quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

O manejo de pragas no cultivo orgânico não procura exterminar os insetos-pragas, mas simplesmente mantê-los em determinados níveis de equilíbrio e, não colocando em risco a  lavoura e o lucro do agricultor e, especialmente a saúde do produtor e consumidor. Em geral, os insetos causam prejuízos ao homem e animais, sejam através dos danos às plantações, ou através da transmissão de doenças. Outros são benéficos como o bicho-da-seda, abelhas e demais polinizadores e insetos que se alimentam de outros insetos. O grande desafio da agricultura é manter a produtividade dos cultivos e ao mesmo tempo melhorar a qualidade e sanidade dos alimentos, conservando os recursos naturais (solo, água, ar e organismos benéficos) para gerações futuras. O reconhecimento dos insetos-pragas e seus inimigos naturais não pode ser dispensado no cultivo orgânico. Inseto pode ser considerado praga quando causa danos econômicos ao produtor. A simples presença de insetos na lavoura não significa perdas; é necessário que a população destes seja elevada. Antes de iniciar um controle o produtor deve primeiro reconhecer qual a praga que costuma sempre causar danos a sua lavoura. Caso não consiga reconhecer, deve recorrer ao técnico do município para determinar a praga e, principalmente, verificar a necessidade de tratamentos fitossanitários com produtos alternativos. No cultivo orgânico o homem deve intervir o menos possível no meio ambiente para não desequilibrar o sistema. Por isso, os produtos alternativos, mesmo que não causem riscos ao homem e meio ambiente, somente devem ser utilizados quando realmente necessários e, sempre aplicados com equipamentos de proteção e, tomando-se o cuidado de não deixá-los ao alcance de crianças e animais.
. Água de cinza e cal (“fertiprotetor” de plantas): É um produto ecológico obtido pela mistura de água, cinza e cal, recomendado para aumentar a resistência das culturas às pragas, reduzindo a ocorrência de vaquinhas e pulgões e também de doenças. Essa mistura contém expressivos teores de macro (Ca, Mg e K) e micronutrientes, estimulando a resistência às doenças fúngicas e bacterianas. (Fonte: Claro, 2001). Modo de preparar: Em um recipiente de alvenaria, plástico ou latão misturar 5kg de cal hidratado e 5kg de cinza peneirada com 100L de água. A mistura deve permanecer em repouso no mínimo por 1 hora antes de ser utilizada. Nesse período, agita-se a mistura no mínimo três a quatro vezes, com madeira ou taquara. Após a última agitação, esperam-se 10 a 15 minutos para que ocorra a sedimentação das partículas sólidas. A água de cinza e cal deve ser coada antes do uso, usando-se a peneira do pulverizador. A mistura deve ser filtrada e armazenada em bombonas. No momento de usá-la, basta agitar o conteúdo que irá retomar a cor branco-leitosa. Preferencialmente, no momento de usá-la, pode-se associá-la a um espalhante adesivo (farinha de trigo a 2%). Cuidados na aplicação: evitar aplicar em horários de intenso calor. No verão, aplicar à tardinha ou de manhã cedo, especialmente quando a cinza utilizada for de madeira, pois tem maior concentração de nutrientes e é mais salina e alcalina. 
. Enxofre (acaricida): é um produto natural que pode ser usado puro ou na calda sulfocálcica visando o manejo de ácaros. Ao ser utilizado puro, devem-se misturar, a seco, 800g de enxofre e 200g de farinha de milho bem fina, diluindo 34g em 10 litros de água e aplicar sobre as plantas (Fonte: Paulus, 2000).
. Farinha de trigo - espalhante adesivo ecológico e manejo de ácaros, pulgões e lagartas. Quanto mais cerosa for a superfície da folha ou ramos das plantas tratadas, maior número de gotas se forma, menor a área de molhamento, maior a possibilidade de injúrias e menor a eficiência da pulverização sobre a nutrição ou manejo de pragas e doenças. Dentre as hortaliças, alho, cebola, repolho e couve-flor são exemplos de culturas com alta cerosidade nas folhas e que exigem, por isso, o uso de espalhante adesivo nas pulverizações das caldas, da água de cinza e cal e de outros produtos alternativos. Quando as gotas permanecem inteiras sobre a superfície foliar, por falta de espalhante adesivo, podem danificar os tecidos vegetais quando o sol incide sobre elas. Modo de preparar: Em um recipiente apropriado, misture com água os ingredientes a serem pulverizados, acrescentando a farinha por último. Adicionar a farinha aos poucos, lentamente, sob forte e constante agitação com auxílio de uma pá de madeira ou taquara para que a dissolução seja completa. Para evitar obstrução de bicos do pulverizador recomenda-se coar a calda, podendo-se utilizar a própria peneira do pulverizador. Dosagem: 200g de farinha de trigo em cada 10L de calda. Essa dose pode ser aumentada ou diminuída de acordo com o grau de cerosidade das folhas. No manejo de insetos-pragas que ocorrem em hortas, recomenda-se o seguinte preparo: diluir 1 colher de sopa de farinha de trigo em 1L de água e pulverizar nas folhas atacadas. Aplicar pela manhã em cobertura total nas folhas, em dias quentes, secos e com sol; mais tarde, as folhas secando com o sol formam uma película que envolve as pragas e caem com o vento.
. Leite cru - manejo de ácaros, ovos de lagartas, lesmas, doenças fúngicas  e viróticas. O leite, na sua forma natural ou como soro de leite, é indicado para o manejo de ácaros e ovos de diversas lagartas como atrativo para lesmas e no controle de várias doenças fúngicas tais como o oídio (Figura 1) e viróticas. Pesquisa comprovou a eficiência do leite cru (+10%) sobre o oídio em cucurbitáceas, mesmo após o início da infecção no campo, superando o leite industrializado (tipo C e o longa vida). Essa maior eficiência do leite cru e fresco pode ser explicada, em parte, pela maior concentração de substâncias e de microrganismos fermentados em relação aos leites industrializados. (Fonte: Zatarim et al., 2005).


Figura 1. O fungo oídio que tem como principal sintoma a formação de um pó branco sobre as folhas, ataca o feijão-vagem (foto) e as demais espécies da família das cucurbitáceas (melão, melancia, pepino, abóbora e moranga). O leite cru e fresco à 10%  (1 L para 100 L de água) é eficiente no controle desta doença, mesmo no início da infecção.












Ferreira On 12/22/2010 02:53:00 AM Comentarios

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quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Manejo de pragas e doenças com produtos alternativos recomendados ou tolerados no cultivo orgânico – Parte I

O manejo de pragas no cultivo orgânico não procura exterminar os insetos-pragas, mas simplesmente mantê-los em determinados níveis de equilíbrio e, não colocando em risco a  lavoura e o lucro do agricultor e, especialmente a saúde do produtor e consumidor. Em geral, os insetos causam prejuízos ao homem e animais, sejam através dos danos às plantações, ou através da transmissão de doenças. Outros são benéficos como o bicho-da-seda, abelhas e demais polinizadores e insetos que se alimentam de outros insetos. O grande desafio da agricultura é manter a produtividade dos cultivos e ao mesmo tempo melhorar a qualidade e sanidade dos alimentos, conservando os recursos naturais (solo, água, ar e organismos benéficos) para gerações futuras. O reconhecimento dos insetos-pragas e seus inimigos naturais não pode ser dispensado no cultivo orgânico. Inseto pode ser considerado praga quando causa danos econômicos ao produtor. A simples presença de insetos na lavoura não significa perdas; é necessário que a população destes seja elevada. Antes de iniciar um controle o produtor deve primeiro reconhecer qual a praga que costuma sempre causar danos a sua lavoura. Caso não consiga reconhecer, deve recorrer ao técnico do município para determinar a praga e, principalmente, verificar a necessidade de tratamentos fitossanitários com produtos alternativos. No cultivo orgânico o homem deve intervir o menos possível no meio ambiente para não desequilibrar o sistema. Por isso, os produtos alternativos, mesmo que não causem riscos ao homem e meio ambiente, somente devem ser utilizados quando realmente necessários e, sempre aplicados com equipamentos de proteção e, tomando-se o cuidado de não deixá-los ao alcance de crianças e animais.
. Água de cinza e cal (“fertiprotetor” de plantas): É um produto ecológico obtido pela mistura de água, cinza e cal, recomendado para aumentar a resistência das culturas às pragas, reduzindo a ocorrência de vaquinhas e pulgões e também de doenças. Essa mistura contém expressivos teores de macro (Ca, Mg e K) e micronutrientes, estimulando a resistência às doenças fúngicas e bacterianas. (Fonte: Claro, 2001). Modo de preparar: Em um recipiente de alvenaria, plástico ou latão misturar 5kg de cal hidratado e 5kg de cinza peneirada com 100L de água. A mistura deve permanecer em repouso no mínimo por 1 hora antes de ser utilizada. Nesse período, agita-se a mistura no mínimo três a quatro vezes, com madeira ou taquara. Após a última agitação, esperam-se 10 a 15 minutos para que ocorra a sedimentação das partículas sólidas. A água de cinza e cal deve ser coada antes do uso, usando-se a peneira do pulverizador. A mistura deve ser filtrada e armazenada em bombonas. No momento de usá-la, basta agitar o conteúdo que irá retomar a cor branco-leitosa. Preferencialmente, no momento de usá-la, pode-se associá-la a um espalhante adesivo (farinha de trigo a 2%). Cuidados na aplicação: evitar aplicar em horários de intenso calor. No verão, aplicar à tardinha ou de manhã cedo, especialmente quando a cinza utilizada for de madeira, pois tem maior concentração de nutrientes e é mais salina e alcalina. 
. Enxofre (acaricida): é um produto natural que pode ser usado puro ou na calda sulfocálcica visando o manejo de ácaros. Ao ser utilizado puro, devem-se misturar, a seco, 800g de enxofre e 200g de farinha de milho bem fina, diluindo 34g em 10 litros de água e aplicar sobre as plantas (Fonte: Paulus, 2000).
. Farinha de trigo - espalhante adesivo ecológico e manejo de ácaros, pulgões e lagartas. Quanto mais cerosa for a superfície da folha ou ramos das plantas tratadas, maior número de gotas se forma, menor a área de molhamento, maior a possibilidade de injúrias e menor a eficiência da pulverização sobre a nutrição ou manejo de pragas e doenças. Dentre as hortaliças, alho, cebola, repolho e couve-flor são exemplos de culturas com alta cerosidade nas folhas e que exigem, por isso, o uso de espalhante adesivo nas pulverizações das caldas, da água de cinza e cal e de outros produtos alternativos. Quando as gotas permanecem inteiras sobre a superfície foliar, por falta de espalhante adesivo, podem danificar os tecidos vegetais quando o sol incide sobre elas. Modo de preparar: Em um recipiente apropriado, misture com água os ingredientes a serem pulverizados, acrescentando a farinha por último. Adicionar a farinha aos poucos, lentamente, sob forte e constante agitação com auxílio de uma pá de madeira ou taquara para que a dissolução seja completa. Para evitar obstrução de bicos do pulverizador recomenda-se coar a calda, podendo-se utilizar a própria peneira do pulverizador. Dosagem: 200g de farinha de trigo em cada 10L de calda. Essa dose pode ser aumentada ou diminuída de acordo com o grau de cerosidade das folhas. No manejo de insetos-pragas que ocorrem em hortas, recomenda-se o seguinte preparo: diluir 1 colher de sopa de farinha de trigo em 1L de água e pulverizar nas folhas atacadas. Aplicar pela manhã em cobertura total nas folhas, em dias quentes, secos e com sol; mais tarde, as folhas secando com o sol formam uma película que envolve as pragas e caem com o vento.
. Leite cru - manejo de ácaros, ovos de lagartas, lesmas, doenças fúngicas  e viróticas. O leite, na sua forma natural ou como soro de leite, é indicado para o manejo de ácaros e ovos de diversas lagartas como atrativo para lesmas e no controle de várias doenças fúngicas tais como o oídio (Figura 1) e viróticas. Pesquisa comprovou a eficiência do leite cru (+10%) sobre o oídio em cucurbitáceas, mesmo após o início da infecção no campo, superando o leite industrializado (tipo C e o longa vida). Essa maior eficiência do leite cru e fresco pode ser explicada, em parte, pela maior concentração de substâncias e de microrganismos fermentados em relação aos leites industrializados. (Fonte: Zatarim et al., 2005).


Figura 1. O fungo oídio que tem como principal sintoma a formação de um pó branco sobre as folhas, ataca o feijão-vagem (foto) e as demais espécies da família das cucurbitáceas (melão, melancia, pepino, abóbora e moranga). O leite cru e fresco à 10%  (1 L para 100 L de água) é eficiente no controle desta doença, mesmo no início da infecção.












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