Autor: Donato Lucietti, engenheiro-agrônomo,
Epagri/Escritório Municipal de Nova Veneza, SC E-mail: donato@epagri.sc.gov.br
Publicação:
O trabalho faz parte
do Boletim Didático nº 88 “Produção
orgânica de hortaliças no litoral sul catarinense” publicado pela Epagri.
Interessados em adquirir a publicação completa e ilustrada com 205 páginas,
devem entrar no site: www.epagri.sc.gov.br
e acessar os link “Publicações” e “Boletim
didático”.
De
maneira geral, as hortaliças têm desenvolvimento e rendimento muito
influenciados pelas condições de clima e de umidade do solo. A deficiência de
água no solo é, frequentemente, o fator mais limitante para a obtenção de altos
rendimentos. O excesso pode, também, ser prejudicial por favorecer o
desenvolvimento de doenças.
No
Estado de Santa Catarina, a ocorrência de chuvas, muitas vezes, é irregular, na
média dos meses e anos. É frequente a ocorrência de deficit ou excesso hídrico por curtos períodos que prejudicam
consideravelmente a produtividade e a qualidade das hortaliças. Esses prejuízos
são quase sempre irreversíveis, pois a maioria das hortaliças é de ciclo curto
e muito sensível ao desequilíbrio hídrico.
Importância da água nos vegetais
A água é o principal
componente dos vegetais. Não acontece nenhum processo de transformação no
vegetal se não houver a participação da água. Ela está ligada a germinação,
respiração, crescimento, desenvolvimento do caule, folhas e frutos, controle da
temperatura das plantas e outros. As plantas chegam a absorver de 300 a 600
litros de água para formar um quilo de matéria seca. A
maioria das hortaliças possui mais de 90% de seu peso fresco em água e possuem
baixa capacidade de extração de água do solo. Isso faz com que pequenos
períodos de estiagem representem seca agronômica para essas culturas.
Funções da água
nas plantas
• Diluidora de nutrientes
• Veículo de
transporte
• Firmeza da planta
•
Reguladora da temperatura da planta
A
água, ao passar pela planta e perder-se na atmosfera, reduz a temperatura da
planta.
Consumo de água pelas plantas
O
consumo total de água é influenciado pelo tipo de cultura e estágio de
desenvolvimento, pelo clima (temperatura, umidade relativa do ar, radiação
solar, ventos), pelo tipo de solo, pela cobertura e coloração do solo. O
consumo de água pelas plantas pode ser considerado como:
Evapotranspiração
= evaporação + transpiração.
Evaporação
É a água que se perde
diretamente da parte superficial do solo e das plantas para a atmosfera. Em
dias quentes, ventosos e com umidade relativa baixa a evaporação é alta. A
cobertura morta do solo evita o seu aquecimento, diminuindo a perda de água.
Quanto mais coberto o solo, menos água se perde por evaporação. As irrigações
superficiais fornecem água só para a parte superior do solo e muitas vezes se
perde essa água por evaporação.
Transpiração
É a água absorvida pelas
raízes que circula na planta e transpira (evapora) pelas folhas. Da água que se
coloca no solo, parte se perde por infiltração e parte por evaporação, sendo
aproveitada pela planta apenas a água que é absorvida pelas raízes. A cada 100
litros de água que são absorvidos pelas raízes das plantas, apenas um a dois
litros são aproveitados e o restante apenas passa pela planta e é transpirado.
Evapotranspiração
É
a soma da água que evapora diretamente do solo e da água que evapora
(transpira) depois de passar pela planta. Em termos práticos, a
evapotranspiração representa o consumo de água da lavoura.
Quando
se implanta uma cultura, tem-se uma evaporação alta no início, quando o solo
ainda está descoberto. À medida que as plantas vão se desenvolvendo e cobrindo
o solo, aumenta a transpiração e diminui a evaporação.
A
Figura 2 mostra a variação do consumo de água em função do estágio de uma
cultura de modo geral.
Consumo de água pelas plantas ao longo do ciclo de vida
Observa-se
pela Figura 2 que o consumo de água aumenta até um ponto máximo, ou de pico, e
posteriormente diminui. Esse ponto de consumo máximo geralmente coincide com o
período crítico da cultura. No início do desenvolvimento da cultura, o consumo
é pequeno. No final do ciclo da cultura (próximo da maturação e colheita), o
consumo da água decresce, ficando bem abaixo do consumo de pico.
Figura 2. Consumo de água pelas plantas ao longo do ciclo de vida
Fonte: Programa Nacional de Irrigação
(1987).
A Tabela 1 mostra a variação do consumo
de água durante todo o ciclo de desenvolvimento, isto é, desde o plantio até a
colheita.
Tabela 1. Consumo de água para diferentes hortaliças durante o ciclo total de
desenvolvimento
Cultura
|
Consumo de água por ciclo
(mm)
|
Batata
|
500 a 800
|
Batata-doce
|
400 a 675
|
Beterraba
|
1.000 a 1.500
|
Cebola
|
350 a 600
|
Feijão-de-vagem
|
300 a 500
|
Milho verde
|
400 a 700
|
Tomate
|
300 a 600
|
Outras hortaliças
|
250 a 500
|
Fonte: Programa Nacional de Irrigação
(1987).
Período crítico das hortaliças
O
período crítico de uma planta é aquele em que a deficiência de água se torna
mais prejudicial à formação de frutos, folhas, caules, raízes, rizomas ou
tubérculos.
Existem
plantas que toleram uma deficiência hídrica em determinadas fases de seu
desenvolvimento sem reduções drásticas do rendimento. Mas no período crítico
tal deficiência compromete, em muito, o rendimento, como na maioria das plantas
destinadas à produção de sementes e frutos.
A Tabela 2 mostra os períodos críticos
de deficiência de água para várias hortaliças. Essas informações são
importantes no manejo da água nos cultivos.
Tabela 2. Períodos críticos de deficiência de água para várias hortaliças
Hortaliça
|
Período
crítico
|
Alface
|
Formação da cabeça e antes da
colheita
|
Alho
|
Desenvolvimento do bulbo
|
Batata
|
Início da tuberização, floração até a
colheita
|
Beterraba
|
Três a quatro semanas após a
emergência
|
Brócolis
|
Floração e crescimento da cabeça
|
Cebola
|
Durante a formação do bulbo
|
Cenoura
|
Da emergência até próximo à colheita
|
Couve-flor
|
Do plantio à colheita – irrigação
frequente
|
Ervilha/vagem
|
Início da floração e quando as vagens
estão crescendo
|
Melancia/melão
|
Florescimento até próximo à colheita
|
Morango
|
Do desenvolvimento do fruto à
maturação
|
Nabo
|
Crescimento rápido das raízes até a
colheita
|
Pepino
|
Florescimento até a colheita
|
Pimentão
|
Frutificação até a colheita
|
Rabanete
|
Expansão das raízes
|
Repolho
|
Formação e crescimento da cabeça
|
Tomate
|
Flores formadas e frutos crescendo
rapidamente
|
Irrigação
Devido
à importância da água para as plantas, e em consequência da distribuição
irregular de chuvas, recomenda-se o uso da irrigação.
Nesse
caso, utiliza-se uma irrigação suplementar, isto é, aplica-se água na lavoura
quando não chove suficientemente. Há regiões que, sem a irrigação em
determinadas épocas, não produzem nada. A importância da irrigação já inicia
com a germinação das sementes e pegamento das mudas que são transplantadas, assegurando
um rápido desenvolvimento inicial, independentemente das condições climáticas.
O que é irrigação
É
a prática agrícola de fornecimento de água ao solo para melhorar a germinação
das sementes, para o crescimento e o desenvolvimento das plantas e para se
obter produtividade adequada para cada cultura.
Pode-se
dizer, ainda, que é a técnica de aplicação de água na lavoura em quantidade
certa, no momento certo e bem distribuída. É muito diferente de molhada
(popularmente conhecida como “molhação”).
A
irrigação tem como objetivo reabastecer o armazém chamado “solo”, repondo a
água consumida pelas plantas ou evaporada a partir da última chuva
ou irrigação. A irrigação é uma
técnica que complementa outras técnicas. Ela, como prática isolada, não
proporciona aumento de produtividade.
Sistemas de irrigação
Existem
diversos sistemas de irrigação. Nenhum sistema pode ser considerado melhor que
outro. Todos são bons, dependendo de uma série de fatores que devem ser
considerados.
É
necessário que se escolha o sistema que mais se ajuste à cultura que vai ser
implantada, ao tipo de solo, à topografia, ao tamanho da área a ser irrigada, à
disponibilidade e quantidade da água, ao clima e ao capital disponível para o
investimento na irrigação. Todos esses fatores devem ser considerados para que
se possa otimizar a aplicação de água com máxima economia.
De
modo geral, os sistemas mais apropriados para as hortaliças são: sistema de
irrigação por aspersão e o sistema de irrigação localizado (microaspersão e gotejamento). Para o cultivo de agrião-d’água
usa-se o sistema de inundação.
Irrigação por aspersão
O
sistema de irrigação por aspersão leva a água por meio de tubulação até a área
a ser irrigada e a distribui através dos aspersores, semelhante à chuva. É o
sistema mais utilizado na olericultura, mas devem-se utilizar os aspersores adequados. Não é
recomendado para as solanáceas (tomate e pimentão) porque proporciona um
ambiente úmido, favorecendo o desenvolvimento de doenças fúngicas e
bacterianas.
Figura 3. Esquema de um projeto de
irrigação por aspersão
Vantagens:
ü
Indicado para grande número de
culturas.
ü
Indicado para quase todos os tipos de
solo.
ü
Facilidade de controle da água
aplicada.
ü
Aplicável em solo de topografia
ondulada.
ü
Usado para provocar germinação de
sementes.
ü
Menor consumo de água quando comparado
com a irrigação por sulcos e inundação.
ü
Mão de obra reduzida.
ü
Pode-se usar para fazer
“fertirrigação”.
Desvantagens:
·
Alto custo inicial.
·
Limitado em regiões de muito vento.
·
Lava as caldas aplicadas na cultura.
·
O impacto das gotas pode derrubar
frutos e flores.
·
Pode favorecer o desenvolvimento de
doenças.
·
Demanda alta pressão (maior consumo de
energia).
O sistema de irrigação por aspersão convencional (Figura 3)
é o mais utilizado para as hortaliças. É composto de uma linha principal e
linhas laterais, normalmente móveis, que fazem a distribuição da água de
irrigação.
Figura 4. Sistema de irrigação por
aspersão convencional
Métodos de irrigação localizada
São
métodos de irrigação que conduzem a água da fonte até a área a ser
irrigada por meio de tubulação, fazendo
a aplicação da água junto às raízes das plantas através de emissores
(gotejadores ou microaspersores), em pequenas intensidades, porém com alta
frequência, de modo a manter o solo sempre próximo do ponto ideal de umidade.
Temos
dois sistemas de irrigação localizada: o sistema de irrigação por microaspersão
e o sistema de irrigação por gotejamento.
Vantagens:
√ Controle da água aplicada.
√ Economia de água.
√ Uso de baixas pressões.
√ Funcionamento 24 horas por dia.
√
Alta eficiência no uso da água.
√ Manutenção da umidade do solo próximo à
capacidade de campo.
√ Distribuição lenta e uniforme.
√ Possibilidade de uso para fazer
fertirrigação.
√ Baixo consumo de energia.
Desvantagens
● Exigência de sistema de filtragem da água (indispensável).
● Alto custo inicial.
● Dificuldade no uso de máquinas e nas capinas.
● Possibilidade de entupimento dos microaspersores ou
gotejadores.
● Comprimento das linhas.
● Vida útil.
Irrigação por microaspersão
A
microaspersão (Figura 5) é uma aspersão com bicos pequenos chamados emissores
(microaspersores). Eles provocam uma “chuva” fina. Não danificam as plantas nem
compactam o solo. É indicado para uso em abrigos de produção de mudas
(sementeiras) e também para todas as hortaliças, exceto as que são muito
sensíveis a doenças fúngicas.
Figura 5.
Sistema de irrigação por microaspersão
Irrigação por gotejamento
Neste sistema, a água é aplicada diretamente ao solo, na região
próxima das raízes, mantendo secas as plantas e a área entre as fileiras de
plantio.
Normalmente se utilizam os tubogotejadores (“tripas”) colocados na
linha de plantio das hortaliças (Figura 6). Os principais componentes deste
sistema estão na Figura 7.
É muito usado para lavouras com espaçamento maior, como pepino,
vagem, melancia, abóbora e especialmente para cultivos de alta densidade
econômica, como tomate, pimentão e morango. Este sistema economiza água e tem
eficiência de aplicação de até 95%.
O comprimento máximo das linhas de gotejadores varia em função das
suas características. É recomendável seguir as recomendações dos fabricantes.
O uso de filtros é necessário para se evitar entupimento dos gotejadores
e perda do sistema. Para água com turbidez (água barrenta) devem-se usar os
filtros do tipo disco. Para água com areia ou sujeiras mais grossas o filtro
recomendado é o de tela.
A pressão de serviço para o
funcionamento dos tubogotejadores é de 7 a 10 metros de coluna de água. Uma
caixa de água que esteja de 7 a 10 metros acima da área a ser irrigada é
suficiente para dar essa pressão de serviço.
Figura 6. Sistema de irrigação por
gotejamento
Figura 7. Principais componentes do sistema de irrigação por gotejamento
Figura 7. Principais componentes do sistema de irrigação por gotejamento
Importância da irrigação
O
uso da tecnologia de irrigar tem como principal objetivo o aumento da
produtividade e da qualidade do produto. Alguns resultados de lavouras
conduzidas com irrigação em comparação com não irrigadas encontram-se na Tabela 3. Os resultados obtidos evidenciam que a irrigação utilizada de forma correta
torna-se uma tecnologia que traz aumento na produtividade das culturas.
Tabela 3. Rendimento de lavouras conduzidas sem e com irrigação
Cultura
|
Sem irrigação
(t/ha)
|
Com irrigação
(t/ha)
|
Vantagem da irrigação (%)
|
Cenoura
|
53,1
|
68,2
|
22
|
Beterraba
|
36,3
|
42,9
|
18
|
Feijão
|
1,8
|
2,7
|
46
|
Maçã
|
33,0
|
40,0
|
22
|
Pêssego
|
18,0
|
25,0
|
36
|
Cebola
|
10,0
|
25,0
|
150
|
Alho
|
6,0
|
13,0
|
116
|
Batata
|
19,0
|
25,2
|
32
|
Fonte:
Epagri.
O
desequilíbrio hídrico que ocorre quando só dispomos da água da chuva, além de
diminuir a produção, pode provocar distúrbios tais como rachaduras e podridões
(em tomate, batata, batata-doce e cenoura). Para se fazer um manejo correto da
irrigação há que se responder a duas perguntas: Quando irrigar? e Quanto
irrigar?
Quando irrigar?
Para
a maioria das hortaliças o teor de umidade no solo deve ser mantido próximo à
capacidade de campo, que é a maior quantidade de água que o solo pode armazenar
sem que haja perda de água por infiltração.
Após
a irrigação ou após a chuva, a água que ficou retida é consumida através da
evaporação e da transpiração das plantas. O consumo de água está diretamente
relacionado ao clima, aumentando proporcionalmente com o aumento da temperatura,
da radiação solar e dos ventos e diminuição da umidade do ar e a fase de
desenvolvimento da cultura.
Com
a diminuição do teor de umidade no solo a água torna-se mais firmemente retida
nas partículas do solo, aumentando o esforço da planta para retirá-la, causando
prejuízos ao desenvolvimento da cultura.
Quando
começa a faltar água, algumas plantas apresentam alguns sinais, como as folhas
que ficam enroladas e amareladas. Quando a planta apresenta esses sinais
durante certo tempo, provavelmente a produção vai sofrer uma grande queda. Por
isso, o agricultor não pode esperar pelos sinais de falta de água para depois
irrigar. A água deve ser reposta sempre antes de a cultura começar a murchar.
O
agricultor deve acompanhar o desenvolvimento das lavouras prestando atenção ao
solo, à água, à planta e ao clima, fatores muito importantes para a irrigação.
Certas
plantas dão indicações claras de falta de água. É o caso da batata e do feijão.
Quando o verde da folhagem da batata, por exemplo, atinge um tom mais escuro, é
sinal de que a planta começa a sentir a falta de água. Ficando verde-azulada, o
crescimento da batata já está prejudicado. Quando a folhagem do feijão começa a
ficar verde-azulada escura, está na hora de irrigar para evitar o murchamento.
Existe
outra maneira prática de avaliar a falta de água nas culturas através da
umidade do solo. Essa avaliação pode ser feita de maneira empírica. Tomando-se um punhado de terra,
devemos comprimi-lo (apertá-lo) na mão. Se verter água, o solo está muito
úmido. Abre-se a mão. Se o punhado de terra não trincar, o teor de água no solo
está bom (neste caso, ficam as marcas da mão). Se trincar, está na hora de
irrigar.
No
caso de hortaliças irrigadas com tubogotejadores enterrados, a leve mudança de
cor da superfície no solo pela umidade é, de modo geral, um bom indicativo de
que a umidade do solo está adequada e a irrigação pode ser desligada.
O conhecimento da evapotranspiração também pode ajudar a responder
à pergunta “Quando irrigar?”. Vários são os métodos para a avaliação
da evapotranspiração. Um dos métodos é o Tanque Classe A (Figura 8). Esse
método exige assistência técnica, pois exige pequenos cálculos e observações.
Através da evaporação do Tanque Classe A pode-se fazer a estimativa do consumo
de água nas diferentes fases de desenvolvimento da cultura. Os valores de
evaporação do Tanque podem ser obtidos nos postos meteorológicos, nas estações
experimentais ou nas de tanques instalados na própria comunidade ou
propriedade.
Quanto irrigar?
As
plantas absorvem a água do solo pelas raízes. Existem plantas que têm raízes
mais próximas da superfície do solo, como as hortaliças, e outras que têm as
raízes mais profundas, como o milho e o trigo. Dependendo da profundidade das
raízes, as plantas podem utilizar maior ou menor quantidade de água do solo.
A
umidade do solo na camada superficial diminui mais depressa devido à maior
evaporação e à maior concentração das raízes na superfície.
A
quantidade de água a ser aplicada por irrigação é um dos aspectos básicos num
projeto de irrigação. A lâmina de água a ser aplicada deverá ser a necessária
para elevar a umidade do solo à capacidade de campo, na camada de solo,
correspondente à profundidade efetiva das raízes. Essa lâmina depende do tipo de solo e da cultura.
Cada solo possui uma capacidade de
armazenar determinada quantidade de água, que irá variar de acordo com a sua
textura e estrutura. Um solo com mais areia, por exemplo, armazena menos água e
a perde com mais facilidade; consequentemente, temos que realizar as irrigações
com maior frequência, (normalmente de 2 em 2 ou 3 em 3 dias) em comparação com
um solo mais argiloso. O solo argiloso e rico em matéria orgânica retém maior
teor de água. Por isso, dependendo da profundidade do sistema radicular e da
cultura, podemos espaçar a irrigação até de 5 em 5 dias, no máximo.
Pequenos volumes aplicados umedecem o solo
somente até uma pequena profundidade, restringindo o desenvolvimento das raízes
a essa camada superficial.
O
desenvolvimento do sistema radicular é muito variável para cada cultura e tipo
de solo cultivado. Assim, para uma melhor noção da profundidade efetiva do solo
é aconselhável a avaliação no próprio local do cultivo. Essa determinação
deverá ser feita com o auxilio do técnico do município, que procederá também à
coleta do solo para a determinação, em laboratório, da capacidade de retenção
da água no solo e, consequentemente, do volume de água que deverá ser aplicado,
para cada cultura e em cada estágio do seu desenvolvimento.
A
profundidade do sistema radicular influi na frequência da irrigação (Figuras 9a,
10 e 11). As plantas com sistemas radiculares profundos sofrem menor estresse
hídrico, podendo-se ter a frequência de irrigação de 5 em 5 dias, ao passo que
plantas com um sistema radicular pouco profundo devem-se irrigar a cada 2 ou 3
dias.
Na sequência, é apresentada na Tabela 4 a profundidade efetiva do
sistema radicular (Z) de algumas hortaliças, nos estágios de máximo
desenvolvimento vegetativo e em solos de textura média, conforme vários
autores.
A
irrigação deve ser realizada no momento em que a disponibilidade de água no
solo reduzir-se a um valor que não prejudique a cultura; é a água facilmente
disponível. A cultura não necessita fazer um esforço demasiado para extrair a
água do solo.
Tabela 4. Profundidade efetiva do sistema radicular (Z) de algumas
hortaliças
Hortaliça
|
Z (cm)
|
Hortaliças
|
Z (cm)
|
Alface
|
20 a 30
|
Melancia
|
60 a 80
|
Alho
|
20 a 40
|
Morango
|
25 a 50
|
Batata
|
30 a 75
|
Pepino
|
45 a 60
|
Batata-doce
|
60 a 120
|
Pimentão
|
49 a 90
|
Beterraba
|
60 a 90
|
Repolho
|
40 a 50
|
Cenoura
|
45 a 75
|
Tomate
|
30 a 90
|
Couve-flor
|
30 a 60
|
Vagem
|
40 a 60
|
A
lâmina bruta de água a ser aplicada ao solo por meio da irrigação é maior do
que aquela que o solo é capaz de reter (armazenar), pois precisamos considerar
as perdas do sistema de irrigação. Exemplo: se num determinado caso a lâmina
líquida de água a ser aplicada ao solo é de 17mm e a eficiência do sistema de
irrigação é de 80%, então se deve aplicar uma lâmina bruta de 21mm.
Se
o equipamento de irrigação tem uma precipitação de 7mm/h, ele deve ser acionado
por três horas naquela posição.
Considerações gerais
●
Sempre procurar fazer um projeto de irrigação com técnico habilitado. Muitas
vezes, após adquirir equipamentos sem orientação técnica, muito pouco poderá
ser feito para consertar erros.
●
A qualidade da água deve ser considerada principalmente nas hortaliças
folhosas. Água contaminada pode transmitir doenças aos consumidores e aos
irrigadores.
●
As hortaliças folhosas, como alface e couve, por exemplo, requerem frequência
diária de irrigação para as folhas ficarem tenras. O fornecimento de água deve ser
mantido até o corte ou a colheita.
●
Abobrinha, batata, cenoura, beterraba, alho e cebola são plantas exigentes de
água e requerem irrigações frequentes.
● Para as plantas
como batata, mandioca, cenoura etc., o fornecimento de água deve ser mantido
durante todo o tempo de crescimento dos tubérculos/raízes.
●
O sistema de irrigação mais adequado para o tomateiro é o gotejamento.
●
A cenoura é exigente de água durante todo o ciclo. Requer regas diárias nos
primeiros 30 dias e, depois desse período, no mínimo, a cada 3 dias.
●
A alface é muito afetada pela deficiência de água, refletindo essa deficiência
diretamente na qualidade e produtividade das folhas. Na sementeira, requer até
duas regas diárias. No canteiro, diariamente.
●
Quando se usa o sistema de irrigação por aspersão, as irrigações devem ser
feitas pela manhã. Devem-se evitar as
horas mais quentes do dia.
●
Irrigação mal manejada poderá ajudar no desenvolvimento de doenças das plantas.
●
De modo geral, as irrigações devem ser feitas no período da manhã para
evitar que à noite as plantas estejam
molhadas, o que cria um ambiente favorável ao desenvolvimento de algumas
doenças.
● Melancia, melão e pimentão requerem
pouca água. O excesso de água para a melancia e o melão faz com que os frutos
se desenvolvam com baixo teor de açúcar.
● As irrigações devem ser feitas com um
volume de água suficiente para umedecer o solo até a profundidade efetiva do
sistema radicular das plantas.
Ótima postagem! Gratidão
ResponderExcluirExcelente seu texto!
ResponderExcluirTanto quanto didática é Excepcional esta matéria.
ResponderExcluirMuito obrigada pela aula. muito oportuno.
ResponderExcluirMuito bom
ResponderExcluirExcelentes dicas. Atualmente estou em um projeto pessoal de automação do sistema de irrigação de uma horta caseira. Grato!!
ResponderExcluirMeus parabéns!
ResponderExcluirAugusto G. Filho
ResponderExcluirGostei das informações.
Parabéns
Trabalho com hortaliças muito bom ótimo parabéns
ResponderExcluir