quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012


   Ao iniciarmos o ano de 2012, renovamos a nossa esperança e a nossa fé em um mundo melhor, com paz, harmonia e amor construídos por pequenos gestos de compreensão, solidariedade, respeito, fraternidade e consciência ecológica. O mundo não podemos mudar, mas podemos mudar a nós mesmos. Cada um fazendo a sua parte, teremos um mundo melhor onde a natureza convive em paz com o homem! Que tal começarmos a ter uma maior consciência ecológica? Tudo o que existe foi criado por Deus e entregue ao homem e à mulher. Mas o que a humanidade vem fazendo com a criação de Deus? O que você tem feito de concreto para contribuir com essa campanha de conscientização sobre a importância da preservação do meio ambiente e da saúde pública?
   Deus colocou o homem no mundo como gerente da criação como um todo e, lhe deu algumas ordens: cuidar da criação, de onde tiraria seu sustento, protegê-la e preservá-la, conhecê-la, estudá-la, para assim conhecer melhor a si mesmo e a Deus. O homem não é o soberano senhor, mas o responsável diante de Deus pelo emprego correto dos recursos naturais e pela preservação das demais espécies. Nossa tarefa é contribuir para que a criação seja protegida e, a nossa postura em relação a poluição ambiental, ao uso de agroquímicos, o desflorestamento, o aquecimento global e muito mais, deve ser para agradar a Deus e honrar Ele como criador de todas as coisas. Crer também é cuidar da flora, fauna e recursos naturais! A fé no Deus criador e na criação de Deus deveria, ao natural, nos levar ao engajamento concreto e prático em defesa da vida. Deveríamos ser ecológicos como é o Deus da nossa fé, o criador e defensor da vida. A Terra é a nossa casa comum, é o único lugar que temos para habitar. Mas ela não é somente nossa. É o espaço de muitos povos de hoje e do futuro e de uma infinidade de outras formas de vida.
   Atualmente, o problema da poluição ambiental não está somente nas periferias das grandes cidades, mas também nos que vivem longe delas. O ar tóxico desprendido pelas fábricas entra nas casas de todos, independente de onde foi originada a emissão. A água e o solo contaminados por chorume e agroquímicos (adubos químicos e agrotóxicos), contaminam as fontes de água e os alimentos. Fazer a sua parte e alertar, esclarecer e orientar quem esteja perto é compromisso de todos. A cada ano a igreja católica no Brasil propõe um tema de reflexão para o período da quaresma, através da campanha da fraternidade, no sentido de ser um instrumento de ajuda para cada cristão(a) se preparar melhor para páscoa.
    Neste ano, a campanha da fraternidade, promovida desde 1964 pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), propõe um tema de reflexão para o período da quaresma: "A Fraternidade e Saúde Pública". O lema da campanha "Que a saúde se difunda sobre a terra!" destaca a responsabilidade humana. O objetivo é despertar a solidariedade dos fiéis e de toda a sociedade em relação a um problema concreto que envolve todo o país, buscando uma solução para o mesmo. Saúde não é uma coisa só do corpo, mas do conjunto do ser humano, corpo, alma, mente, afeto, sexualidade e espiritualidade. A igreja deseja sensibilizar a todos sobre a dura realidade das pessoas que não têm acesso à assistência de saúde pública condizente com suas necessidades e dignidade.
   A saúde é um dom de Deus confiado ao ser humano. Quanto mais cada um cuidar de si preventivamente e, dos que convivem com ele, melhor para todos e para o planeta! Cada um de nós precisa fazer a sua parte, preservando e melhorando as condições de vida no planeta, pois consciência ambiental e saúde estão diretamente relacionados. Uma pergunta que não quer calar: Para que utilizar adubos químicos e agrotóxicos na produção de alimentos quando já temos pesquisas comprovando que o adubo natural e os produtos alternativos para o manejo de pragas e doenças (ver matérias já postadas neste blog), produzidos na propriedade são mais baratos, eficientes e, o melhor, proporcionam alimentos mais nutritivos, não oferecem riscos ao meio ambiente e, especialmente à saúde pública?
. A contaminação dos alimentos com agrotóxicos e o uso de herbicidas (capina química) nas cidades são problemas de saúde pública
Pesquisa da ANVISA – em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz – FIOCRUZ – realizada desde 2001 com frutas e hortaliças produzidas com agrotóxicos e adubos químicos, nos maiores centros consumidores do Brasil, comprova que várias espécies cultivadas estão seriamente contaminadas por resíduos de agrotóxicos e, o que é pior, por produtos não autorizados para as culturas. Relatório recente da Anvisa, em 26 estados, pesquisando 18 espécies (frutas e hortaliças) em 2010, a exemplo de 2009, revela que 696 amostras (28%) de um total de 2.488 amostras coletadas em todo o país, estavam contaminadas com resíduos de agrotóxicos, alcançando no pimentão, morango, pepino, alface, cenoura, abacaxi, beterraba, couve e mamão até 91,8; 63,4; 57,4; 54,2; 49,6; 32,8; 32,6; 31,9 e 30,4 % de amostras contaminadas, respectivamente. Os agrotóxicos encontrados nos cultivos são ingredientes ativos com alto grau de toxicidade aguda comprovada e, que causam problemas neurológicos, reprodutivos, de desregulação hormonal e até câncer.
   Os problemas do uso de agrotóxicos não se resumem apenas a contaminação dos alimentos. E muito comum tanto na zona rural como nas cidades o uso de herbicidas para eliminar as "plantas daninhas", "mato ou inços" com graves implicações destes produtos no meio ambiente, pois eles ao serem lixiviados (lavados) pela água das chuvas ou irrigação vão parar nas fontes de água. É a chamada capina química, onde são utilizados os herbicidas com inúmeras conseqüências ao meio ambiente e à saúde das pessoas, especialmente quando não são usados os equipamentos de proteção individual. Além de contaminar o meio ambiente, pode contaminar as pessoas através das poças d'água, inalação e vento. Felizmente, pelo menos em Santa Catarina, existe uma lei estadual que proíbe o uso de herbicidas nas cidades, pois não tem como impedir o trânsito de pedestres no momento da aplicação e, pelo menos 24 horas após. A proibição é para todos os tipos de herbicidas! Não existe herbicida mais ou menos ecológico como alguns estão tentando vender o "Mata-Mato" e outros produtos proibidos para aplicação em zona urbana! Infelizmente, devido a falta de uma consciência ecológica das pessoas e uma maior fiscalização, ainda é prática comum nas cidades, colocando em risco a saúde pública.
Por favor, faça a sua parte! denuncie!
O MEIO AMBIENTE E A SAÚDE PÚBLICA AGRADECEM!
Esta cena não deveria ser mais vista nas cidades em Santa Catarina Figura 1. Lei estadual 6.288/02 aprovada pela câmara dos deputados em 12/08/2009, proíbe capina química em área urbana nas cidades de Santa Catarina. A partir de 15/01/2010, a Anvisa também proibiu a aplicação de herbicidas em área urbana. Além de contaminar o meio ambiente, pode contaminar as pessoas através das poças d'água e vento.

. O uso de agrotóxicos e as consequências para a saúde das pessoas
   Todos os herbicidas causam preocupações em termos de saúde pública. Os principais são: 2,4D, glifosato (round-up) e paraquat (gramoxone). O paraquat provoca, quando absorvido, especialmente por via digestiva, lesões hepáticas e renais e principalmente, fibrose pulmonar irreversível, determinando a morte em cerca de 2 semanas, por insuficiência respiratória; causa lesões na pele (via dérmica); causa lesões graves nas mucosas (via oral), sangramento pelo nariz, mal-estar, fraqueza e até ulcerações na boca; Torna as unhas quebradiças; produz conjuntivite ou opacidade da córnea (contato com os olhos). O 2,4D é bem absorvido pela pele, via digestiva e inalação, determinando de forma aguda, alterações da glicemia de forma transitória e ainda pode simular um quadro clínico de diabetes, além de alterações neuro-musculares provocando um processo inflamatório dos nervos longos dos membros inferiores e superiores. O Glifosato (round-up) causa problemas dermatológicos, principalmente dermatite de contato. Além disso, é irritante de mucosas, principalmente da mucosa ocular. Em relação aos agrotóxicos utilizados no controle de pragas e doenças das culturas, os principais sinais e sintomas de envenenamento são: irritação ou nervosismo; ansiedade e angústia;  tremores no corpo;  indisposição, fraqueza e mal estar, dor de cabeça, tonturas, vertigem, náuseas, vômitos, cólicas abdominais;  alterações visuais; respiração difícil, com dores no peito e falta de ar;  queimaduras e alterações da pele; dores pelo corpo inteiro;  irritação de nariz, garganta e olhos; urina alterada; convulsões ou ataques; desmaios, perda de consciência e até o coma.

. Intoxicações e mortes causadas pelos agrotóxicos em Santa Catarina
   Um exemplo das sérias conseqüências à saúde humana do uso crescente e abusivo de agrotóxicos são os casos de intoxicação e mortes registradas no Centro de Informações Toxicológicas – CIT (UFSC), em Florianópolis, SC. No período de 1984 a 2010, o CIT detectou 11.801 intoxicações de agricultores e 263 mortes em Santa Catarina (Fonte: www.cit.sc.gov.br). Segundo os técnicos, isto representa apenas uma pequena parte da realidade; os números são, na verdade, bem maiores. Estima-se que, para cada caso registrado, existam mais 10 que não são registrados devido à dificuldade no diagnóstico correto. Tendo em vista o aumento significativo na última década nos casos de intoxicação de pessoas por agrotóxicos em Santa Catarina em até 70% (década de 90 - 350 pessoas intoxicadas registradas por ano, enquanto que na última década chegou a 600 pessoas intoxicadas por ano), apelamos para que as pessoas denunciem para a vigilância sanitária de seu município, quando houver aplicação de herbicidas em sua cidade.

. O que pode ser feito pelo consumidor para diminuir a ingestão de agrotóxicos?
   Optar por alimentos certificados como, por exemplo, os orgânicos, e por alimentos da época, que a princípio necessitam de uma carga menor de agrotóxicos para serem produzidos. A orientação é procurar produtos com a origem identificada (nas feiras, por exemplo, é possível conversar diretamente com o produtor) pois, isto aumenta o comprometimento dos produtores em relação à qualidade dos alimentos, com a adoção das boas práticas agrícolas. Outra opção, a ideal, para quem dispor de pequena área (10 m2 é suficiente para produzir as principais hortaliças de ciclo curto para uma família) é ter sua própria horta orgânica, pois é fácil, mais barato, os alimentos são mais nutritivos, podem ser colhidos próximo a hora de consumir (frescos), além de ser uma boa oportunidade de fazer exercícios ao ar livre e, o melhor, não oferece riscos à saúde das pessoas e ao meio ambiente. O CAPS – Centro de Atenção Psicossocial da secretaria de saúde de Urussanga, SC, está fazendo a sua parte; desde outubro/2010 mais de 20 hortaliças foram colhidos na horta orgânica conduzida por pacientes e voluntários. Além de produzir hortaliças frescas e saudáveis, a horta serve como terapia ocupacional, é uma forma de economizar e, o mais importante, não coloca em risco o tratamento das pessoas através de uma série de medicamentos utilizados, pois os alimentos contaminados podem interagir com estes e comprometer ainda mais a saúde destas pessoas. Nas instituições que tratam as pessoas doentes, já com a saúde debilitada, é fundamental que os alimentos sejam saudáveis.
   É importante lembrar que a lavagem dos alimentos contribui para a retirada de apenas parte dos agrotóxicos, ou seja, os produtos chamados de contato (que agem externamente). Para os agrotóxicos sistêmicos, ou seja, aqueles que, quando aplicados nas plantas, circulam através da seiva por todos os tecidos vegetais, de forma a se distribuir uniformemente e ampliar o seu tempo de ação, não adianta lavar os alimentos, pois os resíduos de agrotóxicos foram absorvidos pelos tecidos internos da plantas. A água sanitária não remove resíduos de agrotóxicos dos alimentos. Soluções de hipoclorito de sódio (água sanitária ou solução) devem ser usadas para a higienização dos alimentos na proporção de uma colher de sopa para um litro de água com o objetivo apenas de matar agentes microbiológicos que possam estar presentes nos alimentos.
. Os efeitos dos adubos químicos no meio ambiente e na saúde das pessoas
   A maioria dos adubos químicos utilizados atualmente, além de acidificar o solo, tornando a prática da calagem necessária, são altamente solúveis e, por isso, contaminam os rios devido à erosão e, o que é pior, juntamente com os agrotóxicos, contaminam o meio ambiente. Os adubos químicos são hidrossolúveis (dissolvem-se na água), sendo que: 1) uma parte é rapidamente absorvida pelas raízes das plantas; 2) a maior parte é lixiviada, ou seja, é lavada pelas águas das chuvas e regas, indo poluir rios, lagos, poços e lençóis freáticos; 3) há ainda uma terceira parte que se evapora, como no caso dos adubos nitrogenados (como a uréia) que sob a forma de óxido nitroso contribui para destruir a camada de ozônio da atmosfera, sendo uma das causas do aquecimento global. Os agroquímicos deixam as plantas mais suculentas para as doenças e pragas e, o que é pior, destroem os inimigos naturais (seres que se alimentam das doenças e insetos-pragas) e ainda prejudicam a vida do solo. Com o tempo, os agrotóxicos matam as doenças e insetos-pragas mais fracos e vão ficando só os mais fortes e, em consequência, devido à seleção natural, ficam resistentes aos agrotóxicos e, por isso, as empresas que produzem tem que descobrir novos produtos, cada vez mais perigosos, para serem aplicados na agricultura.      
   Dessa forma, alguns insetos que não eram pragas passam a atacar os cultivos. O revolvimento intenso do solo com máquinas e equipamentos, favorecendo a erosão, faz com que se utilize cada vez mais adubos químicos, exigidos em quantidades cada vez maiores pelas cultivares modernas criadas e, em conseqüência do desequilíbrio nutricional do solo, as plantas tornam-se mais susceptíveis às pragas e doenças, exigindo cada vez mais agrotóxicos. O uso de adubos químicos faz com que os aminoácidos (proteínas) se apresentem em forma livre, ao contrário da adubação orgânica onde os aminoácidos formam cadeias complexas, não estando disponível às pragas. Os problemas do uso dos adubos químicos na produção de alimentos, não param por aí!    O uso de adubos nitrogenados, especialmente a uréia, provoca o acúmulo de nitratos e nitritos nos tecidos das plantas. O nitrato ingerido passa a corrente sanguínea e reduz-se a nitritos que, combinado com aminas, forma as nitrosaminas, substâncias cancerígenas. O aumento rápido do teor de nitrato nas plantas é a conseqüência mais conhecida do crescente uso de adubos químicos nitrogenados, utilizados na agricultura convencional, para aumentar rapidamente a produtividade de hortaliças de folhas como a alface, couve, agrião, chicória etc. Porém, o uso excessivo deste fertilizante associado à irrigação freqüente, faz com que ocorra acúmulo de nitrato (NO3-) e nitrito (NO2-) nos tecidos de plantas. Resultados de pesquisa em alface revelaram que no cultivo orgânico, cultivo convencional e hidropônico (cultivo de plantas sem solo) são acumulados 565,4; 2782,1 e 3.093,4 mg/kg de nitrato, respectivamente. Segundo a FAO - Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação, o índice máximo de ingestão diária admissível de nitratos é de 5 mg/kg de peso vivo e 0,2 mg/kg para nitritos. Ou seja: uma pessoa de 70 kg comendo entre 4 e 9 folhas de alface hidropônica, por 1 dia, já estará atingindo a dose máxima de nitratos permitida. Já no sistema orgânico esta mesma pessoa poderia comer mais de 50 folhas, sem riscos para a saúde.
. De que forma podemos substituir os adubos químicos? A adubação orgânica substitui com inúmeras vantagens os adubos químicos pois, além de ser mais barata, ainda melhora a qualidade dos alimentos, sem riscos para a saúde das pessoas.
   A agricultura orgânica é a saída, pois ao contrário da agricultura convencional, trata o solo como um "organismo vivo", ou seja, revolvendo o solo o mínimo possível, sem uso de agroquímicos e priorizando a adubação orgânica, rotação e consorciação de culturas, cultivo mínimo, plantio direto e outras, que favorecem os cultivos e, desfavorecem as pragas e doenças. A ocorrência de insetos-pragas e doenças são a conseqüência e não a causa do problema. Por isso, em agricultura orgânica tratam-se as causas para que os resultados sejam os mais duradouros e equilibrados possíveis. De maneira simples, pode-se dizer que a matéria orgânica é a parte do solo que já foi ou ainda é viva. É a matéria orgânica que dá a cor escura aos solos; em solo muito claro, aparentemente sem vida, "fraco", é provável que o teor de matéria orgânica seja muito baixo (Figura 2). A vida do solo depende da matéria orgânica que mantém a sua estrutura porosa (fofa), sem compactação, proporcionando a vida vegetal graças à entrada de ar, água e nutrientes. Além de estimular a saúde natural das plantas, aumentando a resistência às doenças, pragas e ao "mato" e, ao clima adverso e, especialmente melhorando a vida no solo, a adubação orgânica diminui o custo de produção dos cultivos e, ainda reduz a acidez do solo. Além disso a adubação orgânica aumenta a penetração das raízes e a oxigenação do solo. Possui macronutrientes (Nitrogênio, Fósforo e Potássio - NPK, Cálcio, Magnésio e Enxofre) e micronutrientes em quantidades bem equilibradas, que as plantas absorvem conforme a necessidade, em quantidade e qualidade. Por outro lado, nas inúmeras fórmulas de adubos químicos só existem os macronutrientes NPK – nitrogênio, fósforo e potássio que, ao serem aplicados de forma exagerada, ainda contribuem para acidificar e salinizar o solo. Na adubação orgânica, as perdas dos nutrientes com as chuvas intensas e frequentes são bem menores, quando comparado a adubação química (altamente solúvel). Mas as vantagens da adubação orgânica não param por aí ! ela melhora também a qualidade dos alimentos, tornando-os mais ricos em vitaminas, aminoácidos, sais minerais, matéria seca e açúcares, além de serem mais aromáticos, saborosos e de melhor conservação pós-colheita. Outra vantagem da adubação orgânica é a oportunidade de fazer a compostagem (adubo natural), especialmente nas cidades, reduzindo pela metade o lixo e, diminuindo o trabalho e, o mais importante, poluindo menos o meio ambiente. Todos ganham com a transformação dos resíduos domésticos em composto orgânico, ou seja, adubo natural! As prefeituras, os recolhedores do lixo, a população que terá uma cidade mais limpa e com menos cheiro desagradável, a horta, o jardim e até as plantas ornamentais, pois terão um adubo de ótima qualidade e barato feito em casa, sem poluir o meio ambiente. Em matérias já publicadas neste blog, mostramos, passo a passo, como fazer a compostagem e utilizar a adubação verde.
Figura 2. Representação de um solo cultivado no sistema convencional (com revolvimento excessivo do solo, compactado e com alto grau de erosão) e um solo orgânico (solo tratado como "organismo vivo").

. O uso de raticidas é um problema de saúde pública
  
 Inundações, enchentes, terremotos, secas, deslizamentos, tsunamis… Até que ponto os recentes desastres ocorridos no planeta podem ser considerados apenas acaso da natureza? Qual a responsabilidade e interferência do ser humano sobre os últimos acontecimentos? Quanto maior a consciência ambiental, melhor será a saúde das pessoas. No mundo há tantas doenças devido aos produtos químicos, que são utilizados de forma exagerada, irresponsável e inadequada, contaminando e poluindo o ar, as fontes de água e, principalmente os alimentos.
   Dentre os roedores, os ratos são os que mais causam prejuízos às pessoas tanto na agricultura como nas residências e, o que é pior, podem transmitir doenças tais como a leptospirose. É uma doença infecciosa causada por uma bactéria chamada Leptospira presente na urina do rato. Em situações de enchentes e inundações, a urina dos ratos, presente em esgotos e bueiros, mistura-se à enxurrada e à lama das enchentes. Qualquer pessoa que tiver contato com a água ou lama contaminadas poderá se infectar. A Leptospira penetra no corpo pela pele, através de algum ferimento ou arranhão. Na época de seca, a bactéria oferece riscos à saúde humana através do contato com água ou lama de esgoto, lagoas ou rios contaminados e terrenos baldios onde existem ratos. O controle dos ratos mais conhecido é através de raticidas, embora eficientes, são substâncias químicas de alta periculosidade. O problema é a contaminação do meio ambiente e das pessoas e, especialmente, crianças que não tem noção do perigo e animais. No Centro de Intoxicações Toxicológicas – CIT, do Hospital Universitário da UFSC (www.cit.sc.gov.br), verifica-se mensalmente um elevado número de intoxicações de pessoas com raticidas e, o que é pior, o número de casos está aumentando. Comparando-se os registros no período de 1984/1988 (130 pessoas intoxicadas e 7 animais intoxicados) em relação ao período de 2004/2008 (1.423 pessoas e 79 animais intoxicados), verifica-se um aumento de 1.094 e 1.128%, respectivamente
Controle ecológico de ratos com feijão cru moído
Como fazer: pegue uma xícara de qualquer feijão cru (sem lavar mesmo), coloque no multiprocessador, ou liquidificador (SEM ÁGUA) e triture até virar uma farofinha bem fininha, mas sem virar totalmente pó.
Onde colocar: coloque em montinhos (uma colher de chá) nos cantos do chão, perto das portas, e janelas (sim, eles as escalam), atrás da geladeira, atrás do fogão, atrás de tudo!
O que acontece: o rato come essa farofinha, mas ele não tem como digerir o feijão (cru), por falta de substâncias que digerem feijão cru, causando assim um envenenamento natural por fermentação. Os ratos morrem em até 3 dias. E o mais importante, não tem contra-indicação: ao contrário dos tradicionais venenos, o rato morre e não contamina animais de estimação que por sua vez morreriam por terem comido o rato envenenado. E a quantidade de feijão que ele ingeriu e morreu é insuficiente para matar um cão ou gato, mesmo porque estes gostam de MATAR pra comer... mas morto eles não os comem. Se tiver crianças pequenas (bebês) num período que ainda engatinham, fase que colocam tudo na boca, não faz mal algum, pois o feijão para o ser humano, mesmo cru é digerido.
Controle de ratos com ratoeira ecológica
Como fazer (Figura 3): basta uma lata, um arame grosso, uma espiga de milho e água. Enche-se meia lata com água e coloca-se o arame transpassando a espiga, depois se coloca um suporte (ripa) para que os ratos possam chegar até a borda da lata. Quando eles forem comer o milho, escorregam, pois a espiga rola, e eles ficam presos na água. A armadilha também pode ser feita com garrafa pet para controlar camundongos em residências.
Por favor, repassem a todos! Faça a sua parte!
O MEIO AMBIENTE E A SAÚDE DE TODOS NÓS AGRADECEM!
 Figura 3. Ratoeira ecológica (foto de Hernandes Werner)
Ferreira On 2/29/2012 02:36:00 AM Comentarios

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quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

A fé, a vida no planeta, fraternidade e saúde pública


   Ao iniciarmos o ano de 2012, renovamos a nossa esperança e a nossa fé em um mundo melhor, com paz, harmonia e amor construídos por pequenos gestos de compreensão, solidariedade, respeito, fraternidade e consciência ecológica. O mundo não podemos mudar, mas podemos mudar a nós mesmos. Cada um fazendo a sua parte, teremos um mundo melhor onde a natureza convive em paz com o homem! Que tal começarmos a ter uma maior consciência ecológica? Tudo o que existe foi criado por Deus e entregue ao homem e à mulher. Mas o que a humanidade vem fazendo com a criação de Deus? O que você tem feito de concreto para contribuir com essa campanha de conscientização sobre a importância da preservação do meio ambiente e da saúde pública?
   Deus colocou o homem no mundo como gerente da criação como um todo e, lhe deu algumas ordens: cuidar da criação, de onde tiraria seu sustento, protegê-la e preservá-la, conhecê-la, estudá-la, para assim conhecer melhor a si mesmo e a Deus. O homem não é o soberano senhor, mas o responsável diante de Deus pelo emprego correto dos recursos naturais e pela preservação das demais espécies. Nossa tarefa é contribuir para que a criação seja protegida e, a nossa postura em relação a poluição ambiental, ao uso de agroquímicos, o desflorestamento, o aquecimento global e muito mais, deve ser para agradar a Deus e honrar Ele como criador de todas as coisas. Crer também é cuidar da flora, fauna e recursos naturais! A fé no Deus criador e na criação de Deus deveria, ao natural, nos levar ao engajamento concreto e prático em defesa da vida. Deveríamos ser ecológicos como é o Deus da nossa fé, o criador e defensor da vida. A Terra é a nossa casa comum, é o único lugar que temos para habitar. Mas ela não é somente nossa. É o espaço de muitos povos de hoje e do futuro e de uma infinidade de outras formas de vida.
   Atualmente, o problema da poluição ambiental não está somente nas periferias das grandes cidades, mas também nos que vivem longe delas. O ar tóxico desprendido pelas fábricas entra nas casas de todos, independente de onde foi originada a emissão. A água e o solo contaminados por chorume e agroquímicos (adubos químicos e agrotóxicos), contaminam as fontes de água e os alimentos. Fazer a sua parte e alertar, esclarecer e orientar quem esteja perto é compromisso de todos. A cada ano a igreja católica no Brasil propõe um tema de reflexão para o período da quaresma, através da campanha da fraternidade, no sentido de ser um instrumento de ajuda para cada cristão(a) se preparar melhor para páscoa.
    Neste ano, a campanha da fraternidade, promovida desde 1964 pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), propõe um tema de reflexão para o período da quaresma: "A Fraternidade e Saúde Pública". O lema da campanha "Que a saúde se difunda sobre a terra!" destaca a responsabilidade humana. O objetivo é despertar a solidariedade dos fiéis e de toda a sociedade em relação a um problema concreto que envolve todo o país, buscando uma solução para o mesmo. Saúde não é uma coisa só do corpo, mas do conjunto do ser humano, corpo, alma, mente, afeto, sexualidade e espiritualidade. A igreja deseja sensibilizar a todos sobre a dura realidade das pessoas que não têm acesso à assistência de saúde pública condizente com suas necessidades e dignidade.
   A saúde é um dom de Deus confiado ao ser humano. Quanto mais cada um cuidar de si preventivamente e, dos que convivem com ele, melhor para todos e para o planeta! Cada um de nós precisa fazer a sua parte, preservando e melhorando as condições de vida no planeta, pois consciência ambiental e saúde estão diretamente relacionados. Uma pergunta que não quer calar: Para que utilizar adubos químicos e agrotóxicos na produção de alimentos quando já temos pesquisas comprovando que o adubo natural e os produtos alternativos para o manejo de pragas e doenças (ver matérias já postadas neste blog), produzidos na propriedade são mais baratos, eficientes e, o melhor, proporcionam alimentos mais nutritivos, não oferecem riscos ao meio ambiente e, especialmente à saúde pública?
. A contaminação dos alimentos com agrotóxicos e o uso de herbicidas (capina química) nas cidades são problemas de saúde pública
Pesquisa da ANVISA – em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz – FIOCRUZ – realizada desde 2001 com frutas e hortaliças produzidas com agrotóxicos e adubos químicos, nos maiores centros consumidores do Brasil, comprova que várias espécies cultivadas estão seriamente contaminadas por resíduos de agrotóxicos e, o que é pior, por produtos não autorizados para as culturas. Relatório recente da Anvisa, em 26 estados, pesquisando 18 espécies (frutas e hortaliças) em 2010, a exemplo de 2009, revela que 696 amostras (28%) de um total de 2.488 amostras coletadas em todo o país, estavam contaminadas com resíduos de agrotóxicos, alcançando no pimentão, morango, pepino, alface, cenoura, abacaxi, beterraba, couve e mamão até 91,8; 63,4; 57,4; 54,2; 49,6; 32,8; 32,6; 31,9 e 30,4 % de amostras contaminadas, respectivamente. Os agrotóxicos encontrados nos cultivos são ingredientes ativos com alto grau de toxicidade aguda comprovada e, que causam problemas neurológicos, reprodutivos, de desregulação hormonal e até câncer.
   Os problemas do uso de agrotóxicos não se resumem apenas a contaminação dos alimentos. E muito comum tanto na zona rural como nas cidades o uso de herbicidas para eliminar as "plantas daninhas", "mato ou inços" com graves implicações destes produtos no meio ambiente, pois eles ao serem lixiviados (lavados) pela água das chuvas ou irrigação vão parar nas fontes de água. É a chamada capina química, onde são utilizados os herbicidas com inúmeras conseqüências ao meio ambiente e à saúde das pessoas, especialmente quando não são usados os equipamentos de proteção individual. Além de contaminar o meio ambiente, pode contaminar as pessoas através das poças d'água, inalação e vento. Felizmente, pelo menos em Santa Catarina, existe uma lei estadual que proíbe o uso de herbicidas nas cidades, pois não tem como impedir o trânsito de pedestres no momento da aplicação e, pelo menos 24 horas após. A proibição é para todos os tipos de herbicidas! Não existe herbicida mais ou menos ecológico como alguns estão tentando vender o "Mata-Mato" e outros produtos proibidos para aplicação em zona urbana! Infelizmente, devido a falta de uma consciência ecológica das pessoas e uma maior fiscalização, ainda é prática comum nas cidades, colocando em risco a saúde pública.
Por favor, faça a sua parte! denuncie!
O MEIO AMBIENTE E A SAÚDE PÚBLICA AGRADECEM!
Esta cena não deveria ser mais vista nas cidades em Santa Catarina Figura 1. Lei estadual 6.288/02 aprovada pela câmara dos deputados em 12/08/2009, proíbe capina química em área urbana nas cidades de Santa Catarina. A partir de 15/01/2010, a Anvisa também proibiu a aplicação de herbicidas em área urbana. Além de contaminar o meio ambiente, pode contaminar as pessoas através das poças d'água e vento.

. O uso de agrotóxicos e as consequências para a saúde das pessoas
   Todos os herbicidas causam preocupações em termos de saúde pública. Os principais são: 2,4D, glifosato (round-up) e paraquat (gramoxone). O paraquat provoca, quando absorvido, especialmente por via digestiva, lesões hepáticas e renais e principalmente, fibrose pulmonar irreversível, determinando a morte em cerca de 2 semanas, por insuficiência respiratória; causa lesões na pele (via dérmica); causa lesões graves nas mucosas (via oral), sangramento pelo nariz, mal-estar, fraqueza e até ulcerações na boca; Torna as unhas quebradiças; produz conjuntivite ou opacidade da córnea (contato com os olhos). O 2,4D é bem absorvido pela pele, via digestiva e inalação, determinando de forma aguda, alterações da glicemia de forma transitória e ainda pode simular um quadro clínico de diabetes, além de alterações neuro-musculares provocando um processo inflamatório dos nervos longos dos membros inferiores e superiores. O Glifosato (round-up) causa problemas dermatológicos, principalmente dermatite de contato. Além disso, é irritante de mucosas, principalmente da mucosa ocular. Em relação aos agrotóxicos utilizados no controle de pragas e doenças das culturas, os principais sinais e sintomas de envenenamento são: irritação ou nervosismo; ansiedade e angústia;  tremores no corpo;  indisposição, fraqueza e mal estar, dor de cabeça, tonturas, vertigem, náuseas, vômitos, cólicas abdominais;  alterações visuais; respiração difícil, com dores no peito e falta de ar;  queimaduras e alterações da pele; dores pelo corpo inteiro;  irritação de nariz, garganta e olhos; urina alterada; convulsões ou ataques; desmaios, perda de consciência e até o coma.

. Intoxicações e mortes causadas pelos agrotóxicos em Santa Catarina
   Um exemplo das sérias conseqüências à saúde humana do uso crescente e abusivo de agrotóxicos são os casos de intoxicação e mortes registradas no Centro de Informações Toxicológicas – CIT (UFSC), em Florianópolis, SC. No período de 1984 a 2010, o CIT detectou 11.801 intoxicações de agricultores e 263 mortes em Santa Catarina (Fonte: www.cit.sc.gov.br). Segundo os técnicos, isto representa apenas uma pequena parte da realidade; os números são, na verdade, bem maiores. Estima-se que, para cada caso registrado, existam mais 10 que não são registrados devido à dificuldade no diagnóstico correto. Tendo em vista o aumento significativo na última década nos casos de intoxicação de pessoas por agrotóxicos em Santa Catarina em até 70% (década de 90 - 350 pessoas intoxicadas registradas por ano, enquanto que na última década chegou a 600 pessoas intoxicadas por ano), apelamos para que as pessoas denunciem para a vigilância sanitária de seu município, quando houver aplicação de herbicidas em sua cidade.

. O que pode ser feito pelo consumidor para diminuir a ingestão de agrotóxicos?
   Optar por alimentos certificados como, por exemplo, os orgânicos, e por alimentos da época, que a princípio necessitam de uma carga menor de agrotóxicos para serem produzidos. A orientação é procurar produtos com a origem identificada (nas feiras, por exemplo, é possível conversar diretamente com o produtor) pois, isto aumenta o comprometimento dos produtores em relação à qualidade dos alimentos, com a adoção das boas práticas agrícolas. Outra opção, a ideal, para quem dispor de pequena área (10 m2 é suficiente para produzir as principais hortaliças de ciclo curto para uma família) é ter sua própria horta orgânica, pois é fácil, mais barato, os alimentos são mais nutritivos, podem ser colhidos próximo a hora de consumir (frescos), além de ser uma boa oportunidade de fazer exercícios ao ar livre e, o melhor, não oferece riscos à saúde das pessoas e ao meio ambiente. O CAPS – Centro de Atenção Psicossocial da secretaria de saúde de Urussanga, SC, está fazendo a sua parte; desde outubro/2010 mais de 20 hortaliças foram colhidos na horta orgânica conduzida por pacientes e voluntários. Além de produzir hortaliças frescas e saudáveis, a horta serve como terapia ocupacional, é uma forma de economizar e, o mais importante, não coloca em risco o tratamento das pessoas através de uma série de medicamentos utilizados, pois os alimentos contaminados podem interagir com estes e comprometer ainda mais a saúde destas pessoas. Nas instituições que tratam as pessoas doentes, já com a saúde debilitada, é fundamental que os alimentos sejam saudáveis.
   É importante lembrar que a lavagem dos alimentos contribui para a retirada de apenas parte dos agrotóxicos, ou seja, os produtos chamados de contato (que agem externamente). Para os agrotóxicos sistêmicos, ou seja, aqueles que, quando aplicados nas plantas, circulam através da seiva por todos os tecidos vegetais, de forma a se distribuir uniformemente e ampliar o seu tempo de ação, não adianta lavar os alimentos, pois os resíduos de agrotóxicos foram absorvidos pelos tecidos internos da plantas. A água sanitária não remove resíduos de agrotóxicos dos alimentos. Soluções de hipoclorito de sódio (água sanitária ou solução) devem ser usadas para a higienização dos alimentos na proporção de uma colher de sopa para um litro de água com o objetivo apenas de matar agentes microbiológicos que possam estar presentes nos alimentos.
. Os efeitos dos adubos químicos no meio ambiente e na saúde das pessoas
   A maioria dos adubos químicos utilizados atualmente, além de acidificar o solo, tornando a prática da calagem necessária, são altamente solúveis e, por isso, contaminam os rios devido à erosão e, o que é pior, juntamente com os agrotóxicos, contaminam o meio ambiente. Os adubos químicos são hidrossolúveis (dissolvem-se na água), sendo que: 1) uma parte é rapidamente absorvida pelas raízes das plantas; 2) a maior parte é lixiviada, ou seja, é lavada pelas águas das chuvas e regas, indo poluir rios, lagos, poços e lençóis freáticos; 3) há ainda uma terceira parte que se evapora, como no caso dos adubos nitrogenados (como a uréia) que sob a forma de óxido nitroso contribui para destruir a camada de ozônio da atmosfera, sendo uma das causas do aquecimento global. Os agroquímicos deixam as plantas mais suculentas para as doenças e pragas e, o que é pior, destroem os inimigos naturais (seres que se alimentam das doenças e insetos-pragas) e ainda prejudicam a vida do solo. Com o tempo, os agrotóxicos matam as doenças e insetos-pragas mais fracos e vão ficando só os mais fortes e, em consequência, devido à seleção natural, ficam resistentes aos agrotóxicos e, por isso, as empresas que produzem tem que descobrir novos produtos, cada vez mais perigosos, para serem aplicados na agricultura.      
   Dessa forma, alguns insetos que não eram pragas passam a atacar os cultivos. O revolvimento intenso do solo com máquinas e equipamentos, favorecendo a erosão, faz com que se utilize cada vez mais adubos químicos, exigidos em quantidades cada vez maiores pelas cultivares modernas criadas e, em conseqüência do desequilíbrio nutricional do solo, as plantas tornam-se mais susceptíveis às pragas e doenças, exigindo cada vez mais agrotóxicos. O uso de adubos químicos faz com que os aminoácidos (proteínas) se apresentem em forma livre, ao contrário da adubação orgânica onde os aminoácidos formam cadeias complexas, não estando disponível às pragas. Os problemas do uso dos adubos químicos na produção de alimentos, não param por aí!    O uso de adubos nitrogenados, especialmente a uréia, provoca o acúmulo de nitratos e nitritos nos tecidos das plantas. O nitrato ingerido passa a corrente sanguínea e reduz-se a nitritos que, combinado com aminas, forma as nitrosaminas, substâncias cancerígenas. O aumento rápido do teor de nitrato nas plantas é a conseqüência mais conhecida do crescente uso de adubos químicos nitrogenados, utilizados na agricultura convencional, para aumentar rapidamente a produtividade de hortaliças de folhas como a alface, couve, agrião, chicória etc. Porém, o uso excessivo deste fertilizante associado à irrigação freqüente, faz com que ocorra acúmulo de nitrato (NO3-) e nitrito (NO2-) nos tecidos de plantas. Resultados de pesquisa em alface revelaram que no cultivo orgânico, cultivo convencional e hidropônico (cultivo de plantas sem solo) são acumulados 565,4; 2782,1 e 3.093,4 mg/kg de nitrato, respectivamente. Segundo a FAO - Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação, o índice máximo de ingestão diária admissível de nitratos é de 5 mg/kg de peso vivo e 0,2 mg/kg para nitritos. Ou seja: uma pessoa de 70 kg comendo entre 4 e 9 folhas de alface hidropônica, por 1 dia, já estará atingindo a dose máxima de nitratos permitida. Já no sistema orgânico esta mesma pessoa poderia comer mais de 50 folhas, sem riscos para a saúde.
. De que forma podemos substituir os adubos químicos? A adubação orgânica substitui com inúmeras vantagens os adubos químicos pois, além de ser mais barata, ainda melhora a qualidade dos alimentos, sem riscos para a saúde das pessoas.
   A agricultura orgânica é a saída, pois ao contrário da agricultura convencional, trata o solo como um "organismo vivo", ou seja, revolvendo o solo o mínimo possível, sem uso de agroquímicos e priorizando a adubação orgânica, rotação e consorciação de culturas, cultivo mínimo, plantio direto e outras, que favorecem os cultivos e, desfavorecem as pragas e doenças. A ocorrência de insetos-pragas e doenças são a conseqüência e não a causa do problema. Por isso, em agricultura orgânica tratam-se as causas para que os resultados sejam os mais duradouros e equilibrados possíveis. De maneira simples, pode-se dizer que a matéria orgânica é a parte do solo que já foi ou ainda é viva. É a matéria orgânica que dá a cor escura aos solos; em solo muito claro, aparentemente sem vida, "fraco", é provável que o teor de matéria orgânica seja muito baixo (Figura 2). A vida do solo depende da matéria orgânica que mantém a sua estrutura porosa (fofa), sem compactação, proporcionando a vida vegetal graças à entrada de ar, água e nutrientes. Além de estimular a saúde natural das plantas, aumentando a resistência às doenças, pragas e ao "mato" e, ao clima adverso e, especialmente melhorando a vida no solo, a adubação orgânica diminui o custo de produção dos cultivos e, ainda reduz a acidez do solo. Além disso a adubação orgânica aumenta a penetração das raízes e a oxigenação do solo. Possui macronutrientes (Nitrogênio, Fósforo e Potássio - NPK, Cálcio, Magnésio e Enxofre) e micronutrientes em quantidades bem equilibradas, que as plantas absorvem conforme a necessidade, em quantidade e qualidade. Por outro lado, nas inúmeras fórmulas de adubos químicos só existem os macronutrientes NPK – nitrogênio, fósforo e potássio que, ao serem aplicados de forma exagerada, ainda contribuem para acidificar e salinizar o solo. Na adubação orgânica, as perdas dos nutrientes com as chuvas intensas e frequentes são bem menores, quando comparado a adubação química (altamente solúvel). Mas as vantagens da adubação orgânica não param por aí ! ela melhora também a qualidade dos alimentos, tornando-os mais ricos em vitaminas, aminoácidos, sais minerais, matéria seca e açúcares, além de serem mais aromáticos, saborosos e de melhor conservação pós-colheita. Outra vantagem da adubação orgânica é a oportunidade de fazer a compostagem (adubo natural), especialmente nas cidades, reduzindo pela metade o lixo e, diminuindo o trabalho e, o mais importante, poluindo menos o meio ambiente. Todos ganham com a transformação dos resíduos domésticos em composto orgânico, ou seja, adubo natural! As prefeituras, os recolhedores do lixo, a população que terá uma cidade mais limpa e com menos cheiro desagradável, a horta, o jardim e até as plantas ornamentais, pois terão um adubo de ótima qualidade e barato feito em casa, sem poluir o meio ambiente. Em matérias já publicadas neste blog, mostramos, passo a passo, como fazer a compostagem e utilizar a adubação verde.
Figura 2. Representação de um solo cultivado no sistema convencional (com revolvimento excessivo do solo, compactado e com alto grau de erosão) e um solo orgânico (solo tratado como "organismo vivo").

. O uso de raticidas é um problema de saúde pública
  
 Inundações, enchentes, terremotos, secas, deslizamentos, tsunamis… Até que ponto os recentes desastres ocorridos no planeta podem ser considerados apenas acaso da natureza? Qual a responsabilidade e interferência do ser humano sobre os últimos acontecimentos? Quanto maior a consciência ambiental, melhor será a saúde das pessoas. No mundo há tantas doenças devido aos produtos químicos, que são utilizados de forma exagerada, irresponsável e inadequada, contaminando e poluindo o ar, as fontes de água e, principalmente os alimentos.
   Dentre os roedores, os ratos são os que mais causam prejuízos às pessoas tanto na agricultura como nas residências e, o que é pior, podem transmitir doenças tais como a leptospirose. É uma doença infecciosa causada por uma bactéria chamada Leptospira presente na urina do rato. Em situações de enchentes e inundações, a urina dos ratos, presente em esgotos e bueiros, mistura-se à enxurrada e à lama das enchentes. Qualquer pessoa que tiver contato com a água ou lama contaminadas poderá se infectar. A Leptospira penetra no corpo pela pele, através de algum ferimento ou arranhão. Na época de seca, a bactéria oferece riscos à saúde humana através do contato com água ou lama de esgoto, lagoas ou rios contaminados e terrenos baldios onde existem ratos. O controle dos ratos mais conhecido é através de raticidas, embora eficientes, são substâncias químicas de alta periculosidade. O problema é a contaminação do meio ambiente e das pessoas e, especialmente, crianças que não tem noção do perigo e animais. No Centro de Intoxicações Toxicológicas – CIT, do Hospital Universitário da UFSC (www.cit.sc.gov.br), verifica-se mensalmente um elevado número de intoxicações de pessoas com raticidas e, o que é pior, o número de casos está aumentando. Comparando-se os registros no período de 1984/1988 (130 pessoas intoxicadas e 7 animais intoxicados) em relação ao período de 2004/2008 (1.423 pessoas e 79 animais intoxicados), verifica-se um aumento de 1.094 e 1.128%, respectivamente
Controle ecológico de ratos com feijão cru moído
Como fazer: pegue uma xícara de qualquer feijão cru (sem lavar mesmo), coloque no multiprocessador, ou liquidificador (SEM ÁGUA) e triture até virar uma farofinha bem fininha, mas sem virar totalmente pó.
Onde colocar: coloque em montinhos (uma colher de chá) nos cantos do chão, perto das portas, e janelas (sim, eles as escalam), atrás da geladeira, atrás do fogão, atrás de tudo!
O que acontece: o rato come essa farofinha, mas ele não tem como digerir o feijão (cru), por falta de substâncias que digerem feijão cru, causando assim um envenenamento natural por fermentação. Os ratos morrem em até 3 dias. E o mais importante, não tem contra-indicação: ao contrário dos tradicionais venenos, o rato morre e não contamina animais de estimação que por sua vez morreriam por terem comido o rato envenenado. E a quantidade de feijão que ele ingeriu e morreu é insuficiente para matar um cão ou gato, mesmo porque estes gostam de MATAR pra comer... mas morto eles não os comem. Se tiver crianças pequenas (bebês) num período que ainda engatinham, fase que colocam tudo na boca, não faz mal algum, pois o feijão para o ser humano, mesmo cru é digerido.
Controle de ratos com ratoeira ecológica
Como fazer (Figura 3): basta uma lata, um arame grosso, uma espiga de milho e água. Enche-se meia lata com água e coloca-se o arame transpassando a espiga, depois se coloca um suporte (ripa) para que os ratos possam chegar até a borda da lata. Quando eles forem comer o milho, escorregam, pois a espiga rola, e eles ficam presos na água. A armadilha também pode ser feita com garrafa pet para controlar camundongos em residências.
Por favor, repassem a todos! Faça a sua parte!
O MEIO AMBIENTE E A SAÚDE DE TODOS NÓS AGRADECEM!
 Figura 3. Ratoeira ecológica (foto de Hernandes Werner)

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