Composto orgânico – adubo natural de ótima qualidade preparado na propriedade
Tratar o solo como um “organismo vivo” é um dos princípios básicos da agricultura orgânica. O composto orgânico, adubo natural preparado na propriedade, é a principal fonte de matéria orgânica para o solo. Os insumos modernos utilizados na agricultura convencional (fertilizantes químicos e agrotóxicos), especialmente, quando aplicados em excesso e de forma incorreta, além de caros pois são na grande maioria, importados, contaminam o meio ambiente, contribuem para o aquecimento global e, o que é pior, favorecem o aparecimento de doenças e pragas nas plantas e até doenças nas pessoas. Alguns adubos químicos, por serem hidrossolúveis (dissolvem-se na água), e com o excessivo revolvimento do solo em terrenos inclinados, contaminam as fontes de água devido a erosão (perda do solo). O uso exagerado de adubos químicos nitrogenados (uréia e outros) pode causar a metaemoglobinemia em crianças, doença resultante da ingestão de nitritos (produzidos a partir de nitratos) que reagem com a hemoglobina, reduzindo a sua capacidade de carregar oxigênio. Além disso, os nitritos participam de reações formadoras de compostos cancerígenos.
.O que é compostagem? é um processo controlado de fermentação de resíduos orgânicos para produção de adubo orgânico. No processo que é biológico ocorre a desintegração de resíduos devida à decomposição aeróbica (presença de ar), realizadas pelos microorganismos. Da decomposição resulta: gás carbônico, calor, água e a matéria orgânica “compostada”.
.Vantagens do composto orgânico: estimula a saúde natural das plantas; reduz as pragas, doenças e plantas espontâneas (inços); boa fonte de macro e micronutrientes essenciais; melhora a estrutura do solo tornando-o mais fofo, é mais rico em nutrientes e com mais vida e, ainda corrige a acidez do solo. Em relação ao esterco de animais curtido, o composto orgânico também possui vantagens: é um produto estabilizado e mais equilibrado e, por isso, mais eficiente na melhoria do solo, mais rico em nutrientes e, não acidifica o solo. As vantagens não param por aí: o composto orgânico, devido a fermentação, é livre de sementes de plantas espontâneas e de microorganismos causadores de doenças nos cultivos. Resultados de pesquisa obtidos na Epagri/Estação Experimental de Urussanga, comparando cultivos orgânico e convencional (com adubos químicos), mostraram que o solo onde utilizou-se adubo orgânico, a fertilidade era maior e não necessitava de calagem. Como desvantagem do composto, pode-se citar a exigência de mão de obra. Porém, ao longo dos anos, a necessidade é cada vez menor em função da melhoria da fertilidade (duradoura no tempo) e correção natural da acidez do solo, o custo é mais baixo, quando comparado ao adubo químico.
.Materiais utilizados na compostagem: basicamente deve-se misturar materiais vegetais com estrume de animais. Em outras palavras, deve-se misturar materiais ricos em carbono (vegetais) com outros ricos em nitrogênio (estercos de animais), na quantidade adequada; um composto só de palha ou outros materiais ricos em carbono demora muito para fermentar e se decompor. Por outro lado, um composto feito só de materiais ricos em nitrogênio apodrece, exala mau cheiro e reduz muito o volume e perde-se muito nitrogênio. Resíduos vegetais: restos de culturas e plantas espontâneas (inços), capim, folhas, palhas, aparas de grama e etc. Materiais mais duros e grossos precisam ser picados.O produtor deve priorizar resíduos vegetais produzidos na propriedade para facilitar e baratear custos.Resíduos domésticos: cascas de frutas e hortaliças, casca de ovo, borra de café, erva de chimarrão e outros com excessão de restos de comida (atraem moscas).
. Onde montar o composto? O mais próximo possível da fonte de água e da lavoura. Não produz mau cheiro e não atrai insetos. Deve-se cobri-lo para evitar perdas por chuvas.
. Modo de fazer o composto orgânico: o método mais prático e difundido consiste em montar as pilhas ou camadas alternadas de restos vegetais com meios de fermentação (estrume de animais), numa proporção aproximada de 3 a 5 partes de vegetais para uma de esterco (Figura 1). Para pequenas quantidades de resíduos vegetais e/ou domésticos, a composteira pode ser feita de madeira, tijolos ou tambor de metal. Para hortas maiores ou comerciais recomenda-se: Tamanho das pilhas: depende da quantidade de materiais orgânicos disponíveis; porém, para facilitar a aeração necessária para a ação dos microorganismos que decompõem a matéria orgânica, recomenda-se 2 a 3m de largura, 1,5 a 2m de altura e comprimento variável. Montagem das pilhas 1ª camada – 15 a 25 cm de restos vegetais ou capim; 2ª camada – 5 cm de esterco fresco de animais; 3ª camada – 15 a 25 cm de restos vegetais ;4ª camada – 5 cm de esterco fresco de animais. A cada camada de palha deve-se irrigar, sem encharcar. Repetir o procedimento até a altura de 1,5 a 2m, sendo a última camada de palha para recobrir a pilha.
. Cuidados com o composto: recomenda-se manter a ventilação e a umidade suficientes e adequados para a ação dos microorganismos, pois a presença do ar e a umidade, bem como o tipo de material é que determinam a velocidade da decomposição da matéria orgânica. Promove-se a aeração pelo revolvimento. Recomenda-se nos primeiros 45 dias, um revolvimento a cada 15 dias. Para pilhas maiores, o revolvimento pode ser feito com trator, utilizando-se a pá-carregadeira ou lâmina. Dependendo do material utilizado e da época, normalmente a maturação do composto ocorre em 90 a 120 dias. Deve-se cobrir o composto para evitar perda da eficiência do adubo em épocas chuvosas.
. Quantidade a aplicar de composto: recomenda-se, anualmente, proceder a análise do solo, para verificar a fertilidade do solo e fazer a adubação adequada. É importante também conhecer, através de análise, as quantidades de macro e micronutrientes existentes no adubo orgânico e a exigência da cultura. Em geral, considera-se uma quantidade de composto a aplicar por metro quadrado: baixa - 1,0 a 1,5kg; média - 2,0 a 3,0 kg e alta - 4,0 a 5,0kg.
Figura 1. Montagem das camadas visando a produção do composto orgânico na Epagri/Estação Experimental de Urussanga, utilizando-se cama de aviário e capim elefante anão, produzido no local.
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