas. 

As mudanças que o homem têm imposto ao seu ambiente vem reduzindo a abundância de abelhas silvestres, colocando em risco a produção de alimentos e a preservação de muitos ambientes naturais e das espécies que neles habitam. É urgente que se reconheça as abelhas e outros animais polinizadores como essenciais para a sustentabilidade da produção mundial de alimentos. 
Segundo pesquisadores, a produção de 2/3 da alimentação humana depende, direta ou indiretamente da polinização por insetos e, de acordo com estimativas feitas em 1998, pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), há no mundo uma perda de U$54 bilhões devido a deficiência na polinização das plantas cultivadas. 

A importância das abelhas na produção do mel

Além de realizarem um serviço fantástico para o homem e a natureza polinizando as flores, as abelhas ainda produzem o mel, que é um bactericida natural que rejuvenesce as células e prolonga a vida humana. O mel tem múltiplas aplicações e, além disso, é um ótimo alimento e, bem digerido facilita a digestão, é bom fortificante para pessoas de qualquer idade e, é rico em proteínas. As propriedades medicinais do mel apresentadas a seguir constituem apenas referências e não recomendações de utilização. A automedicação constitui-se numa prática comum, mas não recomendável. Algumas propriedades curativas do mel (Fonte: Bruning (1986):
Garganta infeccionada: fazer gargarejo de água com mel;
Tosse: pode ser controlada com chá feito com limão cortado com casca e tudo, dois dentes de alho
e bastante mel (toma-se quente);
Febre: mesma receita da tosse ou misturar mel, limão e água (pode-se tomar frio);
.Queimaduras e feridas: colocar mel em cima. O mel é excelente bactericida;
Esgotamento: o mel dá muita energia. Tomar algumas colheradas por dia, puro ou com água;
Prisão de ventre: o mel é suave laxante. Dissolver uma colher de mel em um copo de água e tomar;
Memória fraca: o mel fortifica o cérebro, por isso deve-se comer mel freqüentemente;
Úlcera: o mel é um bom cicatrizante. Tomar diversas vezes ao dia,dissolvido em água;
Infecções: o mel é comprovadamente bactericida (mata germes e bactérias);
Nervosismo: o mel é um suave calmante.Comer ou tomar com água antes de deitar;
Problemas cardíacos: o mel fortifica o coração;
Furúnculos: misturar farinha de trigo com mel e aplicar em cima do furúnculo;
Insônia: para combatê-la, tomar mel com água ao deitar;
Anemia: o mel é rico em ferro. Comer ou tomar com água;
Raquitismo infantil: não deixe faltar mel para as crianças, adoçando as mamadeiras com mel;
Cãibras: comer mel todos os dias torna os músculos fortes e resistentes;
Criança que molha a cama (enurese): pequena colher de mel antes de deitar;
Falta de apetite: comer mel puro ou tomar com água habitualmente;
Cansaço: o mel acaba com o cansaço. Comer e tomar com água habitualmente;
Sinusite e nariz entupido: comer mel puro ou tomar com água habitualmente;
Gripe: o mel combate poderosamente a gripe. Fazer um chá com mel,limão e alho;
Eczemas: aplicar mel em cima;
Longa vida: o mel rejuvenesce, por isso faz a pessoa alcançar longa vida;
Ressaca de bebida alcoólica: comer bastante mel. O efeito da embriaguez logo passa.
Ferreira On 10/28/2011 12:20:00 PM 14 comments LEIA MAIS

quarta-feira, 26 de outubro de 2011


   Normalmente, quando se considera o solo como "organismo vivo", realizando-se práticas ecologicamente corretas associadas ao uso de cultivares resistentes e ao manejo preventivo, não ocorrem maiores problemas com pragas. Em solos desequilibrados nos aspectos químico, físico e biológico podem ocorrer, eventualmente, durante o ciclo das hortaliças (desde a emergência até à colheita), pragas que prejudicam o crescimento das plantas e a qualidade das hortaliças.
Além dos grilos, paquinhas, lagarta rosca, vaquinhas, pulgões, lesmas, curuquerê-da-couve, broca das cucurbitáceas e do tomateiro, traça-do-tomateiro, traça-das-crucíferas e lagarta-do-cartucho, pragas tratadas anteriormente (ver matérias postadas neste blog – partes III e IV), também a mosca-branca, tripes, mosca minadora, ácaros e formigas cortadeiras, quando em ambiente desequilibrados, podem reduzirem a produtividade e a qualidade das hortaliças, causando prejuízos aos produtores.

• Mosca-branca (Bemisia tabaci e Bemisia argentifolii): as ninfas são bem distintas dos adultos e são recobertas por secreção pulverulenta. Os adultos são alados com asas e o restante do corpo recoberto por secreções pulverulenta branca, de onde vem o nome mosca branca que podem sobreviver até seis semanas. Esta denominação é imprópria, pois não se trata de uma mosca. Apresentam aproximadamente 40 plantas hospedeiras, destacando-se o melão de São Caetano. O potencial de postura da fêmea é de 400 ovos, sendo que 2/3 são fêmeas. Danos: tanto as ninfas como os adultos, são sugadores de seiva. Entretanto os maiores prejuízos às culturas são causados pela transmissão de vírus. As dejeções das moscas brancas possibilitam aparecimento da fumagina (fungo de coloração escuro nas folhas) que dificulta a fotossíntese. Manejo: o controle preventivo através de aquisição de mudas sadias, erradicação rápida de plantas doentes e de restos culturais evitam a infestação da praga; também o uso de barreiras utilizando milho, sorgo ou cana; utilizar armadilhas de cor amarela com cola adesiva; rotação de culturas com plantas não susceptíveis ao ataque; uso de variedades resistentes. É importante também a diversificação de espécies através de cultivos consorciados ou manter refúgios ao redor da lavoura para abrigar e servir de alimentos aos inúmeros inimigos naturais da praga, destacando-se os percevejos, besouros e vespas.

Tripes (Thrips tabaci): são insetos com asas franjadas e de coloração preta. Vivem na face inferior das folhas, onde sugam a seiva e são responsáveis por transmitirem doenças viróticas, além de favorecer a entrada de outras doenças. Apresenta tamanho reduzido de 1 mm e, dificilmente, são percebidos a olho nu. Estes insetos são facilmente encontrados nas principais culturas como alface, tomate, batata, pimentão e, especialmente, cebola e alho e também em outras plantas hospedeiras como: beldroega, caruru, maria-pretinha e outras. Danos: em cebola e alho , o ataque deixa as folhas raspadas com aspecto prateado ou esbranquiçado, alojando-se em locais mais escondidos (entre as folhas). Quando a temperatura aumenta e ocorrem estiagens, os tripes podem causar sérios danos por meio da raspagem e sucção da seiva das plantas. Com o aumento do ataque ocorre o amarelecimento e a retorção das folhas, a seca dos ponteiros das plantas e, como conseqüência, a diminuição do tamanho dos bulbos de cebola e alho, favorecendo a entrada de doenças, especialmente a mancha-púrpura (Alternaria porri). Manejo: o uso de armadilhas serve para monitorar a sua presença na lavoura. As armadilhas são bandejas plásticas ou de metal, pintados de branco no seu interior; coloca-se 1 L de água e 5 gotas de detergente, instalando-a sobre suporte de madeira com cerca de 0,5m de altura. Para cada 2,5 ha, devem ser instaladas 2 armadilhas, sendo uma colocada na parte mais alta e outra na mais baixa da lavoura na direção de predominância dos ventos. Folhas de papelão de coloração azul contendo cola, também atrai e prende os insetos. A irrigação por aspersão também reduz a infestação da praga. O preparado com alho também pode ser utilizado para o manejo de tripes. Modo de preparar: dissolver 50g de sabão em 4 L de água, juntar 2 cabeças picadas de alho e 4 colheres (sopa) de pimenta vermelha picada. Coar com pano fino e pulverizar as plantas atacadas. O uso de calda sulfocálcica na concentração de 0,5% (fase inicial) e 3% (plantas adultas) também é eficiente no manejo desta praga.

Minadores (Liriomyza huidobrensis): os insetos adultos são pequenas moscas, com aproximadamente 2 mm de comprimento, escuros e raramente percebidos na lavoura. Os ovos são introduzidos no interior das folhas e a larva de cor amarela à marrom, mede cerca de 1-2mm. O ciclo biológico é de 17 a 29 dias. Danos: as larvas fazem galerias (minas) nas folhas, entre a epiderme superior e inferior da folha, alimentando-se do tecido parenquemático (Figura 1). São pequenas larvas de diversas espécies de insetos. Os adultos são pequenas moscas (1 mm de comprimento).
 Figura 1. Danos causados pelos minadores em folha de feijão-de-vagem
 Formigas cortadeiras (Atta spp e Acromymex spp): embora existam mais de 400 espécies de formigas, a maior parte delas é inofensiva para a agricultura. As formigas-cortadeiras, especialmente as saúvas, podem causar prejuízos em pomares, hortas e lavouras. Elas cortam as folhas para levá-las ao formigueiro, onde servem de nutrição para os fungos, os verdadeiros alimentos das formigas. Danos: embora tenham preferência por determinadas espécies de plantas, quase todas as culturas são atacadas e danificadas pelas formigas que cortam as folhas e os ramos tenros, podendo destruir totalmente as plantas. Os prejuízos causados pelas formigas cortadeiras dos gêneros Atta e Acromyrmex, especialmente a primeira, são consideráveis.
Manejo das formigas cortadeiras
Controle físico: ao ser localizado o ninho (panela) é feito a destruição através da escavação e aplicação de cal virgem sobre o fungo que serve de alimento às formigas. Outra forma de destruí-las é aplicar manipueira (água da raiz da mandioca brava) sobre o ninho, ou ainda, água quente, carvão vegetal moído ou cinza de madeira.
Controle biológico: é a aplicação de uma calda microbiológica utilizando laranjas ou limões; essas frutas mofadas possuem os fungos Penicilium digitatum e Penicilium italicum que causam os mofos verde e azul, respectivamente, os quais destroem o fungo criado pelas formigas para se alimentar. Modo de preparar a calda: utilizar 2 a 4 laranjas ou limões mofados, moídos, deixando-os fermentar 4 a 5 dias em água com um pouco de melado ou açúcar. Diluir a 10% em água e aplicar em todos os olheiros. Depois de uma semana, repetir a aplicação.
Cultivo de plantas atrativas tóxicas: o gergelim é a melhor opção, pois suas folhas contêm uma substância chamada sesamina que é fungicida. Geralmente as formigas só carregam folhas inofensivas ao formigueiro, mas o gergelim é uma exceção, pois é uma das folhas preferidas pelas saúvas, mas mata o fungo que serviria de alimento à rainha e às larvas. Modo de usar: deve-se cortar e distribuir as folhas de gergelim em locais de passagem das cortadeiras, próximos aos olheiros do formigueiro. As formigas carregam essas folhas para o formigueiro e, em 4 a 5 dias cessam suas atividades, envenenadas pela substância tóxica. Recomenda-se fazer uso contínuo dessa prática até o fim da infestação das cortadeiras. O uso de iscas com sementes de gergelim e com raízes de mandioca-brava raladas colocadas ao redor do formigueiro intoxicam as formigas pelo ácido cianídrico. O uso de sementes de gergelim, como iscas para ninhos pequenos, na base de 30 a 50g, ao redor do olheiro é útil no combate a formigas que irão carregá-las para dentro para alimentar os fungos; estes, ao se alimentarem, morrem e, com isso, deixam as formigas sem alimento. Um bom método natural para espantar as formigas é espalhar sementes de gergelim em torno dos canteiros ou da área a ser protegida.
Plantas repelentes ou tóxicas: plantas como hortelã, batata-doce, salsa, cenoura e mamona funcionam como repelentes ou intoxicantes.
Uso da manipueira: é um líquido de aspecto leitoso e de cor amarelo-clara que escorre das raízes da mandioca, por ocasião da sua prensagem para obtenção de fécula ou farinha de mandioca. Recomenda-se utilizar 2 L de manipueira no formigueiro para cada olheiro, repetindo a cada 5 dias. Em tratamento de canteiro, regar o canteiro usando 4 L de manipueira e uma parte de água, acrescentando 1% de açúcar ou farinha de trigo. Aplicar em intervalos de 14 dias, pulverizando ou irrigando.

Ácaros: são pequenas "aranhas", medindo frações de milímetros que vivem na face inferior das folhas. Não são vivíveis a olho nu; para vê-los é preciso utilizar uma lente com, no mínimo, dez vezes de aumento. São pragas tipicamente causadas pelo desequilíbrio ambiental. A ocorrência de ácaro é mais comum em lavouras com uso contínuo de inseticidas e de herbicidas. O seu ataque é mais intenso em épocas quentes e secas. Danos: os ácaros introduzem os estiletes no tecido vegetal e removem o conteúdo citoplasmático das células. Os sintomas e danos dependem da espécie do ácaro e da cultura considerada. Provocam enrolamento das bordas das folhas, deixando a face inferior bronzeada (Figura 2) ou folha amarelada com pontos necróticos tomando toda a folha, provocando o secamento e queda das mesmas. Os danos indiretos são a transmissão de viroses.
 
 Figura 2. Danos do ácaro-rajado

Manejo: tendo em vista que existem inúmeros inimigos naturais, recomenda-se manter vegetação entre as linhas dos cultivos, permitindo assim o abrigo e alimento do inimigos naturais (ácaros predadores) para que possam se desenvolver e realizar o controle biológico dos ácaros que atacam as plantas cultivadas; a farinha de trigo, além de ser um espalhante adesivo ecológico, também serve para o manejo de ácaros. Modo de preparar: diluir 1 colher (sopa) de farinha de trigo em 1 L de água e pulverizar as plantas atacadas. Aplicar pela manhã em cobertura total nas folhas, em dias quentes, secos e com sol. Mas tarde, as folhas secando com o sol formam uma película que envolve as pragas e caem com o vento; uso de enxofre, produto natural que pode ser usado puro ou na calda sulfocálcica. Ao ser utilizado puro deve-se misturar a seco 800g de enxofre e 200g de farinha de milho bem fina. Diluir 34g em 10L de água e aplicar sobre as plantas; ao utilizar a calda sulfocálcica deve-se pulverizar as plantas na concentração de 0,3 a 0,5% na fase inicial das plantas e de 1,5 a 3,0% nas plantas adultas.
Ferreira On 10/26/2011 08:19:00 AM 2 comments LEIA MAIS

sexta-feira, 21 de outubro de 2011


   No cultivo orgânico, as pragas e doenças surgem como um sinal de desequilíbrio que são as verdadeiras causas dos problemas. Em solos desequilibrados nos aspectos químico, físico e biológico podem ocorrer, eventualmente, durante o ciclo das hortaliças (desde a emergência até à colheita), doenças, pragas e plantas espontâneas que prejudicam o crescimento das plantas e a qualidade do produto. O controle dos efeitos, mesmo com métodos naturais, causa desarmonia, pois, além de exterminar as pragas, elimina também seus inimigos naturais e outros insetos benéficos (abelhas, joaninhas, mamangava, minhocas, entre outros). Por isso, em agricultura orgânica tratam-se as causas para que os resultados sejam os mais duradouros e equilibrados possíveis. Os produtos alternativos, mesmo que não causem maiores riscos ao homem e ao meio ambiente, somente devem ser utilizados quando realmente necessários.
Além dos grilos, paquinhas, lagarta rosca, vaquinhas, pulgões e lesmas, pragas tratadas anteriormente (ver matéria postada neste blog – parte III), também a curuquerê-da-couve, broca das cucurbitáceas e do tomateiro, traça-do-tomateiro e traça-das-crucíferas, lagarta-do-cartucho, , mosca-branca, mosca minadora, tripes, ácaros e formigas cortadeiras, quando em ambiente desequilibrados, podem causar prejuízos aos produtores, especialmente no cultivo de hortaliças.

• Curuquerê-da-couve (Ascia monuste orseis): o adulto é uma borboleta com asas branca-amareladas e as bordas marrom-escuras, mede cerca de 5 cm de envergadura. As lagartas bem desenvolvidas medem de 3 a 3,5 cm de comprimento, com coloração cinza-esverdeada, sendo a cabeça de cor escura. A lagarta pode permanecer se alimentando entre 20 e 25 dias. Danos: as lagartas são bastante vorazes, alimentando-se das folhas (Figura 1).
 
Figura 1. Ataque de lagartas em couve
Manejo: recomenda-se o controle biológico com a bactéria Bacillus thurigiensis, vendido comercialmente como Dipel e outros produtos; uso de plantas medicinais repelentes à borboleta, consorciado ou em torno dos cultivos, tais como sálvia, hortelã e alecrim. O preparado com sálvia também tem boa eficiência no manejo da praga. Modo de preparar: derramar 1 L de água fervente sobre 2 colheres (sopa) de folhas secas de sálvia, tampar o recipiente e deixar em infusão durante 10 minutos, agitar bem, filtrar e pulverizar imediatamente as plantas atacadas para combater a borboleta branca que coloca os ovos nas folhas de couve e dá origem às lagartas que comem as folhas; o controle mecânico, especialmente em pequenas hortas ou em poucas plantas, através da destruição dos ovos que são colocados nas folhas das plantas atacadas, pode reduzir a infestação das lagartas.

• Traça-das-crucíferas (Plutella xyslotella): trata-se de um microlepidóptero de coloração parda. As lagartas podem medir 10 mm de comprimento, com coloração verde-clara e cabeça parda e sobre o corpo apresentam pequenos pêlos esparsos. A fêmea coloca os ovos na página inferior da folha, isolados ou em grupos de 2 a 3, arredondados e, de coloração verde. Danos: a lagarta alimenta-se da epiderme da página inferior da folha. Em altas infestações, danifica totalmente as plantas. Manejo: controle biológico com a bactéria Bacillus thuringiensis, vendido comercialmente como Dipel e outros produtos, pulverizando-se as plantas atacadas, semanalmente.

• Broca-das-cucurbitáceas (Diaphania nitidalis): é uma borboleta de 30 mm de envergadura, com coloração marrom-violácea, com asas apresentando uma área central amarelada semitransparente. A fêmea efetua postura em folhas, ramos ou frutos. As lagartas são esverdeadas (Figura 2) e alimentam-se de qualquer parte vegetal, mas dão preferência pelos frutos. O ciclo completo é de 25 a 30 dias. Danos: abrem galerias e destroem a polpa causando o apodrecimento e inutilizando os frutos (Figura 3). As borboletas põem os ovos nas plantas, originando depois de 3 dias, pequenas lagartas que se introduzem nos frutos em formação.
Figura 2. Broca das cucurbitáceas: fase de larva (lagarta)
Figura 3. Danos da broca das cucurbitáceas em pepino
Manejo: o controle biológico com a bactéria Bacillus thurigiensis, vendido comercialmente como Dipel e outros produtos, pulverizados, semanalmente e preventivamente, a partir do florescimento das plantas, é eficiente no manejo da praga; a abobrinha caserta, cultivada entre as covas de pepino e outras cucurbitáceas, funciona como planta isca, atraindo a broca das cucurbitáceas, sendo que posteriormente devem ser destruídas através da compostagem, quando estiverem muito atacadas pelas lagartas.

Broca pequena do tomateiro (Neuleucinodes elegantalis): é uma borboleta de cerca de 25 mm de envergadura e coloração branca. As lagartas completamente desenvolvidas (Figura 4), medem cerca de 11 a 13mm de comprimento, apresentando coloração rosada uniforme. Os ovos são brancos e de número variável, em média, 3 por fruto. Danos: a broca ataca solanáceas, especialmente tomate, berinjela e pimentão. O dano começa quando as fêmeas fertilizadas colocam seus ovos nas bases dos frutos ainda pequenos e, em formação, precisamente debaixo do cálice da flor. Após a eclosão dos ovos, que leva em torno de 4 a 5 dias, em poucas horas, ocorre a penetração da broca no fruto. O dano começa a partir do início do florescimento. As larvas crescem no interior do fruto, alimentando-se da polpa e abrindo galerias. Após 22 dias, a praga sai do fruto, deixando um orifício e vai para o solo, onde vira borboleta.
Figura 4. Danos da broca pequena nos frutos, a pior praga do tomateiro

 Manejo: controle biológico com a bactéria Bacillus thurigiensis, conhecido comercialmente como Dipel e outros produtos, pulverizados, semanalmente e preventivamente, a partir do florescimento das plantas.  Resultados de pesquisa obtidos na Epagri/Estação Experimental de Urussanga mostraram que a calda bordalesa (0,5 a 1%), além de ser eficiente no manejo das doenças foliares do tomate, também reduz a ocorrência da broca pequena do tomateiro. A proteção dos frutos de tomate através de ensacamento das pencas com sacos de papel encerado ou TNT – tecido não tecido (Figura 5), muito utilizado em decorações de festas, é outra medida eficiente para proteger os frutos das brocas e traça do tomateiro. Recomenda-se o ensacamento das pencas, quando as inflorescências estão com seis a oito flores. 
   
 Figura 5. Ensacamento de pencas de tomate com sacos de TNT para proteger os frutos das brocas, traças e outros insetos-pragas

Traça-do-tomateiro (Tuta absoluta): os adultos são pequenas borboletas de cor cinza, marrom ou prateada, medindo aproximadamente 10 mm de comprimento e podem viver até 1 semana. Acasalam-se imediatamente após a emergência, voam e ovipositam nas plantas de tomate, preferencialmente ao amanhecer e entardecer. Os ovos são colocados nas folhas, hastes, flores e frutos. São de cor branca e, se tornam amarelados ou marrons. As larvas eclodem 3 a 5 dias após a postura e são de cor branca ou verde. Após a eclosão, penetram imediatamente nas folhas, nos frutos ou nos ápices das hastes, onde permanecem por 8 a 10 dias, quando se transforma em pupa. Danos: os danos são causados pelas larvas que formam minas nas folhas e se alimentam no interior destas. Podem destruir completamente as folhas do tomateiro e tornar imprestáveis os frutos, perfurando-os, além de facilitar a entrada de doenças. Quando o produtor notar que as plantas de tomateiro não estão mais crescendo, é bem provável que seja o ataque da traça que está impedindo. Manejo: controle biológico com a bactéria Bacillus thurigiensis, vendido comercialmente como Dipel e outros produtos, pulverizados semanalmente e preventivamente, a partir do florescimento das plantas; a diversificação de espécies (servem como abrigo e alimento dos inimigos naturais), através de refúgios, consorciação entre os cultivos ou ao redor da lavoura é muito importante, pois a traça-do-tomateiro tem muitos inimigos naturais tais como vespas, aranhas, percevejos, formigas e outros; o controle cultural através da destruição dos restos do tomateiro através de compostagem também é muito importante para interromper o ciclo da praga. O coentro (Figura 5), consorciado com as plantas de tomate, repele a traça-do-tomateiro.

Figura 6. O coentro, consorciado com as plantas de tomate, repele a traça-do-tomateiro

Lagarta-do-cartucho ou militar (Spodoptera frugiperda): é uma borboleta com asas anteriores pardo-escuras e posteriores branco-acinzentadas. As fêmeas colocam os ovos na parte superior das folhas. As lagartas são de cor pardo-escuro, verde e preta. Após a alimentação empupam no solo. Possui ciclo de vida de 36 a 86 dias. Danos: raspagem até destruição das folhas com prejuízo de 20% na produção, aumentando em épocas mais quentes e secas do ano. Manejo: controle biológico com a bactéria Bacillus thurigiensis, vendido comercialmente com o nome de Dipel e outros produtos, a partir do início do ataque das plantas.
Ferreira On 10/21/2011 10:28:00 AM 3 comments LEIA MAIS

quarta-feira, 5 de outubro de 2011


    O milho (Zea mays) é um conhecido cereal cultivado em grande parte do mundo, pertencente a família botânica Poáceas (milho, aveia, cana-de-açúcar, pastagens e outras) anteriormente denominada de Gramineas. O milho é uma planta originária da América Central com grande capacidade de adaptação a diversos climas, sendo plantado em praticamente todas as regiões do mundo, ao nível do mar e em regiões montanhosas, em climas úmidos e regiões secas. O milho verde faz parte da culinária brasileira, originária dos índios que aqui sempre viveram. O milho-verde (assim denominado por ser colhido antes de amadurecer) é consumido verde, cozido ou assado na espiga. Existem várias espécies e variedades de milho, todas pertencentes ao gênero Zea. O milho-verde pode ser comprado na espiga, com ou sem palha. Os grãos devem estar bem desenvolvidos, porém macios e leitosos. A palha deve apresentar-se com aspecto de produto fresco e cor verde viva. Para consumo em saladas, assado ou cozido, prefira os grãos mais novos. O milho também pode ser consumido na forma de suco e ingrediente para fabricação de bolo, biscoitos, sorvetes e pamonhas. A planta de milho pode ser aproveitada praticamente em sua totalidade. Após a comercialização das espigas, os restos da planta podem ser aproveitados para posterior incorporação ou como cobertura do solo para plantio direto, ou ainda, sendo triturado para compor a silagem para a alimentação animal.
    O milho é um dos alimentos mais nutritivos que existem. Além dos minerais, o milho verde é rico em vitaminas, em especial as do complexo B, muito importante para o bom funcionamento do sistema nervoso. Estudos realizados na Espanha revelaram que o consumo de milho, associado a cerejas, aveia e vinho tinto, retarda os efeitos da idade no organismo. A razão seria que esses alimentos apresentam alto teor de melatonina, substância produzida em pequenas quantidades pelo corpo, que tem propriedades antioxidantes e atrasa a degeneração. Além disso, o grão também contribui para adiar os processos inflamatórios naturais do envelhecimento, portanto, ajuda a manter o corpo jovem por mais tempo.
  A produção do milho-verde agrega valor, permitindo o uso de mão-de-obra familiar, movimentando o comércio e a indústria caseira. É uma atividade quase que exclusiva de pequenos e médios agricultores. Atualmente, as principais características exigidas pelo mercado para o milho verde são: grãos dentados amarelos, grãos uniformes, espigas longas e cilíndricas (espigas maiores que 15 cm de comprimento e 3 cm de diâmetro), sabugo fino e claro, boa granação, pericarpo delicado e bom empalhamento (espigas bem empalhadas de coloração verde intensa), boa produtividade, alta capacidade de produção de massa e baixa produção de bagaço e tolerância às principais pragas e doenças.
Escolha correta da área e análise do solo
   Recomendam-se áreas não cultivadas com espécies da mesma família botânica (poáceas) nos últimos anos. Solos de textura média, com teores de argila em torno de 30-35% ou mesmo argilosos, com boa estrutura que possibilitam adequada drenagem apresentam boa capacidade de retenção de água e de nutrientes disponíveis às plantas, são os mais recomendados para a cultura do milho. Os solos arenosos (teor de argila inferior a 15%) devem ser evitados, devido à sua baixa capacidade de retenção de água e nutrientes disponíveis às plantas.Preferencialmente, devem-se utilizar solos leves e profundos, com mais de 3,5% de matéria orgânica e com boa drenagem. A análise do solo deve ser feita com antecedência para conhecimento da fertilidade e acidez do solo. Com base nessa análise, o técnico do município poderá fazer a recomendação adequada da acidez do solo e adubação orgânica.
Época de Plantio e Cultivares
   O plantio de uma lavoura deve ser muito bem planejado. O planejamento começa com a compra de uma boa semente. A melhor época de plantio coincide com o início do período chuvoso de cada região, embora os melhores preços sejam obtidos na entressafra ou plantios irrigados de inverno. Pesquisas realizadas mostram que a melhor época para se plantar milho na região Sul, vai da segunda quinzena de setembro até o final da primeira quinzena de novembro, sendo a melhor época em 15 de outubro. No entanto, tendo em vista o bom mercado do milho verde especialmente no Litoral, em função do aumento da população nas praias, é interessante o escalonamento da produção, podendo-se obter boas produções nos meses de dezembro e até janeiro. Especialmente nestes últimos dois meses recomenda-se a consorciação do milho verde com mucuna anã, com o objetivo de cobrir o solo, reduzir a infestação de plantas espontâneas e, especialmente, melhorar a fertilidade do solo. Existem no mercado inúmeros híbridos de milho com resistência à maioria das doenças e com boas características para produção de milho verde. Recomenda-se, no entanto, ao escolher o híbrido, consultar um técnico para que ele indique os melhores materiais visando a produção de milho verde. Também são oferecidos no mercado, embora em menor número, cultivares com boa produtividade e qualidade de espigas visando a produção de milho verde. É importante ressaltar que no cultivo orgânico não é permitido o uso de cultivares transgênicas.
Preparo do solo e plantio
   No cultivo orgânico deve-se evitar o revolvimento do solo, por isso, a técnica de plantio direto vem crescendo muito, dispensando o preparo tradicional do solo, embora exige maior conhecimento técnico e máquinas apropriadas, além da produção anual de massa verde para palhada. O plantio direto na palha facilita muito a conservação do solo, por diminuir em até 70% as perdas de solo por erosão, além de conservar a umidade e reduzir as plantas espontâneas. Quando o terreno não é plano, a plantação deve ser feita em curva de nível. O plantio pode ser manual, com enxadas ou plantadeiras, e em covas distanciadas um metro entre as linhas e 50 cm entre as covas com 3 sementes cada uma ou com plantadeiras, com sementes de 20 em 20 cm. Quando a semente fica depositada no sulco de plantio a uma profundidade de 5cm e o adubo a uma profundidade de 10 a 15cm, tem-se os melhores resultados.
Adubação orgânica
   Tanto a adubação de plantio como de cobertura deve ser conforme recomendação, baseada na análise do solo e nos teores de nutrientes do adubo orgânico. Recomenda-se, preferencialmente, o composto orgânico que pode ser aplicado por ocasião do plantio. O adubo orgânico, especialmente se for esterco de animais (aves ou de gado), deve ser curtido e uniformemente incorporado ao solo, no sulco, de preferência 10 a 15 dias antes do plantio das sementes.
Tratos culturais
Capinas: após a germinação, há necessidade de controlar o desenvolvimento de plantas espontâneas que aparecem junto à cultura. Normalmente, dependendo da infestação de plantas espontâneas, 2 a 3 capinas são suficientes para manter a cultura no limpo até os 35-40 dias, época da adubação de cobertura. Passada essa fase, as plantas espontâneas não tem mais condições de concorrer com as plantas de milho devido ao seu rápido desenvolvimento e conseqüente sombreamento do solo, criando condições desfavoráveis para as plantas espontâneas. No cultivo orgânico, as plantas espontâneas são consideradas "amigas" dos cultivos, por isso, recomenda-se as capinas somente nas linhas de plantio (faixas de 20cm), deixando-as nas entrelinhas e roçando-as somente quando necessário. Recomenda-se também, sempre que possível, semear os adubos verdes no outono (aveia, ervilhaca e nabo forrageiro, isoladamente ou em consórcio) e o cultivo mínimo do milho no final do inverno e início de primavera, preparando-se apenas a linha de plantio e roçando, quando necessário, nas entrelinhas (Figuras 1,2 e 3).
Irrigação o efeito da falta de água, associado à produção de grãos, é particularmente importante em três estádios de desenvolvimento da planta: a) iniciação floral e desenvolvimento da inflorescência, quando o número potencial de grãos é determinado; b) período de fertilização, quando o potencial de produção é fixado; c) enchimento de grãos. As máximas produtividades ocorrem quando o consumo de água durante todo o ciclo está entre 500 e 800mm. A cultura exige um mínimo de 350-500mm para que produza sem necessidade de irrigação. Dois dias de estresse hídrico no florescimento, diminuem o rendimento em mais de 20%, sendo que quatro a oito dias diminuem em mais de 50%.
 Figura 1. Cultivo mínimo de tomate (à esquerda) e milho-verde (à direita), na fase inicial de desenvolvimento das plantas, sobre consórcio de adubos verdes (aveia + ervilhaca+nabo forrageiro) semeados no outono
Figura 2. Cultivo mínimo de tomate (à esquerda) e milho-verde (à direita), na fase intermediária de desenvolvimento das plantas, sobre consórcio de adubos verdes (aveia + ervilhaca+nabo forrageiro) semeados no outono
 Figura 3. Cultivo mínimo de milho-verde orgânico (fase de florescimento) sobre consórcio de adubos verdes semeados no outono

Manejo de doenças e pragas
    A cultura do milho está sujeita à ocorrência de algumas doenças e pragas que podem afetar a produção, a qualidade, a palatabilidade e o valor nutritivo dos grãos. As principais doenças são: doenças foliares e podridões das raízes, do colmo e espiga. Manejo: as principais medidas para o manejo das doenças é o uso de cultivares resistentes, rotação de culturas, manejo adequado da irrigação e, especialmente a eliminação através da compostagem ou enterrio, de restos de cultura onde ocorreu as doenças. Dentre as pragas destacam-se:
Lagarta-do-cartucho ou militar (Spodoptera frugiperda): é considerada a principal praga da cultura do milho no Brasil. É uma borboleta com asas anteriores pardo-escuras e posteriores branco-acinzentadas. As fêmeas colocam os ovos na parte superior das folhas. As lagartas são de cor pardo-escuro, verde e preta. Após a alimentação empupam no solo. Possui ciclo de vida de 36 a 86 dias. Danos: raspagem até destruição das folhas com prejuízo de 20% na produção, aumentando em épocas mais quentes e secas do ano. O ataque ocorre desde a emergência do milho até o pendoamento e espigamento. Manejo: controle biológico com a bactéria Bacillus thurigiensis, vendido comercialmente com o nome de Dipel e outros produtos, a partir do início do ataque das plantas.
Vaquinhas: os adultos são insetos polífagos (atacam várias culturas), pequenos besouros de cores variadas - verde-amarelo (Diabrotica), preto com manchas amarelas (Cerotoma) – Figura 4, verde metálica (Colaspis) e, tamanho aproximado de 10 mm. Ovos branco-amarelado são colocados isoladamente em fendas no solo. A larva conhecida como larva-alfinete (Figura 5) pode chegar até 10 mm de tamanho, alimentando-se de raízes de plantas (Figura 6) e tubérculos de batata. Na fase de larva os prejuízos são irreversíveis, pois tombam as plantinhas recém-emergidas (milho, feijão, feijão-vagem e outras) e furando raízes e tubérculos. Danos: os furos causados pelos insetos adultos nas folhas, associados aos danos causados pelas larvas, acarretam perdas na produtividade e qualidade dos cultivos.
Lagarta-da-espiga (Helicoverpa zea) : ataca as espigas desde o início da formação dos grãos e durante a fase do estado leitoso, podendo também atacar as folhas. Além de destruir em parte as espigas, deixa orifícios na palha, por onde penetram fungos e outros microorganismos e água de chuva, concorrendo assim para a deterioração da espiga. Seu controle é difícil, pois a lagarta aloja-se dentro da espiga e fica muito bem protegida.
Figura 4. Vaquinha na fase de adulto causa danos através do desfolhamento das plantas, especialmente no início de desenvolvimento das culturas.
 Figura 5. Vaquinha na fase de larva causa danos nas raízes das plantas recém-emergidas e também em raízes de batata-doce e tubérculos de batata (larva- alfinete)
 
   Figura 6. Danos nas raízes de milho, provocados pela larva-alfinete (vaquinha na fase de larva)


Rotação e consorciação de culturas
    O cultivo intensivo das mesmas espécies de hortaliças na mesma área esgota o solo em certos nutrientes e aumenta a ocorrência de doenças, pragas e plantas espontâneas. Para não confundir os diferentes sistemas de produção de hortaliças é preciso definir cada um deles:
Monocultura: é o uso continuado de uma mesma cultura, numa mesma estação de crescimento e numa mesma área. Todos os anos a mesma ou as mesmas espécies são semeadas ou plantadas no mesmo local.
Sucessão de culturas: é o estabelecimento de duas ou mais espécies em seqüência na mesma área, em um período igual ou inferior a 12 meses.
Consorciação de culturas: é o estabelecimento de duas ou mais espécies simultaneamente na mesma área. Neste tipo de cultivo há competição interespecífica em parte ou em todo o ciclo de desenvolvimento da cultura.
A rotação de culturas pode ser definida como o cultivo alternado de diferentes espécies vegetais no mesmo local e na mesma estação do ano, seguindo-se um plano predefinido, de acordo com princípios básicos. Dentre estes, destacam-se:
- não cultivar, no mesmo lugar, hortaliças da mesma família botânica, pois essas espécies estão sujeitas às mesmas pragas, doenças e plantas espontâneas. É o princípio de "matar de fome" os insetos, os fungos e as bactérias que atacam as plantas cultivadas;
- o plantio de espécies de famílias botânicas diferentes na mesma área também é importante, devido às diferenças de exigências nutricionais e de sistema radicular das espécies de plantas incluídas no sistema de rotação de culturas.
Rotação e consórcio com adubos verdes: a adubação verde é altamente recomendável para o sucesso da agricultura orgânica. No entanto, muitas vezes para pequenos produtores, devido a escassez de áreas, esta prática torna-se difícil, pois não poderia ter um retorno econômico. Uma alternativa viável técnica e econômica seria fazer o consórcio das hortaliças com os adubos verdes de inverno e de verão. Estes adubos verdes, além de cobrirem o solo, evitando a erosão, reduzem a infestação de plantas espontâneas, reciclam os nutrientes devido aos diferentes sistemas radiculares e, ainda melhoram a fertilidade do solo. Entre os adubos verdes de inverno, destacam-se a aveia, ervilhaca e nabo forrageiro (Figuras 1 e 2), que podem serem semeados no outono; a aveia tem como principal função a cobertura do solo, inibindo as plantas espontâneas, enquanto que a ervilhaca, por fixar o nitrogênio, melhora a fertilidade do solo e, por último o nabo forrageiro, devido ao sistema radicular, ajuda na descompactação do solo. Entre os adubos verdes de verão, destaca-se a mucuna anã que pode ser semeada nos meses de dezembro e janeiro, juntamente com o milho verde na mesma linha de plantio; ao ser colhido o milho verde, onde tem um bom retorno econômico a mucuna toma conta de toda a área (Figura 7), protegendo-a da erosão e das plantas espontâneas e melhorando a fertilidade do solo, além de reciclar os nutrientes que estão nas camadas mais profundas do solo. No inverno, a mucuna, em função do frio, seca sozinha, deixando a área pronta para o plantio direto de hortaliças no final do inverno. Caso não ocorra geada, há necessidade de roçar a mucuna com rolo-faca, especialmente em lavouras maiores.
  Figura 7. As leguminosas, como a mucuna anã, são ótimas opções para rotação e consorciação com milho por possuírem grande capacidade de melhorar a fertilidade e cobrir rapidamente o solo, reduzindo as plantas espontâneas, inibindo a presença de plantas espontâneas (ex.: tiririca, picão-preto e branco, capimcarrapicho e capim paulista), fixando o nitrogênio do ar e reciclando nutrientes do solo devido ao sistema radicular profundo.

Colheita
   O milho verde exige precisão do produtor na colheita e rapidez na comercialização. O milho híbrido passa do ponto muito rapidamente, apresentando um período útil de colheita (tempo de permanência em fase de milho verde) de aproximadamente 4 a 5 dias, exigindo precisão do produtor na colheita e rapidez na comercialização. O milho verde é mais precoce que o seco (milho normal), sendo colhido na fase chamada de grão leitoso e pastoso (fase iniciada normalmente entre 20 e 25 dias após a polinização), podendo ser colhido aos 90 dias, enquanto que o outro só fica no ponto aos 150 dias, no cultivo de verão. Na colheita de milho verde, nem todas as espigas são comercializáveis, havendo uma produção de palhada e espigas não comercializáveis que poderá ser utilizada como forragem ou como adubação orgânica. O cultivo de milho verde é quase exclusivo de pequenos e médios agricultores, que produzem em pequena escala e fazem a colheita do produto manualmente. Na colheita do milho verde em espiga, deve-se adotar cuidados e procedimentos utilizados na colheita de hortaliças, tais como: colher nos momentos mais frescos do dia; manusear as espigas com cuidado e à sombra, para evitar perda de umidade dos grãos; classificar ou padronizar as espigas por tamanho e encaixotar. O milho verde é colhido quando os grãos estão no estado leitoso, ou seja, com 70 a 80% de umidade. O milho verde é altamente perecível e perde rapidamente o sabor adocicado em razão da transformação da sacarose em amido nos grãos. O milho verde sem palha é frequentemente comercializado nas embalagens plástica, em ambiente refrigerado. Este produto não pode ficar fora de refrigeração nem por pouco tempo. A forma mais usual de embalar o milho verde tem sido o envolvimento do produto sobre uma bandeja de isopor com um filme de PVC. Sem refrigeração o milho verde precisa ser comercializado em um único dia. Com o uso de refrigeração pode fica 1 a 3 dias em balcões refrigerados sob umidade elevada. As espigas conservadas com palha tendem a ter melhor proteção contra a perda de água. Normalmente, o tempo de comercialização das espigas verdes empaladas é de 3 a 5 dias quando mantidas em temperatura ambiente.
Ferreira On 10/05/2011 01:22:00 PM Comentarios LEIA MAIS

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Insetos benéficos e sua importância para o homem e meio ambiente


    Quando o homem surgiu na face da terra, os insetos já habitavam a terra há milhões de anos. Muitos destes insetos causam prejuízos ao homem e animais, sejam através dos danos às plantações, ou através da transmissão de doenças. Apesar destes insetos prejudiciais terem mais atenção, a maioria das espécies são benéficas para o homem e meio ambiente.
Muitos insetos, tais como as abelhas, vespas e borboletas, ajudam na polinização das plantas; a polinização é uma espécie de simbiose que dá às planta a capacidade de se reproduzirem com mais eficiência, enquanto que os polinizadores ficam com o néctar e pólen. Alguns insetos também produzem substâncias úteis para o homem, como o mel, a cera, a laca e a seda. As abelhas e os bichos-da-seda têm sido criados pelo homem há milhares de anos e pode dizer-se que a seda afetou a história da humanidade, através do estabelecimento de relações entre a China e o resto do mundo. Em alguns lugares do mundo, os insetos são usados na alimentação humana, enquanto que noutros são considerados tabu.       
   Muitos insetos são detritívoros, alimentando-se de animais e plantas mortas, contribuindo assim para remineralização dos produtos orgânicos. Embora a maior parte das pessoas não saiba, provavelmente a maior utilidade dos insetos é que muitos deles são insetívoro, ou seja, alimentam-se de outros insetos, ajudando a manter o seu equilíbrio na natureza. Para qualquer espécie de inseto-praga existe uma espécie de vespa ou parasitóide ou predadora dela.
Em função da importância dos insetos benéficos para o homem e meio ambiente, o uso de inseticidas tem o efeito contrário ao desejado, uma vez que matam, não só os insetos-pragas, mas também os seus inimigos e os demais insetos que são benéficos para o homem.

Manejo de insetos-pragas com auxílio dos inimigos naturais
Os inimigos naturais são insetos, fungos, bactérias, vírus, nematóides,répteis, aves e mamíferos pequenos. Os animais que comem insetos na forma larval e adulta não são poucos.Todas as pragas das culturas têm seus inimigos naturais que as devoram ou destroem. Comer e ser comido, este é o sistema da natureza. Se uma espécie aumentar num ecossistema natural, seu "inimigo natural" igualmente aumentará, por causa das condições nutricionais favoráveis. Mas se exterminarem esta espécie, aquele também desaparecerá, por não encontrar mais comida em fartura. Daí a importância de diversificar os cultivos (rotação, sucessão e consorciação de culturas) e preservar refúgios naturais como matas, cercas vivas e capoeiras para manter a diversidade natural da fauna (ácaros predadores, aranhas, insetos, anfíbios, répteis, aves e mamíferos). Todos fazem parte do grande conjunto natural e cada um contribui para manutenção do equilíbrio na natureza. Entre as espécies de plantas que servem de refúgio aos inimigos naturais, destacam-se: o menstrato (Ageratum conyzoides), a beldroega (Portulaca oleracea), o caruru (Amaranthus viridis), o nabo forrageiro (Raphanus raphanistrum) e o sorgo granífero (Sorghum bicolor). No caso do sorgo, suas panículas em flor favorecem o abrigo e a reprodução de insetos como percevejo (Orius insidiosus), que é predador de lagartas, ácaros e tripes da cebola. Há, no entanto, plantas que são desfavoráveis à preservação e ao aumento de inimigos naturais das pragas, como mamona, capim, grama-seda, capim-amargoso, guanxuma, tiririca, picão-branco e carrapicho-carneiro. Entre os insetos, os inimigos naturais mais conhecidos são as joaninhas (Figura 1) e as vespinhas que parasitam especialmente pulgões (Figura 2), cochonilhas e lagartas.
Figura 1. Joaninha, um dos mais conhecidos predadores de pulgões
 Figura 2. Ataque intenso de pulgões em folha de couve

A importância das abelhas e outros insetos na polinização
    As abelhas podem ser indicadores biológicos do equilíbrio ambiental, muito útil no esforço da conservação, da biodiversidade e na exploração sustentável do meio ambiente. É na polinização das flores que as abelhas (Figura 3) mais contribuem, dando origem aos frutos de inúmeras espécies e chegando a aumentar a produtividade de plantas cultivadas em até 500%.
As flores são os órgãos reprodutivos das plantas, cujo objetivo é desenvolver as sementes que darão início a uma nova geração de plantas. Quando os óvulos presentes nas flores são fecundados, ou seja, quando a eles se unem as células masculinas, substâncias químicas são liberadas para estimular o crescimento do fruto e das sementes. Como a polinização é uma etapa anterior à fecundação, sem a primeira não há a possibilidade da segunda e, nem tampouco, do desenvolvimento de frutos e sementes. A polinização é, portanto, um momento crítico na reprodução sexual das plantas.
Mas afinal, o que é a polinização? a polinização nada mais é que a transferência do pólen da estrutura reprodutiva masculina de uma flor (estame), para a estrutura reprodutiva feminina (o pistilo) da mesma flor ou de outras flores. A transferência do pólen da antera para o estigma poderá ocorrer pela ação da gravidade, do vento, da água ou de animais. Os animais que realizam essa transferência são conhecidos como polinizadores e podem ser insetos (abelhas, besouros, moscas, borboletas, vespas e mariposas), aves (beija-flores e periquitos) e, mamíferos de pequeno porte (morcegos e roedores). Dentre esses animais, as abelhas merecem destaque como polinizadoras porque como dependem das plantas para a alimentação tanto de seus adultos quanto das crias, elas visitam constantemente as flores; elas possuem pilosidade por todo o corpo, o que facilita a aderência e o transporte de grãos de pólen; e apresentam uma enorme diversidade de espécies.
 Figura 3. Abelha visitando uma flor

A polinização ainda pode ser de dois tipos: autopolinização e polinização cruzada. A autopolinização ocorre quando uma flor recebe o seu próprio pólen ou o pólen de outras flores da mesma planta. Já a polinização cruzada irá ocorrer quando os grãos de pólen vierem de flores de outras plantas da mesma espécie. Flores de espécies diferentes não aceitam o pólen uma da outra, isto é, o pólen de uma espécie qualquer não consegue fecundar o óvulo de uma outra espécie. Mas certas plantas também não aceitam o seu próprio pólen (autoincompatibilidade) ou apresentam mecanismos que dificultam a ocorrência da autopolinização. Plantas que impedem a autopolinização são totalmente dependentes dos polinizadores para produzirem seus frutos, ou seja, sem polinizador não há sementes nem frutos. Isso ocorre no maracujá, no pepino e no mamoeiro, por exemplo. Já as plantas que dificultam a ocorrência desse tipo de polinização são beneficiadas com a visita de seus polinizadores, como a soja, a laranjeira, a tangerina, o feijão, o café, o melão e o morangueiro. Esse benefício, geralmente, se traduz em um maior vigor e maior número de sementes, e em maior tamanho e peso dos frutos. As abelhas cujo manejo para a polinização é comum em boa parte do mundo são: as abelhas de mel (Apis mellifera) nas mais diversas culturas; as mamangavas (especialmente Bombus terrestris) manejadas, de modo particular, no cultivo de solanáceas, e, em especial, em plantações de tomate; as abelhas carpinteiras (Xylocopa sp), no maracujá; diversas espécies do gênero Osmia, em plantações de maçã e outras frutíferas. 

As mudanças que o homem têm imposto ao seu ambiente vem reduzindo a abundância de abelhas silvestres, colocando em risco a produção de alimentos e a preservação de muitos ambientes naturais e das espécies que neles habitam. É urgente que se reconheça as abelhas e outros animais polinizadores como essenciais para a sustentabilidade da produção mundial de alimentos. 
Segundo pesquisadores, a produção de 2/3 da alimentação humana depende, direta ou indiretamente da polinização por insetos e, de acordo com estimativas feitas em 1998, pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), há no mundo uma perda de U$54 bilhões devido a deficiência na polinização das plantas cultivadas. 

A importância das abelhas na produção do mel

Além de realizarem um serviço fantástico para o homem e a natureza polinizando as flores, as abelhas ainda produzem o mel, que é um bactericida natural que rejuvenesce as células e prolonga a vida humana. O mel tem múltiplas aplicações e, além disso, é um ótimo alimento e, bem digerido facilita a digestão, é bom fortificante para pessoas de qualquer idade e, é rico em proteínas. As propriedades medicinais do mel apresentadas a seguir constituem apenas referências e não recomendações de utilização. A automedicação constitui-se numa prática comum, mas não recomendável. Algumas propriedades curativas do mel (Fonte: Bruning (1986):
Garganta infeccionada: fazer gargarejo de água com mel;
Tosse: pode ser controlada com chá feito com limão cortado com casca e tudo, dois dentes de alho
e bastante mel (toma-se quente);
Febre: mesma receita da tosse ou misturar mel, limão e água (pode-se tomar frio);
.Queimaduras e feridas: colocar mel em cima. O mel é excelente bactericida;
Esgotamento: o mel dá muita energia. Tomar algumas colheradas por dia, puro ou com água;
Prisão de ventre: o mel é suave laxante. Dissolver uma colher de mel em um copo de água e tomar;
Memória fraca: o mel fortifica o cérebro, por isso deve-se comer mel freqüentemente;
Úlcera: o mel é um bom cicatrizante. Tomar diversas vezes ao dia,dissolvido em água;
Infecções: o mel é comprovadamente bactericida (mata germes e bactérias);
Nervosismo: o mel é um suave calmante.Comer ou tomar com água antes de deitar;
Problemas cardíacos: o mel fortifica o coração;
Furúnculos: misturar farinha de trigo com mel e aplicar em cima do furúnculo;
Insônia: para combatê-la, tomar mel com água ao deitar;
Anemia: o mel é rico em ferro. Comer ou tomar com água;
Raquitismo infantil: não deixe faltar mel para as crianças, adoçando as mamadeiras com mel;
Cãibras: comer mel todos os dias torna os músculos fortes e resistentes;
Criança que molha a cama (enurese): pequena colher de mel antes de deitar;
Falta de apetite: comer mel puro ou tomar com água habitualmente;
Cansaço: o mel acaba com o cansaço. Comer e tomar com água habitualmente;
Sinusite e nariz entupido: comer mel puro ou tomar com água habitualmente;
Gripe: o mel combate poderosamente a gripe. Fazer um chá com mel,limão e alho;
Eczemas: aplicar mel em cima;
Longa vida: o mel rejuvenesce, por isso faz a pessoa alcançar longa vida;
Ressaca de bebida alcoólica: comer bastante mel. O efeito da embriaguez logo passa.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Manejo ecológico de insetos-pragas: reconhecimento, danos e controle Parte V – Final


   Normalmente, quando se considera o solo como "organismo vivo", realizando-se práticas ecologicamente corretas associadas ao uso de cultivares resistentes e ao manejo preventivo, não ocorrem maiores problemas com pragas. Em solos desequilibrados nos aspectos químico, físico e biológico podem ocorrer, eventualmente, durante o ciclo das hortaliças (desde a emergência até à colheita), pragas que prejudicam o crescimento das plantas e a qualidade das hortaliças.
Além dos grilos, paquinhas, lagarta rosca, vaquinhas, pulgões, lesmas, curuquerê-da-couve, broca das cucurbitáceas e do tomateiro, traça-do-tomateiro, traça-das-crucíferas e lagarta-do-cartucho, pragas tratadas anteriormente (ver matérias postadas neste blog – partes III e IV), também a mosca-branca, tripes, mosca minadora, ácaros e formigas cortadeiras, quando em ambiente desequilibrados, podem reduzirem a produtividade e a qualidade das hortaliças, causando prejuízos aos produtores.

• Mosca-branca (Bemisia tabaci e Bemisia argentifolii): as ninfas são bem distintas dos adultos e são recobertas por secreção pulverulenta. Os adultos são alados com asas e o restante do corpo recoberto por secreções pulverulenta branca, de onde vem o nome mosca branca que podem sobreviver até seis semanas. Esta denominação é imprópria, pois não se trata de uma mosca. Apresentam aproximadamente 40 plantas hospedeiras, destacando-se o melão de São Caetano. O potencial de postura da fêmea é de 400 ovos, sendo que 2/3 são fêmeas. Danos: tanto as ninfas como os adultos, são sugadores de seiva. Entretanto os maiores prejuízos às culturas são causados pela transmissão de vírus. As dejeções das moscas brancas possibilitam aparecimento da fumagina (fungo de coloração escuro nas folhas) que dificulta a fotossíntese. Manejo: o controle preventivo através de aquisição de mudas sadias, erradicação rápida de plantas doentes e de restos culturais evitam a infestação da praga; também o uso de barreiras utilizando milho, sorgo ou cana; utilizar armadilhas de cor amarela com cola adesiva; rotação de culturas com plantas não susceptíveis ao ataque; uso de variedades resistentes. É importante também a diversificação de espécies através de cultivos consorciados ou manter refúgios ao redor da lavoura para abrigar e servir de alimentos aos inúmeros inimigos naturais da praga, destacando-se os percevejos, besouros e vespas.

Tripes (Thrips tabaci): são insetos com asas franjadas e de coloração preta. Vivem na face inferior das folhas, onde sugam a seiva e são responsáveis por transmitirem doenças viróticas, além de favorecer a entrada de outras doenças. Apresenta tamanho reduzido de 1 mm e, dificilmente, são percebidos a olho nu. Estes insetos são facilmente encontrados nas principais culturas como alface, tomate, batata, pimentão e, especialmente, cebola e alho e também em outras plantas hospedeiras como: beldroega, caruru, maria-pretinha e outras. Danos: em cebola e alho , o ataque deixa as folhas raspadas com aspecto prateado ou esbranquiçado, alojando-se em locais mais escondidos (entre as folhas). Quando a temperatura aumenta e ocorrem estiagens, os tripes podem causar sérios danos por meio da raspagem e sucção da seiva das plantas. Com o aumento do ataque ocorre o amarelecimento e a retorção das folhas, a seca dos ponteiros das plantas e, como conseqüência, a diminuição do tamanho dos bulbos de cebola e alho, favorecendo a entrada de doenças, especialmente a mancha-púrpura (Alternaria porri). Manejo: o uso de armadilhas serve para monitorar a sua presença na lavoura. As armadilhas são bandejas plásticas ou de metal, pintados de branco no seu interior; coloca-se 1 L de água e 5 gotas de detergente, instalando-a sobre suporte de madeira com cerca de 0,5m de altura. Para cada 2,5 ha, devem ser instaladas 2 armadilhas, sendo uma colocada na parte mais alta e outra na mais baixa da lavoura na direção de predominância dos ventos. Folhas de papelão de coloração azul contendo cola, também atrai e prende os insetos. A irrigação por aspersão também reduz a infestação da praga. O preparado com alho também pode ser utilizado para o manejo de tripes. Modo de preparar: dissolver 50g de sabão em 4 L de água, juntar 2 cabeças picadas de alho e 4 colheres (sopa) de pimenta vermelha picada. Coar com pano fino e pulverizar as plantas atacadas. O uso de calda sulfocálcica na concentração de 0,5% (fase inicial) e 3% (plantas adultas) também é eficiente no manejo desta praga.

Minadores (Liriomyza huidobrensis): os insetos adultos são pequenas moscas, com aproximadamente 2 mm de comprimento, escuros e raramente percebidos na lavoura. Os ovos são introduzidos no interior das folhas e a larva de cor amarela à marrom, mede cerca de 1-2mm. O ciclo biológico é de 17 a 29 dias. Danos: as larvas fazem galerias (minas) nas folhas, entre a epiderme superior e inferior da folha, alimentando-se do tecido parenquemático (Figura 1). São pequenas larvas de diversas espécies de insetos. Os adultos são pequenas moscas (1 mm de comprimento).
 Figura 1. Danos causados pelos minadores em folha de feijão-de-vagem
 Formigas cortadeiras (Atta spp e Acromymex spp): embora existam mais de 400 espécies de formigas, a maior parte delas é inofensiva para a agricultura. As formigas-cortadeiras, especialmente as saúvas, podem causar prejuízos em pomares, hortas e lavouras. Elas cortam as folhas para levá-las ao formigueiro, onde servem de nutrição para os fungos, os verdadeiros alimentos das formigas. Danos: embora tenham preferência por determinadas espécies de plantas, quase todas as culturas são atacadas e danificadas pelas formigas que cortam as folhas e os ramos tenros, podendo destruir totalmente as plantas. Os prejuízos causados pelas formigas cortadeiras dos gêneros Atta e Acromyrmex, especialmente a primeira, são consideráveis.
Manejo das formigas cortadeiras
Controle físico: ao ser localizado o ninho (panela) é feito a destruição através da escavação e aplicação de cal virgem sobre o fungo que serve de alimento às formigas. Outra forma de destruí-las é aplicar manipueira (água da raiz da mandioca brava) sobre o ninho, ou ainda, água quente, carvão vegetal moído ou cinza de madeira.
Controle biológico: é a aplicação de uma calda microbiológica utilizando laranjas ou limões; essas frutas mofadas possuem os fungos Penicilium digitatum e Penicilium italicum que causam os mofos verde e azul, respectivamente, os quais destroem o fungo criado pelas formigas para se alimentar. Modo de preparar a calda: utilizar 2 a 4 laranjas ou limões mofados, moídos, deixando-os fermentar 4 a 5 dias em água com um pouco de melado ou açúcar. Diluir a 10% em água e aplicar em todos os olheiros. Depois de uma semana, repetir a aplicação.
Cultivo de plantas atrativas tóxicas: o gergelim é a melhor opção, pois suas folhas contêm uma substância chamada sesamina que é fungicida. Geralmente as formigas só carregam folhas inofensivas ao formigueiro, mas o gergelim é uma exceção, pois é uma das folhas preferidas pelas saúvas, mas mata o fungo que serviria de alimento à rainha e às larvas. Modo de usar: deve-se cortar e distribuir as folhas de gergelim em locais de passagem das cortadeiras, próximos aos olheiros do formigueiro. As formigas carregam essas folhas para o formigueiro e, em 4 a 5 dias cessam suas atividades, envenenadas pela substância tóxica. Recomenda-se fazer uso contínuo dessa prática até o fim da infestação das cortadeiras. O uso de iscas com sementes de gergelim e com raízes de mandioca-brava raladas colocadas ao redor do formigueiro intoxicam as formigas pelo ácido cianídrico. O uso de sementes de gergelim, como iscas para ninhos pequenos, na base de 30 a 50g, ao redor do olheiro é útil no combate a formigas que irão carregá-las para dentro para alimentar os fungos; estes, ao se alimentarem, morrem e, com isso, deixam as formigas sem alimento. Um bom método natural para espantar as formigas é espalhar sementes de gergelim em torno dos canteiros ou da área a ser protegida.
Plantas repelentes ou tóxicas: plantas como hortelã, batata-doce, salsa, cenoura e mamona funcionam como repelentes ou intoxicantes.
Uso da manipueira: é um líquido de aspecto leitoso e de cor amarelo-clara que escorre das raízes da mandioca, por ocasião da sua prensagem para obtenção de fécula ou farinha de mandioca. Recomenda-se utilizar 2 L de manipueira no formigueiro para cada olheiro, repetindo a cada 5 dias. Em tratamento de canteiro, regar o canteiro usando 4 L de manipueira e uma parte de água, acrescentando 1% de açúcar ou farinha de trigo. Aplicar em intervalos de 14 dias, pulverizando ou irrigando.

Ácaros: são pequenas "aranhas", medindo frações de milímetros que vivem na face inferior das folhas. Não são vivíveis a olho nu; para vê-los é preciso utilizar uma lente com, no mínimo, dez vezes de aumento. São pragas tipicamente causadas pelo desequilíbrio ambiental. A ocorrência de ácaro é mais comum em lavouras com uso contínuo de inseticidas e de herbicidas. O seu ataque é mais intenso em épocas quentes e secas. Danos: os ácaros introduzem os estiletes no tecido vegetal e removem o conteúdo citoplasmático das células. Os sintomas e danos dependem da espécie do ácaro e da cultura considerada. Provocam enrolamento das bordas das folhas, deixando a face inferior bronzeada (Figura 2) ou folha amarelada com pontos necróticos tomando toda a folha, provocando o secamento e queda das mesmas. Os danos indiretos são a transmissão de viroses.
 
 Figura 2. Danos do ácaro-rajado

Manejo: tendo em vista que existem inúmeros inimigos naturais, recomenda-se manter vegetação entre as linhas dos cultivos, permitindo assim o abrigo e alimento do inimigos naturais (ácaros predadores) para que possam se desenvolver e realizar o controle biológico dos ácaros que atacam as plantas cultivadas; a farinha de trigo, além de ser um espalhante adesivo ecológico, também serve para o manejo de ácaros. Modo de preparar: diluir 1 colher (sopa) de farinha de trigo em 1 L de água e pulverizar as plantas atacadas. Aplicar pela manhã em cobertura total nas folhas, em dias quentes, secos e com sol. Mas tarde, as folhas secando com o sol formam uma película que envolve as pragas e caem com o vento; uso de enxofre, produto natural que pode ser usado puro ou na calda sulfocálcica. Ao ser utilizado puro deve-se misturar a seco 800g de enxofre e 200g de farinha de milho bem fina. Diluir 34g em 10L de água e aplicar sobre as plantas; ao utilizar a calda sulfocálcica deve-se pulverizar as plantas na concentração de 0,3 a 0,5% na fase inicial das plantas e de 1,5 a 3,0% nas plantas adultas.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Manejo ecológico de insetos-pragas: reconhecimento, danos e controle Parte IV


   No cultivo orgânico, as pragas e doenças surgem como um sinal de desequilíbrio que são as verdadeiras causas dos problemas. Em solos desequilibrados nos aspectos químico, físico e biológico podem ocorrer, eventualmente, durante o ciclo das hortaliças (desde a emergência até à colheita), doenças, pragas e plantas espontâneas que prejudicam o crescimento das plantas e a qualidade do produto. O controle dos efeitos, mesmo com métodos naturais, causa desarmonia, pois, além de exterminar as pragas, elimina também seus inimigos naturais e outros insetos benéficos (abelhas, joaninhas, mamangava, minhocas, entre outros). Por isso, em agricultura orgânica tratam-se as causas para que os resultados sejam os mais duradouros e equilibrados possíveis. Os produtos alternativos, mesmo que não causem maiores riscos ao homem e ao meio ambiente, somente devem ser utilizados quando realmente necessários.
Além dos grilos, paquinhas, lagarta rosca, vaquinhas, pulgões e lesmas, pragas tratadas anteriormente (ver matéria postada neste blog – parte III), também a curuquerê-da-couve, broca das cucurbitáceas e do tomateiro, traça-do-tomateiro e traça-das-crucíferas, lagarta-do-cartucho, , mosca-branca, mosca minadora, tripes, ácaros e formigas cortadeiras, quando em ambiente desequilibrados, podem causar prejuízos aos produtores, especialmente no cultivo de hortaliças.

• Curuquerê-da-couve (Ascia monuste orseis): o adulto é uma borboleta com asas branca-amareladas e as bordas marrom-escuras, mede cerca de 5 cm de envergadura. As lagartas bem desenvolvidas medem de 3 a 3,5 cm de comprimento, com coloração cinza-esverdeada, sendo a cabeça de cor escura. A lagarta pode permanecer se alimentando entre 20 e 25 dias. Danos: as lagartas são bastante vorazes, alimentando-se das folhas (Figura 1).
 
Figura 1. Ataque de lagartas em couve
Manejo: recomenda-se o controle biológico com a bactéria Bacillus thurigiensis, vendido comercialmente como Dipel e outros produtos; uso de plantas medicinais repelentes à borboleta, consorciado ou em torno dos cultivos, tais como sálvia, hortelã e alecrim. O preparado com sálvia também tem boa eficiência no manejo da praga. Modo de preparar: derramar 1 L de água fervente sobre 2 colheres (sopa) de folhas secas de sálvia, tampar o recipiente e deixar em infusão durante 10 minutos, agitar bem, filtrar e pulverizar imediatamente as plantas atacadas para combater a borboleta branca que coloca os ovos nas folhas de couve e dá origem às lagartas que comem as folhas; o controle mecânico, especialmente em pequenas hortas ou em poucas plantas, através da destruição dos ovos que são colocados nas folhas das plantas atacadas, pode reduzir a infestação das lagartas.

• Traça-das-crucíferas (Plutella xyslotella): trata-se de um microlepidóptero de coloração parda. As lagartas podem medir 10 mm de comprimento, com coloração verde-clara e cabeça parda e sobre o corpo apresentam pequenos pêlos esparsos. A fêmea coloca os ovos na página inferior da folha, isolados ou em grupos de 2 a 3, arredondados e, de coloração verde. Danos: a lagarta alimenta-se da epiderme da página inferior da folha. Em altas infestações, danifica totalmente as plantas. Manejo: controle biológico com a bactéria Bacillus thuringiensis, vendido comercialmente como Dipel e outros produtos, pulverizando-se as plantas atacadas, semanalmente.

• Broca-das-cucurbitáceas (Diaphania nitidalis): é uma borboleta de 30 mm de envergadura, com coloração marrom-violácea, com asas apresentando uma área central amarelada semitransparente. A fêmea efetua postura em folhas, ramos ou frutos. As lagartas são esverdeadas (Figura 2) e alimentam-se de qualquer parte vegetal, mas dão preferência pelos frutos. O ciclo completo é de 25 a 30 dias. Danos: abrem galerias e destroem a polpa causando o apodrecimento e inutilizando os frutos (Figura 3). As borboletas põem os ovos nas plantas, originando depois de 3 dias, pequenas lagartas que se introduzem nos frutos em formação.
Figura 2. Broca das cucurbitáceas: fase de larva (lagarta)
Figura 3. Danos da broca das cucurbitáceas em pepino
Manejo: o controle biológico com a bactéria Bacillus thurigiensis, vendido comercialmente como Dipel e outros produtos, pulverizados, semanalmente e preventivamente, a partir do florescimento das plantas, é eficiente no manejo da praga; a abobrinha caserta, cultivada entre as covas de pepino e outras cucurbitáceas, funciona como planta isca, atraindo a broca das cucurbitáceas, sendo que posteriormente devem ser destruídas através da compostagem, quando estiverem muito atacadas pelas lagartas.

Broca pequena do tomateiro (Neuleucinodes elegantalis): é uma borboleta de cerca de 25 mm de envergadura e coloração branca. As lagartas completamente desenvolvidas (Figura 4), medem cerca de 11 a 13mm de comprimento, apresentando coloração rosada uniforme. Os ovos são brancos e de número variável, em média, 3 por fruto. Danos: a broca ataca solanáceas, especialmente tomate, berinjela e pimentão. O dano começa quando as fêmeas fertilizadas colocam seus ovos nas bases dos frutos ainda pequenos e, em formação, precisamente debaixo do cálice da flor. Após a eclosão dos ovos, que leva em torno de 4 a 5 dias, em poucas horas, ocorre a penetração da broca no fruto. O dano começa a partir do início do florescimento. As larvas crescem no interior do fruto, alimentando-se da polpa e abrindo galerias. Após 22 dias, a praga sai do fruto, deixando um orifício e vai para o solo, onde vira borboleta.
Figura 4. Danos da broca pequena nos frutos, a pior praga do tomateiro

 Manejo: controle biológico com a bactéria Bacillus thurigiensis, conhecido comercialmente como Dipel e outros produtos, pulverizados, semanalmente e preventivamente, a partir do florescimento das plantas.  Resultados de pesquisa obtidos na Epagri/Estação Experimental de Urussanga mostraram que a calda bordalesa (0,5 a 1%), além de ser eficiente no manejo das doenças foliares do tomate, também reduz a ocorrência da broca pequena do tomateiro. A proteção dos frutos de tomate através de ensacamento das pencas com sacos de papel encerado ou TNT – tecido não tecido (Figura 5), muito utilizado em decorações de festas, é outra medida eficiente para proteger os frutos das brocas e traça do tomateiro. Recomenda-se o ensacamento das pencas, quando as inflorescências estão com seis a oito flores. 
   
 Figura 5. Ensacamento de pencas de tomate com sacos de TNT para proteger os frutos das brocas, traças e outros insetos-pragas

Traça-do-tomateiro (Tuta absoluta): os adultos são pequenas borboletas de cor cinza, marrom ou prateada, medindo aproximadamente 10 mm de comprimento e podem viver até 1 semana. Acasalam-se imediatamente após a emergência, voam e ovipositam nas plantas de tomate, preferencialmente ao amanhecer e entardecer. Os ovos são colocados nas folhas, hastes, flores e frutos. São de cor branca e, se tornam amarelados ou marrons. As larvas eclodem 3 a 5 dias após a postura e são de cor branca ou verde. Após a eclosão, penetram imediatamente nas folhas, nos frutos ou nos ápices das hastes, onde permanecem por 8 a 10 dias, quando se transforma em pupa. Danos: os danos são causados pelas larvas que formam minas nas folhas e se alimentam no interior destas. Podem destruir completamente as folhas do tomateiro e tornar imprestáveis os frutos, perfurando-os, além de facilitar a entrada de doenças. Quando o produtor notar que as plantas de tomateiro não estão mais crescendo, é bem provável que seja o ataque da traça que está impedindo. Manejo: controle biológico com a bactéria Bacillus thurigiensis, vendido comercialmente como Dipel e outros produtos, pulverizados semanalmente e preventivamente, a partir do florescimento das plantas; a diversificação de espécies (servem como abrigo e alimento dos inimigos naturais), através de refúgios, consorciação entre os cultivos ou ao redor da lavoura é muito importante, pois a traça-do-tomateiro tem muitos inimigos naturais tais como vespas, aranhas, percevejos, formigas e outros; o controle cultural através da destruição dos restos do tomateiro através de compostagem também é muito importante para interromper o ciclo da praga. O coentro (Figura 5), consorciado com as plantas de tomate, repele a traça-do-tomateiro.

Figura 6. O coentro, consorciado com as plantas de tomate, repele a traça-do-tomateiro

Lagarta-do-cartucho ou militar (Spodoptera frugiperda): é uma borboleta com asas anteriores pardo-escuras e posteriores branco-acinzentadas. As fêmeas colocam os ovos na parte superior das folhas. As lagartas são de cor pardo-escuro, verde e preta. Após a alimentação empupam no solo. Possui ciclo de vida de 36 a 86 dias. Danos: raspagem até destruição das folhas com prejuízo de 20% na produção, aumentando em épocas mais quentes e secas do ano. Manejo: controle biológico com a bactéria Bacillus thurigiensis, vendido comercialmente com o nome de Dipel e outros produtos, a partir do início do ataque das plantas.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Cultivo orgânico de milho-verde


    O milho (Zea mays) é um conhecido cereal cultivado em grande parte do mundo, pertencente a família botânica Poáceas (milho, aveia, cana-de-açúcar, pastagens e outras) anteriormente denominada de Gramineas. O milho é uma planta originária da América Central com grande capacidade de adaptação a diversos climas, sendo plantado em praticamente todas as regiões do mundo, ao nível do mar e em regiões montanhosas, em climas úmidos e regiões secas. O milho verde faz parte da culinária brasileira, originária dos índios que aqui sempre viveram. O milho-verde (assim denominado por ser colhido antes de amadurecer) é consumido verde, cozido ou assado na espiga. Existem várias espécies e variedades de milho, todas pertencentes ao gênero Zea. O milho-verde pode ser comprado na espiga, com ou sem palha. Os grãos devem estar bem desenvolvidos, porém macios e leitosos. A palha deve apresentar-se com aspecto de produto fresco e cor verde viva. Para consumo em saladas, assado ou cozido, prefira os grãos mais novos. O milho também pode ser consumido na forma de suco e ingrediente para fabricação de bolo, biscoitos, sorvetes e pamonhas. A planta de milho pode ser aproveitada praticamente em sua totalidade. Após a comercialização das espigas, os restos da planta podem ser aproveitados para posterior incorporação ou como cobertura do solo para plantio direto, ou ainda, sendo triturado para compor a silagem para a alimentação animal.
    O milho é um dos alimentos mais nutritivos que existem. Além dos minerais, o milho verde é rico em vitaminas, em especial as do complexo B, muito importante para o bom funcionamento do sistema nervoso. Estudos realizados na Espanha revelaram que o consumo de milho, associado a cerejas, aveia e vinho tinto, retarda os efeitos da idade no organismo. A razão seria que esses alimentos apresentam alto teor de melatonina, substância produzida em pequenas quantidades pelo corpo, que tem propriedades antioxidantes e atrasa a degeneração. Além disso, o grão também contribui para adiar os processos inflamatórios naturais do envelhecimento, portanto, ajuda a manter o corpo jovem por mais tempo.
  A produção do milho-verde agrega valor, permitindo o uso de mão-de-obra familiar, movimentando o comércio e a indústria caseira. É uma atividade quase que exclusiva de pequenos e médios agricultores. Atualmente, as principais características exigidas pelo mercado para o milho verde são: grãos dentados amarelos, grãos uniformes, espigas longas e cilíndricas (espigas maiores que 15 cm de comprimento e 3 cm de diâmetro), sabugo fino e claro, boa granação, pericarpo delicado e bom empalhamento (espigas bem empalhadas de coloração verde intensa), boa produtividade, alta capacidade de produção de massa e baixa produção de bagaço e tolerância às principais pragas e doenças.
Escolha correta da área e análise do solo
   Recomendam-se áreas não cultivadas com espécies da mesma família botânica (poáceas) nos últimos anos. Solos de textura média, com teores de argila em torno de 30-35% ou mesmo argilosos, com boa estrutura que possibilitam adequada drenagem apresentam boa capacidade de retenção de água e de nutrientes disponíveis às plantas, são os mais recomendados para a cultura do milho. Os solos arenosos (teor de argila inferior a 15%) devem ser evitados, devido à sua baixa capacidade de retenção de água e nutrientes disponíveis às plantas.Preferencialmente, devem-se utilizar solos leves e profundos, com mais de 3,5% de matéria orgânica e com boa drenagem. A análise do solo deve ser feita com antecedência para conhecimento da fertilidade e acidez do solo. Com base nessa análise, o técnico do município poderá fazer a recomendação adequada da acidez do solo e adubação orgânica.
Época de Plantio e Cultivares
   O plantio de uma lavoura deve ser muito bem planejado. O planejamento começa com a compra de uma boa semente. A melhor época de plantio coincide com o início do período chuvoso de cada região, embora os melhores preços sejam obtidos na entressafra ou plantios irrigados de inverno. Pesquisas realizadas mostram que a melhor época para se plantar milho na região Sul, vai da segunda quinzena de setembro até o final da primeira quinzena de novembro, sendo a melhor época em 15 de outubro. No entanto, tendo em vista o bom mercado do milho verde especialmente no Litoral, em função do aumento da população nas praias, é interessante o escalonamento da produção, podendo-se obter boas produções nos meses de dezembro e até janeiro. Especialmente nestes últimos dois meses recomenda-se a consorciação do milho verde com mucuna anã, com o objetivo de cobrir o solo, reduzir a infestação de plantas espontâneas e, especialmente, melhorar a fertilidade do solo. Existem no mercado inúmeros híbridos de milho com resistência à maioria das doenças e com boas características para produção de milho verde. Recomenda-se, no entanto, ao escolher o híbrido, consultar um técnico para que ele indique os melhores materiais visando a produção de milho verde. Também são oferecidos no mercado, embora em menor número, cultivares com boa produtividade e qualidade de espigas visando a produção de milho verde. É importante ressaltar que no cultivo orgânico não é permitido o uso de cultivares transgênicas.
Preparo do solo e plantio
   No cultivo orgânico deve-se evitar o revolvimento do solo, por isso, a técnica de plantio direto vem crescendo muito, dispensando o preparo tradicional do solo, embora exige maior conhecimento técnico e máquinas apropriadas, além da produção anual de massa verde para palhada. O plantio direto na palha facilita muito a conservação do solo, por diminuir em até 70% as perdas de solo por erosão, além de conservar a umidade e reduzir as plantas espontâneas. Quando o terreno não é plano, a plantação deve ser feita em curva de nível. O plantio pode ser manual, com enxadas ou plantadeiras, e em covas distanciadas um metro entre as linhas e 50 cm entre as covas com 3 sementes cada uma ou com plantadeiras, com sementes de 20 em 20 cm. Quando a semente fica depositada no sulco de plantio a uma profundidade de 5cm e o adubo a uma profundidade de 10 a 15cm, tem-se os melhores resultados.
Adubação orgânica
   Tanto a adubação de plantio como de cobertura deve ser conforme recomendação, baseada na análise do solo e nos teores de nutrientes do adubo orgânico. Recomenda-se, preferencialmente, o composto orgânico que pode ser aplicado por ocasião do plantio. O adubo orgânico, especialmente se for esterco de animais (aves ou de gado), deve ser curtido e uniformemente incorporado ao solo, no sulco, de preferência 10 a 15 dias antes do plantio das sementes.
Tratos culturais
Capinas: após a germinação, há necessidade de controlar o desenvolvimento de plantas espontâneas que aparecem junto à cultura. Normalmente, dependendo da infestação de plantas espontâneas, 2 a 3 capinas são suficientes para manter a cultura no limpo até os 35-40 dias, época da adubação de cobertura. Passada essa fase, as plantas espontâneas não tem mais condições de concorrer com as plantas de milho devido ao seu rápido desenvolvimento e conseqüente sombreamento do solo, criando condições desfavoráveis para as plantas espontâneas. No cultivo orgânico, as plantas espontâneas são consideradas "amigas" dos cultivos, por isso, recomenda-se as capinas somente nas linhas de plantio (faixas de 20cm), deixando-as nas entrelinhas e roçando-as somente quando necessário. Recomenda-se também, sempre que possível, semear os adubos verdes no outono (aveia, ervilhaca e nabo forrageiro, isoladamente ou em consórcio) e o cultivo mínimo do milho no final do inverno e início de primavera, preparando-se apenas a linha de plantio e roçando, quando necessário, nas entrelinhas (Figuras 1,2 e 3).
Irrigação o efeito da falta de água, associado à produção de grãos, é particularmente importante em três estádios de desenvolvimento da planta: a) iniciação floral e desenvolvimento da inflorescência, quando o número potencial de grãos é determinado; b) período de fertilização, quando o potencial de produção é fixado; c) enchimento de grãos. As máximas produtividades ocorrem quando o consumo de água durante todo o ciclo está entre 500 e 800mm. A cultura exige um mínimo de 350-500mm para que produza sem necessidade de irrigação. Dois dias de estresse hídrico no florescimento, diminuem o rendimento em mais de 20%, sendo que quatro a oito dias diminuem em mais de 50%.
 Figura 1. Cultivo mínimo de tomate (à esquerda) e milho-verde (à direita), na fase inicial de desenvolvimento das plantas, sobre consórcio de adubos verdes (aveia + ervilhaca+nabo forrageiro) semeados no outono
Figura 2. Cultivo mínimo de tomate (à esquerda) e milho-verde (à direita), na fase intermediária de desenvolvimento das plantas, sobre consórcio de adubos verdes (aveia + ervilhaca+nabo forrageiro) semeados no outono
 Figura 3. Cultivo mínimo de milho-verde orgânico (fase de florescimento) sobre consórcio de adubos verdes semeados no outono

Manejo de doenças e pragas
    A cultura do milho está sujeita à ocorrência de algumas doenças e pragas que podem afetar a produção, a qualidade, a palatabilidade e o valor nutritivo dos grãos. As principais doenças são: doenças foliares e podridões das raízes, do colmo e espiga. Manejo: as principais medidas para o manejo das doenças é o uso de cultivares resistentes, rotação de culturas, manejo adequado da irrigação e, especialmente a eliminação através da compostagem ou enterrio, de restos de cultura onde ocorreu as doenças. Dentre as pragas destacam-se:
Lagarta-do-cartucho ou militar (Spodoptera frugiperda): é considerada a principal praga da cultura do milho no Brasil. É uma borboleta com asas anteriores pardo-escuras e posteriores branco-acinzentadas. As fêmeas colocam os ovos na parte superior das folhas. As lagartas são de cor pardo-escuro, verde e preta. Após a alimentação empupam no solo. Possui ciclo de vida de 36 a 86 dias. Danos: raspagem até destruição das folhas com prejuízo de 20% na produção, aumentando em épocas mais quentes e secas do ano. O ataque ocorre desde a emergência do milho até o pendoamento e espigamento. Manejo: controle biológico com a bactéria Bacillus thurigiensis, vendido comercialmente com o nome de Dipel e outros produtos, a partir do início do ataque das plantas.
Vaquinhas: os adultos são insetos polífagos (atacam várias culturas), pequenos besouros de cores variadas - verde-amarelo (Diabrotica), preto com manchas amarelas (Cerotoma) – Figura 4, verde metálica (Colaspis) e, tamanho aproximado de 10 mm. Ovos branco-amarelado são colocados isoladamente em fendas no solo. A larva conhecida como larva-alfinete (Figura 5) pode chegar até 10 mm de tamanho, alimentando-se de raízes de plantas (Figura 6) e tubérculos de batata. Na fase de larva os prejuízos são irreversíveis, pois tombam as plantinhas recém-emergidas (milho, feijão, feijão-vagem e outras) e furando raízes e tubérculos. Danos: os furos causados pelos insetos adultos nas folhas, associados aos danos causados pelas larvas, acarretam perdas na produtividade e qualidade dos cultivos.
Lagarta-da-espiga (Helicoverpa zea) : ataca as espigas desde o início da formação dos grãos e durante a fase do estado leitoso, podendo também atacar as folhas. Além de destruir em parte as espigas, deixa orifícios na palha, por onde penetram fungos e outros microorganismos e água de chuva, concorrendo assim para a deterioração da espiga. Seu controle é difícil, pois a lagarta aloja-se dentro da espiga e fica muito bem protegida.
Figura 4. Vaquinha na fase de adulto causa danos através do desfolhamento das plantas, especialmente no início de desenvolvimento das culturas.
 Figura 5. Vaquinha na fase de larva causa danos nas raízes das plantas recém-emergidas e também em raízes de batata-doce e tubérculos de batata (larva- alfinete)
 
   Figura 6. Danos nas raízes de milho, provocados pela larva-alfinete (vaquinha na fase de larva)


Rotação e consorciação de culturas
    O cultivo intensivo das mesmas espécies de hortaliças na mesma área esgota o solo em certos nutrientes e aumenta a ocorrência de doenças, pragas e plantas espontâneas. Para não confundir os diferentes sistemas de produção de hortaliças é preciso definir cada um deles:
Monocultura: é o uso continuado de uma mesma cultura, numa mesma estação de crescimento e numa mesma área. Todos os anos a mesma ou as mesmas espécies são semeadas ou plantadas no mesmo local.
Sucessão de culturas: é o estabelecimento de duas ou mais espécies em seqüência na mesma área, em um período igual ou inferior a 12 meses.
Consorciação de culturas: é o estabelecimento de duas ou mais espécies simultaneamente na mesma área. Neste tipo de cultivo há competição interespecífica em parte ou em todo o ciclo de desenvolvimento da cultura.
A rotação de culturas pode ser definida como o cultivo alternado de diferentes espécies vegetais no mesmo local e na mesma estação do ano, seguindo-se um plano predefinido, de acordo com princípios básicos. Dentre estes, destacam-se:
- não cultivar, no mesmo lugar, hortaliças da mesma família botânica, pois essas espécies estão sujeitas às mesmas pragas, doenças e plantas espontâneas. É o princípio de "matar de fome" os insetos, os fungos e as bactérias que atacam as plantas cultivadas;
- o plantio de espécies de famílias botânicas diferentes na mesma área também é importante, devido às diferenças de exigências nutricionais e de sistema radicular das espécies de plantas incluídas no sistema de rotação de culturas.
Rotação e consórcio com adubos verdes: a adubação verde é altamente recomendável para o sucesso da agricultura orgânica. No entanto, muitas vezes para pequenos produtores, devido a escassez de áreas, esta prática torna-se difícil, pois não poderia ter um retorno econômico. Uma alternativa viável técnica e econômica seria fazer o consórcio das hortaliças com os adubos verdes de inverno e de verão. Estes adubos verdes, além de cobrirem o solo, evitando a erosão, reduzem a infestação de plantas espontâneas, reciclam os nutrientes devido aos diferentes sistemas radiculares e, ainda melhoram a fertilidade do solo. Entre os adubos verdes de inverno, destacam-se a aveia, ervilhaca e nabo forrageiro (Figuras 1 e 2), que podem serem semeados no outono; a aveia tem como principal função a cobertura do solo, inibindo as plantas espontâneas, enquanto que a ervilhaca, por fixar o nitrogênio, melhora a fertilidade do solo e, por último o nabo forrageiro, devido ao sistema radicular, ajuda na descompactação do solo. Entre os adubos verdes de verão, destaca-se a mucuna anã que pode ser semeada nos meses de dezembro e janeiro, juntamente com o milho verde na mesma linha de plantio; ao ser colhido o milho verde, onde tem um bom retorno econômico a mucuna toma conta de toda a área (Figura 7), protegendo-a da erosão e das plantas espontâneas e melhorando a fertilidade do solo, além de reciclar os nutrientes que estão nas camadas mais profundas do solo. No inverno, a mucuna, em função do frio, seca sozinha, deixando a área pronta para o plantio direto de hortaliças no final do inverno. Caso não ocorra geada, há necessidade de roçar a mucuna com rolo-faca, especialmente em lavouras maiores.
  Figura 7. As leguminosas, como a mucuna anã, são ótimas opções para rotação e consorciação com milho por possuírem grande capacidade de melhorar a fertilidade e cobrir rapidamente o solo, reduzindo as plantas espontâneas, inibindo a presença de plantas espontâneas (ex.: tiririca, picão-preto e branco, capimcarrapicho e capim paulista), fixando o nitrogênio do ar e reciclando nutrientes do solo devido ao sistema radicular profundo.

Colheita
   O milho verde exige precisão do produtor na colheita e rapidez na comercialização. O milho híbrido passa do ponto muito rapidamente, apresentando um período útil de colheita (tempo de permanência em fase de milho verde) de aproximadamente 4 a 5 dias, exigindo precisão do produtor na colheita e rapidez na comercialização. O milho verde é mais precoce que o seco (milho normal), sendo colhido na fase chamada de grão leitoso e pastoso (fase iniciada normalmente entre 20 e 25 dias após a polinização), podendo ser colhido aos 90 dias, enquanto que o outro só fica no ponto aos 150 dias, no cultivo de verão. Na colheita de milho verde, nem todas as espigas são comercializáveis, havendo uma produção de palhada e espigas não comercializáveis que poderá ser utilizada como forragem ou como adubação orgânica. O cultivo de milho verde é quase exclusivo de pequenos e médios agricultores, que produzem em pequena escala e fazem a colheita do produto manualmente. Na colheita do milho verde em espiga, deve-se adotar cuidados e procedimentos utilizados na colheita de hortaliças, tais como: colher nos momentos mais frescos do dia; manusear as espigas com cuidado e à sombra, para evitar perda de umidade dos grãos; classificar ou padronizar as espigas por tamanho e encaixotar. O milho verde é colhido quando os grãos estão no estado leitoso, ou seja, com 70 a 80% de umidade. O milho verde é altamente perecível e perde rapidamente o sabor adocicado em razão da transformação da sacarose em amido nos grãos. O milho verde sem palha é frequentemente comercializado nas embalagens plástica, em ambiente refrigerado. Este produto não pode ficar fora de refrigeração nem por pouco tempo. A forma mais usual de embalar o milho verde tem sido o envolvimento do produto sobre uma bandeja de isopor com um filme de PVC. Sem refrigeração o milho verde precisa ser comercializado em um único dia. Com o uso de refrigeração pode fica 1 a 3 dias em balcões refrigerados sob umidade elevada. As espigas conservadas com palha tendem a ter melhor proteção contra a perda de água. Normalmente, o tempo de comercialização das espigas verdes empaladas é de 3 a 5 dias quando mantidas em temperatura ambiente.
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