sábado, 14 de junho de 2014


Autores
Antônio Carlos Ferreira da Silva, engenheiro agrônomo, M.Sc., pesquisador aposentado da Epagri/Estação Experimental de Urussanga, SC, e-mail: ferreira51@ymail.com

Luiz Augusto Martins Peruch, engenheiro agrônomo, Dr., pesquisador da Epagri/Estação Experimental de Urussanga, SC, e-mail: lamperuch@epagri.sc.gov.br

Publicação:  O trabalho faz parte do Boletim Didático nº 88 “Produção orgânica de hortaliças no litoral sul catarinense” publicado pela Epagri. Interessados em adquirir a publicação completa e ilustrada com 205 páginas, devem entrar no site: www.epagri.sc.gov.br


Ainda nos dias atuais, grande número de pessoas ligadas à agricultura sustenta a ideia de que não é possível produzir alimentos sem o uso de adubos químicos solúveis e agrotóxicos. Em função disso, alguns mitos a respeito da agricultura orgânica foram criados e divulgados pelo mundo. Entre eles, destacam-se: “A agricultura orgânica é de alto risco, cara e que exige muita mão de obra. A agricultura orgânica, além de reduzir a produtividade, proporciona produtos orgânicos de padrão comercial inferior e inadequado às exigências dos consumidores”.
A literatura existente, embora ainda escassa, tem mostrado que as crenças sobre agricultura orgânica não são verdadeiras. Conforme pode ser verificado na bibliografia citada e consultada deste boletim, já existem  vários trabalhos que comprovam as vantagens do cultivo orgânico em relação ao convencional para diversas espécies.
Dentre as culturas estudadas no sistema orgânico, as hortaliças, caracterizadas por grande número de espécies, ciclo curto, utilização intensiva do solo e insumos e alta susceptibilidade a doenças e pragas, especialmente quando mal manejadas, apresentam poucos resultados de pesquisa.
A Epagri, por meio das Estações Experimentais em todo o Estado de Santa Catarina, tem contribuído com trabalhos de pesquisa visando à produção de hortaliças no sistema orgânico com resultados promissores. A EEUr, a partir de 2000, concentrou esforços em pesquisas com base agroecológica em hortaliças, especialmente no cultivo de batata e, posteriormente, nas culturas de cebola, tomate, repolho, couve-flor, brócolis, cenoura, alface, beterraba, batata-doce e feijão-de-vagem, com o objetivo de verificar a viabilidade técnica e econômica do cultivo orgânico. A seguir, serão apresentados os resultados de destaque obtidos nos cultivos orgânicos de tomate e cebola. 

Tomate
O cultivo de tomate a céu aberto, devido à maior susceptibilidade a doenças e pragas, tem sido apontado como o maior desafio no sistema de produção orgânico. A doença da parte aérea denominada requeima (Phytophthora infestans) pode arrasar uma lavoura em poucos dias caso não seja tratada com produtos eficientes.

Figura 1. Frutos de tomate (cv. Santa Clara) produzidos no cultivo orgânico, plantio de primavera em 2004 na EEUr

Efeito da rotação de culturas no tomateiro sob cultivos orgânico e convencional
Resultados obtidos na EEUr, na média de três  anos (2004, 2005 e 2006), utilizando-se o cultivar Santa Clara, no plantio de inverno/primavera, revelou o efeito da rotação de culturas para o tomate nos sistemas de produção orgânico e convencional. O sistema com rotação de culturas superou o monocultivo em 76,6% e 45,8% quanto à produtividade de frutos comerciais, respectivamente, nos sistemas de cultivo orgânico e convencional. É importante destacar que a cultura do feijão-vagem, semeada em janeiro, foi utilizada em sucessão ao tomate para aproveitamento do tutor.
Quando se compararam os sistemas de produção foi constatado que os eles foram semelhantes quanto ao rendimento de frutos comerciais, alcançando 34,2 e 32,9t/ha nos sistemas de cultivo orgânico e convencional, respectivamente.
Ao se comparar a produção de frutos não comerciais, constatou-se que o cultivo orgânico proporcionou a metade de frutos brocados e com podridão apical (3,7 e 0,5t/ha) em relação ao sistema convencional (5,9 e 3,7t/ha), respectivamente. O efeito repelente da calda bordalesa à broca pequena devido ao sulfato de cobre e a adubação orgânica rica em cálcio explicam, em parte, os resultados obtidos. Convém salientar que no sistema convencional não foi aplicado nenhum produto à base de cobre.
Quanto às doenças, não foram verificadas diferenças entre os sistemas de rotação nos cultivos convencional e orgânico. As incidências de Fusariose e Murchadeira foram reduzidas, o que não permitiu verificar diferenças. Outros tipos de doenças não são afetados pelos sistemas de rotação e não foram avaliadas.


Efeito de produtos alternativos no manejo da requeima em cultivo orgânico
O estudo de novos produtos alternativos visando ao manejo da requeima no tomateiro está sendo realizado desde agosto de 2003 pela EEUr. Cabe ressaltar também os resultados com cultivo protegido de tomate orgânico obtidos pela Estação Experimental de Itajaí[1].
No plantio de inverno/primavera, época mais favorável para a cultura no litoral em condições normais de clima, alcançaram-se produtividades de até 75t/ha de frutos comerciais (o rendimento médio no sistema convencional em SC é de 51t/ha). Em relação à incidência da requeima, verificou-se que a calda bordalesa (0,5%) apresentou boa eficiência no manejo (Peruch et al., 2008). Os demais tratamentos (extrato de cavalinha-do-campo, urtiga, biomassa cítrica, extrato de algas e terra de diatomácea) foram ineficientes no manejo da doença. Os resultados se repetiram posteriormente em outro trabalho que comprovou a ineficiência desses extratos no manejo da requeima do tomateiro.
Nota: DAT = dias após o transplante das mudas de tomate.
Figura 2. Curva de progresso da requeima (Phytophthora infestans) em tomateiro (cv. Santa Clara) pulverizado com extratos de plantas bioativas, ácidos cítricos, terra de diatomácea e calda bordalesa nos plantios de primavera/2004 (à esq.) e primavera/2008 (à dir.) na EEUr. Epagri, 2008



Figura 3. Manejo da requeima do tomateiro com calda bordalesa (sem aplicação [esq.] e com aplicação [à dir.])


Custo de produção com insumos
Normalmente, no sistema convencional de produção de tomate, são recomendadas em torno de 15 pulverizações para o controle de doenças foliares e de insetos-pragas (broca-pequena, traça e vaquinha), totalizando o custo de cerca de R$1.360,00/ha. Por outro lado, o custo no cultivo orgânico com tratamentos fitossanitários para o manejo das doenças foliares com calda bordalesa a 0,5% e de insetos com dipel e óleo de nim (0,5%) pode alcançar R$1.000,00/ha. Em relação à adubação, o custo no sistema convencional e orgânico alcançou R$3.000,00 e R$1.100,00/ha respectivamente.

Conclusões
1. O cultivo orgânico de tomate é viável técnica e economicamente, mesmo sendo uma atividade de risco, pois ocasionalmente há ocorrência de condições climáticas desfavoráveis para a cultura.
2. A calda bordalesa a 0,5% proporciona manejo satisfatório da requeima, viabilizando o cultivo orgânico, mesmo em condições de campo (a céu aberto).
3. O cultivo orgânico do tomateiro proporciona menor número de frutos com podridão apical quando comparado ao convencional.
4. A rotação de culturas é uma prática essencial no cultivo do tomateiro nos sistemas de produção orgânico e convencional.
5. Os gastos com insumos (adubos e tratamentos fitossanitários) no cultivo orgânico representam a metade em relação ao sistema convencional.

Cebola
A cultura da cebola, a exemplo da batata e do tomate, também é uma das mais exigentes em insumos (adubos e tratamentos fitossanitários). As doenças da parte aérea (sapeco e mancha-púrpura) e o trips (inseto-praga) são os que mais limitam a produção de cebola, em especial o cultivo orgânico. Controle alternativo de pragas e doenças, novos materiais e sistemas de produção orgânica são objetos de estudo da equipe da Estação Experimental de Ituporanga[2].

Efeito da rotação de culturas em sistemas de cultivo orgânico e convencional 
Resultados obtidos na EEUr, na média de três anos (2004, 2005 e 2006), utilizando-se o cultivar de cebola Empasc 352 Bola Precoce, revelaram o efeito da rotação de culturas nos cultivos orgânico e convencional. O sistema com rotação produziu 17,4% e 33,3% a mais em relação ao monocultivo nos sistemas convencional e orgânico respectivamente. As culturas da batata-doce e aveia, plantadas e semeadas em novembro e abril respectivamente, foram utilizadas em sucessão à cebola.
Ao se comparar os sistemas de produção, verificou-se ligeira vantagem do cultivo convencional (19,2t/ha) em relação ao orgânico (17,2t/ha) quanto ao rendimento comercial de bulbos.

Figura 4. Bulbos de cebola produzida nos sistemas de cultivo convencional e orgânico em sistemas de rotação de culturas na EEUr


Custo de produção dos insumos
Ao se analisar o custo com insumos, verifica-se, a exemplo das culturas da batata e do tomate, menor gasto no cultivo orgânico. No sistema de produção convencional foram utilizadas em torno de 15 pulverizações para o controle de doenças foliares associadas com três aplicações de inseticidas para o controle de trips, totalizando em torno de R$760,00/ha, enquanto no orgânico foram necessárias em torno de dez pulverizações com calda bordalesa a 0,5% para o manejo de doenças e duas pulverizações com óleo de nim a 0,5 % para o manejo de trips, totalizando R$540,00/ha. Em relação à adubação no sistema convencional o custo chegou a R$900,00/ha, enquanto no orgânico alcançou R$750,00/ha.



Conclusões
1. O cultivo orgânico de cebola é viável técnica e economicamente.
2. A rotação de culturas é uma prática essencial no cultivo da cebola nos sistemas de produção orgânico e convencional.  
3. O custo dos insumos (adubos e tratamentos fitossanitários) no cultivo orgânico é de 30% a menos em relação ao sistema convencional.













[1] O programa de pesquisa de hortaliças da Estação Experimental de Itajaí está voltado para o desenvolvimento de tecnologias para o sistema orgânico de produção em abrigos e em campo e de cultivares apropriados para esse modo saudável de fazer agricultura. O abrigo funciona como um guarda-chuva: a cobertura evita as chuvas em excesso sobre os cultivos, dificultando o surgimento de doenças, enquanto a tela barra a entrada de insetos. Os trabalhos de pesquisa estão voltados para a obtenção de um sistema adequado à produção, sem impactos danosos ao ambiente, e as plantas podem revelar seu potencial de produção e de defesa contra pragas e doenças.

[2] O ataque de trips, principal praga da cultura da cebola, foi reduzido pela aplicação de preparados homeopáticos de calcário de conchas, losna e sal de cozinha. O míldio, doença fúngica, foi controlado pela aplicação de preparado homeopático de nitrato de cálcio.
Ferreira On 6/14/2014 03:57:00 AM Comentarios LEIA MAIS

sábado, 14 de junho de 2014

Produção orgânica de hortaliças no litoral sul catarinense: Resultados de pesquisa – Parte II


Autores
Antônio Carlos Ferreira da Silva, engenheiro agrônomo, M.Sc., pesquisador aposentado da Epagri/Estação Experimental de Urussanga, SC, e-mail: ferreira51@ymail.com

Luiz Augusto Martins Peruch, engenheiro agrônomo, Dr., pesquisador da Epagri/Estação Experimental de Urussanga, SC, e-mail: lamperuch@epagri.sc.gov.br

Publicação:  O trabalho faz parte do Boletim Didático nº 88 “Produção orgânica de hortaliças no litoral sul catarinense” publicado pela Epagri. Interessados em adquirir a publicação completa e ilustrada com 205 páginas, devem entrar no site: www.epagri.sc.gov.br


Ainda nos dias atuais, grande número de pessoas ligadas à agricultura sustenta a ideia de que não é possível produzir alimentos sem o uso de adubos químicos solúveis e agrotóxicos. Em função disso, alguns mitos a respeito da agricultura orgânica foram criados e divulgados pelo mundo. Entre eles, destacam-se: “A agricultura orgânica é de alto risco, cara e que exige muita mão de obra. A agricultura orgânica, além de reduzir a produtividade, proporciona produtos orgânicos de padrão comercial inferior e inadequado às exigências dos consumidores”.
A literatura existente, embora ainda escassa, tem mostrado que as crenças sobre agricultura orgânica não são verdadeiras. Conforme pode ser verificado na bibliografia citada e consultada deste boletim, já existem  vários trabalhos que comprovam as vantagens do cultivo orgânico em relação ao convencional para diversas espécies.
Dentre as culturas estudadas no sistema orgânico, as hortaliças, caracterizadas por grande número de espécies, ciclo curto, utilização intensiva do solo e insumos e alta susceptibilidade a doenças e pragas, especialmente quando mal manejadas, apresentam poucos resultados de pesquisa.
A Epagri, por meio das Estações Experimentais em todo o Estado de Santa Catarina, tem contribuído com trabalhos de pesquisa visando à produção de hortaliças no sistema orgânico com resultados promissores. A EEUr, a partir de 2000, concentrou esforços em pesquisas com base agroecológica em hortaliças, especialmente no cultivo de batata e, posteriormente, nas culturas de cebola, tomate, repolho, couve-flor, brócolis, cenoura, alface, beterraba, batata-doce e feijão-de-vagem, com o objetivo de verificar a viabilidade técnica e econômica do cultivo orgânico. A seguir, serão apresentados os resultados de destaque obtidos nos cultivos orgânicos de tomate e cebola. 

Tomate
O cultivo de tomate a céu aberto, devido à maior susceptibilidade a doenças e pragas, tem sido apontado como o maior desafio no sistema de produção orgânico. A doença da parte aérea denominada requeima (Phytophthora infestans) pode arrasar uma lavoura em poucos dias caso não seja tratada com produtos eficientes.

Figura 1. Frutos de tomate (cv. Santa Clara) produzidos no cultivo orgânico, plantio de primavera em 2004 na EEUr

Efeito da rotação de culturas no tomateiro sob cultivos orgânico e convencional
Resultados obtidos na EEUr, na média de três  anos (2004, 2005 e 2006), utilizando-se o cultivar Santa Clara, no plantio de inverno/primavera, revelou o efeito da rotação de culturas para o tomate nos sistemas de produção orgânico e convencional. O sistema com rotação de culturas superou o monocultivo em 76,6% e 45,8% quanto à produtividade de frutos comerciais, respectivamente, nos sistemas de cultivo orgânico e convencional. É importante destacar que a cultura do feijão-vagem, semeada em janeiro, foi utilizada em sucessão ao tomate para aproveitamento do tutor.
Quando se compararam os sistemas de produção foi constatado que os eles foram semelhantes quanto ao rendimento de frutos comerciais, alcançando 34,2 e 32,9t/ha nos sistemas de cultivo orgânico e convencional, respectivamente.
Ao se comparar a produção de frutos não comerciais, constatou-se que o cultivo orgânico proporcionou a metade de frutos brocados e com podridão apical (3,7 e 0,5t/ha) em relação ao sistema convencional (5,9 e 3,7t/ha), respectivamente. O efeito repelente da calda bordalesa à broca pequena devido ao sulfato de cobre e a adubação orgânica rica em cálcio explicam, em parte, os resultados obtidos. Convém salientar que no sistema convencional não foi aplicado nenhum produto à base de cobre.
Quanto às doenças, não foram verificadas diferenças entre os sistemas de rotação nos cultivos convencional e orgânico. As incidências de Fusariose e Murchadeira foram reduzidas, o que não permitiu verificar diferenças. Outros tipos de doenças não são afetados pelos sistemas de rotação e não foram avaliadas.


Efeito de produtos alternativos no manejo da requeima em cultivo orgânico
O estudo de novos produtos alternativos visando ao manejo da requeima no tomateiro está sendo realizado desde agosto de 2003 pela EEUr. Cabe ressaltar também os resultados com cultivo protegido de tomate orgânico obtidos pela Estação Experimental de Itajaí[1].
No plantio de inverno/primavera, época mais favorável para a cultura no litoral em condições normais de clima, alcançaram-se produtividades de até 75t/ha de frutos comerciais (o rendimento médio no sistema convencional em SC é de 51t/ha). Em relação à incidência da requeima, verificou-se que a calda bordalesa (0,5%) apresentou boa eficiência no manejo (Peruch et al., 2008). Os demais tratamentos (extrato de cavalinha-do-campo, urtiga, biomassa cítrica, extrato de algas e terra de diatomácea) foram ineficientes no manejo da doença. Os resultados se repetiram posteriormente em outro trabalho que comprovou a ineficiência desses extratos no manejo da requeima do tomateiro.
Nota: DAT = dias após o transplante das mudas de tomate.
Figura 2. Curva de progresso da requeima (Phytophthora infestans) em tomateiro (cv. Santa Clara) pulverizado com extratos de plantas bioativas, ácidos cítricos, terra de diatomácea e calda bordalesa nos plantios de primavera/2004 (à esq.) e primavera/2008 (à dir.) na EEUr. Epagri, 2008



Figura 3. Manejo da requeima do tomateiro com calda bordalesa (sem aplicação [esq.] e com aplicação [à dir.])


Custo de produção com insumos
Normalmente, no sistema convencional de produção de tomate, são recomendadas em torno de 15 pulverizações para o controle de doenças foliares e de insetos-pragas (broca-pequena, traça e vaquinha), totalizando o custo de cerca de R$1.360,00/ha. Por outro lado, o custo no cultivo orgânico com tratamentos fitossanitários para o manejo das doenças foliares com calda bordalesa a 0,5% e de insetos com dipel e óleo de nim (0,5%) pode alcançar R$1.000,00/ha. Em relação à adubação, o custo no sistema convencional e orgânico alcançou R$3.000,00 e R$1.100,00/ha respectivamente.

Conclusões
1. O cultivo orgânico de tomate é viável técnica e economicamente, mesmo sendo uma atividade de risco, pois ocasionalmente há ocorrência de condições climáticas desfavoráveis para a cultura.
2. A calda bordalesa a 0,5% proporciona manejo satisfatório da requeima, viabilizando o cultivo orgânico, mesmo em condições de campo (a céu aberto).
3. O cultivo orgânico do tomateiro proporciona menor número de frutos com podridão apical quando comparado ao convencional.
4. A rotação de culturas é uma prática essencial no cultivo do tomateiro nos sistemas de produção orgânico e convencional.
5. Os gastos com insumos (adubos e tratamentos fitossanitários) no cultivo orgânico representam a metade em relação ao sistema convencional.

Cebola
A cultura da cebola, a exemplo da batata e do tomate, também é uma das mais exigentes em insumos (adubos e tratamentos fitossanitários). As doenças da parte aérea (sapeco e mancha-púrpura) e o trips (inseto-praga) são os que mais limitam a produção de cebola, em especial o cultivo orgânico. Controle alternativo de pragas e doenças, novos materiais e sistemas de produção orgânica são objetos de estudo da equipe da Estação Experimental de Ituporanga[2].

Efeito da rotação de culturas em sistemas de cultivo orgânico e convencional 
Resultados obtidos na EEUr, na média de três anos (2004, 2005 e 2006), utilizando-se o cultivar de cebola Empasc 352 Bola Precoce, revelaram o efeito da rotação de culturas nos cultivos orgânico e convencional. O sistema com rotação produziu 17,4% e 33,3% a mais em relação ao monocultivo nos sistemas convencional e orgânico respectivamente. As culturas da batata-doce e aveia, plantadas e semeadas em novembro e abril respectivamente, foram utilizadas em sucessão à cebola.
Ao se comparar os sistemas de produção, verificou-se ligeira vantagem do cultivo convencional (19,2t/ha) em relação ao orgânico (17,2t/ha) quanto ao rendimento comercial de bulbos.

Figura 4. Bulbos de cebola produzida nos sistemas de cultivo convencional e orgânico em sistemas de rotação de culturas na EEUr


Custo de produção dos insumos
Ao se analisar o custo com insumos, verifica-se, a exemplo das culturas da batata e do tomate, menor gasto no cultivo orgânico. No sistema de produção convencional foram utilizadas em torno de 15 pulverizações para o controle de doenças foliares associadas com três aplicações de inseticidas para o controle de trips, totalizando em torno de R$760,00/ha, enquanto no orgânico foram necessárias em torno de dez pulverizações com calda bordalesa a 0,5% para o manejo de doenças e duas pulverizações com óleo de nim a 0,5 % para o manejo de trips, totalizando R$540,00/ha. Em relação à adubação no sistema convencional o custo chegou a R$900,00/ha, enquanto no orgânico alcançou R$750,00/ha.



Conclusões
1. O cultivo orgânico de cebola é viável técnica e economicamente.
2. A rotação de culturas é uma prática essencial no cultivo da cebola nos sistemas de produção orgânico e convencional.  
3. O custo dos insumos (adubos e tratamentos fitossanitários) no cultivo orgânico é de 30% a menos em relação ao sistema convencional.













[1] O programa de pesquisa de hortaliças da Estação Experimental de Itajaí está voltado para o desenvolvimento de tecnologias para o sistema orgânico de produção em abrigos e em campo e de cultivares apropriados para esse modo saudável de fazer agricultura. O abrigo funciona como um guarda-chuva: a cobertura evita as chuvas em excesso sobre os cultivos, dificultando o surgimento de doenças, enquanto a tela barra a entrada de insetos. Os trabalhos de pesquisa estão voltados para a obtenção de um sistema adequado à produção, sem impactos danosos ao ambiente, e as plantas podem revelar seu potencial de produção e de defesa contra pragas e doenças.

[2] O ataque de trips, principal praga da cultura da cebola, foi reduzido pela aplicação de preparados homeopáticos de calcário de conchas, losna e sal de cozinha. O míldio, doença fúngica, foi controlado pela aplicação de preparado homeopático de nitrato de cálcio.
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