quinta-feira, 26 de janeiro de 2012


Verdade: em agricultura orgânica, as plantas espontâneas ("mato") não são problemas, são solução!
    Na agricultura orgânica, o "mato" ou "inços" são chamados de plantas espontâneas: são espécies que germinam na área de cultivo, podendo ser espécies nativas (surgem naturalmente na região) ou exóticas (introduzidas na região) já estabelecidas ou são indicadoras de algum problema no solo. Quando uma planta se torna agressiva ("invasora" ou "inço") e domina uma área, o problema não está na planta, mas no solo e/ou no ambiente que o envolve. As plantas espontâneas estão adaptadas ao seu ambiente, sendo portanto, indicadoras das condições químicas ou físicas do solo, indicando também o manejo que está sendo praticado. Para que uma espécie de planta não domine a área cultivada, primeiro é preciso resolver os problemas existentes no solo. A seguir alguns exemplos de plantas indicadoras de problemas no solo:
  • Picão preto e urtiga – excesso de matéria orgânica
  • Carqueja, capim-carrapicho, guanxuma, língua-de-vaca, maria mole e tanchagem – solo compactado
  • Samambaia e capim-arroz – solo ácido com alto teor de alumínio
  • Barba-de-bode e capim-amargoso – solo com baixa fertilidade
  • Capim marmelada ou papuã – solo muito arado e gradeado, com deficiência de zinco
  • Nabo – solo com deficiência de boro e manganês
  • Tiririca ou junça – solo ácido, com carência de magnésio
  • Caraguatá – é frequente em solos onde se praticam queimadas
  • Azedinha - solo argiloso, ácido, carência de cálcio e molibdênio
   Ao mesmo tempo que uma planta espontânea indica um problema, também ajuda a solucioná-lo. A competição por água e nutrientes exercida pelas plantas espontâneas é uma preocupação para o hemisfério norte, onde a estação de crescimento é fria, única e curta. Nas condições tropicais e subtropicais, clima predominante no Brasil, esta competição é menos problemática do que a falta de cobertura do solo; as plantas espontâneas ajudam a cobrir o solo, reduzindo a erosão e o aquecimento superficial, nossos principais problemas. Ao reduzir a erosão e o aquecimento superficial, contribuem para melhorar a disponibilidade de água e a absorção de nutrientes pelas raízes, as quais paralisam esta atividade quando o solo atinge temperaturas acima de 32 ºC. As plantas espontâneas aumentam a densidade e a diversidade radicular, contribuem para a reciclagem de nutrientes e para melhorar as características físicas, químicas e biológicas do solo. São fontes de biomassa, produzem flores que atraem insetos predadores e podem servir de alimento preferencial para pragas das culturas. Por isso, as plantas espontâneas não merecem ser chamadas de daninhas e sim, ser consideradas, como uma reação da natureza à falta de cobertura do solo. Portanto as plantas espontâneas ("daninhas" ou "mato") são consideradas "amigas" das plantas cultivadas.
Manejo das plantas espontâneas no plantio definitivo de hortaliças
     Na agricultura orgânica "o mato" funciona como: cobertura do solo, protegendo-o contra a erosão e chuvas fortes, adubação verde e até como abrigo e alimento de inimigos naturais dos insetos-pragas que atacam as culturas. As principais práticas que são recomendadas no manejo das plantas espontâneas na agricultura orgânica são:
  • Práticas de prevenção: evitar a multiplicação das sementes; em áreas muito inçadas preparar o solo com antecedência; utilizar composto orgânico ao invés de esterco de animais (gado); controle manual; rotação e consorciação de culturas;
  • Plantas de cobertura (adubos verdes) em rotação, sucessão ou consorciadas com os cultivos e com efeitos alelopáticos: mucuna (favorece o abafamento das plantas espontâneas), feijão de porco (inibe a tiririca), aveia e nabo forrageiro ( inibem o papuã), ervilhaca e outras;
  • As plantas espontâneas não devem ser totalmente eliminadas: se entende que ocorre um mecanismo de sucessão natural de espécies numa determinada área e, por isso, a intervenção deverá ser no sentido de auxiliar a natureza para que este processo ocorra ao longo do tempo, para que a população de plantas espontâneas mais "agressivas" seja reduzida a níveis toleráveis, cedendo espaço para as mais "comportadas" e de mais fácil manejo. O crescimento das plantas espontâneas ao redor dos cultivos ou o estabelecimento de áreas ou faixas de vegetação espontâneas fora da área cultivada tem a vantagem de assegurar maior estabilidade do sistema produtivo, reduzindo os problemas com pragas e doenças e aumentando a atividade de inimigos naturais das pragas;
  • Roçada das plantas espontâneas: as "plantas espontâneas, podem conviver com os cultivos após o período crítico de competição, especialmente por luz, nos 30 dias após o plantio. Dependendo da espécie cultivada, é possível permitir o crescimento das plantas espontâneas, as quais podem dificultar um pouco a colheita, porém , isto pode ser mais preferível do que controlá-las. Em certos casos, amassar as plantas espontâneas pode ser mais vantajoso do que roçar e roçar mais vantajoso do que capinar. Plantas espontâneas mais persistentes podem ter sua população controlada a níveis toleráveis se permitirmos que outras de ciclo mais longo as abafem;
  • Cobertura vegetal viva ou morta, utilizando o cultivo mínimo ou plantio direto : reduz a incidência de plantas espontâneas impedindo a germinação ou abafando.
    Figura 1. Cultivo mínimo de brássicas no plantio de outono sobre as plantas espontâneas
    Figura 2. Feijão-de-porco, além de melhorar a fertilidade do solo,é uma opção de manejo da tiririca através da alelopatia 
    Figura 3. Cultivo mínimo de aipim sobre adubos verdes de inverno (aveia + ervilhaca)
     Figura 4. Cultivo mínimo de brássicas sobre adubos verdes de inverno (aveia + ervilhaca) 
    Figura 5. Plantio direto de couve-flor sobre cobertura morta de palha de arroz 
    Figura 6. Cultivo de morangueiro sobre cobertura de serragem
Manejo de plantas espontâneas em sementeiras (cebola e outras) e no cultivo de cenoura e salsa
  Um dos desafios na agricultura orgânica é o manejo das plantas espontâneas em sementeiras e, especialmente, no cultivo de algumas hortaliças como cenoura e salsa, espécies que demoram 10 a 15 dias para a emergência e, por isso, acabam competindo com o "mato" que emerge mais rapidamente. Portanto, o período mais crítico de competição com as plantas espontâneas é quando da emergência das plântulas até os 30 dias subsequentes. Após esse período, as plantas espontâneas não causam maiores problemas, especialmente quando as hortaliças são cultivadas em linhas.
    Para retardar as plantas espontâneas, pesquisadores da Epagri/Estação Experimental de Ituporanga descobriram um método eficiente para canteiros, utilizando folhas de papel: após o preparo do canteiro, cobre-se o mesmo com jornal (uma folha apenas) ou papel pardo em toda a extensão e sobre este aplica-se 2cm de composto orgânico peneirado. Faz-se a semeadura a lanço ou no sulco e cobrem-se as sementes com 2cm de composto peneirado. Recomenda-se este sistema especialmente para as culturas que possuem sementes pequenas e germinação mais demorada, como cenoura e salsa, e que são semeadas diretamente no canteiro, com objetivo de atrasar a emergência das plantas espontâneas na fase mais crítica (até 25 a 30 dias após a semeadura). Posteriormente, procede-se a abertura dos sulcos, a semeadura e a cobertura das sementes.
Figura 7. Preparo do canteiro para semeadura, colocando-se o jornal e posteriormente o composto orgânico
Figura 8.. Manejo de plantas espontâneas no cultivo de cenoura – fase inicial do desenvolvimento (à esquerda com jornal e à direita sem jornal)
Figura 9 .Cultivo de cenoura em canteiros utilizando-se folha de jornal – fase intermediária
Ferreira On 1/26/2012 01:56:00 AM Comentarios LEIA MAIS

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012



Mito: na agricultura convencional as plantas daninhas ("mato") são consideradas inimigas dos cultivos e nas cidades dificultam a limpeza, portanto são consideradas problemas. Solução encontrada na agricultura "moderna": uso de herbicidas

    Na agricultura convencional, o "mato" ou "inços" são chamados de "plantas daninhas" pois leva-se em conta somente os efeitos negativos sobre a produção. Em uma conceituação ampla, planta daninha "é toda e qualquer planta que ocorre onde não é desejada". Em termos agrícolas, planta daninha pode ser conceituada como "toda e qualquer planta que germine espontaneamente em áreas de interesse humano e que, de alguma forma, interfere prejudicialmente em suas atividades agropecuárias" A solução encontrada pela agricultura "moderna" são os inúmeros herbicidas que acabam contaminando as fontes de água e, o que é pior, contaminando as pessoas, especialmente quando o uso for nas cidades. Felizmente, em Santa Catarina, esta prática é proibida por lei. Precisamos estar atentos e denunciar para a Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária em seu município, esta prática irregular, especialmente realizado pelas prefeituras.
Lei proíbe a capina química nas cidades em Santa Catarina
A lei nº 14.734 que proíbe a capina química em áreas de faixa de domínio de ferrovias, rodovias, vias públicas, ruas, praças, passeios, calçadas, avenidas, terrenos baldios, margem de arroios e valas em todo o território de Santa Catarina, foi sancionada pelo governador Luiz Henrique da Silveira em 17/06/2009. A lei nº 15.117 de 19/01/2010 alterou a redação, incluindo o parágrafo único: "a proibição contida na lei 14.734 não se aplica em áreas rurais e nas capinas amadoras em imóveis particulares devidamente protegidos do acesso público".
Mas o que é capina química? é todo método de eliminação de plantas invasoras pelo uso de herbicidas.
Figura 1. Por força de lei esta cena não pode ser mais vista nas cidades de Santa Catarina e, o que é pior, sem nenhum equipamento de proteção ao aplicador.

Capina química nas cidades: Por que proibir?
    Devido a ausência de segurança toxicológica, desde 2003, a Anvisa não permite a aplicação de herbicidas em ambientes urbanos, pois não tem como proibir o trânsito de pessoas, por pelo menos 24 horas após a aplicação; Todos os produtos registrados para uso agrícola, possuem, como regra, um período de reentrada mínimo de 24 horas, ou seja, após a aplicação do produto, a área deve ser isolada e sinalizada e, no caso de necessidade de entrada no local durante este intervalo, o uso de equipamentos de proteção individual é obrigatório.Em ambientes urbanos, o isolamento de uma área por 24 horas é impraticável, isto é, não tem como assegurar que a população, especialmente as crianças, analfabetos e deficientes visuais, sejam avisados e impedidos de entrar na área, principalmente logo após aplicação, quando ainda está molhado, o que aumenta muito o risco de intoxicação.
     A capina química com herbicidas nas cidades expõe a população ao risco de intoxicação, além de contaminar os animais, os vegetais, o solo e as fontes de água. São vários os fatores para proibir a capina química nas cidades, uma questão muito importante para resguardar a saúde pública. Dentre os fatores, destacam-se:
. A elevada densidade populacional nas áreas urbanas em contraposição aquela encontrada nas áreas rurais, onde é mais frequente o uso de agrotóxicos, significa um número bem maior de expostos, visto a concentração de moradias e atividades. É praticamente inviável interditar praças e ruas da circulação de pessoas durante e após a aplicação do agrotóxico;
. Os herbicidas autorizados para uso em áreas urbanas são os mesmos utilizados na agricultura, os quais, possuem regras restritas para manipulação e acesso as áreas tratadas. Além do agricultor não acessar as áreas após o tratamento, os solos agrícolas são permeáveis o que diminui o acúmulo e o escoamento superficial do produto aplicado;
. As áreas urbanas são pavimentadas ou de solo compactado favorecendo ao acúmulo superficial do herbicida aplicado, e nos casos de chuva, devido ao escoamento do produto, ocorre a formação de poças e retenções de água com elevadas concentrações do veneno, as quais, ocasionam importante aumento do risco de exposição de adultos, crianças, flora e fauna existente na área aplicada;
. As crianças, em particular, são mais sujeitas as intoxicações em virtude dos seguintes fatores: quanto menor o peso menor a dose de veneno necessária para intoxicar; as crianças utilizam os espaços públicos para brincar, muitas vezes sentando-se no chão e/ou utilizando poças e águas paradas para diversão e ainda levam com freqüência até a boca, objetos e alimentos que caem ou estão no chão onde se encontra o veneno;
. Os animais domésticos, tais como: cães, gatos, cavalos, pássaros e outros podem ser intoxicados, tanto pela ingestão de água contamina, como pelo consumo de capim, sementes e alimentos espalhados nas ruas. Soma-se a estes, o fato destes animais utilizarem calçadas e ruas como local de descanso.
    Para orientar municípios de todo país sobre os perigos do uso de herbicidas nas cidades, a Anvisa publicou a seguinte nota técnica em 15/01/2010: "os herbicidas são produtos essencialmente perigosos e sua utilização, mesmo no meio rural, deve ser feita sob condições de intenso controle, não apenas por ocasião da aplicação, mas também com o isolamento da área na qual foi aplicado" Na mesma nota, acrescenta: "fica evidenciado que não seria possível aplicar medidas que garantam condições ideais de segurança para o uso de agrotóxicos em ambiente urbano".
Todos os herbicidas causam preocupações em termos de saúde pública. Os principais são: 2,4D, glifosato (round-up) e paraquat (gramoxone).
    O paraquat provoca, quando absorvido, especialmente por via digestiva, lesões hepáticas e renais e principalmente, fibrose pulmonar irreversível, determinando a morte em cerca de 2 semanas, por insuficiência respiratória. Causa lesões na pele (via dérmica), lesões graves nas mucosas (via oral), sangramento pelo nariz, mal-estar, fraqueza e ulcerações na boca, torna as unhas quebradiças, produz conjuntivite ou opacidade da córnea (contato com os olhos). Não há tratamento médico adequado para esta situação.
    O 2,4D é bem absorvido pela pele, via digestiva e inalação, determinando de forma aguda, alterações da glicemia de forma transitória e ainda pode simular um quadro clínico de diabetes, além de alterações neuro-musculares provocando um processo inflamatório dos nervos longos dos membros inferiores e superiores.
  O Glifosato (round-up) causa problemas dermatológicos, principalmente dermatite de contato. Além disso, é irritante de mucosas, principalmente da mucosa ocular.
A evolução das intoxicações registradas pelo hospital universitário da UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina, revela que na década de 1991 a 2000 ocorreram, 350 casos de pessoas intoxicadas por ano, enquanto que década de 2001 a 2010 foram registrados 600 casos de pessoas intoxicadas por ano. Fonte: www.cit.sc.gov.br 
A intoxicação consiste em uma série de efeitos sintomáticos produzidos quando uma substância tóxica é ingerida ou entra em contato com a pele, olhos ou membranas mucosas. Os agrotóxicos podem determinar três tipos de intoxicação: aguda, subaguda e crônica. Na intoxicação aguda os sintomas surgem rapidamente, algumas horas após a exposição excessiva, por curto período, a produtos extrema ou altamente tóxicos. Pode ocorrer de forma leve, moderada ou grave, a depender da quantidade de veneno absorvido. Os sinais e sintomas são nítidos e objetivos. A intoxicação subaguda ocorre por exposição moderada ou pequena a produtos altamente tóxicos ou medianamente tóxicos e tem aparecimento mais lento. Os sintomas são subjetivos e vagos, tais como dor de cabeça, fraqueza, mal-estar, dor de estômago e sonolência, entre outros. A intoxicação crônica caracteriza-se por surgimento tardio, após meses ou anos, por exposição pequena ou moderada a produtos tóxicos ou a múltiplos produtos, acarretando danos irreversíveis, do tipo paralisias e neoplasias.
Tendo em vista o aumento significativo na última década nos casos registrados de intoxicação por agrotóxicos em Santa Catarina em até 70%, apelamos para que as pessoas denunciem para a vigilância sanitária de seu município, quando houver aplicação de herbicidas em sua cidade. A proibição é para todos os tipos de herbicidas! Não existe herbicida mais ou menos ecológico como alguns estão tentando vender o "Mata-Mato" e outros produtos proibidos para aplicação em zona urbana!
Por favor, faça a sua parte! denuncie!
O MEIO AMBIENTE E A SAÚDE DE TODOS NÓS AGRADECEM!
Ferreira On 1/18/2012 02:52:00 AM Comentarios LEIA MAIS

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Mito: é impossível produzir alimentos sem o uso de agrotóxicos
     A utilização dos adubos químicos, dos agrotóxicos e das sementes híbridas forma um círculo vicioso, interessante apenas para as multinacionais da agroindústria. As sementes ditas melhoradas necessitam mais adubação para se desenvolverem. A utilização do adubo químico torna as plantas mais fracas e mais suscetíveis ao ataque de pragas e doenças. E se tem que utilizar cada vez mais adubos químicos,  inseticidas e fungicidas para manter o nível desejável de produção.
     A agricultura moderna está baseada no uso intensivo de insumos. A adoção do sistema de monoculturas, o uso desequilibrado e altas doses de fertilizantes químicos e os agrotóxicos favoreceram a ocorrência de epidemias causadas por doenças e pragas em plantas. Para reduzir as perdas provocadas pelas doenças e pragas, o controle químico através da aplicação de agrotóxicos foi a principal ferramenta utilizada durante muitos anos. No entanto, a partir da publicação do livro Primavera Silenciosa, de Rachel Carson, em 1962, os cientistas e a sociedade perceberam a necessidade de buscar alternativas para diminuir a utilização de agrotóxicos na agricultura. Os agrotóxicos são apontados como formulações potencialmente perigosas, pois podem deixar resíduos nos alimentos, além de contaminar a água, o solo e os agricultores. Os agrotóxicos podem apresentar uma eficiência reduzida por ser afetados por inúmeros fatores (condições climáticas, especialmente no momento da aplicação e o local a ser protegido), além de selecionar populações resistentes de plantas espontâneas, pragas e microrganismos. Um exemplo das sérias consequências à saúde humana do uso crescente e abusivo de agrotóxicos na agricultura são os casos de intoxicação e mortes registrados no Centro de Informações Toxicológicas (CIT) situado no Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina, em Florianópolis, SC. No período de 1986 até 2007, o CIT detectou 9.933 intoxicações de agricultores e 210 mortes em Santa Catarina (Fonte: Centro de Informações..., 2008). Segundo os técnicos, esses números representam apenas uma parte da realidade. Estima-se que para cada notificação oficial ocorram pelo menos 10 casos que não são registrados. Isso se deve, em parte, pela dificuldade de diagnosticar corretamente os casos de intoxicação.

Razões do ataque das pragas e doenças

     As hortaliças estão sujeitas a uma série de micróbios e insetos que causam danos às plantas. Os micróbios (bactérias, fungos, nematóides e vírus), quando encontram condições favoráveis, tornam-se muito ativos e as plantas, quando em condições desvantajosas, ficam sujeitas a eles. O olericultor deve procurar proporcionar condições que favoreçam as plantas, buscando, ao mesmo tempo, desfavorecer as doenças e as pragas. No caso específico das doenças é importante ter em mente que a ocorrência delas depende da exigência de um ambiente favorável (clima, solo, sistema de irrigação, etc.), de uma planta susceptível às doenças, da presença dos microrganismos e, em alguns casos, de um vetor (transmissor). Uma das teorias mais aceitas para explicar, em parte, o ataque de pragas e doenças é a Teoria da Trofobiose desenvolvida por Francis Chauboussou (Chaboussou, 1987). A teoria baseia-se na quantidade dos tipos de substâncias presentes nos órgãos das plantas. Caso estejam presentes mais substâncias simples (aminoácidos), que são mais desejadas pelos micróbios e pragas, ocorre maior ataque das pestes. Por outro lado, se existirem  substâncias mais complexas (proteínas), as  pragas causarão menos danos. Vários são os fatores relacionados com o tipo de substância predominante: adubações com fertilizantes químicos altamente solúveis, clima, estádio de desenvolvimento da planta, aplicações de agrotóxicos e estimuladores de crescimento.
     O Manejo Ecológico de Pragas (MEP), é o sistema que utiliza, ao mesmo tempo, várias formas de controle (ver matérias postadas neste blog  em 01, 16 e 27/09/2011; 21 e 26/10/2011, os principais métodos de manejo e o reconhecimento dos principais insetos-pragas das hortaliças).  O sistema não procura exterminar os insetos-pragas, mas simplesmente mantê-los em determinados níveis de equilíbrio e não colocando em risco a saúde, plantação e o lucro do agricultor. As pragas são consideradas como parte do sistema ecológico no qual a cultura se encaixa e, portanto, é combatida de modo a não alterar o balanço ecológico, o qual precisa ser mantido para que novas pragas não venham a ocorrer. O reconhecimento dos insetos-pragas e seus inimigos naturais, bem como as vistorias permanentes da lavoura, não podem ser dispensados no manejo ecológico de insetos-pragas. No novo conceito, pragas são considerados quaisquer animais (aves, doenças, ácaros e principalmente insetos), que competem com o homem pelo alimento por ele produzido. 
 Verdade: “não fazer nada” é, às vezes, a melhor solução para o manejo das pragas e doenças na agricultura orgânica
     O inseto pode ser considerado praga quando causa danos econômicos ao produtor. A simples presença de insetos na lavoura não significa perdas; é necessário que a população destes seja elevada.  Um exemplo prático, entre muitos outros,  da situação em que “não fazer nada”  é, às vezes, melhor,  quando ocorre o ataque de pulgões; as joaninhas, inimigos naturais destas pragas, se tiverem farto alimento e não utilizando-se inseticidas, reproduzem-se abundantemente e podem dominar os pulgões que atacam as plantas cultivadas e não serem mais problema na horta.
 Figura  1. Joaninha: a mais conhecida e eficiente inimiga natural dos pulgões
  
Preservação de bosques, cercas vivas e até capoeiras para servir como abrigo e alimento aos inimigos naturais dos insetos-pragas

     A preservação de bosques, cercas vivas e até capoeiras, próximos da área cultivada é muito importante para servir como abrigo e alimento de inimigos naturais e, até como quebra-ventos. Incluir nas lavouras faixas de adubos verdes e até deixar refúgios de plantas espontâneas ao redor dos cultivos, também contribuem para favorecer os inimigos naturais das pragas que atacam as culturas. Os inimigos naturais são insetos, fungos, bactérias, vírus, nematóides, répteis, aves e mamíferos pequenos. Todas as pragas das culturas  têm seus inimigos naturais que as devoram ou destroem. Daí a importância de diversificar os cultivos através da rotação, sucessão e consorciação de culturas, bem
como preservar refúgios naturais para manter a diversidade natural da fauna.Todos fazem parte do grande conjunto natural e cada um contribui para manutenção do equilíbrio na natureza.
     Entre as espécies de plantas que servem de refúgio para os inimigos naturais, destacam-se: o menstrato (Ageratum conyzoides), a beldroega (Portulaca oleracea), o caruru (Amaranthus viridis), o nabo forrageiro (Raphanus raphanistrum) e o sorgo granífero (Sorghum bicolor). No caso do sorgo, suas panículas em flor favorecem o abrigo e a reprodução de insetos como percevejo (Orius insidiosus), que é predador de lagartas, ácaros e tripes da cebola. Há, no entanto, plantas que são desfavoráveis à preservação e ao aumento de inimigos naturais das pragas, como mamona, capim, grama-seda, capim-amargoso, guanxuma, tiririca, picão-branco e carrapicho-carneiro.Entre os insetos, os inimigos naturais mais conhecidos são as joaninhas (Figura 1) e as vespinhas que parasitam especialmente pulgões, cochonilhas e lagartas.
Outros exemplos de inimigos naturais e os principais depredados ou destruídos são:
percevejos –  atacam lagartas e seus ovos; moscas – lagartas, seus ovos e outras pragas; coleópteros lagartas e percevejos; louva-a-deus, joaninha e vespinhas pulgões; peixes – larvas de pernilongos; fungos – larvas e nematóides; garças – moluscos e insetos; pica-pau – insetos; tamanduá – formigas e cupins; outros animais que se alimentam de insetos – galinha d’angola,morcegos, lagartas, sapos, rãs, tatus e pássaros (andorinhas, anus, bem-te- vis, corruíras, beija-flores e tesouras).

Princípios básicos para o manejo natural das pragas
     É preciso entender que o estado normal da natureza é a harmonia; numa floresta todos os seres vivos estão em equilíbrio. Nenhuma praga ou doença deveria ameaçar o equilíbrio do sistema em que vive. Foi o homem que ignorando as mais elementares das suas leis e mecanismos, terminou por criar as condições para o aparecimento de pragas e doenças. Foi muito bom para as indústrias, mas foi um péssimo negócio para o homem e demais seres vivos. Se pudéssemos contar com plantas desenvolvidas naturalmente, meio ambiente natural e equilibrado e solo fértil, não existiriam pragas e doenças.
     A observação de alguns princípios básicos poderá contribuir para o manejo natural das pragas em sua horta. Os principais são:
. Aumente a matéria orgânica e crie um microclima favorável à vida no solo;
. Cultive basicamente as espécies mais adaptadas para a sua região e para cada época de plantio;
. Dentro de cada espécie procure utilizar sempre as cultivares mais resistentes e recomendadas para cada época de plantio;
. Produza suas próprias sementes, se for possível, deixando frutificar as plantas mais vigorosas e produtivas;
. Procure diversificar, plantando o maior número de espécies possíveis na horta; o plantio de plantas repelentes e atraentes de pragas, muitas vezes, contribuem para o manejo natural; 
.Preserve alguns espaços sem cultivar e deixe a vegetação espontânea desenvolver-se, pois assim os inimigos naturais das pragas poderão se reproduzirem e se alimentarem;
. Evite, sempre que possível, o uso de inseticidas e fungicidas caseiros, pois embora não sejam tão agressivos ao meio ambiente, poderão afetar também os inimigos naturais. Recomenda-se, sempre que possível, que se aguarde o “surgimento” do controle natural.

 Pulverização com produtos alternativos
     O manejo eficiente das doenças e pragas é baseado em dois princípios fundamentais:

É impossível controlar totalmente as  pragas; por isso, o que se recomenda é manejar a cultura de forma a reduzir ao mínimo os danos causados;

O manejo é um conjunto de medidas que incluem determinadas práticas culturais e, em certos casos, o controle alternativo (somente aqueles produtos permitidos na agricultura orgânica). É suficiente para evitar danos econômicos às culturas.

     Plantas saudáveis produzidas em solos com vida e, em ambientes equilibrados, normalmente, não são atacadas por pragas. Substâncias alternativas aos agrotóxicos que são permitidos na agricultura orgânica (cinzas de madeira, calda bordalesa, calda sulfocálcica,  biofertilizantes, extratos vegetais, agentes de controle biológicos e outros produtos (ver como prepará-los através de matérias postadas neste blog em 13 e 22/12/2010 e 06/01/2011),  devem ser utilizados somente, quando necessário e, de forma criteriosa, evitando-se o uso sistemático na forma de calendário. O inseticida biológico à base de Bacillus thurigiensis, conhecido comercialmente como Dipel e outros, pode ser usado para manejar, especialmente, lagartas e traças que atacam as brássicas, bem como traças e brocas do tomateiro e, ainda as brocas das cucurbitáceas.  Os preparados de sálvia e  pimenta, plantas medicinais e condimentares (Figura 2), estão entre os produtos alternativos mais eficientes no manejo de pulgões, vaquinhas, grilos e paquinhas que atacam a horta.

Figura 2. Sálvia (planta medicinal) e pimenta (hortaliça-condimento), utilizadas em preparados que podem serem feitos na propriedade, são eficientes no manejo de lagartas e pulgões, respectivamente, que atacam a couve, repolho, couve-flor e brócolis. O preparado de pimenta também é eficiente no manejo de vaquinhas, grilos e paquinhas que atacam a horta.


Ferreira On 1/05/2012 03:19:00 AM 1 comment LEIA MAIS

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Agricultura orgânica X agricultura convencional: Mitos e verdades Parte VIII


Verdade: em agricultura orgânica, as plantas espontâneas ("mato") não são problemas, são solução!
    Na agricultura orgânica, o "mato" ou "inços" são chamados de plantas espontâneas: são espécies que germinam na área de cultivo, podendo ser espécies nativas (surgem naturalmente na região) ou exóticas (introduzidas na região) já estabelecidas ou são indicadoras de algum problema no solo. Quando uma planta se torna agressiva ("invasora" ou "inço") e domina uma área, o problema não está na planta, mas no solo e/ou no ambiente que o envolve. As plantas espontâneas estão adaptadas ao seu ambiente, sendo portanto, indicadoras das condições químicas ou físicas do solo, indicando também o manejo que está sendo praticado. Para que uma espécie de planta não domine a área cultivada, primeiro é preciso resolver os problemas existentes no solo. A seguir alguns exemplos de plantas indicadoras de problemas no solo:
  • Picão preto e urtiga – excesso de matéria orgânica
  • Carqueja, capim-carrapicho, guanxuma, língua-de-vaca, maria mole e tanchagem – solo compactado
  • Samambaia e capim-arroz – solo ácido com alto teor de alumínio
  • Barba-de-bode e capim-amargoso – solo com baixa fertilidade
  • Capim marmelada ou papuã – solo muito arado e gradeado, com deficiência de zinco
  • Nabo – solo com deficiência de boro e manganês
  • Tiririca ou junça – solo ácido, com carência de magnésio
  • Caraguatá – é frequente em solos onde se praticam queimadas
  • Azedinha - solo argiloso, ácido, carência de cálcio e molibdênio
   Ao mesmo tempo que uma planta espontânea indica um problema, também ajuda a solucioná-lo. A competição por água e nutrientes exercida pelas plantas espontâneas é uma preocupação para o hemisfério norte, onde a estação de crescimento é fria, única e curta. Nas condições tropicais e subtropicais, clima predominante no Brasil, esta competição é menos problemática do que a falta de cobertura do solo; as plantas espontâneas ajudam a cobrir o solo, reduzindo a erosão e o aquecimento superficial, nossos principais problemas. Ao reduzir a erosão e o aquecimento superficial, contribuem para melhorar a disponibilidade de água e a absorção de nutrientes pelas raízes, as quais paralisam esta atividade quando o solo atinge temperaturas acima de 32 ºC. As plantas espontâneas aumentam a densidade e a diversidade radicular, contribuem para a reciclagem de nutrientes e para melhorar as características físicas, químicas e biológicas do solo. São fontes de biomassa, produzem flores que atraem insetos predadores e podem servir de alimento preferencial para pragas das culturas. Por isso, as plantas espontâneas não merecem ser chamadas de daninhas e sim, ser consideradas, como uma reação da natureza à falta de cobertura do solo. Portanto as plantas espontâneas ("daninhas" ou "mato") são consideradas "amigas" das plantas cultivadas.
Manejo das plantas espontâneas no plantio definitivo de hortaliças
     Na agricultura orgânica "o mato" funciona como: cobertura do solo, protegendo-o contra a erosão e chuvas fortes, adubação verde e até como abrigo e alimento de inimigos naturais dos insetos-pragas que atacam as culturas. As principais práticas que são recomendadas no manejo das plantas espontâneas na agricultura orgânica são:
  • Práticas de prevenção: evitar a multiplicação das sementes; em áreas muito inçadas preparar o solo com antecedência; utilizar composto orgânico ao invés de esterco de animais (gado); controle manual; rotação e consorciação de culturas;
  • Plantas de cobertura (adubos verdes) em rotação, sucessão ou consorciadas com os cultivos e com efeitos alelopáticos: mucuna (favorece o abafamento das plantas espontâneas), feijão de porco (inibe a tiririca), aveia e nabo forrageiro ( inibem o papuã), ervilhaca e outras;
  • As plantas espontâneas não devem ser totalmente eliminadas: se entende que ocorre um mecanismo de sucessão natural de espécies numa determinada área e, por isso, a intervenção deverá ser no sentido de auxiliar a natureza para que este processo ocorra ao longo do tempo, para que a população de plantas espontâneas mais "agressivas" seja reduzida a níveis toleráveis, cedendo espaço para as mais "comportadas" e de mais fácil manejo. O crescimento das plantas espontâneas ao redor dos cultivos ou o estabelecimento de áreas ou faixas de vegetação espontâneas fora da área cultivada tem a vantagem de assegurar maior estabilidade do sistema produtivo, reduzindo os problemas com pragas e doenças e aumentando a atividade de inimigos naturais das pragas;
  • Roçada das plantas espontâneas: as "plantas espontâneas, podem conviver com os cultivos após o período crítico de competição, especialmente por luz, nos 30 dias após o plantio. Dependendo da espécie cultivada, é possível permitir o crescimento das plantas espontâneas, as quais podem dificultar um pouco a colheita, porém , isto pode ser mais preferível do que controlá-las. Em certos casos, amassar as plantas espontâneas pode ser mais vantajoso do que roçar e roçar mais vantajoso do que capinar. Plantas espontâneas mais persistentes podem ter sua população controlada a níveis toleráveis se permitirmos que outras de ciclo mais longo as abafem;
  • Cobertura vegetal viva ou morta, utilizando o cultivo mínimo ou plantio direto : reduz a incidência de plantas espontâneas impedindo a germinação ou abafando.
    Figura 1. Cultivo mínimo de brássicas no plantio de outono sobre as plantas espontâneas
    Figura 2. Feijão-de-porco, além de melhorar a fertilidade do solo,é uma opção de manejo da tiririca através da alelopatia 
    Figura 3. Cultivo mínimo de aipim sobre adubos verdes de inverno (aveia + ervilhaca)
     Figura 4. Cultivo mínimo de brássicas sobre adubos verdes de inverno (aveia + ervilhaca) 
    Figura 5. Plantio direto de couve-flor sobre cobertura morta de palha de arroz 
    Figura 6. Cultivo de morangueiro sobre cobertura de serragem
Manejo de plantas espontâneas em sementeiras (cebola e outras) e no cultivo de cenoura e salsa
  Um dos desafios na agricultura orgânica é o manejo das plantas espontâneas em sementeiras e, especialmente, no cultivo de algumas hortaliças como cenoura e salsa, espécies que demoram 10 a 15 dias para a emergência e, por isso, acabam competindo com o "mato" que emerge mais rapidamente. Portanto, o período mais crítico de competição com as plantas espontâneas é quando da emergência das plântulas até os 30 dias subsequentes. Após esse período, as plantas espontâneas não causam maiores problemas, especialmente quando as hortaliças são cultivadas em linhas.
    Para retardar as plantas espontâneas, pesquisadores da Epagri/Estação Experimental de Ituporanga descobriram um método eficiente para canteiros, utilizando folhas de papel: após o preparo do canteiro, cobre-se o mesmo com jornal (uma folha apenas) ou papel pardo em toda a extensão e sobre este aplica-se 2cm de composto orgânico peneirado. Faz-se a semeadura a lanço ou no sulco e cobrem-se as sementes com 2cm de composto peneirado. Recomenda-se este sistema especialmente para as culturas que possuem sementes pequenas e germinação mais demorada, como cenoura e salsa, e que são semeadas diretamente no canteiro, com objetivo de atrasar a emergência das plantas espontâneas na fase mais crítica (até 25 a 30 dias após a semeadura). Posteriormente, procede-se a abertura dos sulcos, a semeadura e a cobertura das sementes.
Figura 7. Preparo do canteiro para semeadura, colocando-se o jornal e posteriormente o composto orgânico
Figura 8.. Manejo de plantas espontâneas no cultivo de cenoura – fase inicial do desenvolvimento (à esquerda com jornal e à direita sem jornal)
Figura 9 .Cultivo de cenoura em canteiros utilizando-se folha de jornal – fase intermediária

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Agricultura orgânica X agricultura convencional: Mitos e verdades Parte VII



Mito: na agricultura convencional as plantas daninhas ("mato") são consideradas inimigas dos cultivos e nas cidades dificultam a limpeza, portanto são consideradas problemas. Solução encontrada na agricultura "moderna": uso de herbicidas

    Na agricultura convencional, o "mato" ou "inços" são chamados de "plantas daninhas" pois leva-se em conta somente os efeitos negativos sobre a produção. Em uma conceituação ampla, planta daninha "é toda e qualquer planta que ocorre onde não é desejada". Em termos agrícolas, planta daninha pode ser conceituada como "toda e qualquer planta que germine espontaneamente em áreas de interesse humano e que, de alguma forma, interfere prejudicialmente em suas atividades agropecuárias" A solução encontrada pela agricultura "moderna" são os inúmeros herbicidas que acabam contaminando as fontes de água e, o que é pior, contaminando as pessoas, especialmente quando o uso for nas cidades. Felizmente, em Santa Catarina, esta prática é proibida por lei. Precisamos estar atentos e denunciar para a Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária em seu município, esta prática irregular, especialmente realizado pelas prefeituras.
Lei proíbe a capina química nas cidades em Santa Catarina
A lei nº 14.734 que proíbe a capina química em áreas de faixa de domínio de ferrovias, rodovias, vias públicas, ruas, praças, passeios, calçadas, avenidas, terrenos baldios, margem de arroios e valas em todo o território de Santa Catarina, foi sancionada pelo governador Luiz Henrique da Silveira em 17/06/2009. A lei nº 15.117 de 19/01/2010 alterou a redação, incluindo o parágrafo único: "a proibição contida na lei 14.734 não se aplica em áreas rurais e nas capinas amadoras em imóveis particulares devidamente protegidos do acesso público".
Mas o que é capina química? é todo método de eliminação de plantas invasoras pelo uso de herbicidas.
Figura 1. Por força de lei esta cena não pode ser mais vista nas cidades de Santa Catarina e, o que é pior, sem nenhum equipamento de proteção ao aplicador.

Capina química nas cidades: Por que proibir?
    Devido a ausência de segurança toxicológica, desde 2003, a Anvisa não permite a aplicação de herbicidas em ambientes urbanos, pois não tem como proibir o trânsito de pessoas, por pelo menos 24 horas após a aplicação; Todos os produtos registrados para uso agrícola, possuem, como regra, um período de reentrada mínimo de 24 horas, ou seja, após a aplicação do produto, a área deve ser isolada e sinalizada e, no caso de necessidade de entrada no local durante este intervalo, o uso de equipamentos de proteção individual é obrigatório.Em ambientes urbanos, o isolamento de uma área por 24 horas é impraticável, isto é, não tem como assegurar que a população, especialmente as crianças, analfabetos e deficientes visuais, sejam avisados e impedidos de entrar na área, principalmente logo após aplicação, quando ainda está molhado, o que aumenta muito o risco de intoxicação.
     A capina química com herbicidas nas cidades expõe a população ao risco de intoxicação, além de contaminar os animais, os vegetais, o solo e as fontes de água. São vários os fatores para proibir a capina química nas cidades, uma questão muito importante para resguardar a saúde pública. Dentre os fatores, destacam-se:
. A elevada densidade populacional nas áreas urbanas em contraposição aquela encontrada nas áreas rurais, onde é mais frequente o uso de agrotóxicos, significa um número bem maior de expostos, visto a concentração de moradias e atividades. É praticamente inviável interditar praças e ruas da circulação de pessoas durante e após a aplicação do agrotóxico;
. Os herbicidas autorizados para uso em áreas urbanas são os mesmos utilizados na agricultura, os quais, possuem regras restritas para manipulação e acesso as áreas tratadas. Além do agricultor não acessar as áreas após o tratamento, os solos agrícolas são permeáveis o que diminui o acúmulo e o escoamento superficial do produto aplicado;
. As áreas urbanas são pavimentadas ou de solo compactado favorecendo ao acúmulo superficial do herbicida aplicado, e nos casos de chuva, devido ao escoamento do produto, ocorre a formação de poças e retenções de água com elevadas concentrações do veneno, as quais, ocasionam importante aumento do risco de exposição de adultos, crianças, flora e fauna existente na área aplicada;
. As crianças, em particular, são mais sujeitas as intoxicações em virtude dos seguintes fatores: quanto menor o peso menor a dose de veneno necessária para intoxicar; as crianças utilizam os espaços públicos para brincar, muitas vezes sentando-se no chão e/ou utilizando poças e águas paradas para diversão e ainda levam com freqüência até a boca, objetos e alimentos que caem ou estão no chão onde se encontra o veneno;
. Os animais domésticos, tais como: cães, gatos, cavalos, pássaros e outros podem ser intoxicados, tanto pela ingestão de água contamina, como pelo consumo de capim, sementes e alimentos espalhados nas ruas. Soma-se a estes, o fato destes animais utilizarem calçadas e ruas como local de descanso.
    Para orientar municípios de todo país sobre os perigos do uso de herbicidas nas cidades, a Anvisa publicou a seguinte nota técnica em 15/01/2010: "os herbicidas são produtos essencialmente perigosos e sua utilização, mesmo no meio rural, deve ser feita sob condições de intenso controle, não apenas por ocasião da aplicação, mas também com o isolamento da área na qual foi aplicado" Na mesma nota, acrescenta: "fica evidenciado que não seria possível aplicar medidas que garantam condições ideais de segurança para o uso de agrotóxicos em ambiente urbano".
Todos os herbicidas causam preocupações em termos de saúde pública. Os principais são: 2,4D, glifosato (round-up) e paraquat (gramoxone).
    O paraquat provoca, quando absorvido, especialmente por via digestiva, lesões hepáticas e renais e principalmente, fibrose pulmonar irreversível, determinando a morte em cerca de 2 semanas, por insuficiência respiratória. Causa lesões na pele (via dérmica), lesões graves nas mucosas (via oral), sangramento pelo nariz, mal-estar, fraqueza e ulcerações na boca, torna as unhas quebradiças, produz conjuntivite ou opacidade da córnea (contato com os olhos). Não há tratamento médico adequado para esta situação.
    O 2,4D é bem absorvido pela pele, via digestiva e inalação, determinando de forma aguda, alterações da glicemia de forma transitória e ainda pode simular um quadro clínico de diabetes, além de alterações neuro-musculares provocando um processo inflamatório dos nervos longos dos membros inferiores e superiores.
  O Glifosato (round-up) causa problemas dermatológicos, principalmente dermatite de contato. Além disso, é irritante de mucosas, principalmente da mucosa ocular.
A evolução das intoxicações registradas pelo hospital universitário da UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina, revela que na década de 1991 a 2000 ocorreram, 350 casos de pessoas intoxicadas por ano, enquanto que década de 2001 a 2010 foram registrados 600 casos de pessoas intoxicadas por ano. Fonte: www.cit.sc.gov.br 
A intoxicação consiste em uma série de efeitos sintomáticos produzidos quando uma substância tóxica é ingerida ou entra em contato com a pele, olhos ou membranas mucosas. Os agrotóxicos podem determinar três tipos de intoxicação: aguda, subaguda e crônica. Na intoxicação aguda os sintomas surgem rapidamente, algumas horas após a exposição excessiva, por curto período, a produtos extrema ou altamente tóxicos. Pode ocorrer de forma leve, moderada ou grave, a depender da quantidade de veneno absorvido. Os sinais e sintomas são nítidos e objetivos. A intoxicação subaguda ocorre por exposição moderada ou pequena a produtos altamente tóxicos ou medianamente tóxicos e tem aparecimento mais lento. Os sintomas são subjetivos e vagos, tais como dor de cabeça, fraqueza, mal-estar, dor de estômago e sonolência, entre outros. A intoxicação crônica caracteriza-se por surgimento tardio, após meses ou anos, por exposição pequena ou moderada a produtos tóxicos ou a múltiplos produtos, acarretando danos irreversíveis, do tipo paralisias e neoplasias.
Tendo em vista o aumento significativo na última década nos casos registrados de intoxicação por agrotóxicos em Santa Catarina em até 70%, apelamos para que as pessoas denunciem para a vigilância sanitária de seu município, quando houver aplicação de herbicidas em sua cidade. A proibição é para todos os tipos de herbicidas! Não existe herbicida mais ou menos ecológico como alguns estão tentando vender o "Mata-Mato" e outros produtos proibidos para aplicação em zona urbana!
Por favor, faça a sua parte! denuncie!
O MEIO AMBIENTE E A SAÚDE DE TODOS NÓS AGRADECEM!

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Agricultura orgânica X agricultura convencional: Mitos e verdades Parte VI

Mito: é impossível produzir alimentos sem o uso de agrotóxicos
     A utilização dos adubos químicos, dos agrotóxicos e das sementes híbridas forma um círculo vicioso, interessante apenas para as multinacionais da agroindústria. As sementes ditas melhoradas necessitam mais adubação para se desenvolverem. A utilização do adubo químico torna as plantas mais fracas e mais suscetíveis ao ataque de pragas e doenças. E se tem que utilizar cada vez mais adubos químicos,  inseticidas e fungicidas para manter o nível desejável de produção.
     A agricultura moderna está baseada no uso intensivo de insumos. A adoção do sistema de monoculturas, o uso desequilibrado e altas doses de fertilizantes químicos e os agrotóxicos favoreceram a ocorrência de epidemias causadas por doenças e pragas em plantas. Para reduzir as perdas provocadas pelas doenças e pragas, o controle químico através da aplicação de agrotóxicos foi a principal ferramenta utilizada durante muitos anos. No entanto, a partir da publicação do livro Primavera Silenciosa, de Rachel Carson, em 1962, os cientistas e a sociedade perceberam a necessidade de buscar alternativas para diminuir a utilização de agrotóxicos na agricultura. Os agrotóxicos são apontados como formulações potencialmente perigosas, pois podem deixar resíduos nos alimentos, além de contaminar a água, o solo e os agricultores. Os agrotóxicos podem apresentar uma eficiência reduzida por ser afetados por inúmeros fatores (condições climáticas, especialmente no momento da aplicação e o local a ser protegido), além de selecionar populações resistentes de plantas espontâneas, pragas e microrganismos. Um exemplo das sérias consequências à saúde humana do uso crescente e abusivo de agrotóxicos na agricultura são os casos de intoxicação e mortes registrados no Centro de Informações Toxicológicas (CIT) situado no Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina, em Florianópolis, SC. No período de 1986 até 2007, o CIT detectou 9.933 intoxicações de agricultores e 210 mortes em Santa Catarina (Fonte: Centro de Informações..., 2008). Segundo os técnicos, esses números representam apenas uma parte da realidade. Estima-se que para cada notificação oficial ocorram pelo menos 10 casos que não são registrados. Isso se deve, em parte, pela dificuldade de diagnosticar corretamente os casos de intoxicação.

Razões do ataque das pragas e doenças

     As hortaliças estão sujeitas a uma série de micróbios e insetos que causam danos às plantas. Os micróbios (bactérias, fungos, nematóides e vírus), quando encontram condições favoráveis, tornam-se muito ativos e as plantas, quando em condições desvantajosas, ficam sujeitas a eles. O olericultor deve procurar proporcionar condições que favoreçam as plantas, buscando, ao mesmo tempo, desfavorecer as doenças e as pragas. No caso específico das doenças é importante ter em mente que a ocorrência delas depende da exigência de um ambiente favorável (clima, solo, sistema de irrigação, etc.), de uma planta susceptível às doenças, da presença dos microrganismos e, em alguns casos, de um vetor (transmissor). Uma das teorias mais aceitas para explicar, em parte, o ataque de pragas e doenças é a Teoria da Trofobiose desenvolvida por Francis Chauboussou (Chaboussou, 1987). A teoria baseia-se na quantidade dos tipos de substâncias presentes nos órgãos das plantas. Caso estejam presentes mais substâncias simples (aminoácidos), que são mais desejadas pelos micróbios e pragas, ocorre maior ataque das pestes. Por outro lado, se existirem  substâncias mais complexas (proteínas), as  pragas causarão menos danos. Vários são os fatores relacionados com o tipo de substância predominante: adubações com fertilizantes químicos altamente solúveis, clima, estádio de desenvolvimento da planta, aplicações de agrotóxicos e estimuladores de crescimento.
     O Manejo Ecológico de Pragas (MEP), é o sistema que utiliza, ao mesmo tempo, várias formas de controle (ver matérias postadas neste blog  em 01, 16 e 27/09/2011; 21 e 26/10/2011, os principais métodos de manejo e o reconhecimento dos principais insetos-pragas das hortaliças).  O sistema não procura exterminar os insetos-pragas, mas simplesmente mantê-los em determinados níveis de equilíbrio e não colocando em risco a saúde, plantação e o lucro do agricultor. As pragas são consideradas como parte do sistema ecológico no qual a cultura se encaixa e, portanto, é combatida de modo a não alterar o balanço ecológico, o qual precisa ser mantido para que novas pragas não venham a ocorrer. O reconhecimento dos insetos-pragas e seus inimigos naturais, bem como as vistorias permanentes da lavoura, não podem ser dispensados no manejo ecológico de insetos-pragas. No novo conceito, pragas são considerados quaisquer animais (aves, doenças, ácaros e principalmente insetos), que competem com o homem pelo alimento por ele produzido. 
 Verdade: “não fazer nada” é, às vezes, a melhor solução para o manejo das pragas e doenças na agricultura orgânica
     O inseto pode ser considerado praga quando causa danos econômicos ao produtor. A simples presença de insetos na lavoura não significa perdas; é necessário que a população destes seja elevada.  Um exemplo prático, entre muitos outros,  da situação em que “não fazer nada”  é, às vezes, melhor,  quando ocorre o ataque de pulgões; as joaninhas, inimigos naturais destas pragas, se tiverem farto alimento e não utilizando-se inseticidas, reproduzem-se abundantemente e podem dominar os pulgões que atacam as plantas cultivadas e não serem mais problema na horta.
 Figura  1. Joaninha: a mais conhecida e eficiente inimiga natural dos pulgões
  
Preservação de bosques, cercas vivas e até capoeiras para servir como abrigo e alimento aos inimigos naturais dos insetos-pragas

     A preservação de bosques, cercas vivas e até capoeiras, próximos da área cultivada é muito importante para servir como abrigo e alimento de inimigos naturais e, até como quebra-ventos. Incluir nas lavouras faixas de adubos verdes e até deixar refúgios de plantas espontâneas ao redor dos cultivos, também contribuem para favorecer os inimigos naturais das pragas que atacam as culturas. Os inimigos naturais são insetos, fungos, bactérias, vírus, nematóides, répteis, aves e mamíferos pequenos. Todas as pragas das culturas  têm seus inimigos naturais que as devoram ou destroem. Daí a importância de diversificar os cultivos através da rotação, sucessão e consorciação de culturas, bem
como preservar refúgios naturais para manter a diversidade natural da fauna.Todos fazem parte do grande conjunto natural e cada um contribui para manutenção do equilíbrio na natureza.
     Entre as espécies de plantas que servem de refúgio para os inimigos naturais, destacam-se: o menstrato (Ageratum conyzoides), a beldroega (Portulaca oleracea), o caruru (Amaranthus viridis), o nabo forrageiro (Raphanus raphanistrum) e o sorgo granífero (Sorghum bicolor). No caso do sorgo, suas panículas em flor favorecem o abrigo e a reprodução de insetos como percevejo (Orius insidiosus), que é predador de lagartas, ácaros e tripes da cebola. Há, no entanto, plantas que são desfavoráveis à preservação e ao aumento de inimigos naturais das pragas, como mamona, capim, grama-seda, capim-amargoso, guanxuma, tiririca, picão-branco e carrapicho-carneiro.Entre os insetos, os inimigos naturais mais conhecidos são as joaninhas (Figura 1) e as vespinhas que parasitam especialmente pulgões, cochonilhas e lagartas.
Outros exemplos de inimigos naturais e os principais depredados ou destruídos são:
percevejos –  atacam lagartas e seus ovos; moscas – lagartas, seus ovos e outras pragas; coleópteros lagartas e percevejos; louva-a-deus, joaninha e vespinhas pulgões; peixes – larvas de pernilongos; fungos – larvas e nematóides; garças – moluscos e insetos; pica-pau – insetos; tamanduá – formigas e cupins; outros animais que se alimentam de insetos – galinha d’angola,morcegos, lagartas, sapos, rãs, tatus e pássaros (andorinhas, anus, bem-te- vis, corruíras, beija-flores e tesouras).

Princípios básicos para o manejo natural das pragas
     É preciso entender que o estado normal da natureza é a harmonia; numa floresta todos os seres vivos estão em equilíbrio. Nenhuma praga ou doença deveria ameaçar o equilíbrio do sistema em que vive. Foi o homem que ignorando as mais elementares das suas leis e mecanismos, terminou por criar as condições para o aparecimento de pragas e doenças. Foi muito bom para as indústrias, mas foi um péssimo negócio para o homem e demais seres vivos. Se pudéssemos contar com plantas desenvolvidas naturalmente, meio ambiente natural e equilibrado e solo fértil, não existiriam pragas e doenças.
     A observação de alguns princípios básicos poderá contribuir para o manejo natural das pragas em sua horta. Os principais são:
. Aumente a matéria orgânica e crie um microclima favorável à vida no solo;
. Cultive basicamente as espécies mais adaptadas para a sua região e para cada época de plantio;
. Dentro de cada espécie procure utilizar sempre as cultivares mais resistentes e recomendadas para cada época de plantio;
. Produza suas próprias sementes, se for possível, deixando frutificar as plantas mais vigorosas e produtivas;
. Procure diversificar, plantando o maior número de espécies possíveis na horta; o plantio de plantas repelentes e atraentes de pragas, muitas vezes, contribuem para o manejo natural; 
.Preserve alguns espaços sem cultivar e deixe a vegetação espontânea desenvolver-se, pois assim os inimigos naturais das pragas poderão se reproduzirem e se alimentarem;
. Evite, sempre que possível, o uso de inseticidas e fungicidas caseiros, pois embora não sejam tão agressivos ao meio ambiente, poderão afetar também os inimigos naturais. Recomenda-se, sempre que possível, que se aguarde o “surgimento” do controle natural.

 Pulverização com produtos alternativos
     O manejo eficiente das doenças e pragas é baseado em dois princípios fundamentais:

É impossível controlar totalmente as  pragas; por isso, o que se recomenda é manejar a cultura de forma a reduzir ao mínimo os danos causados;

O manejo é um conjunto de medidas que incluem determinadas práticas culturais e, em certos casos, o controle alternativo (somente aqueles produtos permitidos na agricultura orgânica). É suficiente para evitar danos econômicos às culturas.

     Plantas saudáveis produzidas em solos com vida e, em ambientes equilibrados, normalmente, não são atacadas por pragas. Substâncias alternativas aos agrotóxicos que são permitidos na agricultura orgânica (cinzas de madeira, calda bordalesa, calda sulfocálcica,  biofertilizantes, extratos vegetais, agentes de controle biológicos e outros produtos (ver como prepará-los através de matérias postadas neste blog em 13 e 22/12/2010 e 06/01/2011),  devem ser utilizados somente, quando necessário e, de forma criteriosa, evitando-se o uso sistemático na forma de calendário. O inseticida biológico à base de Bacillus thurigiensis, conhecido comercialmente como Dipel e outros, pode ser usado para manejar, especialmente, lagartas e traças que atacam as brássicas, bem como traças e brocas do tomateiro e, ainda as brocas das cucurbitáceas.  Os preparados de sálvia e  pimenta, plantas medicinais e condimentares (Figura 2), estão entre os produtos alternativos mais eficientes no manejo de pulgões, vaquinhas, grilos e paquinhas que atacam a horta.

Figura 2. Sálvia (planta medicinal) e pimenta (hortaliça-condimento), utilizadas em preparados que podem serem feitos na propriedade, são eficientes no manejo de lagartas e pulgões, respectivamente, que atacam a couve, repolho, couve-flor e brócolis. O preparado de pimenta também é eficiente no manejo de vaquinhas, grilos e paquinhas que atacam a horta.


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