Autores: Flávia A. de Alcântara e Nuno R. Madeira.
De que modo a
compostagem ajuda a manter ou repor a matéria orgânica?
A compostagem é uma maneira mais eficiente
de se utilizar os estercos e o material volumoso (capins, resíduos vegetais). É
um processo de decomposição “forçada” da matéria orgânica em ambiente aeróbico
(na presença de ar). O material é empilhado, geralmente na proporção de três
pilhas de volumoso para uma pilha de esterco, e é revirado de 15 em 15 dias,
quando é também umedecido. Como resultado, obtém-se, após um período aproximado
de 90 dias, um produto parcialmente mineralizado, ou seja, mais eficiente como
fonte de nutrientes para as culturas e, além disso, higienizado. O composto
também apresenta outra vantagem em relação ao esterco não compostado: por ter
um volumoso em sua formação, geralmente palhada e capim, permanece mais tempo
no solo, funcionando também como um condicionador físico e melhorando sua
estrutura.
De que modo a adubação
verde ajuda a manter ou repor a matéria orgânica?
A adubação verde é uma prática excelente
em quantidade e qualidade de matéria orgânica. Em quantidade, porque os adubos
verdes produzem muita massa vegetal e, em qualidade, porque essa massa é muito
rica em nutrientes. Além disso, como se decompõe mais lentamente no solo, em
comparação com os estercos e composto, a matéria orgânica proveniente dos
adubos verdes é um ótimo condicionador físico de solo.
Os adubos verdes podem ser utilizados em
esquemas de rotação, sucessão ou consórcio com as hortaliças. Muitos produtores
não utilizam essa prática porque não querem ou não podem deixar a área “parada”
por um tempo (enquanto os adubos verdes crescem e chegam ao ponto ideal de
corte). O consórcio, porém, é uma boa alternativa para esses casos. Algumas
hortaliças podem ser consorciadas sem problema com os adubos verdes, mas é
preciso saber qual a melhor época de plantio do adubo verde em relação à da
cultura, para não haver competição.
Como é feito o manejo
dos adubos verdes?
O manejo dos adubos verdes depende do
objetivo de sua utilização. Sua massa vegetal pode ser tanto incorporada ao
solo quanto mantida na superfície. No primeiro caso, os processos de
decomposição e mineralização acontecem mais rápido e, conseqüentemente, os
efeitos positivos na melhoria da fertilidade e no condicionamento do solo
aparecem mais cedo. Essa é a melhor alternativa de manejo dos adubos verdes
quando se objetiva o fornecimento de nutrientes para a cultura sucessora. No
segundo caso, a massa vegetal fica disposta sobre o solo após seu corte e, por
isso, se decompõe mais devagar. Essa é uma boa alternativa quando o objetivo
principal é proteger o solo contra a erosão e contra o surgimento de plantas
espontâneas problemáticas. Nesse caso, os adubos verdes são utilizados como
cobertura vegetal. Se essa cobertura vegetal for realizada visando à produção
de palhada para o sistema de plantio direto ou para o cultivo mínimo, dará
origem ao que se chama de cobertura morta.
Qual a situação ideal
para manter ou repor a matéria orgânica num sistema orgânico de produção de
hortaliças?
Uma situação ideal seria aquela em que o
produtor orgânico pudesse aliar um esterco curtido e de boa qualidade, ou um composto
bem produzido, com a prática da adubação verde ou da cobertura vegetal. Assim,
consegue-se manter os teores de matéria orgânica e propiciar a manutenção, e
mesmo a melhoria, da qualidade do solo ao longo do tempo. Além disso, deve-se
adotar o preparo conservacionista do terreno, evitando-se o revolvimento excessivo.
Como é feito o preparo
do solo no cultivo orgânico de hortaliças?
O preparo do solo no cultivo orgânico de
hortaliças procura ser conservacionista, priorizando a movimentação mínima do
terreno. Recomenda-se fazer as operações de aração e gradagem apenas no
primeiro ano e utilizar, nos anos seguintes, mecanização reduzida, mantendo o
solo coberto, e fazer o novo plantio sem fazer novo preparo.
Pode-se utilizar o
sistema de plantio direto no cultivo orgânico de hortaliças?
Sim. Esse é um sistema de plantio
conservacionista que pode ser utilizado no cultivo orgânico de hortaliças.
Entretanto, o que ocorre é que muitas pessoas acreditam que o plantio direto
está necessariamente vinculado ao uso de herbicidas, o que não é verdade. Da
mesma forma que se faz capinas manuais ou com enxadas em sistemas orgânicos com
revolvimento de solo, também se faz o mesmo em sistemas orgânicos com plantio
direto. É importante que a área apresente baixa ocorrência de plantas
espontâneas problemáticas, como tiririca, losna ou trapoeraba. Outro ponto
importante é o entendimento de que é essencial trabalhar para a construção da
fertilidade, utilizando rotação de culturas adequada, pensando em longo prazo e
não somente na safra corrente.
Qual a definição de
sistema de plantio direto e qual a diferença entre plantio direto e cultivo
mínimo?
No meio técnico, ainda não há consenso em
relação a conceitos e definições. Entretanto, a maioria dos profissionais
concorda com a seguinte terminologia:
a)Plantio
direto: é um sistema de plantio que visa maximizar a produção em longo prazo,
considerando os custos indiretos advindos da atividade agrícola, baseado em
três princípios básicos:
•
Revolvimento mínimo do solo, restrito à cova ou sulco de plantio.
•
Rotação de culturas.
•
Cobertura do solo.
b)
Cultivo mínimo: é um sistema intermediário de plantio, entre o convencional e o
direto, que visa maximizar a produção em longo prazo, considerando os custos
indiretos advindos da atividade agrícola, mas que não atende a um dos três
princípios básicos do plantio direto. Como exemplo de cultivo mínimo pode-se
citar o cultivo de cebola em área cultivada com milho, passando-se a grade
niveladora fechada sobre a palhada para homogeneizar a área e facilitar o
plantio ou transplantio da cebola, mantendo a palhada em cobertura e revolvendo
o solo em área total apenas superficialmente. É importante mencionar que o
plantio diretamente no local definitivo após o preparo de solo em vez da
tradicional formação de mudas, como ocorre no plantio de cebola e beterraba, é
chamado por vezes de plantio direto, no setor de hortaliças. Entretanto,
tratase, na verdade, de um método de cultivo – o de semeadura direta – distinto
do sistema de plantio direto.
Que hortaliças podem ser
cultivadas no sistema de plantio direto e no cultivo mínimo?
Há diversas espécies que se adaptam
facilmente ao sistema de plantio direto, como couve, repolho, couve-flor,
brócolis, berinjela, jiló, abobrinha, abóboras, tomate, pimentão, entre outras.
Basicamente, podem ser cultivadas nesse sistema todas as espécies plantadas em
espaçamento relativamente aberto, o suficiente para permitir fáceis capinas
depois do transplantio. Culturas como cebola, beterraba, alho, alface, entre
outras, apresentam dificuldades em relação à manutenção da população de plantas
espontâneas em níveis abaixo do competitivo com a cultura. Entretanto, para
pequenas áreas e quando se dispõe de mão-de-obra, é possível seu plantio,
especialmente em cultivo mínimo, desde que se tenha mais cuidado na fase de
formação de palhada.
Algumas culturas apresentam verdadeira
limitação ao cultivo em sistemas de plantio direto, como cenoura,
mandioquinha-salsa, batata-doce e batata. A cenoura necessita de solo
extremamente solto em virtude da frágil dominância apical de suas raízes, o que
leva à formação de raízes tortuosas ou bifurcadas em caso de qualquer
impedimento físico, por mínimo que seja. A mandioquinha-salsa e a batata-doce
necessitam de leiras para a formação de raízes e para evitar o acúmulo de água
no pé das plantas, no caso da mandioquinha-salsa. A batata necessita de amontoa
para a formação dos tubérculos, e o aspargo, para a formação dos brotos.
Entretanto, há casos de cultivo mínimo de batata em que o plantio é feito em
sulcos sobre a palhada, quebrando-se o sistema por ocasião da amontoa, de 25 a
30 dias após o plantio.
O que é cobertura morta?
É a palhada disposta sobre o solo para a
realização do plantio direto ou do cultivo mínimo. A obtenção da cobertura
morta pode ser feita de duas maneiras: pela importação de palhada de outra
área, como se faz tradicionalmente na cultura do alho comum, e pelo cultivo de
plantas de cobertura, fornecedoras de palhada, e seu manejo (corte) no próprio
local. Produzindo a palhada no próprio local, o agricultor está respeitando o
princípio da sustentabilidade, preconizado pelos sistemas orgânicos de
produção, reduzindo a importação de insumos.
A busca de palhada em outro local garante
a cobertura do solo, mas não o efeito de estruturação do solo promovido pela
“aração biológica”, que consiste na decomposição do sistema radicular das
culturas precedentes, tornando o solo leve, poroso, além de aumentar seu teor
de matéria orgânica. Que materiais podem ser utilizados como cobertura morta?
Há inúmeras espécies que podem ser utilizadas para produção de cobertura morta,
tanto em cultivo “solteiro” como no consorciado. Espécies de adubos verdes,
sejam leguminosas, gramíneas ou plantas de outras famílias, podem ser
utilizadas como plantas de cobertura. Plantas de interesse econômico, como
milho, especialmente milho verde, soja hortaliça, ervilha, etc., também podem
ser utilizadas na produção de palhada. Para todas essas plantas de cobertura
existe a possibilidade de produção de sementes na própria propriedade, sendo
inclusive difícil encontrar fornecedores de sementes de algumas delas.
De que depende a escolha
da planta de cobertura?
A escolha da planta de cobertura depende
de diversos fatores, como:
• Clima.
• Esquema de rotação de culturas, devendo-se
considerar o tempo disponível para a formação de palhada.
•
Capacidade das plantas de hospedarem pragas e patógenos.
•
Características físicas do solo, como camadas compactadas.
•
Características químicas do solo, como necessidade de reciclagem de nutrientes
e velocidade na disponibilização de nutrientes pela cobertura morta.
•
Utilidade comercial das plantas de cobertura.
Como regra geral, se o desejado é a
obtenção de cobertura morta duradoura, deve-se optar pelo plantio de gramíneas,
de plantas com alta relação carbono/nitrogênio (C/N), como milho, milheto,
sorgo, aveias, entre outras.
Se, por sua vez, deseja-se obter cobertura
morta de degradação mais rápida para liberação de nutrientes para a cultura
sucessora, utilizam-se plantas de cobertura com relação C/N mais baixa, do
grupo das brássicas, como nabo forrageiro, e das nabiças, das amarantáceas,
como o amaranto, ou das leguminosas, como as mucunas, as crotalárias, o
lab-lab, as sojas, o guandu, o feijão-de-porco, entre outras.
A vegetação espontânea
pode ser utilizada como cobertura?
Sim. O uso de vegetação espontânea pode
ser viável. Normalmente, há predominância de gramíneas, especialmente no verão.
Entretanto, é preciso observar se estão ocorrendo plantas espontâneas
problemáticas, que podem competir por água e nutrientes durante o ciclo da
cultura principal, inviabilizando-a.
Podem ser utilizados
consórcios de plantas de cobertura?
Sim. O uso de consórcios com plantas de
diferentes famílias é muito interessante e recomendado. Um exemplo é o
consórcio de milho (gramínea) e mucuna (leguminosa), tirando-se proveito do
milho como fornecedor de palhada duradoura e da mucuna, como fornecedora de
nutrientes, especialmente nitrogênio. Outro consórcio muito utilizado em
regiões de clima ameno, e que merece destaque, é o de aveia-preta, nabo forrageiro
e ervilhaca, em que a aveia-preta atua como fornecedora de palhada, a
ervilhaca, como fornecedora de nutrientes, especialmente nitrogênio, e o nabo
forrageiro, como descompactador. 131 132 93 É preciso lembrar que, em sistemas
orgânicos de produção, deve-se optar por plantas com baixa capacidade de
rebrota ou, preferencialmente, sem essa capacidade, levando em conta tanto a
espécie quanto a época de corte.
Como manejar as plantas
de cobertura no sistema orgânico?
A formação de palhada deve ser feita com
roçadeira ou rolofaca. No cultivo mínimo, pode-se usar grade niveladora que,
aliás, só deve ser usada em casos de grande massa vegetal, e fechada, a fim de
não aprofundar no solo e não incorporar a cobertura morta, que deve ficar na
superfície. O corte deve ser feito antes da formação de sementes viáveis.
O plantio em linha de espécies de
cobertura para formação de palhada com alguma capacidade de rebrota pode
facilitar as capinas posteriormente, fazendo-se o semeio ou o transplantio de
mudas da cultura principal nas entrelinhas das plantas de cobertura.
Quais as vantagens do
sistema de plantio direto?
Alguns
dos principais benefícios da adoção do plantio direto são:
•
Minimização da erosão, pelo amortecimento do impacto das gotas da chuva, e
minimização dos efeitos das pesadas enxurradas, tanto pela palhada quanto pela
integridade da estrutura do solo, não submetido a revolvimento, mas apenas à
“aração biológica”, do que resulta significativo aumento da infiltração de água
e da capacidade de retenção de água no solo.
•
Aumento da eficiência de uso de água e energia, pela maior infiltração da água
no solo, menor escorrimento superficial e menor e vaporação, resultando em
redução de até 20 % na necessidade de irrigação.
•
Redução da mecanização, superior a 50 % em relação a sistemas convencionais de
produção. • Elevação dos teores de matéria orgânica do solo, pela reduzida
movimentação e pelo aporte de resíduos.
•
Redução da infestação por plantas espontâneas, tanto por ação física, que atua
como barreira, quanto por ação química, a exemplo do efeito alelopático de
algumas espécies como sorgo, mucunas e outras.
•
Aumento da diversidade da biota do solo, em virtude da elevação dos teores de
matéria orgânica. • Redução da dispersão de doenças de solo, em conseqüência da
diminuição dos respingos de água da chuva e do escorrimento superficial.
•
Regulação térmica do solo, observando-se amenização da temperatura nas horas
mais quentes do dia com redução de até 9 o C na palhada de superfície do solo,
próximo ao coleto da planta, em relação ao solo desprotegido, e retenção do
calor residual nas horas mais frias do dia.
Quais as desvantagens do
sistema de plantio direto?
Os
principais problemas que podem ocorrer no sistema de plantio direto são:
•
Em regiões muito úmidas, o plantio direto pode favorecer o desenvolvimento de
alguns fungos fitopatogênicos que sobrevivem na palhada, aumentando o inóculo
inicial de doenças, mas a dispersão das doenças é mais lenta.
•
Aumento da população de “corós”, de besouros consumidores de matéria orgânica
que, em elevadas populações, podem atacar as raízes das plantas para alimentar-se
– fenômeno já relatado em áreas de plantio direto de grãos.
•
Aumento da população de cupins, consumidores de celulose, que podem atacar as
raízes em caso de desequilíbrio na população e se a disponibilidade de palhada
135 95 for insuficiente em alguns períodos do ano.
•
Compactação do solo, caso não ocorra o pleno estabelecimento das plantas de
cobertura, em geral, em decorrência da escolha inadequada da rotação de
culturas ou de seu manejo inadequado, a exemplo do excesso de pisoteio ou de
trânsito de máquinas na área.
•
Indisponibilização da área pelo cultivo de plantas de cobertura que muitas
vezes não tem valor comercial direto. Quanto a este último item cabe citar a
importância de se entender que o solo deve ser tratado e não somente explorado.
Hoje, deve-se pensar em “adubar o solo” e não em adubar a planta, e a obtenção
de produções satisfatórias é conseqüência do equilíbrio do solo.
Quais as conseqüências
do manejo inadequado do solo?
O manejo inadequado do solo, no sistema
orgânico de produção ou no convencional, pode levar a graves conseqüências.
Problemas freqüentes estão relacionados com a fertilidade do solo. Se a
fertilidade do solo não for acompanhada com análises periódicas, corre-se o
risco de errar na fertilização tanto para menos como para mais.
Quando se erra para menos, ocorre
deficiência, ou a falta de um, ou mais, dos nutrientes da planta. Mesmo a falta
de apenas um nutriente prejudica o desenvolvimento da cultura e a produção é
comprometida.
Quando se erra para mais, ocorre toxidez,
além de maior gasto com adubo. O uso de fertilizantes em doses maiores que as
necessárias para a cultura pode levar ao excesso de um ou mais nutrientes, o
que também acarreta desequilíbrio nutricional e redução da produção.
A deficiência é relativamente mais fácil
de resolver. Dependendo do nutriente e do estágio da cultura, é possível
aplicar um fertilizante e reverter o quadro de deficiência. Para o excesso, 136
96 porém, não há solução em curto prazo.
O revolvimento excessivo provoca a
destruição dos agregados do solo, acelerando a decomposição e a perda da
matéria orgânica. Além disso, pode levar ao endurecimento da camada superior do
solo, que fica então compactada e difícil de trabalhar. A desagregação do solo,
provocada pelo revolvimento excessivo, também pode ocorrer quando o solo está
desprotegido, isto é, sujeito à ação do vento e da água das chuvas, que são os
principais causadores da erosão.
Uma prática inadequada ainda utilizada por
alguns produtores de hortaliças é a formação de canteiros “morro abaixo”, ou
seja, no sentido da declividade do terreno. Essa prática é uma porta aberta
para a erosão, pois facilita grandemente a formação de sulcos no terreno
causados pelo escorrimento da enxurrada.
O que é compactação?
A compactação não é um fenômeno natural.
Isso significa que é um processo exclusivamente causado pelo manejo incorreto
do solo. Ocorre quando o solo é comprimido, ou seja, quando sofre compressão
por máquinas ou pelo pisoteio animal ou humano. A compressão causa o
adensamento do solo, o que dificulta o desenvolvimento das raízes das plantas e
reduz o número de poros do solo, por onde circulam água e ar, levando à redução
do movimento de água no perfil.
O que é erosão?
Erosão é o processo de transporte do solo
para outro local pela ação de agentes erosivos como a água e o vento. Pode
ocorrer naturalmente, sem a ação do homem. No entanto, em áreas agrícolas é
causada principalmente pela falta de
proteção do terreno, pois o solo desprotegido fica vulnerável à ação da água da
chuva e do vento.
No Brasil, o principal agente erosivo é a
chuva. Quando as gotas batem sobre o solo desprotegido, a força do impacto
provoca o desagregamento das partículas do solo que são arrastadas pela água da
chuva. Com a perda do solo, perdem-se também nutrientes e matéria orgânica. Com
o passar do tempo, o processo vai se tornando mais intenso e perigoso, a erosão
vai formando sulcos no terreno e pode evoluir para grandes voçorocas. Além
disso, a terra vai parar nos cursos d’água, provocando o assoreamento de rios e
lagos, tornando a água suja e de má qualidade.
Para se ter uma idéia, em solos com
declividade mediana cultivados convencionalmente e sem práticas
conservacionistas, é comum a perda de 20 t/ha de solo a cada ano. Esse material
é proveniente justamente da camada arável, ou seja, da fração mais fértil do
solo e mais rica em matéria orgânica.
Como o manejo “orgânico”
contribui para a qualidade do solo?
O manejo do solo no sistema orgânico de
cultivo contribui para sua qualidade na medida em que prioriza seu uso
sustentável. Na agricultura orgânica, o solo é valorizado como um recurso-chave
e assim é desde seu surgimento, nos anos 1920. O revolvimento mínimo e a
adição/reposição da matéria orgânica, priorizados pelo sistema orgânico, muito
contribuem para a manutenção e melhoria das características químicas, físicas e
biológicas do solo, e, conseqüentemente, para sua qualidade. Além disso, como o
manejo “orgânico” preconiza o preparo conservacionista, as possibilidades de
compactação e erosão são muito reduzidas.
O manejo do solo no
sistema orgânico garante seu uso sustentável?
Não se pode fazer essa afirmação porque o
manejo do solo tanto no sistema orgânico como no convencional precisa ser bem
feito. O que se pode dizer é que o manejo do solo no sistema orgânico tem
maiores chances de ser bem-sucedido e garantir o uso sustentável desse recurso
porque a preocupação com a qualidade do solo é maior. Entretanto, é preciso
considerar que o manejo do solo envolve todas as práticas relacionadas com o
solo, desde o preparo do solo até a adubação, sendo necessário que o produtor,
orgânico ou convencional, cuide de todos os aspectos da operação ‘manejo’.
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