terça-feira, 1 de julho de 2014


Trabalho publicado na Revista Brasileira de Agropecuária Sustentável (RBAS):                          v.3, n.1, p.11-24, Julho 2013

Autores:
Jacimar Luis de Souza,  Pesquisador do INCAPER - Centro Serrano, BR 262, Km 94, CEP: 29375-000, Venda Nova do Imigrante - ES. Bolsista de produtividade do CNPq. E-mail: jacimarsouza@incaper.es.gov.br
Rogério Dela Costa Garcia,  Professor interventor da FUNPAC - Av. Lorenzo Zondonadi, S/N, Bairro Vila Betânea, CEP: 29375-000, Venda Nova do Imigrante - ES. E-mail: rogeriodellacosta@hotmail.com



RESUMO – O objetivo deste trabalho foi realizar uma avaliação comparativa dos indicadores físicos e financeiros dos dois sistemas de cultivo de dez espécies de hortaliças, analisando-se a participação relativa dos diversos componentes nos respectivos custos de produção. Utilizou-se uma base de dados de 20 anos, de 1990 a 2009, da Unidade de Referência em Agroecologia do INCAPER, localizada no município de Domingos Martins-ES.
O sistema orgânico de produção confirmou grande viabilidade econômica, com média de custo de produção por hectare 8% menor que a média das hortaliças convencionais. O gasto com mão-de-obra foi ligeiramente menor no sistema orgânico e confirmou ser o componente de maior participação nos custos de ambos sistemas de produção. Os sistemas orgânicos de abóbora, morango, repolho e tomate apresentaram custo de produção menor que os sistemas convencionais. Os sistemas convencionais de produção de alho, batata e quiabo apresentaram custo de produção menor que os sistemas orgânicos. As culturas de cenoura, pimentão e taro apresentam custos de produção semelhantes nos sistemas orgânicos e convencionais. Todas as culturas olerícolas no cultivo orgânico revelaram receitas líquidas superiores ao cultivo convencional, com razões variando de 1,1 para o morango até 28,4 para o repolho.

Palavras-chave: agricultura orgânica, agroecologia, eficiência econômica.

COSTS AND PROFITABILITIES IN THE ORGANIC AND CONVENTIONAL
PRODUCTION VEGETABLES IN ESPÍRITO SANTO STATE
ABSTRACT – The aim of this study was to perform a comparative evaluation of the physical and financial indicators of the two cropping systems of ten species of vegetables by analyzing the relative share of thevarious components of their costs of production. We used a database of 20 years, from 1990 to 2009, ofthe Reference Area in Agroecology in the INCAPER, located in the Domingos Martins City, Espírito Santo
State. The organic system confirmed large economic viability, with average production cost per hectare 8% lower than the average conventional vegetables. Spending on hand labor was slightly lower in the organic system and proved to be the component of greater participation in the costs of both production systems. The organic squash, strawberries, cabbage and tomato showed lower costs than conventional systems.
Conventional systems produce garlic, potatoes and okra showed lower costs than organic systems. Cropsof carrots, peppers and yam have similar costs in organic and conventional systems. All vegetable crops in organic farming showed higher net revenues to the conventional, with ratios ranging from 1.1 for strawberry until 28.4 for cabbage.

Keywords: agroecology, economic efficiency, organic agriculture.

1. INTRODUÇÃO
     A análise dos custos de produção permite a avaliação das condições econômicas do processo de produção, inferindo sobre vários aspectos como rentabilidade dos recursos empregados, condições de recuperação destes recursos e perspectivas de decisões futuras sobre o empreendimento como expansão, retração e extinção. A composição dos custos, ao ser analisada e comparada com padrões ou casos semelhantes, oferece subsídios à tomada de decisões sobre como melhorar as atividades produtivas para obter resultados mais satisfatórios (Reis & Guimarães, 1986).
     Para efeito de estimativa de custo de produção, considera-se o processo de produção dentro de certo prazo,  suficiente para que se obtenham os resultados em forma do produto final. É preciso estabelecer um ciclo que parta da entrada de recursos e finaliza-se com saída de produtos. A soma de todos esses recursos (insumos) e operações (serviços) utilizados no processo produtivo é contemplada para a análise do custo de produção (Ferguson, 1976; Lefwich, 1973; Reis, 1990; Matsunaga & Bemelmans, 1976).
     A receita da produção depende basicamente da produtividade do cultivo e do preço de mercado, sendo constituída pelo valor das vendas do produto final, dos produtos secundários e dos estocados e, em alguns casos, do auto-consumo da exploração agropecuária.
     A receita média da produção dada como a relação entre a receita da produção e a quantidade produzida (valor  / quantidade), quando comparada aos custos médios, constitui-se na análise econômica ou de rentabilidade da atividade, por unidade do produto (Garcia, 2005).
     Luz et al. (2007), compararam aspectos agronômicos e econômicos da produção orgânica e convencional do tomateiro, utilizando-se dados coletados de um sistema orgânico em Araraquara-SP e de um sistema convencional em Uberlândia-MG. Concluíram que o sistema orgânico apresentou-se agronomicamente viável, com produtividades ligeiramente inferiores, mas com um custo de produção 17,1% mais baixo que o convencional, de forma que a lucratividade foi até 113,6% maior.      Gonçalves et al. (2007), avaliando a cultura da batata orgânica em dois sub-sistemas de produção, em Pelotas-RS (Sistema 1: Manejo orgânico baseado no padrão do agricultor da rede de referência em agroecologia e Sistema 2: Manejo orgânico baseado em  tecnologias recomendadas pelo órgão de pesquisa), demonstrou que a mão-de-obra representou 24,1% e 18,6% do total de custos, respectivamente. De forma similar, Miguel et al. (2010), verificam um custo relativo de 30,6% com a mão-de-obra no cultivo orgânico da alface em Bebedouro-SP. Estes índices de participação são semelhantes aos relatados nos sistemas convencionais de hortaliças, indicando, portanto, que este componente pode não ser limitante na produção orgânica de algumas culturas.
     Em um estudo de caso comparativo entre o custo de produção de morango orgânico e convencional no estado de São Paulo, Donadelli et al. (2012) verificaram comportamento econômico semelhante entre os dois sistemas. O custo total do morango convencional foi 16% superior ao orgânico, com índices de lucratividade de 60,7% e 49,5%, respectivamente. A mão-de-obra se confirmou-se como o componente de maior participação nos custos em ambos sistemas, representando 49,6% no cultivo orgânico e 29,3% no convencional.
     Pelinski & Guerreiro (2004), numa análise mercadológica, evidenciaram maior viabilidade econômica para os produtos orgânicos, porém o preço pago no mercado pode alterar este comportamento. Verificaram que a soja e o fumo orgânicos continuaram a ter maior viabilidade econômica que no sistema convencional, ainda que fossem vendidos ao mesmo preço no mercado. Porém, a batata orgânica demonstra maior viabilidade econômica apenas se houver sobrevalorização de seus preços de venda.
     Os sistemas de cultivo convencional em uso no Espírito Santo e no Brasil caracterizam-se pela elevada importação de insumos sintéticos que provocam aumento expressivo nos custos de produção, além da dependência do agricultor dos diversos fatores do mercado. Como exemplo, estudo realizado no estado de São Paulo, por Faria & Oliveira (2005), revelaram que tanto os adubos/insumos quanto os pesticidas tiveram uma participação relativa maior que a mão-de-obra na safra das águas, representando 24% e 23%, contra 19%, respectivamente.
     De modo geral, existe o preconceito de que sistemas orgânicos são onerosos e de alta demanda de mão-de-obra. Diante disso, objetivou-se com este trabalho realizar uma avaliação comparativa pormenorizada dos indicadores físicos e financeiros dos sistemas orgânico e convencional de cultivo de hortaliças, analisando se a participação relativa dos diversos componentes nos respectivos custos de produção.

2. MATERIAL E MÉTODOS
     Este trabalho foi executado no período de 1990 a 2009, na área experimental de agricultura orgânica do INCAPER, hoje, denominada Unidade de Referência em Agroecologia, localizada no município de Domingos Martins-ES, a uma altitude de 950 m, ocupando uma área de 2,5 ha, dividida em 15 talhões de solo para possibilitar a prática da rotação cultural.
     O manejo orgânico dos solos tem sido realizado por intermédio da reciclagem de biomassa e restos culturais, compostagem orgânica, práticas como cobertura morta, adubação verde, rotação de culturas, aplicações de biofertilizantes via solo e foliar, entre outras. Neste período de 20 anos foram definidos todos os coeficientes técnicos no manejo orgânico de produção de hortaliças, utilizados neste estudo comparativo ao sistema convencional.
     Para o sistema convencional, caracterizado neste trabalho como o sistema regional predominante entre os agricultores, adotaram-se os coeficientes técnicos médios dos sistemas de produção de cada cultura, conforme indicações de órgãos ligados à Secretaria de Agricultura do Espírito Santo.
     O custo de produção foi calculado por meio de planilhas de coeficientes técnicos e exigência física de fatores de produção obedecendo à seguinte estrutura:
a) operações agrícolas: para cada operação levantou-se o número de horas de  trabalho gastos por categoria de mão-de-obra, trator, e/ou equipamentos envolvidos na operação.
b) materiais de consumo: materiais utilizados no processo de produção, próprios ou adquiridos pelo produtor (sementes, agroquímicos, adubos e outros).
     Os indicadores físicos e financeiros contemplaram toda a cadeia produtiva, envolvendo os custos relativos ao campo de produção, além dos custos com transporte, embalagem e frete para a entrega do produto no mercado.
     Os preços utilizados neste estudo foram baseados em reais (R$), relativos aos preços médios do mês de outubro de 2010, realizando-se as avaliações econômicas por meio de planilhas informatizadas próprias, com auxílio do programa Excel 2007.
     Para os componentes não disponíveis comercialmente como composto orgânico e biofertilizante enriquecido preparados localmente, foram realizados cálculos específicos de custos de acordo com o processo adotado, que conferiu um custo unitário de R$ 58,69 por tonelada de composto e de R$ 0,06 por litro de biofertilizante.
     Para a composição dos custos dos sistemas orgânicos, consideraram-se as produtividades médias acumuladas em vinte anos de manejo orgânico na unidade de Referência em Agroecologia do INCAPER, considerando os padrões de embalagens mais usuais em bandejas de isopor. Para avaliação comparativa, a totalização de custos nos sistemas convencionais considerou os rendimentos médios destes cultivos  na região produtora, que empregam a tecnologia recomendada, contabilizando-se padrões de embalagens em caixas tipo ‘K’ e sacos telados, conforme detalhado na a prática mais usual dos agricultores da região, na utilização do formulado 18-00-36 e do superfosfato simples, variando-se apenas a quantidade dependendo das exigências e cada cultura.
     Para as sementes disponíveis no mercado, utilizou-se o preço corrente em lojas da região. Para as espécies de propagação vegetativa, em que a ‘semente’ é a reserva de parte da produção comercializável, como alho, batata e taro, aplicou-se a metodologia de custo de oportunidade, sendo os propágulos valorados com o preço de mercado do produto orgânico.
     O Kit túnel baixo para cobertura de 500 m2 de canteiros de morango, composto por  lona leitosa, arco PVC e fitilho, teve um custo total de R$ 1.695,00 cada. Portanto, para uma vida útil de três anos, o custo anual considerado foi de R$ 565,00.   
     Para a contabilização do frete, utilizou-se do preço médio praticado no mercado para transporte de embalagens padrões, como sacos de 30 a 50 kg (R$ 1,50); caixas de madeira tipo ‘K’ (R$ 1,50); sacos de 20 kg (R$ 1,00) e sacos de 10 kg (R$ 0,50). Por equivalência volumétrica, valorou-se o frete das embalagens de morango a R$ 0,38 por caixa de 1,2 kg de morango (convencional e orgânico) e a R$ 0,10 as demais embalagens orgânicas, como bandejas de isopor e produtos individuais em filme plástico para a abóbora e o repolho.
     Os coeficientes técnicos detalhados para cada cultura, utilizados para a globalização dos custos e estimativas de receitas dos dois sistemas de produção, estão apresentados individualmente para cada uma das dez espécies analisadas (Tabela 1).


3. RESULTADOS

Abóbora (Cucurbita moschata):
     Independente da forma de cultivo, a cultura da abóbora foi a que mostrou menor custo de produção. No sistema orgânico, o total de despesas foi inferior ao sistema convencional em torno de 27%. Verificou-se que esse adicional de custo do sistema convencional é basicamente atribuído às despesas com adubos e corretivos que atingiu o montante de R$ 1.639,80, representando 33,35% do total de custos. A adubação com composto orgânico, insumo utilizado na agricultura orgânica em substituição aos adubos e corretivos, somou R$ 880,35, equivalendo a 24,48% do total de custos. Os gastos de mão-de-obra nos sistemas orgânico e convencional foram semelhantes, somando 50 D/H e 58 DH, respectivamente (Tabela 2).
     Em ordem decrescente, observa-se que os componentes com maior participação nos custos do sistema orgânico foram a mão-de-obra e composto (42% e 24%, respectivamente), enquanto no sistema convencional foram a mão-de-obra e os adubos/ corretivos (36% e 33%, respectivamente).


Tabela 1 - Padrões de embalagens e produtividades médias das 10 culturas em dois sistemas de produção, visando à totalização de custos. INCAPER, Domingos Martins-ES, 2012.

Culturas

Embalagem
padrão
Orgânico1 Produtividade (kg/ha)
Embalagem
padrão
Convencional2
Produtividade (kg/ha)
Abóbora
Filme plástico/2 kg
7.323
Sacos 38 kg
8.500
Alho
Bandeja/0,5 kg
6.646
Sacos 10 kg
6.350
Batata
Bandeja/1,0 kg
17.201
Sacos 50 kg
17.411
Cenoura
Bandeja/0,5 kg
23.547
Caixa 20 kg
28.000
Morango
Caixeta 300 g
26.251
Caixa 1,2 kg
36.000
Pimentão
Bandeja/0,3 kg
22.209
Caixa 10 kg
30.000
Quiabo
Bandeja/0,3 kg
13.282
Caixa 14 kg
15.000
Repolho
Filme plástico/2 kg
56.553
Saco 25 kg
47.102
Taro
Bandeja/1,0 kg
24.569
Caixa 22 kg
25.000
Tomate
Bandeja/0,5 kg
38.518
Caixa 22 kg
68.200
1 Média obtida na área experimental de agricultura orgânica do INCAPER.
2 Estimativa ajustada pela equipe técnica do INCAPER, da média de sistemas convencionais, com emprego da tecnologia recomendada.


Tabela 2 - Indicadores financeiros e consumo de mão-de-obra na cultura da abóbora (1 ha) em dois sistemas de produção. INCAPER, Domingos Martins-ES, 20101

Despesas
Orgânico
Convencional
Valor (R$)
%
Valor (R$)
%
Sementes/mudas
377,50
10,50
377,50
7,68
Adubo orgânico (composto)
880,35
24,48
-
-
Adubos e corretivos
-
-
1.639,80
33,35
Caldas e produtos biológicos
-
-
-
-
Pesticidas
-
-
206,6
4,20
Outros Insumos e materiais
-
-
-
-
Serviços Mecânicos
360,00
10,01
360,00
7,32
Mão de Obra (D/H)
(50) 1.500,00
41,71
(58) 1.740,00
35,38
Embalagens
112,00
3,11
257,60
5,24
Frete
366,00
10,18
336,00
6,83
Total
3.595,85
100,00
4.917,50
100,00
1 Valores em R$ (atualizado em outubro de 2010).


     Com  produtividade  média de 7.323 kg/ha, no sistema orgânico, o custo de produção por kg do produto foi de R$ 0,49. Apesar da maior produtividade no sistema convencional (8.500 kg), o custo unitário do kg de abóbora foi maior (R$ 0,58). A receita bruta obtida no sistema orgânico foi 20,6% maior, em função do sobrepreço pago pelo produto orgânico no mercado (Tabelas 13 e 14).

Alho (Allium sativum L.):
     Verificou-se uma diferença de custos totais entre os sistemas, sendo o cultivo orgânico 23,8% mais oneroso que o convencional (Tabela 3). Esta diferença é atribuída aos maiores custos com alho-semente orgânico, embalagens e frete no sistema orgânico.
     As participações percentuais dos componentes nos custos totais do sistema orgânico e convencional do alho indicaram que os custos com maiores relevâncias foram os de mão-de-obra e do alho-semente que representaram, respectivamente, 48,35% e 27,24% no sistema orgânico, enquanto que no sistema convencional esta participação foi de 60,09% e 19,11%.
     O sistema orgânico revelou uma receita bruta 85,0% maior que o convencional, devido ao sobrepreço conseguido na comercialização do alho no mercado orgânico diferenciado, o que pode compensar os maiores custos deste sistema de cultivo (Tabela 14).


Tabela 3 - Indicadores financeiros e consumo de mão-de-obra na cultura do alho (1 ha) em dois sistemas de produção. INCAPER, Domingos Martins-ES, 20101.

Despesas
Orgânico
Convencional
Valor (R$)
%
Valor (R$)
%
Alho-semente
6.000,00
27,24
3.416,00
19,11
Adubo orgânico (composto)
1.760,70
7,99
-
-
Adubos e corretivos
-
-
1.996,00
11,17

Caldas e produtos biológicos

103,50

 0,47

-

-
Pesticidas
-
-
868,60

4,86

Outros Insumos e materiais
672,00
3,05
-
-
Serviços Mecânicos
360,00

1,63
360,00
2,01
Mão de Obra (D/H)
(355) 10.650,00
48,35
(358) 10.740,00

60,09
Embalagens
1.309,28
5,94
216,45
1,21
Frete
1.169,20
5,31
277,50

1,55
Total
22.024,68
100,00
17.874,55
100,00
1 Valores em R$ (atualizado em outubro de 2010).



Batata (Solanum tuberosum L.):
     As análises indicaram uma totalização de custos semelhantes entre os sistemas de produção de batata. A explicação se baseia na compensação entre os maiores gastos com alho-semente, frete e embalagens no sistema orgânico, com os maiores gastos com pesticidas e adubos/ corretivos no convencional, uma vez que os gastos de mão-de-obra foram similares entre ambos (Tabela 4).
     As participações percentuais dos componentes nos custos totais do sistema orgânico e convencional da batata, m ordem decrescente, foram a mão-de-obra e o alho-semente (36% e 25%, respectivamente), enquanto que no sistema convencional foram a mão-de-obra, os adubos/corretivos e os pesticidas (41%, 20% e 18%, respectivamente).
     Com produtividades e custos semelhantes, devido ao sobrepreço pago à batata orgânica (preço de mercado 116% a mais do que no convencional), houve uma receita bruta expressivamente maior na produção orgânica, na ordem de 113%, (Tabelas 13 e 14).

Tabela 4 - Indicadores financeiros e consumo de mão-de-obra na cultura da batata (1 ha) em dois sistemas de produção. INCAPER, Domingos Martins-ES, 20101

Despesas
Orgânico
Convencional
Valor (R$)
%
Valor (R$)
%
Sementes/ mudas
3.888,00

24,51
1.800,00
12,85
Adubo orgânico (composto)
1.760,70
11,10
-
-
Adubos e corretivos
-
-
2.742,80

19,58
Caldas e produtos biológicos
540,80

3,41
-
-
Pesticidas
-
-
2.581,60
18,43

Outros Insumos e materiais
-
-
-
-
Serviços Mecânicos
360,00

2,27
360,00
2,57
Mão de Obra (D/H)
(189) 5.670,00
35,75
(190) 5.700,00

40,68
Embalagens
2.102,10
13,25
358,80
2,56

Frete
1.540,10
9,71
468,00

3,34
Total
15.861,70
100,00
14.011,20
100,00
1 Valores em R$ (atualizado em outubro de 2010).


Cenoura (Daucus carota L.):
     Os custos de produção de cenoura não se diferenciaram entre os sistemas, situando-se em torno de R$20.000,00, variando apenas a participação dos componentes (Tabela 5).
     A participação da mão-de-obra nos custos de produção dos sistemas também foi semelhante, representando 40% (272 D/H) e 44% (292 D/H), no total de despesas dos sistemas orgânico e convencional, respectivamente.
     O cultivo da cenoura em sistema convencional se mostrou mais produtivo que o sistema orgânico com 28.000 kg ha-1 e 23.547 kg ha-1, respectivamente. Devido à pequena diferença de preço entre as cenouras no mercado, com sobrepreço de apenas R$0,04 por quilo do produto orgânico, a receita bruta do cultivo convencional também superou em 13% o mercado dos  orgânicos (Tabela 14).


 Tabela 5 - Indicadores financeiros e consumo de mão-de-obra na cultura da cenoura (1 ha) em dois sistemas de produção. INCAPER, Domingos Martins-ES, 20101.

Despesas
Orgânico
Convencional
Valor (R$)
%
Valor (R$)
%
Sementes/mudas
216,00

1,05
216,00
1,08
Adubo orgânico (composto)
1.760,70
8,60
-
-
Adubos e corretivos
-
-
3.158,72

15,78
Caldas e produtos biológicos
-
-
-
-
Pesticidas
-
-
1.307,00
6,53

Outros Insumos e materiais
-
-
-
-
Serviços Mecânicos
360,00
1,76
360,00
1,80

Mão de Obra (D/H)
(272) 8.160,00
39,84
(292) 8.770,00

43,82
Embalagens
5.274,08
25,75
3.500,00
17,49

Frete
4.709,40
22,99
2.700,00

13,49
Total
20.480,18
100,00
20.011,72
100,00
1 Valores em R$ (atualizado em outubro de 2010).



Morango (Fragaria vesca L.):
     O morango, em ambos sistemas de produção, mostrou-se altamente rentável, mesmo com os custos de produção relativamente elevados quando comparado às outras culturas. Os maiores custos se devem ao elevado consumo de mão-de-obra para o cultivo do morangueiro com gastos totais de 526 e 617 D/H por hectare no sistema orgânico e convencional, respectivamente. Esta diferença resulta da mão-de-obra demandada para as atividades de colheita/embalagem e pulverizações, que no convencional somam 400 D/H e no orgânico somam 313 D/H. Isto se deve ao maior volume de produção e ao maior número de pulverizações com pesticidas no sistema convencional (Tabela 6).
     O comportamento financeiro do morango neste estudo corroboram os resultados obtidos por Donadelli et al. (2012), que relataram comportamento econômico semelhante entre os dois sistemas. Porém, os índices de lucratividade de 60,7% e 49,5% e participação da mão-de-obra com 49,6% e 29,3% no cultivo orgânico e convencional, respectivamente, diferiram dos dados deste trabalho, que revelaram índices de lucratividade de 159% e 112% e participações da mão-de-obra com 23,3% e 21,9%, respectivamente.
     O custo de produção do sistema convencional situou-se em torno de 25% a mais que o orgânico, devido principalmente aos gastos adicionais com pesticidas e com maior quantidade de embalagens para comportar a maior produção de frutos, semelhante aos resultados de Donadelli et al. (2012) que verificaram um custo 16% maior para o convencional.


Tabela 6 - Indicadores financeiros e consumo de mão-de-obra na cultura do morango (1 ha) em dois sistemas de produção. INCAPER, Domingos Martins-ES, 20101

Despesas
Orgânico
Convencional
Valor (R$)
%
Valor (R$)
%
Sementes/mudas
9.000,00
13,27
9.000,00
10,63
Adubo orgânico (composto)
1.760,70
2,60
-
-
Adubos e corretivos
-
-
2.826,80
3,34

Caldas e produtos biológicos
748,00
1,10

-
-
Pesticidas
-
-
3.619,00

4,27
Outros Insumos e materiais
9.983,00
14,72
8.975,00

10,60
Serviços Mecânicos
360,00

0,53
360,00
0,43
Mão de Obra (D/H)
(526) 15.780,00
23,27
(617) 18.510,00

21,86
Embalagens
21.875,00
32,25
30.000,00

35,42
Frete
8.312,50

12,26
11.400,00
13,46
Total
67.819,20
100,00
84.690,80
100,00
1 Valores em R$ (atualizado em outubro de 2010).


     As participações percentuais dos componentes nos custos totais do morangueiro indicaram uma distribuição muito semelhante dos componentes nos dois sistemas de produção analisados. No sistema orgânico, verificou-se uma receita bruta de R$175.881,70 com a produção de 26.251 kg ha-1. Mesmo com menor preço de mercado do morango, a produtividade de 36.000 kg ha-1 do sistema convencional proporcionou uma receita bruta de R$180.000,00, ligeiramente superior ao sistema orgânico (Tabela 14).


Pimentão (Capsicum annuum L.):
     Os indicadores financeiros indicam um custo de produção semelhante entre os dois sistemas de cultivo estudados (Tabela 7). Os maiores gastos com embalagens e frete no sistema orgânico se equivalem aos gastos com adubos/corretivos e pesticidas no sistema convencional. O maior gasto de mão-de-obra verificado no cultivo convencional se deve ao consumo de serviços adicionais para as operações de colheita, classificação e embalagem do maior volume produzido, uma vez que o total de gastos nas demais operações foi  semelhante. As participações percentuais dos componentes nos custos totais do sistema orgânico e convencional do pimentão também mostraram uma distribuição similar, havendo maior necessidade de mão-de-obra no cultivo convencional e de frete no cultivo orgânico.


 Tabela 7 - Indicadores financeiros e consumo de mão-de-obra na cultura do pimentão (1 ha) em dois sistemas de produção. INCAPER, Domingos Martins-ES, 20101

Despesas
Orgânico
Convencional
Valor (R$)
%
Valor (R$)
%
Alho-semente
1.500,00
4,59
1.500,00
4,55
Adubo orgânico (composto)
1.760,70
5,39
-
-
Adubos e corretivos
-
-
3.292,40
9,98
Caldas e produtos biológicos
110,40
0,34
-
-
Pesticidas
-
-
2.193,60
6,65
Outros Insumos e materiais
1.920,00
5,88
-
-
Serviços Mecânicos
360,00
1,10
360,00
1,09
Mão de Obra (D/H)
(382) 11.310,00
34,63
(455) 13.650,00
41,37
Embalagens
8.291,36
25,39
7.500,00
22,73
Frete
7.403,00
22,67
4.500,00
13,64
Total
32.655,46
100.00
32.996,00
100,00
1 Valores em R$ (atualizado em outubro de 2010).



     Com a maior produtividade do sistema convencional (30.000 kg/ha), a receita bruta foi de R$30.300,00, pouco inferior à receita do sistema orgânico, que foi de (R$37.755,30), devido à grande diferença no preço de venda (Tabela 14).

Tabela 13 - Custos unitários e custos totais para 1 ha de diversas hortaliças em sistema orgânico e convencional. INCAPER, Domingos Martins-ES, 20101.


Culturas
Sistemas
Orgânico (A)
Convencional (B)
Diferencial
Por ha (A/B)
(%)
(R$/ha)
(R$/kg)
(R$/ha)
(R$/kg)
Abóbora
3.595,85
0,49
4.917,50
0,58
-26,9
Alho
22.024,68
3,31
17.874,55
2,81
+23,2
Batata
15.861,70
0,92
14.011,20
0,80
+13,2
Cenoura
20.480,18
0,87
20.001,72
0,71
+2,4
Morango
67.819,20
2,58
84.690,80
2,35
-19,9
Pimentão
32.655,46
1,47
32.996,00
1,10
-1,0
Quiabo
20.060,24
1,51
18.007,60
1,20
+11,4
Repolho
11.099,67
0,20
14.096,00
0,30
-21,3
Taro
13.731,50
0,56
13.072,00
0,52
+5,0
Tomate
34.797,58
0,90
43.732,40
0,64
-20,4
Média geral
24.212,61
1,28
26.339,98
1,10
-8,1
1 Valores em R$ (Atualizados em outubro de 2010).

Tabela 14 - Preço unitário de venda e receita bruta obtida em 1 ha de diversas hortaliças em sistema orgânico e convencional. INCAPER, Domingos Martins-ES, 20101.

Culturas
Sistemas
Orgânico (A)
Convencional (B)
Diferencial
Por ha (A/B)
(%)
(R$/ha)
(R$/kg)
(R$/ha)
(R$/kg)
Abóbora
0,77
5.638,71
0,55
4.675,00
+20.6
Alho
7,50
43.845,00
4,27
23.698,50
+85.0
Batata
2,16
33.266,16
1,00
15.611,00
+113.1
Cenoura
0,79
18.602,13
0,75
21.000,00
-11.4
Morango
6,70
175.881,70
5,00
180.000,00
-2.3
Pimentão
1,70
37.755,30
1,01
30.300,00
+24.6
Quiabo
1,50
19.923,00
0,93
13.950,00
+42,8
Repolho
0,45
25.448,85
0,31
14.601,62
+74,3
Taro
0,97
21.831,93
0,73
16.790,00
+30,0
Tomate
1,75
67.406,50
0,84
57.288,00
+17,7
Média geral
2,43
44.959,93
1,54
37.791,41
+19,0
1 Valores em R$ (Atualizados em outubro de 2010).


     Numa abordagem individualizada por cultura, verificou-se que as receitas mais elevadas dos sistemas orgânicos variaram de 17,7% até 113,1% maior que dos convencionais. Apenas para a cenoura e o morango as receitas dos sistemas orgânicos foram menores aos dos convencionais, na média de -11,4% e -2,3%, respectivamente.
Ferreira On 7/01/2014 04:59:00 AM Comentarios

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terça-feira, 1 de julho de 2014

CUSTOS E RENTABILIDADES NA PRODUÇÃO DE HORTALIÇAS ORGÂNICAS E CONVENCIONAIS NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO Parte I


Trabalho publicado na Revista Brasileira de Agropecuária Sustentável (RBAS):                          v.3, n.1, p.11-24, Julho 2013

Autores:
Jacimar Luis de Souza,  Pesquisador do INCAPER - Centro Serrano, BR 262, Km 94, CEP: 29375-000, Venda Nova do Imigrante - ES. Bolsista de produtividade do CNPq. E-mail: jacimarsouza@incaper.es.gov.br
Rogério Dela Costa Garcia,  Professor interventor da FUNPAC - Av. Lorenzo Zondonadi, S/N, Bairro Vila Betânea, CEP: 29375-000, Venda Nova do Imigrante - ES. E-mail: rogeriodellacosta@hotmail.com



RESUMO – O objetivo deste trabalho foi realizar uma avaliação comparativa dos indicadores físicos e financeiros dos dois sistemas de cultivo de dez espécies de hortaliças, analisando-se a participação relativa dos diversos componentes nos respectivos custos de produção. Utilizou-se uma base de dados de 20 anos, de 1990 a 2009, da Unidade de Referência em Agroecologia do INCAPER, localizada no município de Domingos Martins-ES.
O sistema orgânico de produção confirmou grande viabilidade econômica, com média de custo de produção por hectare 8% menor que a média das hortaliças convencionais. O gasto com mão-de-obra foi ligeiramente menor no sistema orgânico e confirmou ser o componente de maior participação nos custos de ambos sistemas de produção. Os sistemas orgânicos de abóbora, morango, repolho e tomate apresentaram custo de produção menor que os sistemas convencionais. Os sistemas convencionais de produção de alho, batata e quiabo apresentaram custo de produção menor que os sistemas orgânicos. As culturas de cenoura, pimentão e taro apresentam custos de produção semelhantes nos sistemas orgânicos e convencionais. Todas as culturas olerícolas no cultivo orgânico revelaram receitas líquidas superiores ao cultivo convencional, com razões variando de 1,1 para o morango até 28,4 para o repolho.

Palavras-chave: agricultura orgânica, agroecologia, eficiência econômica.

COSTS AND PROFITABILITIES IN THE ORGANIC AND CONVENTIONAL
PRODUCTION VEGETABLES IN ESPÍRITO SANTO STATE
ABSTRACT – The aim of this study was to perform a comparative evaluation of the physical and financial indicators of the two cropping systems of ten species of vegetables by analyzing the relative share of thevarious components of their costs of production. We used a database of 20 years, from 1990 to 2009, ofthe Reference Area in Agroecology in the INCAPER, located in the Domingos Martins City, Espírito Santo
State. The organic system confirmed large economic viability, with average production cost per hectare 8% lower than the average conventional vegetables. Spending on hand labor was slightly lower in the organic system and proved to be the component of greater participation in the costs of both production systems. The organic squash, strawberries, cabbage and tomato showed lower costs than conventional systems.
Conventional systems produce garlic, potatoes and okra showed lower costs than organic systems. Cropsof carrots, peppers and yam have similar costs in organic and conventional systems. All vegetable crops in organic farming showed higher net revenues to the conventional, with ratios ranging from 1.1 for strawberry until 28.4 for cabbage.

Keywords: agroecology, economic efficiency, organic agriculture.

1. INTRODUÇÃO
     A análise dos custos de produção permite a avaliação das condições econômicas do processo de produção, inferindo sobre vários aspectos como rentabilidade dos recursos empregados, condições de recuperação destes recursos e perspectivas de decisões futuras sobre o empreendimento como expansão, retração e extinção. A composição dos custos, ao ser analisada e comparada com padrões ou casos semelhantes, oferece subsídios à tomada de decisões sobre como melhorar as atividades produtivas para obter resultados mais satisfatórios (Reis & Guimarães, 1986).
     Para efeito de estimativa de custo de produção, considera-se o processo de produção dentro de certo prazo,  suficiente para que se obtenham os resultados em forma do produto final. É preciso estabelecer um ciclo que parta da entrada de recursos e finaliza-se com saída de produtos. A soma de todos esses recursos (insumos) e operações (serviços) utilizados no processo produtivo é contemplada para a análise do custo de produção (Ferguson, 1976; Lefwich, 1973; Reis, 1990; Matsunaga & Bemelmans, 1976).
     A receita da produção depende basicamente da produtividade do cultivo e do preço de mercado, sendo constituída pelo valor das vendas do produto final, dos produtos secundários e dos estocados e, em alguns casos, do auto-consumo da exploração agropecuária.
     A receita média da produção dada como a relação entre a receita da produção e a quantidade produzida (valor  / quantidade), quando comparada aos custos médios, constitui-se na análise econômica ou de rentabilidade da atividade, por unidade do produto (Garcia, 2005).
     Luz et al. (2007), compararam aspectos agronômicos e econômicos da produção orgânica e convencional do tomateiro, utilizando-se dados coletados de um sistema orgânico em Araraquara-SP e de um sistema convencional em Uberlândia-MG. Concluíram que o sistema orgânico apresentou-se agronomicamente viável, com produtividades ligeiramente inferiores, mas com um custo de produção 17,1% mais baixo que o convencional, de forma que a lucratividade foi até 113,6% maior.      Gonçalves et al. (2007), avaliando a cultura da batata orgânica em dois sub-sistemas de produção, em Pelotas-RS (Sistema 1: Manejo orgânico baseado no padrão do agricultor da rede de referência em agroecologia e Sistema 2: Manejo orgânico baseado em  tecnologias recomendadas pelo órgão de pesquisa), demonstrou que a mão-de-obra representou 24,1% e 18,6% do total de custos, respectivamente. De forma similar, Miguel et al. (2010), verificam um custo relativo de 30,6% com a mão-de-obra no cultivo orgânico da alface em Bebedouro-SP. Estes índices de participação são semelhantes aos relatados nos sistemas convencionais de hortaliças, indicando, portanto, que este componente pode não ser limitante na produção orgânica de algumas culturas.
     Em um estudo de caso comparativo entre o custo de produção de morango orgânico e convencional no estado de São Paulo, Donadelli et al. (2012) verificaram comportamento econômico semelhante entre os dois sistemas. O custo total do morango convencional foi 16% superior ao orgânico, com índices de lucratividade de 60,7% e 49,5%, respectivamente. A mão-de-obra se confirmou-se como o componente de maior participação nos custos em ambos sistemas, representando 49,6% no cultivo orgânico e 29,3% no convencional.
     Pelinski & Guerreiro (2004), numa análise mercadológica, evidenciaram maior viabilidade econômica para os produtos orgânicos, porém o preço pago no mercado pode alterar este comportamento. Verificaram que a soja e o fumo orgânicos continuaram a ter maior viabilidade econômica que no sistema convencional, ainda que fossem vendidos ao mesmo preço no mercado. Porém, a batata orgânica demonstra maior viabilidade econômica apenas se houver sobrevalorização de seus preços de venda.
     Os sistemas de cultivo convencional em uso no Espírito Santo e no Brasil caracterizam-se pela elevada importação de insumos sintéticos que provocam aumento expressivo nos custos de produção, além da dependência do agricultor dos diversos fatores do mercado. Como exemplo, estudo realizado no estado de São Paulo, por Faria & Oliveira (2005), revelaram que tanto os adubos/insumos quanto os pesticidas tiveram uma participação relativa maior que a mão-de-obra na safra das águas, representando 24% e 23%, contra 19%, respectivamente.
     De modo geral, existe o preconceito de que sistemas orgânicos são onerosos e de alta demanda de mão-de-obra. Diante disso, objetivou-se com este trabalho realizar uma avaliação comparativa pormenorizada dos indicadores físicos e financeiros dos sistemas orgânico e convencional de cultivo de hortaliças, analisando se a participação relativa dos diversos componentes nos respectivos custos de produção.

2. MATERIAL E MÉTODOS
     Este trabalho foi executado no período de 1990 a 2009, na área experimental de agricultura orgânica do INCAPER, hoje, denominada Unidade de Referência em Agroecologia, localizada no município de Domingos Martins-ES, a uma altitude de 950 m, ocupando uma área de 2,5 ha, dividida em 15 talhões de solo para possibilitar a prática da rotação cultural.
     O manejo orgânico dos solos tem sido realizado por intermédio da reciclagem de biomassa e restos culturais, compostagem orgânica, práticas como cobertura morta, adubação verde, rotação de culturas, aplicações de biofertilizantes via solo e foliar, entre outras. Neste período de 20 anos foram definidos todos os coeficientes técnicos no manejo orgânico de produção de hortaliças, utilizados neste estudo comparativo ao sistema convencional.
     Para o sistema convencional, caracterizado neste trabalho como o sistema regional predominante entre os agricultores, adotaram-se os coeficientes técnicos médios dos sistemas de produção de cada cultura, conforme indicações de órgãos ligados à Secretaria de Agricultura do Espírito Santo.
     O custo de produção foi calculado por meio de planilhas de coeficientes técnicos e exigência física de fatores de produção obedecendo à seguinte estrutura:
a) operações agrícolas: para cada operação levantou-se o número de horas de  trabalho gastos por categoria de mão-de-obra, trator, e/ou equipamentos envolvidos na operação.
b) materiais de consumo: materiais utilizados no processo de produção, próprios ou adquiridos pelo produtor (sementes, agroquímicos, adubos e outros).
     Os indicadores físicos e financeiros contemplaram toda a cadeia produtiva, envolvendo os custos relativos ao campo de produção, além dos custos com transporte, embalagem e frete para a entrega do produto no mercado.
     Os preços utilizados neste estudo foram baseados em reais (R$), relativos aos preços médios do mês de outubro de 2010, realizando-se as avaliações econômicas por meio de planilhas informatizadas próprias, com auxílio do programa Excel 2007.
     Para os componentes não disponíveis comercialmente como composto orgânico e biofertilizante enriquecido preparados localmente, foram realizados cálculos específicos de custos de acordo com o processo adotado, que conferiu um custo unitário de R$ 58,69 por tonelada de composto e de R$ 0,06 por litro de biofertilizante.
     Para a composição dos custos dos sistemas orgânicos, consideraram-se as produtividades médias acumuladas em vinte anos de manejo orgânico na unidade de Referência em Agroecologia do INCAPER, considerando os padrões de embalagens mais usuais em bandejas de isopor. Para avaliação comparativa, a totalização de custos nos sistemas convencionais considerou os rendimentos médios destes cultivos  na região produtora, que empregam a tecnologia recomendada, contabilizando-se padrões de embalagens em caixas tipo ‘K’ e sacos telados, conforme detalhado na a prática mais usual dos agricultores da região, na utilização do formulado 18-00-36 e do superfosfato simples, variando-se apenas a quantidade dependendo das exigências e cada cultura.
     Para as sementes disponíveis no mercado, utilizou-se o preço corrente em lojas da região. Para as espécies de propagação vegetativa, em que a ‘semente’ é a reserva de parte da produção comercializável, como alho, batata e taro, aplicou-se a metodologia de custo de oportunidade, sendo os propágulos valorados com o preço de mercado do produto orgânico.
     O Kit túnel baixo para cobertura de 500 m2 de canteiros de morango, composto por  lona leitosa, arco PVC e fitilho, teve um custo total de R$ 1.695,00 cada. Portanto, para uma vida útil de três anos, o custo anual considerado foi de R$ 565,00.   
     Para a contabilização do frete, utilizou-se do preço médio praticado no mercado para transporte de embalagens padrões, como sacos de 30 a 50 kg (R$ 1,50); caixas de madeira tipo ‘K’ (R$ 1,50); sacos de 20 kg (R$ 1,00) e sacos de 10 kg (R$ 0,50). Por equivalência volumétrica, valorou-se o frete das embalagens de morango a R$ 0,38 por caixa de 1,2 kg de morango (convencional e orgânico) e a R$ 0,10 as demais embalagens orgânicas, como bandejas de isopor e produtos individuais em filme plástico para a abóbora e o repolho.
     Os coeficientes técnicos detalhados para cada cultura, utilizados para a globalização dos custos e estimativas de receitas dos dois sistemas de produção, estão apresentados individualmente para cada uma das dez espécies analisadas (Tabela 1).


3. RESULTADOS

Abóbora (Cucurbita moschata):
     Independente da forma de cultivo, a cultura da abóbora foi a que mostrou menor custo de produção. No sistema orgânico, o total de despesas foi inferior ao sistema convencional em torno de 27%. Verificou-se que esse adicional de custo do sistema convencional é basicamente atribuído às despesas com adubos e corretivos que atingiu o montante de R$ 1.639,80, representando 33,35% do total de custos. A adubação com composto orgânico, insumo utilizado na agricultura orgânica em substituição aos adubos e corretivos, somou R$ 880,35, equivalendo a 24,48% do total de custos. Os gastos de mão-de-obra nos sistemas orgânico e convencional foram semelhantes, somando 50 D/H e 58 DH, respectivamente (Tabela 2).
     Em ordem decrescente, observa-se que os componentes com maior participação nos custos do sistema orgânico foram a mão-de-obra e composto (42% e 24%, respectivamente), enquanto no sistema convencional foram a mão-de-obra e os adubos/ corretivos (36% e 33%, respectivamente).


Tabela 1 - Padrões de embalagens e produtividades médias das 10 culturas em dois sistemas de produção, visando à totalização de custos. INCAPER, Domingos Martins-ES, 2012.

Culturas

Embalagem
padrão
Orgânico1 Produtividade (kg/ha)
Embalagem
padrão
Convencional2
Produtividade (kg/ha)
Abóbora
Filme plástico/2 kg
7.323
Sacos 38 kg
8.500
Alho
Bandeja/0,5 kg
6.646
Sacos 10 kg
6.350
Batata
Bandeja/1,0 kg
17.201
Sacos 50 kg
17.411
Cenoura
Bandeja/0,5 kg
23.547
Caixa 20 kg
28.000
Morango
Caixeta 300 g
26.251
Caixa 1,2 kg
36.000
Pimentão
Bandeja/0,3 kg
22.209
Caixa 10 kg
30.000
Quiabo
Bandeja/0,3 kg
13.282
Caixa 14 kg
15.000
Repolho
Filme plástico/2 kg
56.553
Saco 25 kg
47.102
Taro
Bandeja/1,0 kg
24.569
Caixa 22 kg
25.000
Tomate
Bandeja/0,5 kg
38.518
Caixa 22 kg
68.200
1 Média obtida na área experimental de agricultura orgânica do INCAPER.
2 Estimativa ajustada pela equipe técnica do INCAPER, da média de sistemas convencionais, com emprego da tecnologia recomendada.


Tabela 2 - Indicadores financeiros e consumo de mão-de-obra na cultura da abóbora (1 ha) em dois sistemas de produção. INCAPER, Domingos Martins-ES, 20101

Despesas
Orgânico
Convencional
Valor (R$)
%
Valor (R$)
%
Sementes/mudas
377,50
10,50
377,50
7,68
Adubo orgânico (composto)
880,35
24,48
-
-
Adubos e corretivos
-
-
1.639,80
33,35
Caldas e produtos biológicos
-
-
-
-
Pesticidas
-
-
206,6
4,20
Outros Insumos e materiais
-
-
-
-
Serviços Mecânicos
360,00
10,01
360,00
7,32
Mão de Obra (D/H)
(50) 1.500,00
41,71
(58) 1.740,00
35,38
Embalagens
112,00
3,11
257,60
5,24
Frete
366,00
10,18
336,00
6,83
Total
3.595,85
100,00
4.917,50
100,00
1 Valores em R$ (atualizado em outubro de 2010).


     Com  produtividade  média de 7.323 kg/ha, no sistema orgânico, o custo de produção por kg do produto foi de R$ 0,49. Apesar da maior produtividade no sistema convencional (8.500 kg), o custo unitário do kg de abóbora foi maior (R$ 0,58). A receita bruta obtida no sistema orgânico foi 20,6% maior, em função do sobrepreço pago pelo produto orgânico no mercado (Tabelas 13 e 14).

Alho (Allium sativum L.):
     Verificou-se uma diferença de custos totais entre os sistemas, sendo o cultivo orgânico 23,8% mais oneroso que o convencional (Tabela 3). Esta diferença é atribuída aos maiores custos com alho-semente orgânico, embalagens e frete no sistema orgânico.
     As participações percentuais dos componentes nos custos totais do sistema orgânico e convencional do alho indicaram que os custos com maiores relevâncias foram os de mão-de-obra e do alho-semente que representaram, respectivamente, 48,35% e 27,24% no sistema orgânico, enquanto que no sistema convencional esta participação foi de 60,09% e 19,11%.
     O sistema orgânico revelou uma receita bruta 85,0% maior que o convencional, devido ao sobrepreço conseguido na comercialização do alho no mercado orgânico diferenciado, o que pode compensar os maiores custos deste sistema de cultivo (Tabela 14).


Tabela 3 - Indicadores financeiros e consumo de mão-de-obra na cultura do alho (1 ha) em dois sistemas de produção. INCAPER, Domingos Martins-ES, 20101.

Despesas
Orgânico
Convencional
Valor (R$)
%
Valor (R$)
%
Alho-semente
6.000,00
27,24
3.416,00
19,11
Adubo orgânico (composto)
1.760,70
7,99
-
-
Adubos e corretivos
-
-
1.996,00
11,17

Caldas e produtos biológicos

103,50

 0,47

-

-
Pesticidas
-
-
868,60

4,86

Outros Insumos e materiais
672,00
3,05
-
-
Serviços Mecânicos
360,00

1,63
360,00
2,01
Mão de Obra (D/H)
(355) 10.650,00
48,35
(358) 10.740,00

60,09
Embalagens
1.309,28
5,94
216,45
1,21
Frete
1.169,20
5,31
277,50

1,55
Total
22.024,68
100,00
17.874,55
100,00
1 Valores em R$ (atualizado em outubro de 2010).



Batata (Solanum tuberosum L.):
     As análises indicaram uma totalização de custos semelhantes entre os sistemas de produção de batata. A explicação se baseia na compensação entre os maiores gastos com alho-semente, frete e embalagens no sistema orgânico, com os maiores gastos com pesticidas e adubos/ corretivos no convencional, uma vez que os gastos de mão-de-obra foram similares entre ambos (Tabela 4).
     As participações percentuais dos componentes nos custos totais do sistema orgânico e convencional da batata, m ordem decrescente, foram a mão-de-obra e o alho-semente (36% e 25%, respectivamente), enquanto que no sistema convencional foram a mão-de-obra, os adubos/corretivos e os pesticidas (41%, 20% e 18%, respectivamente).
     Com produtividades e custos semelhantes, devido ao sobrepreço pago à batata orgânica (preço de mercado 116% a mais do que no convencional), houve uma receita bruta expressivamente maior na produção orgânica, na ordem de 113%, (Tabelas 13 e 14).

Tabela 4 - Indicadores financeiros e consumo de mão-de-obra na cultura da batata (1 ha) em dois sistemas de produção. INCAPER, Domingos Martins-ES, 20101

Despesas
Orgânico
Convencional
Valor (R$)
%
Valor (R$)
%
Sementes/ mudas
3.888,00

24,51
1.800,00
12,85
Adubo orgânico (composto)
1.760,70
11,10
-
-
Adubos e corretivos
-
-
2.742,80

19,58
Caldas e produtos biológicos
540,80

3,41
-
-
Pesticidas
-
-
2.581,60
18,43

Outros Insumos e materiais
-
-
-
-
Serviços Mecânicos
360,00

2,27
360,00
2,57
Mão de Obra (D/H)
(189) 5.670,00
35,75
(190) 5.700,00

40,68
Embalagens
2.102,10
13,25
358,80
2,56

Frete
1.540,10
9,71
468,00

3,34
Total
15.861,70
100,00
14.011,20
100,00
1 Valores em R$ (atualizado em outubro de 2010).


Cenoura (Daucus carota L.):
     Os custos de produção de cenoura não se diferenciaram entre os sistemas, situando-se em torno de R$20.000,00, variando apenas a participação dos componentes (Tabela 5).
     A participação da mão-de-obra nos custos de produção dos sistemas também foi semelhante, representando 40% (272 D/H) e 44% (292 D/H), no total de despesas dos sistemas orgânico e convencional, respectivamente.
     O cultivo da cenoura em sistema convencional se mostrou mais produtivo que o sistema orgânico com 28.000 kg ha-1 e 23.547 kg ha-1, respectivamente. Devido à pequena diferença de preço entre as cenouras no mercado, com sobrepreço de apenas R$0,04 por quilo do produto orgânico, a receita bruta do cultivo convencional também superou em 13% o mercado dos  orgânicos (Tabela 14).


 Tabela 5 - Indicadores financeiros e consumo de mão-de-obra na cultura da cenoura (1 ha) em dois sistemas de produção. INCAPER, Domingos Martins-ES, 20101.

Despesas
Orgânico
Convencional
Valor (R$)
%
Valor (R$)
%
Sementes/mudas
216,00

1,05
216,00
1,08
Adubo orgânico (composto)
1.760,70
8,60
-
-
Adubos e corretivos
-
-
3.158,72

15,78
Caldas e produtos biológicos
-
-
-
-
Pesticidas
-
-
1.307,00
6,53

Outros Insumos e materiais
-
-
-
-
Serviços Mecânicos
360,00
1,76
360,00
1,80

Mão de Obra (D/H)
(272) 8.160,00
39,84
(292) 8.770,00

43,82
Embalagens
5.274,08
25,75
3.500,00
17,49

Frete
4.709,40
22,99
2.700,00

13,49
Total
20.480,18
100,00
20.011,72
100,00
1 Valores em R$ (atualizado em outubro de 2010).



Morango (Fragaria vesca L.):
     O morango, em ambos sistemas de produção, mostrou-se altamente rentável, mesmo com os custos de produção relativamente elevados quando comparado às outras culturas. Os maiores custos se devem ao elevado consumo de mão-de-obra para o cultivo do morangueiro com gastos totais de 526 e 617 D/H por hectare no sistema orgânico e convencional, respectivamente. Esta diferença resulta da mão-de-obra demandada para as atividades de colheita/embalagem e pulverizações, que no convencional somam 400 D/H e no orgânico somam 313 D/H. Isto se deve ao maior volume de produção e ao maior número de pulverizações com pesticidas no sistema convencional (Tabela 6).
     O comportamento financeiro do morango neste estudo corroboram os resultados obtidos por Donadelli et al. (2012), que relataram comportamento econômico semelhante entre os dois sistemas. Porém, os índices de lucratividade de 60,7% e 49,5% e participação da mão-de-obra com 49,6% e 29,3% no cultivo orgânico e convencional, respectivamente, diferiram dos dados deste trabalho, que revelaram índices de lucratividade de 159% e 112% e participações da mão-de-obra com 23,3% e 21,9%, respectivamente.
     O custo de produção do sistema convencional situou-se em torno de 25% a mais que o orgânico, devido principalmente aos gastos adicionais com pesticidas e com maior quantidade de embalagens para comportar a maior produção de frutos, semelhante aos resultados de Donadelli et al. (2012) que verificaram um custo 16% maior para o convencional.


Tabela 6 - Indicadores financeiros e consumo de mão-de-obra na cultura do morango (1 ha) em dois sistemas de produção. INCAPER, Domingos Martins-ES, 20101

Despesas
Orgânico
Convencional
Valor (R$)
%
Valor (R$)
%
Sementes/mudas
9.000,00
13,27
9.000,00
10,63
Adubo orgânico (composto)
1.760,70
2,60
-
-
Adubos e corretivos
-
-
2.826,80
3,34

Caldas e produtos biológicos
748,00
1,10

-
-
Pesticidas
-
-
3.619,00

4,27
Outros Insumos e materiais
9.983,00
14,72
8.975,00

10,60
Serviços Mecânicos
360,00

0,53
360,00
0,43
Mão de Obra (D/H)
(526) 15.780,00
23,27
(617) 18.510,00

21,86
Embalagens
21.875,00
32,25
30.000,00

35,42
Frete
8.312,50

12,26
11.400,00
13,46
Total
67.819,20
100,00
84.690,80
100,00
1 Valores em R$ (atualizado em outubro de 2010).


     As participações percentuais dos componentes nos custos totais do morangueiro indicaram uma distribuição muito semelhante dos componentes nos dois sistemas de produção analisados. No sistema orgânico, verificou-se uma receita bruta de R$175.881,70 com a produção de 26.251 kg ha-1. Mesmo com menor preço de mercado do morango, a produtividade de 36.000 kg ha-1 do sistema convencional proporcionou uma receita bruta de R$180.000,00, ligeiramente superior ao sistema orgânico (Tabela 14).


Pimentão (Capsicum annuum L.):
     Os indicadores financeiros indicam um custo de produção semelhante entre os dois sistemas de cultivo estudados (Tabela 7). Os maiores gastos com embalagens e frete no sistema orgânico se equivalem aos gastos com adubos/corretivos e pesticidas no sistema convencional. O maior gasto de mão-de-obra verificado no cultivo convencional se deve ao consumo de serviços adicionais para as operações de colheita, classificação e embalagem do maior volume produzido, uma vez que o total de gastos nas demais operações foi  semelhante. As participações percentuais dos componentes nos custos totais do sistema orgânico e convencional do pimentão também mostraram uma distribuição similar, havendo maior necessidade de mão-de-obra no cultivo convencional e de frete no cultivo orgânico.


 Tabela 7 - Indicadores financeiros e consumo de mão-de-obra na cultura do pimentão (1 ha) em dois sistemas de produção. INCAPER, Domingos Martins-ES, 20101

Despesas
Orgânico
Convencional
Valor (R$)
%
Valor (R$)
%
Alho-semente
1.500,00
4,59
1.500,00
4,55
Adubo orgânico (composto)
1.760,70
5,39
-
-
Adubos e corretivos
-
-
3.292,40
9,98
Caldas e produtos biológicos
110,40
0,34
-
-
Pesticidas
-
-
2.193,60
6,65
Outros Insumos e materiais
1.920,00
5,88
-
-
Serviços Mecânicos
360,00
1,10
360,00
1,09
Mão de Obra (D/H)
(382) 11.310,00
34,63
(455) 13.650,00
41,37
Embalagens
8.291,36
25,39
7.500,00
22,73
Frete
7.403,00
22,67
4.500,00
13,64
Total
32.655,46
100.00
32.996,00
100,00
1 Valores em R$ (atualizado em outubro de 2010).



     Com a maior produtividade do sistema convencional (30.000 kg/ha), a receita bruta foi de R$30.300,00, pouco inferior à receita do sistema orgânico, que foi de (R$37.755,30), devido à grande diferença no preço de venda (Tabela 14).

Tabela 13 - Custos unitários e custos totais para 1 ha de diversas hortaliças em sistema orgânico e convencional. INCAPER, Domingos Martins-ES, 20101.


Culturas
Sistemas
Orgânico (A)
Convencional (B)
Diferencial
Por ha (A/B)
(%)
(R$/ha)
(R$/kg)
(R$/ha)
(R$/kg)
Abóbora
3.595,85
0,49
4.917,50
0,58
-26,9
Alho
22.024,68
3,31
17.874,55
2,81
+23,2
Batata
15.861,70
0,92
14.011,20
0,80
+13,2
Cenoura
20.480,18
0,87
20.001,72
0,71
+2,4
Morango
67.819,20
2,58
84.690,80
2,35
-19,9
Pimentão
32.655,46
1,47
32.996,00
1,10
-1,0
Quiabo
20.060,24
1,51
18.007,60
1,20
+11,4
Repolho
11.099,67
0,20
14.096,00
0,30
-21,3
Taro
13.731,50
0,56
13.072,00
0,52
+5,0
Tomate
34.797,58
0,90
43.732,40
0,64
-20,4
Média geral
24.212,61
1,28
26.339,98
1,10
-8,1
1 Valores em R$ (Atualizados em outubro de 2010).

Tabela 14 - Preço unitário de venda e receita bruta obtida em 1 ha de diversas hortaliças em sistema orgânico e convencional. INCAPER, Domingos Martins-ES, 20101.

Culturas
Sistemas
Orgânico (A)
Convencional (B)
Diferencial
Por ha (A/B)
(%)
(R$/ha)
(R$/kg)
(R$/ha)
(R$/kg)
Abóbora
0,77
5.638,71
0,55
4.675,00
+20.6
Alho
7,50
43.845,00
4,27
23.698,50
+85.0
Batata
2,16
33.266,16
1,00
15.611,00
+113.1
Cenoura
0,79
18.602,13
0,75
21.000,00
-11.4
Morango
6,70
175.881,70
5,00
180.000,00
-2.3
Pimentão
1,70
37.755,30
1,01
30.300,00
+24.6
Quiabo
1,50
19.923,00
0,93
13.950,00
+42,8
Repolho
0,45
25.448,85
0,31
14.601,62
+74,3
Taro
0,97
21.831,93
0,73
16.790,00
+30,0
Tomate
1,75
67.406,50
0,84
57.288,00
+17,7
Média geral
2,43
44.959,93
1,54
37.791,41
+19,0
1 Valores em R$ (Atualizados em outubro de 2010).


     Numa abordagem individualizada por cultura, verificou-se que as receitas mais elevadas dos sistemas orgânicos variaram de 17,7% até 113,1% maior que dos convencionais. Apenas para a cenoura e o morango as receitas dos sistemas orgânicos foram menores aos dos convencionais, na média de -11,4% e -2,3%, respectivamente.

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