sábado, 26 de outubro de 2013

     Até pouco tempo atrás, a adubação verde, embora reconhecida como importante prática agrícola, não era feita nas pequenas propriedades devido ao tempo e área que ocupava, impedindo os cultivos comerciais que davam o retorno financeiro. Nesta época se pensava que as espécies semeadas, ao atingir o desenvolvimento máximo, teriam como única opção serem  roçadas e incorporadas ao solo. O termo “adubos verdes” é bem antigo e seu uso se  referia ao fato de que essas plantas atuariam apenas como fornecedoras de nutrientes.
     Atualmente, este conceito evoluiu e os adubos verdes tem sido utilizados como cobertura morta ou viva, possibilitando o plantio direto e cultivo mínimo e, até, consorciados com os cultivos comerciais. Mais recentemente, outros termos (“plantas recicladoras”, “plantas condicionadoras” e “plantas de cobertura”) tem sido empregados para caracterizar o efeito de algumas espécies utilizadas como adubo verde, funcionando também como condicionadoras do solo, recicladoras de nutrientes e, ainda, na proteção do solo.
     De forma geral, a maioria das espécies atuam na reciclagem de nutrientes por causa de seu sistema radicular profundo, buscando nas camadas profundas do solo, os nutrientes já perdidos pelos cultivos comerciais e, com isso, trazendo-os para a superfície do solo, para serem aproveitados nos cultivos subsequentes. Ao ser adicionado matéria orgânica, através das diferentes espécies, os adubos verdes atuam como condicionadores do solo, promovendo melhorias  nas características químicas, físicas e biológicas do solo. O termo “plantas de cobertura” é devido ao fato de que estas espécies, cultivadas em rotação e consorciação com os cultivos econômicos, fazem a cobertura do solo,  minimizando a erosão, conservando a umidade do solo e, ainda, reduzindo as plantas espontâneas.  As leguminosas (mucuna, feijão-de-porco, ervilhaca e crotalária) possuem efeito supressor e/ou alelopático (substâncias químicas liberadas pelas plantas que influenciam o desenvolvimento de outras plantas), reduzindo as plantas espontâneas tais como tiririca, picão preto e picão branco, capim carrapicho e capim paulista. As gramíneas (aveia e azevém) também possuem efeito supressor e/ou alelopático, desfavorecendo  grande parte das plantas espontâneas.
     A adubação verde, especialmente quando utilizada em rotação de culturas, também auxilia no manejo de pragas e doenças, pois favorece a quebra do ciclo de proliferação de pragas e doenças. Por exemplo, no controle de nematoides formadores de galhas, as espécies de adubos verdes mais utilizadas no verão são as leguminosas (crotalárias e as mucunas), por serem hospedeiros não favoráveis. Por outro lado, as gramíneas (aveia, azevém e centeio) são utilizadas no inverno, em rotação de culturas, por serem mais resistentes às pragas e doenças, favorecendo a quebra do ciclo de proliferação de pragas e doenças.  É importante destacar também que a mucuna  auxilia no controle da doença fusariose. O uso de leguminosas consorciadas com os cultivos também contribuem para aumentar a biodiversidade e favorecer a reprodução e manutenção de inimigos naturais de insetos pragas dos cultivos comerciais, contribuindo para o equilíbrio ecológico, fundamental para a produção sustentável de alimentos.

O que é adubação verde?
     É uma técnica de manejo agrícola que consiste no cultivo de espécies de plantas com elevado potencial de produção de massa vegetal, semeadas em rotação, sucessão ou consorciação com as culturas, incorporando-as ao solo ou deixando-as na superfície, visando à proteção superficial, bem como à manutenção e melhoria das características físicas, químicas e biológicas do solo. A adubação verde, uma das principais práticas de manejo que beneficiam os cultivos, o solo e o meio ambiente, é utilizada há milhares de anos. Onde há pouco esterco de animais é a principal e mais barata fonte de matéria orgânica.


Vantagens:
● protege o solo das chuvas torrenciais, pois a cobertura vegetal impede o impacto direto das gotas da chuva e a consequente desagregação do solo, evitando a formação de uma crosta superficial (compactação). Além disso, diminui a lixiviação de nutrientes como o nitrogênio (nitrato) e, em consequência, diminui o custo de produção e evita a contaminação de águas superficiais e subterrâneas;
mantém elevada a taxa de infiltração de água no solo pelo efeito combinado do sistema radicular com a cobertura vegetal, diminuindo o escorrimento superficial;
promove grande e contínuo aporte de fitomassa, mantendo ou até mesmo elevando ao longo dos anos, o teor de matéria orgânica do solo, além de proteger contra os efeitos negativos das chuvas torrenciais e do sol;
aumenta a capacidade de retenção de água do solo;
minimiza as oscilações térmicas das camadas superficiais do solo, diminui a evaporação e aumenta a disponibilidade de água para as culturas;
Ativa a vida do solo, favorecendo a reprodução de microorganismos benéficos às culturas agrícolas e criando condições ambientais favoráveis ao incremento da vida biológica do solo;
facilita uma melhor estruturação e aeração do solo (preparo biológico do solo) e recupera áreas degradadas pela grande produção de raízes, rompendo camadas adensadas;
promove mobilização e reciclagem eficiente de nutrientes devido ao sistema radicular profundo e ramificado, retirando nutrientes de camadas mais profundas do solo, já perdidos, para serem utilizados pelos cultivos com sistemas radiculares mais superficiais;
promove o aporte de nitrogênio retirando-o da atmosfera, por meio da fixação biológica . As leguminosas mucuna-preta, crotalária e feijão-de-porco, através de simbiose, chegam a fixar até 157, 154 e 190 kg/ha de nitrogênio, respectivamente;
reduz a população de plantas espontâneas, em função do crescimento rápido e agressivo dos adubos verdes (efeito supressor ou alelopático). A alelopatia é a inibição química exercida por uma planta (viva ou morta) sobre a germinação ou o desenvolvimento de outras (ex.: aveia-preta inibe a germinação do papuã, enquanto a mucuna inibe o desenvolvimento da tiririca ou junça);
apresenta potencial de utilização múltipla na propriedade, pois possui elevado valor nutritivo, podendo ser utilizado na alimentação animal (ex.:aveia);
aumenta a disponibilidade de macro e micronutrientes no solo, em formas assimiláveis pelas plantas, convertendo aqueles menos disponíveis em formas mais disponíveis, além de garantir ação protetora destes nutrientes proporcionada pelos resíduos orgânicos deixados na superfície;
aumenta a CTC (Capacidade de Troca de Cátions) efetiva do solo, ou seja, aumenta a capacidade de adsorver (reter) cátions (muitos nutrientes estão na forma de cátions) presentes no solo, que depois podem ser disponibilizados para as culturas. Solos arenosos apresentam baixo teor de matéria orgânica e baixa CTC e são mais suscetíveis às perdas de nutrientes por lixiviação;
Eleva o pH do solo e, consequentemente, diminui a acidez;
diminui os teores de alumínio trocável (complexação). A fração orgânica do solo possui a capacidade de complexar (fixar) cátions, dentre eles o Al.  Os solos brasileiros, em sua maioria, são velhos e intemperizados, apresentando acidez e elevados teores de alumínio, o que traz sérios problemas para o desenvolvimento do sistema radicular das plantas, as quais limitam o aproveitamento da água e nutrientes adicionados ao solo por meio dos fertilizantes;
auxilia na formação de ácidos orgânicos, fundamentais ao processo de solubilização dos minerais do solo;
auxilia na formação de microagregados de solo, fundamentais na melhoria da porosidade do solo.


Principais espécies utilizadas na adubação verde
     A adubação verde pode ser realizada com diversas espécies vegetais, porém cada uma delas apresenta características diferentes como produção de massa verde/seca, tempo de decomposição, velocidade de crescimento, produção de compostos alelopáticos (substâncias químicas liberadas pelas plantas que influenciam o desenvolvimento de outras plantas).
Principais espécies de verão
     Com a aproximação do verão, época que normalmente ocorrem chuvas frequentes e de forte intensidade, é muito importante a cobertura do solo para evitar a erosão e com ela, a perda da camada fértil do solo e, também para auxiliar no manejo de plantas espontâneas que surgem nesta época.  Algumas espécies citadas a seguir, muitas vezes, não são encontradas nas agropecuárias, por isso, sempre que possível, é importante que o agricultor multiplique suas próprias sementes. As principais espécies de verão são:

Trigo-mourisco
Recicladora de nutrientes e com boa cobertura vegetal. Porém, cuidar com o manejo, pois produz semente de forma desuniforme, podendo tornar-se espontânea
Semeadura:
Fev.  a março
Quantidade: 60 a 70 kg/ha
Manejo: na fase de grão leitoso, para reduzir nível de rebrotação
Mucuna-preta
Rústica, ciclo mais longo e menor produção de massa. É fixadora de nitrogênio. Suprime várias espécies de plantas espontâneas
Semeadura:
Set. a dezembro
Quantidade: 80 a 150 kg/ha
Manejo: pleno florescimento ou início do enchimento de grãos.
Mucuna-cinza
Maior produção de massa, ciclo curto, sofre ataque de ferrugem, fixa nitrogênio
Semeadura:
Set. a dezembro
Quantidade: 80 a 150 kg/ha
Manejo: pleno florescimento ou início do enchimento de grãos
Mucuna-anã (Figura 1)
Crescimento ereto, exigente em fertilidade, boa para consórcio, fixa nitrogênio
Semeadura:
Set. a dezembro
Quantidade: 30 kg/ha
Manejo: pleno florescimento ou início do enchimento de grãos
Crotalária
Indicada para rotação de culturas, ciclo longo, boa produção de massa. Pode ser usada como atrativo para insetos
Semeadura:
Set. a dezembro
Quantidade: 20 a 50 kg/ha
Manejo: pré-floração e pleno florescimento
Feijão-de-porco (Figura 2)
Rústica, boa produção de massa, adapta-se bem ao consórcio, combate a tiririca
Semeadura:
Set. a dezembro
Quantidade: 150 a 220 kg/ha
Manejo: pleno florescimento e início enchimento dos grãos



Figura 1. Milho-verde e mucuna anã consorciados: ótima opção para o verão, visando a proteção do solo das chuvas torrenciais, das plantas espontâneas e melhoria da fertilidade e vida  do solo. Epagri/Estação Experimental de Urussanga, SC.




Figura 2. Feijão-de-porco: além de melhorar a fertilidade do solo, é uma opção de manejo da tiririca através da alelopatia. Epagri/Estação Experimental de Urussanga, SC.



Principais espécies de inverno
     Também no inverno, embora com menor frequência, podem ocorrer fortes chuvas que provocam erosão do solo e, também o surgimento de plantas espontâneas de inverno, por isso, é importante, sempre que possível, a cobertura do solo com espécies de adubos verdes.


 Aveia-preta     (Figura 3)

É a mais conhecida, rústica, tem boa cobertura, compete com ervas espontâneas; deve-se efetuar rotação de culturas para evitar doenças nas raízes
Semeadura:
março a julho
Quantidade: 50 a 70 kg/ha − nos últimos anos, os agricultores têm usado até 100 kg/ha para garantir adequada densidade
Manejo: na fase de grão leitoso, para reduzir nível de rebrotação


Centeio
É mais precoce, tem boa rusticidade, tolera solos ácidos, de baixa fertilidade e períodos de pouca chuva. A palhada é bastante dura
Semeadura:
março a julho
Quantidade: 85 a 100 kg/ha 
Manejo: na fase de grão leitoso, para reduzir nível de rebrotação

Triticale
Precoce, tem boa cobertura de solo, pode ser usado na produção de farinha de boa qualidade. É resultado do cruzamento do trigo com o centeio
Semeadura:
Março a julho
Quantidade: 80 a 100 kg/ha 
Manejo: na fase de grão leitoso para reduzir nível de rebrotação
Ervilha-forrageira
Precoce, boa produção de massa, boa no uso consorciado com centeio. Evitar uso consecutivo devido ao ataque de doenças. É fixadora de nitrogênio
Semeadura:
Março a julho
Quantidade: 70 a 160 kg/ha 
Manejo: pleno florescimento ou início do enchimento de grãos
Ervilhaca-comum e peluda
Boa produção de massa, boa no uso consorciado com aveia e centeio, tolera solos úmidos; é fixadora de nitrogênio
Semeadura:
Fev.  a julho
Quantidade: 45 a 70 kg/ha ervilhaca-comum e 35 a 40 kg/ha ervilhaca-peluda
Manejo: pleno florescimento ou início do enchimento de grãos
Nabo forrageiro
Devido ao sistema radicular profundo (até 2 metros) pivotante é ótima opção para o consórcio com outros adubos verdes, visando a descompactação do solo
Semeadura:
Abril a julho
Quantidade: 10 a 15 kg/ha  em cultivo solteiro e 4 kg/ha quando consorciado com ervilha e aveia
Manejo:  fase final do florescimento




Figura 3.  Aveia-preta: ótima opção para o outono e inverno, visando a proteção do solo e das plantas espontâneas e, possibilitando o plantio direto e cultivo mínimo de hortaliças no final do inverno e início de primavera. Epagri/Estação Experimental de Urussanga, SC.






Ferreira On 10/26/2013 10:35:00 AM Comentarios

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sábado, 26 de outubro de 2013

Adubação verde: Importância na proteção e fertilidade do solo e no manejo de plantas espontâneas, doenças e pragas

     Até pouco tempo atrás, a adubação verde, embora reconhecida como importante prática agrícola, não era feita nas pequenas propriedades devido ao tempo e área que ocupava, impedindo os cultivos comerciais que davam o retorno financeiro. Nesta época se pensava que as espécies semeadas, ao atingir o desenvolvimento máximo, teriam como única opção serem  roçadas e incorporadas ao solo. O termo “adubos verdes” é bem antigo e seu uso se  referia ao fato de que essas plantas atuariam apenas como fornecedoras de nutrientes.
     Atualmente, este conceito evoluiu e os adubos verdes tem sido utilizados como cobertura morta ou viva, possibilitando o plantio direto e cultivo mínimo e, até, consorciados com os cultivos comerciais. Mais recentemente, outros termos (“plantas recicladoras”, “plantas condicionadoras” e “plantas de cobertura”) tem sido empregados para caracterizar o efeito de algumas espécies utilizadas como adubo verde, funcionando também como condicionadoras do solo, recicladoras de nutrientes e, ainda, na proteção do solo.
     De forma geral, a maioria das espécies atuam na reciclagem de nutrientes por causa de seu sistema radicular profundo, buscando nas camadas profundas do solo, os nutrientes já perdidos pelos cultivos comerciais e, com isso, trazendo-os para a superfície do solo, para serem aproveitados nos cultivos subsequentes. Ao ser adicionado matéria orgânica, através das diferentes espécies, os adubos verdes atuam como condicionadores do solo, promovendo melhorias  nas características químicas, físicas e biológicas do solo. O termo “plantas de cobertura” é devido ao fato de que estas espécies, cultivadas em rotação e consorciação com os cultivos econômicos, fazem a cobertura do solo,  minimizando a erosão, conservando a umidade do solo e, ainda, reduzindo as plantas espontâneas.  As leguminosas (mucuna, feijão-de-porco, ervilhaca e crotalária) possuem efeito supressor e/ou alelopático (substâncias químicas liberadas pelas plantas que influenciam o desenvolvimento de outras plantas), reduzindo as plantas espontâneas tais como tiririca, picão preto e picão branco, capim carrapicho e capim paulista. As gramíneas (aveia e azevém) também possuem efeito supressor e/ou alelopático, desfavorecendo  grande parte das plantas espontâneas.
     A adubação verde, especialmente quando utilizada em rotação de culturas, também auxilia no manejo de pragas e doenças, pois favorece a quebra do ciclo de proliferação de pragas e doenças. Por exemplo, no controle de nematoides formadores de galhas, as espécies de adubos verdes mais utilizadas no verão são as leguminosas (crotalárias e as mucunas), por serem hospedeiros não favoráveis. Por outro lado, as gramíneas (aveia, azevém e centeio) são utilizadas no inverno, em rotação de culturas, por serem mais resistentes às pragas e doenças, favorecendo a quebra do ciclo de proliferação de pragas e doenças.  É importante destacar também que a mucuna  auxilia no controle da doença fusariose. O uso de leguminosas consorciadas com os cultivos também contribuem para aumentar a biodiversidade e favorecer a reprodução e manutenção de inimigos naturais de insetos pragas dos cultivos comerciais, contribuindo para o equilíbrio ecológico, fundamental para a produção sustentável de alimentos.

O que é adubação verde?
     É uma técnica de manejo agrícola que consiste no cultivo de espécies de plantas com elevado potencial de produção de massa vegetal, semeadas em rotação, sucessão ou consorciação com as culturas, incorporando-as ao solo ou deixando-as na superfície, visando à proteção superficial, bem como à manutenção e melhoria das características físicas, químicas e biológicas do solo. A adubação verde, uma das principais práticas de manejo que beneficiam os cultivos, o solo e o meio ambiente, é utilizada há milhares de anos. Onde há pouco esterco de animais é a principal e mais barata fonte de matéria orgânica.


Vantagens:
● protege o solo das chuvas torrenciais, pois a cobertura vegetal impede o impacto direto das gotas da chuva e a consequente desagregação do solo, evitando a formação de uma crosta superficial (compactação). Além disso, diminui a lixiviação de nutrientes como o nitrogênio (nitrato) e, em consequência, diminui o custo de produção e evita a contaminação de águas superficiais e subterrâneas;
mantém elevada a taxa de infiltração de água no solo pelo efeito combinado do sistema radicular com a cobertura vegetal, diminuindo o escorrimento superficial;
promove grande e contínuo aporte de fitomassa, mantendo ou até mesmo elevando ao longo dos anos, o teor de matéria orgânica do solo, além de proteger contra os efeitos negativos das chuvas torrenciais e do sol;
aumenta a capacidade de retenção de água do solo;
minimiza as oscilações térmicas das camadas superficiais do solo, diminui a evaporação e aumenta a disponibilidade de água para as culturas;
Ativa a vida do solo, favorecendo a reprodução de microorganismos benéficos às culturas agrícolas e criando condições ambientais favoráveis ao incremento da vida biológica do solo;
facilita uma melhor estruturação e aeração do solo (preparo biológico do solo) e recupera áreas degradadas pela grande produção de raízes, rompendo camadas adensadas;
promove mobilização e reciclagem eficiente de nutrientes devido ao sistema radicular profundo e ramificado, retirando nutrientes de camadas mais profundas do solo, já perdidos, para serem utilizados pelos cultivos com sistemas radiculares mais superficiais;
promove o aporte de nitrogênio retirando-o da atmosfera, por meio da fixação biológica . As leguminosas mucuna-preta, crotalária e feijão-de-porco, através de simbiose, chegam a fixar até 157, 154 e 190 kg/ha de nitrogênio, respectivamente;
reduz a população de plantas espontâneas, em função do crescimento rápido e agressivo dos adubos verdes (efeito supressor ou alelopático). A alelopatia é a inibição química exercida por uma planta (viva ou morta) sobre a germinação ou o desenvolvimento de outras (ex.: aveia-preta inibe a germinação do papuã, enquanto a mucuna inibe o desenvolvimento da tiririca ou junça);
apresenta potencial de utilização múltipla na propriedade, pois possui elevado valor nutritivo, podendo ser utilizado na alimentação animal (ex.:aveia);
aumenta a disponibilidade de macro e micronutrientes no solo, em formas assimiláveis pelas plantas, convertendo aqueles menos disponíveis em formas mais disponíveis, além de garantir ação protetora destes nutrientes proporcionada pelos resíduos orgânicos deixados na superfície;
aumenta a CTC (Capacidade de Troca de Cátions) efetiva do solo, ou seja, aumenta a capacidade de adsorver (reter) cátions (muitos nutrientes estão na forma de cátions) presentes no solo, que depois podem ser disponibilizados para as culturas. Solos arenosos apresentam baixo teor de matéria orgânica e baixa CTC e são mais suscetíveis às perdas de nutrientes por lixiviação;
Eleva o pH do solo e, consequentemente, diminui a acidez;
diminui os teores de alumínio trocável (complexação). A fração orgânica do solo possui a capacidade de complexar (fixar) cátions, dentre eles o Al.  Os solos brasileiros, em sua maioria, são velhos e intemperizados, apresentando acidez e elevados teores de alumínio, o que traz sérios problemas para o desenvolvimento do sistema radicular das plantas, as quais limitam o aproveitamento da água e nutrientes adicionados ao solo por meio dos fertilizantes;
auxilia na formação de ácidos orgânicos, fundamentais ao processo de solubilização dos minerais do solo;
auxilia na formação de microagregados de solo, fundamentais na melhoria da porosidade do solo.


Principais espécies utilizadas na adubação verde
     A adubação verde pode ser realizada com diversas espécies vegetais, porém cada uma delas apresenta características diferentes como produção de massa verde/seca, tempo de decomposição, velocidade de crescimento, produção de compostos alelopáticos (substâncias químicas liberadas pelas plantas que influenciam o desenvolvimento de outras plantas).
Principais espécies de verão
     Com a aproximação do verão, época que normalmente ocorrem chuvas frequentes e de forte intensidade, é muito importante a cobertura do solo para evitar a erosão e com ela, a perda da camada fértil do solo e, também para auxiliar no manejo de plantas espontâneas que surgem nesta época.  Algumas espécies citadas a seguir, muitas vezes, não são encontradas nas agropecuárias, por isso, sempre que possível, é importante que o agricultor multiplique suas próprias sementes. As principais espécies de verão são:

Trigo-mourisco
Recicladora de nutrientes e com boa cobertura vegetal. Porém, cuidar com o manejo, pois produz semente de forma desuniforme, podendo tornar-se espontânea
Semeadura:
Fev.  a março
Quantidade: 60 a 70 kg/ha
Manejo: na fase de grão leitoso, para reduzir nível de rebrotação
Mucuna-preta
Rústica, ciclo mais longo e menor produção de massa. É fixadora de nitrogênio. Suprime várias espécies de plantas espontâneas
Semeadura:
Set. a dezembro
Quantidade: 80 a 150 kg/ha
Manejo: pleno florescimento ou início do enchimento de grãos.
Mucuna-cinza
Maior produção de massa, ciclo curto, sofre ataque de ferrugem, fixa nitrogênio
Semeadura:
Set. a dezembro
Quantidade: 80 a 150 kg/ha
Manejo: pleno florescimento ou início do enchimento de grãos
Mucuna-anã (Figura 1)
Crescimento ereto, exigente em fertilidade, boa para consórcio, fixa nitrogênio
Semeadura:
Set. a dezembro
Quantidade: 30 kg/ha
Manejo: pleno florescimento ou início do enchimento de grãos
Crotalária
Indicada para rotação de culturas, ciclo longo, boa produção de massa. Pode ser usada como atrativo para insetos
Semeadura:
Set. a dezembro
Quantidade: 20 a 50 kg/ha
Manejo: pré-floração e pleno florescimento
Feijão-de-porco (Figura 2)
Rústica, boa produção de massa, adapta-se bem ao consórcio, combate a tiririca
Semeadura:
Set. a dezembro
Quantidade: 150 a 220 kg/ha
Manejo: pleno florescimento e início enchimento dos grãos



Figura 1. Milho-verde e mucuna anã consorciados: ótima opção para o verão, visando a proteção do solo das chuvas torrenciais, das plantas espontâneas e melhoria da fertilidade e vida  do solo. Epagri/Estação Experimental de Urussanga, SC.




Figura 2. Feijão-de-porco: além de melhorar a fertilidade do solo, é uma opção de manejo da tiririca através da alelopatia. Epagri/Estação Experimental de Urussanga, SC.



Principais espécies de inverno
     Também no inverno, embora com menor frequência, podem ocorrer fortes chuvas que provocam erosão do solo e, também o surgimento de plantas espontâneas de inverno, por isso, é importante, sempre que possível, a cobertura do solo com espécies de adubos verdes.


 Aveia-preta     (Figura 3)

É a mais conhecida, rústica, tem boa cobertura, compete com ervas espontâneas; deve-se efetuar rotação de culturas para evitar doenças nas raízes
Semeadura:
março a julho
Quantidade: 50 a 70 kg/ha − nos últimos anos, os agricultores têm usado até 100 kg/ha para garantir adequada densidade
Manejo: na fase de grão leitoso, para reduzir nível de rebrotação


Centeio
É mais precoce, tem boa rusticidade, tolera solos ácidos, de baixa fertilidade e períodos de pouca chuva. A palhada é bastante dura
Semeadura:
março a julho
Quantidade: 85 a 100 kg/ha 
Manejo: na fase de grão leitoso, para reduzir nível de rebrotação

Triticale
Precoce, tem boa cobertura de solo, pode ser usado na produção de farinha de boa qualidade. É resultado do cruzamento do trigo com o centeio
Semeadura:
Março a julho
Quantidade: 80 a 100 kg/ha 
Manejo: na fase de grão leitoso para reduzir nível de rebrotação
Ervilha-forrageira
Precoce, boa produção de massa, boa no uso consorciado com centeio. Evitar uso consecutivo devido ao ataque de doenças. É fixadora de nitrogênio
Semeadura:
Março a julho
Quantidade: 70 a 160 kg/ha 
Manejo: pleno florescimento ou início do enchimento de grãos
Ervilhaca-comum e peluda
Boa produção de massa, boa no uso consorciado com aveia e centeio, tolera solos úmidos; é fixadora de nitrogênio
Semeadura:
Fev.  a julho
Quantidade: 45 a 70 kg/ha ervilhaca-comum e 35 a 40 kg/ha ervilhaca-peluda
Manejo: pleno florescimento ou início do enchimento de grãos
Nabo forrageiro
Devido ao sistema radicular profundo (até 2 metros) pivotante é ótima opção para o consórcio com outros adubos verdes, visando a descompactação do solo
Semeadura:
Abril a julho
Quantidade: 10 a 15 kg/ha  em cultivo solteiro e 4 kg/ha quando consorciado com ervilha e aveia
Manejo:  fase final do florescimento




Figura 3.  Aveia-preta: ótima opção para o outono e inverno, visando a proteção do solo e das plantas espontâneas e, possibilitando o plantio direto e cultivo mínimo de hortaliças no final do inverno e início de primavera. Epagri/Estação Experimental de Urussanga, SC.






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