Pimentão
O pimentão (Capsicum annuum), espécie semiperene, pertence à família das solanáceas, a mesma da batata, tomate, jiló, berinjela e das pimentas em geral. Oriundo do continente latino-americano, sobretudo do México e da América Central, o fruto tropical se espalhou pelo mundo após a chegada do colonizador europeu. Daqui, foi levado para África, Europa e Ásia por embarcações portuguesas. Após vários anos de cruzamento, hoje o pimentão híbrido encontrado no mercado nacional tem formato quadrado alongado e casca espessa. O pimentão é uma das hortaliças que colaboram para dar ao prato um visual vibrante, sem deixar de lado seu papel como fonte de vitaminas e nutrientes ao consumidor. Em receitas para o Natal, a hortaliça também cai muito bem por contar com as cores verde e vermelho, tons que simbolizam a celebração do fim de ano (Figura 1).
Figura 1. Hortaliça-fruto: pimentões
Uso culinário, propriedades nutricionais e terapêuticas: a hortaliça pode ser consumida tanto verde quanto madura; o pimentão pode ser servido cru, fatiado como aperitivo, na salada ou em pastas, cozidos no vapor, tostados, recheados ou cozidos. O pimentão é uma excelente fonte de vitamina A e C, além de pequenas quantidade de vitamina B6 e folato e, ainda pobre em calorias; comparando pesos iguais, o pimentão fornece mais vitamina C que as frutas cítricas. Os pimentões de cores fortes possuem alto teor de bioflavonóides, pigmentos vegetais que ajudam a prevenir contra o câncer, de ácidos fenólicos que inibem a formação de nitrosaminas cancerígenas e de esterol vegetal, precursor da vitamina D que parece proteger contra o câncer. Os pimentões, na arte culinária, ainda podem se transformar-se em sapos (Figura 2).
Figura 2. Arte culinária: com criatividade o pimentão pode transformar-se em sapos
Cultivo: O pimentão é uma hortaliça-fruto típica de clima tropical, exigindo temperaturas noturnas e diurnas mais elevadas que o tomate. O pimentão é uma espécie sensível ao frio durante a germinação e produção de mudas, produzindo melhor sob condições amenas. A temperatura ideal para a germinação se situa em volta de 25°C. A planta tem um desenvolvimento adequado com temperaturas entre 20 e25°C; o desenvolvimento é deficiente quando a temperatura baixa de 15°C e nulo com as temperaturas inferiores a 10°C. A temperatura ideal para floração e frutificação situa-se entre 20 e 25°C, temperaturas superiores a 35°C comprometem a floração e a frutificação provocando o aborto e a queda das flores, sobretudo se o ambiente é seco e pouco luminoso. Temperaturas inferiores a 8-10°C reduzem a qualidade dos frutos, dado que estas favorecem a formação de frutos partenocárpicos, que com poucas ou nenhuma semente, ficam deformados e sem valor comercial. A umidade relativa adequada se situa entre 50 e 70%. A umidade baixa combinada com altas temperaturas pode provocar a queda das flores. A época de plantio depende do clima da região. Em regiões baixas, com altitude menor que 400m e, de inverno ameno, pode ser semeado o ano todo; no entanto, a semeadura de março a maio propicia melhores condições para a cultura e a colheita se dá na época de melhores preços. Nas regiões muito quentes recomenda-se cultivar o pimentão no outono-inverno. Em regiões altas e mais frias, acima de 800 m de altitude, a melhor época de plantio vai de agosto a fevereiro. O cultivo do pimentão em abrigos é uma boa alternativa para obter-se o produto na entressafra. Cultivares: as mais cultivadas pertencem a dois grupos: o grupo Cascadura, com formato semicônico, ligeiramente alongado e coloração verde-escura e, o grupo Quadrado, com frutos cilíndricos, com comprimento quase igual ao diâmetro. No cultivo orgânico, os híbridos Magali e Magali R, são os que mais tem se destacado. Produção de mudas: a semeadura deve ser realizada, preferencialmente em copinhos de jornal; Também pode ser reutilizado copinhos plásticos usados para refrigerantes e bandejas de isopor com 72 células (ver matéria “Cultivo orgânico de hortaliças-frutos Parte I” postada em 31/10/2012). É muito importante que as mudas sejam feitas dentro de um abrigo, utilizando-se recipientes com substrato de boa qualidade. As mudas estão prontas para o transplante quando estiverem com 10 a 15 cm de altura e seis a oito folhas definitivas (30 a 45 dias após a semeadura). Preparo do solo e adubação: O pimentão prefere solos bem arejados, profundos, com boa drenagem, pois é uma planta sensível à asfixia radicular. Recomenda-se o plantio direto das mudas em sulcos ou covas após limpeza da linha de plantio, preferencialmente sobre adubos verdes semeados no outono ou no verão ou sobre as plantas espontâneas (“mato”), após a roçada. A adubação e correção do solo deve ser feita, com antecedência, com base na análise do solo e do adubo orgânico. Espaçamento e plantio: o espaçamento para o plantio é de 1m entre linhas por 40 a 50 cm entre plantas. A muda deve ficar na mesma profundidade que estava no recipiente, pois o plantio profundo favorece a podridão do colo, motivo pelo qual não se recomenda a amontoa para esta cultura. Irrigação: Após o transplante, o pimentão deve ser irrigado, preferencialmente no sistema de gotejamento. Caso seja utilizado a irrigação por aspersão, deve-se evitar fazer no final da tarde, pois as folhas poderão passar a noite molhadas, o que favorece a entrada de doenças foliares. Deve-se evitar o excesso de água, especialmente, durante o aparecimento das primeiras folhas, pois provoca a queda das mesmas. O excesso de umidade deixa as folhas com coloração verde clara e algumas plantas morrem pela falta de oxigenação nas raízes. Pode-se identificar a falta de água, quando as folhas do pimentão ficam esbranquiçadas e as folhas das novas brotações ficam menores. Cobertura morta ou viva: O pimentão é beneficiado com as coberturas de solo, morta (capim) ou viva. Na cobertura viva (adubos verdes, capins e outros) deve-se tomar cuidado para manter sempre no limpo a linha de plantio (em torno de 20 cm), com roçadas frequentes, para evitar o sombreamento das plantas e, principalmente dificultar a aeração, além de favorecer à umidade excessiva no cultivo. Capinas: são feitas manualmente, em faixas, mantendo-se uma faixa de vegetação nativa ou de adubos verdes de cerca de 40 cm nas entrelinhas. Não deve-se fazer amontoa em pimentão pois favorece a doença do colo da planta. Tutoramento e amarrio: o tutoramento deve-se fazer quando as plantas atingem cerca de 30 cm de altura. O tutoramento mais utilizado é com estacas de bambu ou taquara, com 1,0 m de comprimento, fincadas lateralmente em cada planta, procedendo-se posteriormente o amarrio da planta. Outro sistema é o uso de cordões de nylon (fetilhos) fixados num fio de arame esticado sobre a linha de plantio à 1,5 m de altura; neste caso não há necessidade de amarrar as plantas, bastando enroscá-las periodicamente no fetilho, à medida que vão crescendo. Desbrota: a emissão de brotações secundárias, além das hastes principais da planta (duas a quatro), devem ser eliminadas periodicamente, para evitar esgotamento da planta, em detrimento da frutificação. Manejo de doenças e pragas: no cultivo orgânico, normalmente as doenças e pragas não são problemas. No entanto, o manejo incorreto da cultura, nutrição inadequada das plantas e os desequilíbrio ecológico podem favorecer as doenças e pragas. As viroses, a murcha bacteriana, a murcha de fitóftora, o oídio, a antracnose, os ácaros e tripes podem, associados às condições desfavoráveis de clima (quente e úmido), limitar a produtividade e causar prejuízos aos produtores. Dentre as recomendações para minimizar as doenças e pragas, destacam-se: a) Escolha correta da área, evitando-se terrenos úmidos e onde já foi plantado espécies da mesma família botânica do pimentão (tomate, batata, pimenta, berinjela, jiló e outras plantas hospedeiras), especialmente se ocorreu murchadeira (bacteriose); b) Eliminar restos culturais, especialmente se for de espécies da mesma família botânica; c) Uso de sementes sadias de origem conhecida de variedades resistentes, especialmente à viroses; d) Adubação orgânica equilibrada, conforme análise do solo; e) Fazer plantios menos adensados, com o objetivo de facilitar a circulação de ar entre as plantas e evitar o acúmulo de umidade; f) Utilizar, preferencialmente a irrigação por gotejamento; g) Ocorrendo a antracnose, uma das doenças mais comum, recomenda-se a utilização de calda bordalesa; h) Para o manejo de ácaros, recomenda-se a calda sulfocálcica; i) Para o manejo de tripes, transmissor de viroses, recomenda-se o extrato de primavera (buganville); j) Rotação de culturas, evitando-se as espécies da mesma família botânica.
Rotação e consorciação de culturas: A rotação de culturas é uma prática altamente recomendável para todas as hortaliças, especialmente para as espécies mais susceptíveis às pragas e doenças (famílias botânica das solanáceas, cucurbitáceas e brássicas). As doenças e pragas, em grande número, são comuns nas espécies pertencentes à mesma família botânica. Outra prática recomendável é a consorciação de culturas, pois possibilita que o agricultor aumente sua renda e que varie a oferta de produtos de qualidade, alcançando maior lucro do que teria em cultivos do tipo “solteiro”. Resultados de pesquisa mostraram que a produtividade do pimentão consorciado com feijão-vagem arbustivo (Figura 3) não difere da obtida em monocultivo e, além disso, não há aumento nos custos de produção. Devido ao ciclo curto do feijão-vagem (em torno de 60 a 70 dias), é possível que sejam feitos dois plantios seguidos dessa leguminosa em uma mesma lavoura de pimentão, pois este é colhido de quatro a cinco meses após seu plantio, o que pode resultar em renda extra e maior eficiência no uso da terra. Arranjos em que o feijão-vagem é semeado nas entrelinhas do pimentão, de forma alternada, são os mais indicados. O feijão-vagem é favorecido pela adubação orgânica do pimentão e contribui para o processo de fixação biológica de nitrogênio, aumentando a disponibilidade desse nutriente, em benefício de todas as plantas da lavoura.
Figura 3. Pimentão consorciado com feijão-vagem arbustivo
Colheita: O início da colheita se dá em torno de 70 dias após o transplante, podendo se estender por mais dois a três meses, dependendo do estado nutricional das plantas.
Berinjela
A berinjela
(Solanum melongena L.) é uma planta perene, porém cultivada como cultura
anual; apresenta alto vigor, podendo
atingir 150-180 cm de altura (Figura 4).
O sistema radicular é vigoroso e profundo atingindo profundidades superiores a
100 cm, embora a maioria das raízes se concentre mais superficialmente. É uma
planta originária de regiões de clima tropical e subtropical, sendo uma das
hortaliças mais exigentes em calor, como também em luminosidade. A berinjela
(Solanum melogena), assim como o pimentão, o tomate, a batata e o jiló,
pertence à família das solanáceas. Possui caule semilenhoso, folhas grandes,
flores roxas, frutos ovais, alongados (Figura
4 e 5) e de toque macio - 50% do volume da berinjela é ar. Sua origem é das zonas tropicais da China e da Índia. Até o continente europeu, a trajetória da berinjela
foi conduzida pelos árabes. Em terras brasileiras, chegou no século 16, trazida
pelos colonizadores portugueses. O seu cultivo predomina no Sul e Sudeste do
Brasil.
Figura 4. Plantas e frutos de
berinjela
Uso culinário, propriedades
nutricionais e terapêuticas: a
berinjela pode ser recheada e cozida, grelhada, assada, ensopada e ainda frita
à milanesa. No entanto, devido à textura esponjosa, a berinjela quando frita, absorve muita gordura, cerca de 4 vezes mais
do que a de uma batata frita. Embora seja pouco nutritiva, é uma hortaliça
muito versátil, compondo muitos pratos de diferentes etnias. Apreciada em receitas de diferentes culturas, a
berinjela é o principal ingrediente de comidas típicas da cozinha mediterrânea,
indiana, francesa e de países do Oriente Médio. Finas fatias sobrepostas de
berinjela e de batata recheadas com carne moída dão forma ao moussaka,
tradicional prato da culinária grega parecido com lasanha, mas sem o uso de
massa de farinha de trigo. Apesar de proporcionar uma sensação de
saciedade, a berinjela é pobre em calorias, mas possui boa fonte de sais
minerais e vitaminas, além de proteína, cálcio,
ferro e fósforo. O suco da berinjela combate o colesterol ruim. A berinjela
auxilia no emagrecimento, é diurética e reduz a gordura no fígado. As folhas
ajudam a aliviar a dor de queimaduras.
Figura 5. Arte culinária: com
um pouco de criatividade, as berinjelas podem se transformarem em pinguins
Cultivo:
A berinjela se desenvolve bem em regiões de clima tropical e
subtropical, mas sem excesso de chuva. Em épocas de floração, não suporta frio
intenso e geadas. Para o cultivo, prefere as temperaturas entre 18 e 25 graus,
principalmente na primavera, verão e outono. Plantio: nos meses da primavera, verão e outono, mas pode ser plantada o ano todo em locais de clima quente. A semeadura pode ser feita em copinhos plásticos ou de papel (200 a 300 ml). Cultivares: As variedades de berinjela mais comercializadas apresentam formato alongado, de 13 a 17 cm de comprimento, cor roxo-escura, quase preta. Mas há também frutos com características diversas, como os finos e alongados de cultivares do tipo japonês plantas em São Paulo. São encontrados nas cores roxa e verde. As arredondadas do tipo italiano têm casca de púrpura ou rosa rajada, polpa adoçicada e poucas sementes. Espaçamento: Para cultivares de com plantas pequenas, o espaçamento deve ser feito de 1,2 entre fileiras por 0,8 m entre plantas. Se forem mais vigorosas, deve ser de 1,5 x 1m. As mudas devem ser enterradas na mesma profundidade que se encontrava antes, com seis a sete folhas definitivas. Irrigação: Na obtenção das mudas e nos primeiros dias após o transplante, as regas devem ser diária. Posteriormente, devem ser feitas a cada 2 ou 4 dias, de acordo com o clima e tipo de solo. Outros tratos culturais : Manter a cultura no limpo na linha de plantio. Resultados de pesquisa comprovaram que o plantio direto na palhada de adubos verdes como crotalária é eficiente no manejo de plantas espontâneas. O cultivo consorciado de berinjela com crotalária, caupi e feijão-vagem rasteiro (Figura 6) não diminuem a produtividade, quando comparados ao monocultivo da berinjela. Estaquear as plantas bem desenvolvidas com bambu de 1,5 m de altura. Promover a desbrota do terço basal das plantas.
Principais pragas: Ácaro vermelho, vaquinha, pulgão, tripes, lagarta-rosca e broca pequena.
Principais doenças: Causadas por fungos: Murcha de Verticillium, seca dos ramos, antracnose, podridão de Esclerotínia, tombamento e podridão do colo e raiz, podridão de Esclerócio, podridão do algodão, murcha de Ascochyta, mancha de Stemphylium, podridão de Fomopsis, mancha de Alternaria e podridão de Botritis
Principais pragas: Ácaro vermelho, vaquinha, pulgão, tripes, lagarta-rosca e broca pequena.
Principais doenças: Causadas por fungos: Murcha de Verticillium, seca dos ramos, antracnose, podridão de Esclerotínia, tombamento e podridão do colo e raiz, podridão de Esclerócio, podridão do algodão, murcha de Ascochyta, mancha de Stemphylium, podridão de Fomopsis, mancha de Alternaria e podridão de Botritis
Figura 6. Berinjela
consorciada com feijão-vagem arbustivo
Colheita: dependendo
da variedade, dura três meses ou mais, a partir dos 90 a 110 dias de semeadura.
Recomenda-se cuidado ao manipular os frutos durante a colheita, pois são
bastante sensíveis ao amassamento e aos danos provocado por ferramentas e
outros objetos. Recomenda-se o uso de uma tesoura de poda ou uma faca com corte
afiado para retirar as berinjelas das plantas, pois o pedúnculo é lenhoso e
resistente.
Olá, muito útil o texto! Com quais outros vegetais posso cultivar a berinjela em conjunto?
ResponderExcluirOlá,esse texto foi muito útil,mas faltou um detalhe quantas vezes na semana é feita a colheita.
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