A cenoura (Daucus carota), pertence a família das apiaceae, assim como o coentro, aipo, salsão, salsa e batata-salsa. A importância nutricional da cenoura (Figura 1) é atribuída, principalmente, ao alto teor de vitamina A (vitamina da beleza), essencial para a saúde dos olhos, pele, dentes e cabelos, atuando sobre o crescimento e aumentando a resistência do organismo às doenças. Outras vitaminas como B1, B2, B5 e vitamina C também são encontradas nas cenouras, além de teores consideráveis de sais minerais (cálcio, fósforo e ferro). O consumo regular de cenoura é eficiente no combate à anemia e falta de vitaminas.
Por ser consumida na forma de salada crua e também cozida, o cultivo orgânico de cenoura (sem agroquímicos) é essencial para garantir a saúde do agricultor, consumidor e meio ambiente. Pesquisa da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa, com 21 espécies de frutas e hortaliças em 26 estados no Brasil, revelou que, das 3.130 amostras coletadas em 2009, 29% apresentaram resíduos de agrotóxicos, especialmente, os não autorizados para as culturas. A cenoura foi uma das mais contaminadas, apresentando 24,8% das amostras com resíduos de agrotóxicos. Considerando que na cenoura, praticamente, não há prejuízos com pragas e doenças e, por isso, não necessita de agrotóxicos, estes resultados são muito preocupantes. Chama a atenção a quantidade de amostras contaminadas com acefato. Além de ser proibida em vários países, a substância está sendo reavaliada pela Anvisa, pois é um dos ingredientes ativos com alto grau de toxicidade aguda contribuindo para os problemas neurológicos, reprodutivos, de desregulação hormonal e até câncer.
Recomendações técnicas
.Escolha correta da área e análise do solo: na escolha da área deve-se evitar terrenos úmidos e/ou sombreados. A cenoura produz melhor em solos leves e soltos (areno-argilosos,franco arenosos e turfosos).
.Épocas de semeadura e cultivares: o cultivo pode ser feito durante o ano todo. Mas, para cada época deve-se escolher a cultivar correta. As cultivares de inverno não podem ser semeadas no verão devido à susceptibilidade às doenças foliares. Por outro lado, as cultivares de verão semeadas no inverno, florescem, em detrimento da qualidade das raízes. Para cultivo no outono e início de inverno no Litoral, recomenda-se cultivares do grupo Nantes (Nantes, Meia comprida de Nantes,Nantes Superior e outras). No final de inverno, primavera e verão são indicadas as cultivares do grupo Brasília (Brasília, Brasília RL, Brasília Irecê, Brasília Calibrada G, Brasília Alta Seleção e Brazlândia). Pesquisa na Estação Experimental de Urussanga, na semeadura de agosto, revelou a superioridade do cultivo orgânico em relação ao sistema convencional.
.Preparo do solo e do canteiro: as sementes, por serem pequenas, exigem bom preparo do solo para que ocorra boa emergência das plantas. No preparo do canteiro, recomenda-se: correção da acidez, revolvimento do solo, manualmente (pá de corte ou enxadão) ou mecanizado (aração profunda e gradagens cruzadas), espalhar na área o adubo orgânico curtido sete a dez dias, antes da semeadura, e construção dos canteiros com auxílio de um roto-encanteirador ou rotativa de microtrator. Os canteiros devem ter em torno de 1,10 m de largura e 15 cm de altura e comprimento variável. Após o nivelamento e retirada dos torrões marca-se os sulcos de semeadura (1 a 2 cm de profundidade), espaçados de 30 em 30 cm, utilizando-se um riscador.
.Adubação de plantio: a adubação orgânica deve ser feita com base na análise do solo e nos teores de nutrientes do adubo orgânico. Plantas bem nutridas são mais resistentes às pragas e doenças.
.Semeadura, cobertura do solo e manejo de plantas espontâneas: semeia-se diretamente em sulcos, manualmente ou com semeadora de tração mecânica ou manual, 0,5 a 1g de sementes por m2. O uso de cobertura após a semeadura é recomendado, especialmente no verão, quando as temperaturas são elevadas e as precipitações freqüentes. Pesquisa da Epagri revelou maior emergência de plantas ao utilizar sombrite, pó-de-serra ou casca de arroz (2 cm) como cobertura, em comparação ao solo descoberto. A cobertura protege as sementes do sol direto no verão, da erosão provocada pela irrigação ou chuvas e, impede a formação de uma crosta dura no solo que impede a emergência das plantas.O período mais crítico de competição com as plantas espontâneas é na emergência da cenoura, até os 25 dias subsequentes. Após, as plantas espontâneas não reduzem a produção e, ainda favorecem o equilíbrio ecológico. Para retardar as plantas espontâneas, uma boa opção é a cobertura do canteiro com jornal (preto e branco); cobre-se todo o canteiro utilizando-se uma folha de jornal e, sobre esta, aplica-se 2cm de composto orgânico peneirado. Depois, procede-se a abertura dos sulcos, a semeadura e cobertura das sementes e, irrigação do canteiro.
.Desbaste e adubação de cobertura: após três semanas da emergência da cenoura, efetuar o desbaste (eliminação do excesso de plantas). Recomenda-se deixar 10 a 15 plantas por metro linear, ou seja, 7 a 10 cm entre plantas. Aos 25 dias após a semeadura, quando necessário, faz-se uma adubação em cobertura.
.Irrigação: o sistema de irrigação por aspersão é o mais utilizado. O solo deve ser mantido úmido, sem encharcar, durante todo o ciclo da cultura. A falta d'água no solo, seguidos de irrigação excessiva, podem provocar rachaduras nas raízes que pode ser agravado com a deficiência de boro e/ou cálcio. Por isso, recomenda-se irrigações diárias leves até a emergência da cenoura (até os 40 dias após a semeadura).
.Manejo de doenças e pragas: é resistente às pragas. As principais doenças são: queima das folhas e podridão mole.
.A Queima das folhas é causada por dois fungos e uma bactéria que aparecem com umidade relativa do ar alta e temperatura entre 24 e 28 ºC. Manejo: usar cultivares resistentes (grupo Brasília); plantio em locais enxutos e ventilados e rotação de culturas. A Podridão mole é causada por uma bactéria ainda na lavoura. As raízes apresentam pequenas áreas encharcadas e sob condições de altas umidade e temperatura, aumentam rapidamente, tornando o tecido mole e pegajoso e com cheiro desagradável, ocasionando o amarelecimento das folhas, a seca e morte da planta. Manejo: fazer canteiros altos; rotação de culturas; evitar terrenos encharcados; evitar ferimentos nas raízes, por ocasião dos tratos culturais e colheita.
.Colheita : a colheita é realizada entre 85 e 110 dias após a semeadura. Não retardar a colheita para evitar que tornem-se muito grossas e fibrosas, sujeitas à rachaduras. O consumidor prefere raízes mais novas. As cenouras são arrancadas manualmente, após uma irrigação prévia para evitar danos. Após as folhas são cortadas rente às raízes e colocadas em caixas plásticas. Ainda no campo, faz-se a separação das raízes comerciais daquelas do tipo descarte (raízes laterais, bifurcadas, apodrecidas, rachadas e danificadas). As raízes são lavadas, manualmente, com água corrente. Em seguida, faz-se nova seleção, eliminando-se as raízes danificadas por doenças e/ou pragas e as defeituosas.
As cenouras são lavadas e secas o mais rápido possível. Em seguidas são classificadas conforme o comprimento e o diâmetro das raízes. Em ambiente natural, as raízes se conservam com qualidade adequada, no máximo até 7 dias.
Figura 1. O cultivo orgânico de cenoura (sem adubos químicos e agrotóxicos), além de melhorar a produtividade e qualidade nutricional das raízes, com menor custo, permite que até as crianças possam visitar a horta, colher e comer cenouras fresquinhas.
Todos ganham no cultivo orgânico! meio ambiente, produtor, consumidor e as futuras gerações.
muy buena informacion !!!, concreta y de gran calidad
ResponderExcluirmuchas gracias por compartirla